A Arma do Olimpo escrita por Ane Caroline


Capítulo 8
Capítulo 8




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Por que diabos eu tinha que abrir a droga da minha boca pra fazer aquela pergunta estúpida?

Heitor andou comigo pelo acampamento inteiro (ao que parecia a enfermaria ficava ao lado oposto aos chalés) e fez questão de que eu mantivesse meus braços entrelaçados ao dele, algo com "ficarei muito magoado se não andar comigo, parecerei um péssimo anfitrião. O que os outros chalés dirão?". De novo, não resisti! Mas nada de hipocrisia, tenho de confessar que não foi nada ruim.

– Chegamos! - disse ele entusiasmado.

O prédio era mo-nu-men-tal. Duas colunas brancas de pedra guardavam as entradas, o prédio todo parecia uma miniatura do Museu Natural de História só que muito mais imponente. O número 1 se sobressaía na coluna direita.

Meu cérebro mal conseguia processar aquilo tudo. Tantos anos dormindo em hotéis de quinta e derrepente tenho casa, comida, treinamento e algo que chega quase a ser uma "família".

Heitor com toda a certeza do mundo tinha prcebido o nervosismo (porque muito provavelmente devo ter perdido o resto de cor que ainda havia em meu rosto e a temperatura do meu corpo deve ter caido todos os graus possíveis).

–Vai ficar tudo bem - sua mão desceu lentamente até encontrar com a minha.

– Olha, eu não estou dizendo que não seja assustador - ele me encarou - Porque com certeza deve ser. Mas você tem que saber que não esta sozinha nessa.

– Não tenho como agradecer por tudo - olhei para baixo tentando esconder meu rosto (tenho certeza de estava vermelha).

– Não estamos pedindo nada em troca.

Eu o encarei por alguns segundos. As coisas estavam tomando um rumo estranho.

– Acho que eu tenho que entrar agora – disse eu cortando o silêncio constrangedor – Alguma idéia do que eu posso encontrar lá dentro?

– Na verdade não - ele passou a mão pela nuca desconcertado - Não temos permissão para entrar na casa dos três grandes.

– Ah sim – aí vem a minha tentativa de descontração – O cara com o grande raio.

– É, o cara com o grande raio – ele riu.

– Qual o lance com os três grandes? Quer dizer, a galera me pareceu espantada com uma filha de Zeus e...

– Velha história do Olimpo – ele me interrompeu – Tecnicamente Zeus, Poseidon e Hades não deveriam ter filhos.

– Tecnicamente eu não deveria existir – completei – Faz sentido.

– Não se incomode muito com isso, essa história já está resolvida.

– Eu não estava.

– Bom - ele olhou no relógio - Hora de conhecer o mistério por detrás das colunas de Zeus. Com todo respeito, claro.

– Impressão minha ou você realmente está com medo de Zeus?

–Ei, sem julgamentos! Os deuses não costumam gostar muito de semideuses, eu não iria querer logo o rei deles me odiando.

– Claro - concordei irônica.

– Não ria muito garota, você está fadada a um ódio de uma deusa em particular apenas pelo fato de ser filha de Zeus - ele cruzou os braços.

– Deixa eu adivinhar – ajeitei minha mala nas costa – Hera?

–Como você...

– Ironicamente eu gosto de mitologia - a mentira mais deslavada de toda a minha vida.

– O.K - ele soou estranho.

Respirei fundo. Tudo bem, essa é a hora.

– Hora de abrir a porta – anunciei.

Eu realmente precisava de um dispositivo que me desse um tapa cada vez que estivesse prestes a dizer uma coisa estúpida. Imagine quantos momentos constrangedores eu teria evitado.

– É, hora de abir a porta - ele riu.

Um último suspiro antes do surto e então empurrei as portas de pedra.

MEU CANECO TORTO DE CHUTE. O lugar mais parecia um palacete do que um chalé. Sabe aqueles filmes onde o cara leva a garota pra casa só para se exibir com os móveis maneiros? Essa casa era melhor! O chão combinava com as portas, os móveis eram de marfim simples mas sofisticado, havia instrumentos de guerra pendurados por toda parte. A casa dos meus sonhos.

– Obrigada Zeus - comentei baixinho - Eu acho.

Ao centro uma estatua gigantesca se erguia imponente e, a julgar pelo raio e o escudo, era Zeus sem dúvida. Com uma expressão severa parecia dizer: " Quem ousa entrar aqui e me incomodar? Cortem a cabeça desse insolente A-GO-RA!".

Mas o mais impressionante não eram os móveis ou a estátua/sentinela, era o teto. Parecia infinito, branco mas infinito, tive a sensação de que ele estava esperando ansiosamente para ser preenchido.

– uau - disse Heitor.

– Eu sei - sorri sem perceber.

– Sem palavras - disse ele examinando as prateleiras.

– Dizer alguma coisa seria quase uma injúria.

– Eu... - Heitor pigarreou trazendo-nos para a realidade - Eu tenho que ir. Você tem algumas horas até a fogueira.

– Certo - assenti.

– Quer que eu passe pra te pegar ou...

– Seria bom - sorri - Isso às...?

– Sete e meia - ele me devolveu o sorriso.

– Sete e meia. Perfeito.

– O.K, então eu vou... - ele apontou para trás.

– Claro - completei.

Ele se virou e foi embora. Por alguns segundos tive a impressão de ouvi-lo dar risada.


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