– O que pensa que está fazendo, menina desastre?

Quando ele falou aquilo, eu já estava certa da encrenca que (a sayuri) havia me metido.

Eu continuava por cima dele, por motivo nenhum, acho que estava meio que em choque ele e sentou e eu cai com o traseiro no chão, fazendo um bico bobo por causa da leve dor ali. Logo me levantei rapidamente, tentando limpar a parte de trás da saia um tanto suja por causa do novato mal educado. Depois disso, foi tudo muito rápido.

Kensuke me olhava com uma cara feia, como se estivesse prontinho para me matar ali mesmo. Os amigos dele já haviam saído dali e só tinha umas poucas pessoas nos olhando, rindo e cochichando sobre o que viam. Ele apoiou uma das mãos do meu ombro e eu recuei, perdendo um pouco o equilíbrio, dando alguns passos para trás, batendo as costas com força nos armários. Ele me pressionou ali e colocou ambas mãos apoiadas nos mesmos e eu suspirei fundo desviando o olhar.

Mais pessoas chegavam para ver o que se passava. Eu odiava aqueles olhares.. Ele rolou os olhos e levou os lábios até minha audição.

– Garota, já comecei não gostando de você. Odeio esse lugar idiota, com essas pessoas idiotas. Então, vou avisar só desta vez, some do meu caminho. Não me atrapalha. Se tiver uma próxima vez, não terá mais aviso. - Ele sussurrou friamente. Eu conseguia ver a tristeza e o vazio em seus olhos.

Tirou as mãos do armário e se afastou, seguindo pelo corredor, sendo cercado pelos amigos falsos de novo. Saí dali e peguei minhas coisas que haviam caído, eu iria matar a Sayuri, isto é tudo culpa dela! Comecei a andar um pouco atrás deles, chegando a ouvir um pequeno pedaço da conversa.

– O que aconteceu ali, Kensuke-san? - Perguntou um dos garotos, um baixinho que usava óculos.

– Nada demais, Yakumo. Só uma garota que é um desastre e não sabe por onde anda.

Esse comentário maldoso fez todos rirem.

Eu estava começando a odiar ele, o observando a distância, ele era adorável, com metade dos fios escuros presos num pequeno rabo de cavalo folgado e um óculos retângular que se ficava perfeito em seu rosto.

Ele era perfeito. A não ser pela personalidade ridícula, o que faz todas as caracteristicas boas do mesmo, não valerem muito.

Eles viraram um corredor, indo para a parte aberta da escola, seguindo para perto do lago. Aquele dia seria um dia longo.

Depois de uma sessão de aulas chatas, finalmente fui pra casa. Estava morrendo de dor de cabeça, assim, pedi na diretoria para sair mais cedo.

No caminho, passei numa pequena loja para comprar um pouco de carne e arroz, tinha que cozinhar algo bom para a okaasan, já que ela chegaria ze viagem. Já estava perto de casa quando meu celular tocou, avisando que uma mensagem chegara. Passei uma das sacolas para uma só mão, puxando celular do bolso do uniforme. Checando a tal mensagem, onde havia escrito:

"Menina desastre, você é minha dupla no trabalho de Biologia. Não tive escolha, não havia sobrado ninguém legal.

Miyazaki, Kensuke."

Parei de andar.

Como ele havia conseguido meu número? E por quê ia fazer dupla comigo se tem os amigos e todas aquelas garotas? Ótimo, tenho que fazer um trabalho importante da matéria que eu sou péssima com o garoto que eu quero evitar. Maravilha.

Minutos depois dessa surpresa "agradável" eu estava usando minha saia longa favorita e um casaco de lã rosa. A neve começara a cair preguiçosamente do lado de fora, cobrindo a paisagem com pequenas camadas de branco. Eu estava deitada, fitando o teto. Pensando.

Como deveria agir? Iria ficar nervosa perto dele. E irritada. Por que tenho certeza que ele vai arrumar um modo de me irritar. Eu não queria fazer nada com ele, mas pelo visto, era a única coisa a se fazer.

No dia seguinte, logo de manhã, o celular acordou-me com seu toque estridente. Fiz uma careta feia, odiava ser acordada por algo.

– Hã.. Alô? - Perguntei com uma voz um tanto rouca, sentando na cama.

– É Akemi, não é? - Indagou a voz irritante que eu logo reconheci. Suspirei fundo e rolei os olhos, me levantando. - Olhe pela janela.

Arrastei-me preguiçosamente em alguns passos e olhei pela janela, quase deixando o celular cair no chão.

– Ei, menina desastre! Troque logo esse pijama feio. - O rapaz alto me esperava no primeiro degrau da escada que levava para a entrada da minha casa. Estava com metade do cabelo preso e usava seu óculos retângular de sempre, acenando para mim com um sorriso torto no rosto.

Aquele garoto sabia como confundir minha cabeça.