Rio de Janeiro, 2015

Foi com uma sensação de déjà-vu que Jonas acordou naquele quarto de paredes brancas e ambiente asséptico. Mesmo deitado, ele se sentia tonto e a sua visão ainda estava meio nublada, mas mesmo assim lhe foi fácil reconhecer a face de Verônica pairando sobre a sua.

– Nunca pensei que quando eu morresse, eu fosse para o céu. – comentou o Marra-Man, tentando manter os olhos abertos.

Verônica acabou suprimindo um riso nervoso, enquanto o afagava na face:

– Bem-vindo de volta. A sua filha disse que isso já se está tornando um hábito, Jonas.

– E cadê os meus filhos? – perguntou o empresário, tentando inutilmente levantar a cabeça.

– Ali. - apontou Verônica, o forçando a ficar quieto na cama de hospital.

No sofá diante da cama, abraçados um ao outro, dormiam Davi e Megan. Desde que o pai tinha sido levado em estado crítico para o hospital, sete dias antes, eles não tinham arredado pé.

O prognóstico de Jonas tinha sido reservado durante os primeiros dias e os médicos nem sabiam como é que ele tinha conseguido sobreviver à cirurgia para a extração das balas.

O destino tinha conspirado mais uma vez a favor do Marra-Man. Tinha sido um golpe de sorte o tipo sanguíneo de Davi ser compatível com o do pai porque, por ser raro, o hospital não o tinha em reserva. Felizmente as balas tinham passado mesmo ao lado de órgãos vitais e, apesar de ter entrado em choque, o coração do empresário se aguentou até conseguir recuperar.

“Nem o inferno me quis.”- brincaria mais tarde Jonas.

Nenhum homem tinha direito a tantas segundas oportunidades. Jonas Marra podia ter sete vidas, mas tinha consciência que já não tinha mais vidas para gastar.

– E aquele patife do Murphy? – perguntou Jonas, querendo se inteirar do tempo perdido.

– Foi apanhado a tentar fugir para o Paraguai. A Manuela foi detida pelo FBI e agora eles já se acusam mutuamente, por isso não vão ter como escapar. – explicou a assessora da Marra reposicionando Jonas na cama, para maior conforto.

Podia ser o caso de tudo está bem quando acaba bem, mas o Marra-Man sabia que ainda tinha alguns nós para desatar.

– Você se importa de acordar os meus filhos? – pediu ele.

Verônica sorriu, mas também ela tinha necessidade de um tête-à-tête premente:

– Claro que não. - acabou respondendo - Mas antes disso a gente tem muito para falar, Jonas.

Foi apenas duas semanas depois que Jonas teve alta do hospital. Ainda antes de ter saído do edifício ele já tinha um plano, mas, ao contrário do habitual, era um plano que não se focava na sua vitória, mas sim na sua redenção se é que ela era possível.

A pedido do pai, Davi estacionou o carro perto da praia e Megan ajudou Jonas a sair da viatura, sendo seguidos por Linus que saltou do banco traseiro. Caminhando de braço dado para o apoiar, os filhos ajudaram o Marra-Man a se sentar na areia e se sentaram ao lado do pai.

Inspirando o ar livre que lhe tinha faltado, o empresário expôs os seus planos para o futuro.

– Não faz muito tempo alguém bem sábio me disse que, para eu ser feliz, eu devia assumir o que fiz e começar de novo. – disse Jonas, sorrindo para Megan – E é mesmo isso que eu vou fazer. Já falei com os nossos advogados e dentro de poucos dias eu vou assinar uma confissão de tudo o que fiz de errado.

– Não vai ser fácil, dad. E você vai probably ter que cumprir pena de prisão. – comentou Megan.

– Eu sei. Mas é algo que eu tenho mesmo que fazer. – foi a resposta de Jonas.

O mar calmo batia ritmicamente na areia embalando a conversa e Davi fazia desenhos na areia com o dedo indicador:

– Pai, se for por causa do Herval, ele já está recebendo tratamento psiquiátrico. E você não pode devolver para ele o que se passou lá atrás.

– Não, não posso. Mas posso garantir que ele ainda vai ter um futuro.

Pai e filho olharam um para o outro com uma leveza que já não tinham havia muito tempo. Foi de olhos rasos, mas com um sorriso sincero que Davi se dirigiu a Jonas:

– Pai, eu quero que você saiba que eu tenho muito orgulho nessa sua decisão.

Levantando os braços em sinal de vitória, Megan se precipitou para abraçar os dois, lançando areia por todo o lado:

–Finally, os meus boys se acertando!

Fugindo da confusão, Linus correu na direção da água e Jonas riu, continuando a abraçar os filhos.

– Estou confiando em vocês para tocar a Marra. Já deixei uma procuração para vocês tomarem conta das minhas ações.

– Dad, a Marra foi o seu sonho. – comentou Megan, tentando tirar areia do cabelo do pai.

– E agora é o meu pior pesadelo. O seu avô tinha razão. Eu já não tenho estrutura para ficar à frente de tudo. Essa responsabilidade me corrói, toma conta do que eu sou e me faz ser alguém de quem eu não gosto.

Era um novo Jonas quem estava diante dos filhos. Ou talvez fosse o mesmo Jonas, mas mais maduro. Infelizmente a sabedoria surge muito mais de momentos tenebrosos do que de momentos felizes.

No horizonte o sol já se começava a pôr, enchendo o ambiente de tons alaranjados e Megan encostou a cabeça no ombro do seu dad.

– Eu estava errado. - admitiu o empresário apertando as mãos dos filhos sem conseguir evitar um sorriso - Afinal, as pessoas ainda me conseguem surpreender. Ofereci um porcento das minhas ações da Marra para a Gláucia. Sabem o que ela fez? Dividiu tudo entre o Danilo e a Danusa.

Megan riu dividida entre imaginar a reação dos primos e o súbito desapego de Jonas:

– O Danilo deve ter ficado like, nas nuvens.

O Marra-Man acabou também rindo:

– Esse também me surpreendeu. Agora ele diz que quer cursar administração em Portugal.

No horizonte o sol já se fundia ilusoriamente com o mar, projetando raios luminosos sobre a sua superfície e Davi retomou os seus desenhos momentâneos.

– A nossa família é de doidos. – acabou comentando o nerd, rindo.

Despenteando propositadamente Davi, Jonas tinha uma notícia importante para dar:

– É. E a nossa família vai ficar ainda maior e ainda mais doida. A Verônica está grávida. De gémeos. - declarou o empresário com o orgulho de um pavão.

Surpresos, mas abrindo um sorriso enorme, tanto Davi como Megan estavam preparados para receber aqueles irmãos de braços abertos.

– Dad! É mais uma oportunidade para você começar de novo!

– Eu quero começar de novo, mas com os meus quatro filhos. – explicou Jonas.

Correndo junto à zona de rebentação das ondas, Linus já brincava com o que não devia e Megan se levantou de um salto para ir atrás dele:

– Oh, no Linus. Bad dog!

Com os mesmos trejeitos físicos, Jonas e Davi riram à gargalhada com a maneira como Megan tentava sem sucesso tirar aquele lixo da boca do cão.

– Espero que a gente ainda tenha tempo para começar de novo. - comentou Jonas com os olhos no filho - Sem suspeitas, sem cobranças. Só um pai e um filho que se aprendem a conhecer um ao outro.

– A gente vai ter todo o tempo do mundo. - respondeu Davi, apertando a mão do pai.

Deixando a emoção vencê-lo, Jonas apertou Davi num abraço sentido. O filho correspondeu apertando o pai nos braços:

–Tenho que te pedir desculpa por tanta coisa, pai.

– E eu também tenho que te pedir desculpa por muitas das minhas asneiras, mas isso não é o mais importante agora. Toda a gente comete erros, mas nem toda a gente os consegue superar.

Ouviam-se os gritinhos de Megan porque, estando completamente encharcado por se ter enfiado no mar, Linus sacudia o pêlo com força na direção da americana que fez questão de demonstrar o seu desagrado ainda que risse da situação.

Soltando o filho, Jonas apontou com a cabeça, incitando Davi a se levantar:

– De que é que você está esperando? Vai logo ter com ela.

O bom moço correu até Megan e Linus, deixando Jonas sozinho, mas não por muito tempo porque já tinham começado a chegar os seus convidados para a sua inusitada reunião.

Sandra se sentou do lado do empresário deixando que Emília e Clint, que acenou a cabeça em cumprimento a Jonas, descessem a praia na direção do mar.

– Obrigado por ter vindo. - agradeceu o Marra-Man, começando ele próprio a fazer desenhos na areia com traços hesitantes - Eu nunca realmente me desculpei pelo que aconteceu com o LED, com você, com….

Sandra cortou imediatamente a sua linha de raciocínio, tentando tirar o peso dos ombros do Marra-Man:

– Jonas, o que já foi já foi. Eu também precisava ter seguido esse caminho para crescer. Às vezes uma pessoa tem mesmo que bater com a cabeça para aprender. E não se preocupe, porque hoje eu tenho uma vida muito boa. – concluiu a Senhora Adams sorrindo, correndo os olhos por Clint, Emília e Davi que brincavam na água.

Com esse peso levantado era agora uma conversa entre dois velhos amigos que entravam nas reminiscências agradáveis do passado e Sandra acabou gargalhando.

– De que é que você está rindo? – perguntou Jonas, meio perdido.

– É que faz muito tempo que a gente não vem aqui, lembra? Acho que o Davi foi concebido a meia dúzia de metros daqui.

– A melhor coisa que a gente fez. – concedeu o empresário.

– É, Jonas. O Davi é a melhor prova que às vezes dois errados conseguem fazer um certo. Boa sorte com tudo, Jonas. – se despediu Sandra, colocando uma mão no ombro dele, antes de se reunir com o resto da família.

Minutos depois foi a vez da anterior Mrs Marra se sentar do lado do empresário.

– Você está linda. - comentou Jonas, enquanto a cumprimentava.

– Thanks. – agradeceu Pamela - O Ernesto fez as pazes com a família e vai me apresentar como a sua girlfriend so, fingers crossed! - explicou ela, exemplificando o gesto.

Jonas não conseguiu evitar aquele riso delicioso que acompanhava as tiradas da loira.

– Você não precisa disso. Tenho a certeza que eles te vão adorar. – comentou o Marra-Man enfiando os pés na areia.

– E o que é que você queria falar comigo, Jonas?

– Você já sabe o que eu vou fazer. Eu não mereço, mas eu queria te pedir perdão pelo que eu fiz com você.

Meditando no assunto, nunca abandonando a pose de estrela, Pamela já tinha percebido havia muito tempo que não fazia sentido carregar ressentimentos pelo que tinha ocorrido.

– I´m not gonna lie, Jonas. A sua traição me magoou muito, mas eu já superei isso faz muito tempo. Ficaram os bons momentos, you know? Você sempre foi e vai ser o dad da minha baby, right? Eu te agradeço muito por isso. E eu já encontrei o caminho para a minha happiness.

O referido caminho para a felicidade de Pamela tinha acabado de estacionar e, dando um beijo na bochecha de Jonas, a loira se levantou para ir ter com Ernesto.

A última a chegar foi Verônica acompanhada de Vicente. O garoto foi ter com o grupo que passeava junto à rebentação das ondas e a assessora da Marra ajudou o Marra-Man a se levantar.

– Vamos para casa?- perguntou ela passando o braço pelos ombros de Jonas.

Vendo a cara do empresário que procurava com os olhos Megan e Davi, Verônica não resistiu a comentar:

– Se isso é preocupação com a segurança dos seus filhos, eu já disse que a Manuela e o Murphy vão acabar por cumprir prisão perpétua. Você não tem que se preocupar com isso.

– Não é isso. Estou preocupado com tudo o que vou perder. - confessou ele.

– Jonas, então você se está esquecendo de tudo o que vai ganhar.

Sorrindo, o empresário colocou as mãos sobre o ventre de Verônica e se inclinou para a beijar.

– Você tem razão. Vamos para casa. – pediu ele, a abraçando.

Depois de fazerem sinal de adeus com os braços para se despedirem do pai, Davi abraçou Megan, rodando com ela pela areia molhada. Rindo, ele acabou comentando:

– Acabei de me lembrar que hoje eu vou dormir com a presidente de um dos maiores grupos empresariais do mundo.

– What?- perguntou ela.

– Com a procuração do pai mais as ações que você já tem, a próxima presidente da Marra é você, Megan.

Franzindo a testa, ela abanou devagar a cabeça, negando de uma forma brincalhona toda aquela situação:

– Oh,no, silly boy. Eu não quero isso e você também não.

– Ai é? E agora o que é que a gente faz? – perguntou Davi, mantendo o abraço.

Megan riu, mas já tinha a resposta pronta:

– Agora a gente escuta o que grandpa me tentou dizer, baby boy. Nós não estamos sozinhos. Nós estamos juntos. Eu. Você. A nossa família e os nossos crazy friends.

Colocando a mão no queixo do nerd, ela o fez voltar a cabeça em diferentes direções enquanto explicava o seu plano:

– Sabe o que eu estou vendo? Eu estou vendo um expert em tecnologia, o melhor diretor de vendas de sempre e até uma princesa Shelda que nas horas vagas faz crescer impérios. – disse ela, apontando respectivamente para Clint, Ernesto e Pamela.

Ele sorriu para ela, mas já tinha percebido a ideia. Em vez da Marra ter um único presidente, teria um corpo de pessoas que, num esforço colaborativo, dirigiriam os diferentes aspectos da empresa. Juntos. Como uma equipa.

–Ai é, sua doidinha? E o que é que a gente faz?

– Nós vamos ser felizes, of course. Você vai ser sempre um silly boy. Eu vou ser sempre a little bit maluquinha. Mas juntos nós vamos ser like, qualquer coisa de muito especial.

– Like, a mistura perfeita. - comentou Davi, antes de a apertar contra ele.

– Yeah! Like, o equilíbrio perfeito. – assentiu a loira antes de o beijar.

Pegando em Megan ao colo, Davi não resistiu a entrar com ela na água de roupa e tudo, fazendo com que o resto da família começasse a assobiar e a bater palmas.

Ninguém é sempre feliz ou é feliz todos os dias, mas Megan e Davi pareciam querer quebrar a regra, encontrando sempre em cada dia um pequeno momento de felicidade.

Focando as suas energias na Brazuca e nos kids da PLUGAR, o casal agradeceu o esforço daqueles que ajudaram a dar um rumo à Marra. Graças à sua equipa de apoio, tinham conseguido não só fazer o pai orgulhoso pelo crescimento da Marra, como também viam crescer o seu próprio projeto.

Em Maio, o trio da Brazuca já tentava acertar a participação num congresso sobre tecnologia em Hamburgo. Enquanto Davi se dedicava ao upgrade do Júnior, Ernesto trabalhava num novo pitch para a Brazuca.

Atrás deles, Megan gesticulava enquanto mantinha uma conversa no celular:

– Genau, wir wurden über unsere project sprechen.

Voltando a cabeça para atrás em apreço, Ernesto acabou perguntado:

– Espera. A Megan fala alemão?

– Essa fala-barato aí? Ela até deve falar aramaico. Aliás, se ela quisesse ela era capaz de falar num português perfeito, mas como ela sabe que eu acho o sotaque dela um charme, ela nem tenta. – riu-se Davi.

Terminada a chamada, a loira mimetizou a dancinha celebrizada pelos pais em diversos canais de televisão:

– Boys, está confirmada a nossa participação no congresso em Julho. Alemanha, here we go!

Hamburgo, 2015

Tinha sido um péssimo dia para o despertador não tocar. Não abonava nada em favor de um gênio da tecnologia o fato de não ter conseguido sequer programar um aparelho para tocar a horas condignas.

Em abono da verdade, na noite anterior Davi tinha estado demasiado ocupado com Megan, aproveitando bem o confortável quarto de hotel, para se lembrar de um pormenor tão insignificante quanto acordar cedo para um compromisso que lhe podia transformar por completo a vida profissional. Um homem apaixonado é sempre um perigo.

Correndo contra o relógio, ele tentava agora tornar-se apresentável no pouco tempo que tinha disponível antes de terem que estar no centro de congressos. Megan, por outro lado, ainda estava experimentando o terceiro vestido.

– Bad girl, você fica linda de qualquer jeito, mas pelo amor de Deus, não troca outra vez de roupa. - pedia ele, enquanto escovava apressadamente os dentes.

– Baby boy, eu não posso simplesmente aparecer de qualquer jeito. – explicava ela, escolhendo meticulosamente as jóias.

– Você vai acabar me deixando louco! – comentou ele, a colocando no ombro para a obrigar a sair do quarto.

Esticando o braço para pegar a bolsa antes de Davi fechar a porta do quarto, ela apenas comentou rindo:

– No, louco já você é, baby boy. Mas eu me divirto muito com a sua loucura.

Um apopléctico Ernesto já os esperava com as identificações na mão quando chegaram no centro de congressos, onde eles teriam oportunidade de divulgar o Júnior e a Brazuca perante o mundo.

Com centenas de câmaras apontadas ao palco principal, preparadas para fazer a transmissão das apresentações em direto para todo o mundo, já quase todos os lugares estavam ocupados com as maiores mentes da atualidade.

– Já ia mandar a polícia atrás de vocês. – queixou-se Ernesto - Caraca, já está em cima da hora e vocês que não apareciam.

– Relax, Ernesto. Quem vai fazer a nossa apresentação vai ser você. Hoje, eu e o Davi só vamos contribuir com o nosso charme e o nosso good look. Well, pelo menos foi por isso que eu vim. O Davi, eu não sei. – brincou a loira, cutucando o namorado.

Antes das luzes se apagarem Megan voltou a cutucar Davi, para lhe mostrar mais um dos vídeos que Verônica lhe tinha enviado dos gêmeos. Pedro e Laura haviam nascido duas semanas antes e evoluíam a olhos visto, debaixo do carinho protetor da família.

– Oh, Davi. They´re so cute.- dizia a loira emocionada.

– Muito. Puxaram o irmão. - brincou ele.

A condenação de Jonas ditava que ainda se iriam passar alguns anos até terem o pai de volta com eles, mas isso não os ia impedir de serem uma família unida.

Ernesto era um homem de números, mas também sabia jogar com a emotividade de uma plateia. É claro que a importância social de um projeto como o Júnior ajudava a prender a atenção daquele público, mas foi o charme pessoal do interlocutor a fechar o negócio.

Já no final da sua intervenção, o sócio da Brazuca mal continha o seu entusiasmo:

– Como disse o poeta português António Gedeão: “o sonho comanda a vida,/que sempre que um homem sonha/o mundo pula e avança/como bola colorida/entre as mãos de uma criança”. Por isso quero chamar aqui ao palco os meus sócios: Davi Reis Marra e Megan Parker Marra. É graças aos sonhos desses dois que hoje estamos aqui apresentando um projeto que, esperamos nós, vai fazer com que muitas crianças pelo mundo fora possam também sonhar e fazer sonhar.

Juntando-se a Ernesto no meio do palco, Megan e Davi, comovidos, entrelaçaram os dedos das mãos sorrindo enquanto o público os ovacionava de pé.

Assistindo à transmissão da apresentação pela televisão que mantinha no camarim da Parker-Tv, Pamela aproveitou livremente o champanhe que Dorothy já tinha aberto em antecipação da comemoração por mais um sucesso dentro da família. Batendo as taças, Dorothy achava que tinha entrado dentro da cabeça da sua pensativa afilhada:

– Eu sei o que você está pensando, my dear. Por um momento você voltou atrás no tempo e se lembrou de quando você, o Jonas e o Brian eram jovens e começaram a trabalhar juntos.

Pamela usou o seu one million dollar smile, mas a verdade não era bem essa:

– No, madrinha. Eu não vi o passado. Eu estou vendo o futuro.