Colorful escrita por Isabelle


Capítulo 9
Capitulo 8 - Noah


Notas iniciais do capítulo

Então é assim que rola
Bem eu, eu nunca saberia
E se acabar hoje
Bem, eu ainda direi que você brilha mais que qualquer pessoa
— Paramore



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Minha mãe tinha feito a maior algazarra por nada. Ela saira gritando como se fizesse décadas que a gente não se via. Meu padrasto apenas fez um sinal positivo com a cabeça e saira andando de volta para casa, como a gente sempre costumou a viver. Já pelo contrário, minha mãe me abraçou, me beijou, perguntou como tinha sido a viagem, e chamou Carla nos três minutos que eu havia chegado ali. Sally ficou meio ao lado do carro com vergonha de todos. Ela não parecia ser o tipo de pessoa tímida, mas ao vê-los todos ali, parecia que a sua vergonha tinha aumentado, e isso quase me fez rir.

Carla estava linda como sempre fora. Os cabelos ruivos alaranjados cortados em um corte joãozinho com uma franja gigante na frente, acompanhava os olhos amendoados, que entravam em perfeita sintonia com a pele, também amendoada. Ela usava a parte de cima do biquíni preto que destacava suas curvas, e um short curto.

Minha mãe continuava impassiva, tinha os cabelos loiros, e olhos cinzas como os meus. Seu cabelo estava preso em um coque como sempre fora sua preferência usar, e ela parecia realmente feliz por eu ter voltado.

Tudo parecia no mesmo estado de quando eu havia vindo aqui, no feriado que eu pude tirar. Era estranho Carla estar ali justamente naquele fim de semanas, as aulas ainda continuavam. E pensando nisto vi que Sally também teria aulas. Olhei de lado para ela, mas ela não me notou, continuava no mesmo lugar envergonha.

― Você vai amar tudo, seu quarto está como sempre, não ousei mudar nada, e Carla está no quarto de hospede ao lado do seu, as crianças estão dividindo os outros dois, eles queriam ter ficado com seu quarto, mas tive um pressentimento que você viria e os pais delas estão no outro, mas tudo continua do mesmo jeito. ― Ela disse puxando meu braço e sorrindo.

Eu me desvencilhei dela, e sorri.

― Espera, as crianças estão com dois, a Carla com um, e Debora e o Emanuel, estão com o outro? ― Eu somei.

― Sim. ― Ela sorriu. ― Algum problema? ― Ela perguntou como se Sally estivesse invisível.

― Um pequeno. ― Eu sorri. ― Sally? ― Eu a chamei, e ela saiu do lado do carro, meia sorridente, tentando bancar a simpática.

― Mãe e Carla, está é Sally, ela é minha parceira, ― menti. ― Sally, esta é minha mãe, Carol, e esta é Carla, nossa amiga. ― Eu as apresentei, e Celeste deu um pequeno aceno para as duas.

― Vocês namoram? ― Carla foi a primeira a perguntar.

― Não, nós não namoramos. ― Sally respondeu sutilmente, e continuou sorrindo. ― Somos apenas amigos.

― Como se conheceram? ― Minha mãe me perguntou.

― Na academia, fazendo treino. ― As mentiras fluiam da minha boca enquanto Sally ficava me encarando.

― Entendo, bem, Sally... ― Ela olhou incomodada com o nome. ― Creio que terá que dividir o quarto com as crianças.

Minha garanta secou. Se ela dividisse quarto com as crianças em menos de cinco segundos ela me deixaria sozinho com eles, e iria embora gritando que caira num hospicio.

― Ela pode ficar no meu quarto comigo, não tem o menor problema. ― Eu disse, e Carla e minha mãe me encararam com preocupação.

― Somos amigos, só isso. ― Sally disse novamente querendo realmente confirmar.

― Entendo. ― Minha mãe fez a típica voz de nojo e saiu andando acompanhada de Carla.

Soltei um suspiro abafado vendo as coisas que aconteceria, e sorri para Sally. Ela me lançou seu típico olhar, e abriu a porta do carro pegando sua bolsa, e depois me ajudando a descer algumas coisas que eu havia trago.

Passamos pela piscina onde as crianças brincavam com as arminhas de água, e acabaram acertando em mim e Sally que tivemos meio que correr, mas nada demais. Depois entramos diretamente na casa, onde começava com a cozinha que era um dos menores cômodos da casa, mas comparado a do meu apartamento era vinte vezes maior. Depois seguimos pela copa, onde havia uma mesa de madeira gigante com o candelabro de cristal pendurado, a esquerda havia uma escada, que tivemos que subir até o segundo andar. O meu quarto era o primeiro ao lado direito.

― Só o seu quarto é quase do tamanho da minha casa. ― Sally disse observando tudo.

A parede de frente para cama era uma estante preenchida de livros, menos, uma parte ao centro, que era uma mesinha onde ficava meu notebook e as outras coisas. Em frente a essa parede ficava a cama de madeira com um colchão recoberto por uma cocha azulada e esverdeada. Um minifrigobar ficava ao lado da cama, junto com meu criado-mudo, onde ficava meu abajur. Também havia uma mini sala, onde se encontrava a TV com os videos games, e um banheiro simples. A sacada também era simples.

― É um quarto simples.

― Simples? ― Ela soltou uma risada. ― Claro que sim, um quarto super simples, porque em todo quarto tem um frigobar.

― Foi um presente. ― Eu afirmei jogando as coisas em cima da cama.

― Pelo que? Dia do índio? ― Ela perguntou sarcástica.

― Você tá me chamando de mimado?

― Eu? ― Ela fez uma cara de vítima, longe de minha pessoa.

― Tudo bem, talvez eu fosse um pouco mimado, mas a culpa não é minha; depois que fui pra faculdade tudo ficou um caos, porque tive que aprender a me virar.

Ela se jogou na minha cama, empurrando as coisas que haviam lá.

― Então você dorme em um colchão e eu na sua cama, combinado?

― Claro, ― Eu sorri, ― Que não. A melhor parte de voltar para casa é a minha cama, e você está me dizendo para dormir no chão.

― Exatamente, eu sou mulher.

― E eu homem, vocês não vivem pedindo pelos direitos iguais?

― Então vamos dividir a cama.

― Não... Eu não discordo disso. ― Eu afirmei e ela

― O que? ― Ela disse indignada.

― A qual é, somos só amigos. ― Eu disse como ela havia repetido varias vezes para minha mãe.

― Do mesmo jeito não vamos dividir a cama.

― Qual o problema em dividir a cama?

― Que estaremos, eu e você na mesma cama.

― Tem medo dos meus poderes de sedução? ― Ergui a sobrancelha.

― Seus poderes de sedução? ― A risada se espalhou pelo quarto e eu realmente me senti ofendido. ― Claro..

― O que? ― Eu disse indignada. ― Você está desestabilizada mulher, eu sou o mestre da sedução.

― Podemos dormir na mesma cama sim, eu não ligo. ― Ela disse abraçando meu travesseiro. ― Ela é tão macia, e parece de água.

― Ela é de água. ― Eu disse e bocejei ligando eu notebook.

― Sua cama é de água e você estava reclamando de eu te chamar de mimado? ― Ela disse ainda abraçada com o travesseiro.

― Mais ou menos.

― Qual é a da Carla? ― Ela perguntou. ― Ela gosta de você e tals?

― Ela é minha ex. ― Eu disse sutilmente vendo minha timeline do facebook. ― Mas ela ficou possessiva, grudenta e quis mandar na minha vida, então não rolou

― Ela obviamente gosta de você.

― É, ela continua bonitinha, mas…

Uma batida na porta fez com que nos dois olhássemos um para o outro, e logo após Ali, a irmã mais nova de Carla estava parada na porta olhando para nós sorridente. Ela correu até mim, e me apertou com um abraço, ou tentou por ser bem menor do que eu. No momento em que decidi terminar com Carla me vi em uma situação muito complicada, principalmente pro conta de Ali, ela sempre fora mais apegada a mim, e me doeu muito ver o olhar de decepção em seu rosto.

― Ei, Ali,― eu a peguei no colo, esta é Sally, ― Olhei para ela que olhava para mim com um sorriso no canto do lábio que eu não fazia ideia do que significava. ― Sally, está aqui é a Ali.

― Ei, Ali. ― Sally se levantou e foi até ela.

Ali não era o tipo de menina que falava muito. Seus pais pensavam que ela era altista por isso, sempre fora fechada em seu próprio mundo e falava raramente, palavras que não faziam sentido.

― Ela não é de falar muito. ― Disse para Sally que deu de ombros. ― Ela é a irmã mais nova de Carla, e...

― É muito apegada em você pelo visto.

― Já falei que causo esse efeito nas mulheres. ― Disse e revirei os olhos.

― Sim, até mesmo nas de dez anos. ― Ali sorriu para Sally, e a fez rir.

― Eles acham que ela tem altismo, mas eu acho que ela só não tem nada de importante para dizer e prefere ficar na dela, não é Ali? ― Eu balancei-a no ar, e ela soltou uma risada.

Coloquei-a no chão e ela saiu andando de volta para onde quer que ela estava quando chegamos. Os cachos alaranjados como os de Carla sairam balançando junto com o vestido florido armado que entrava em perfeita combinação com a cor de seus olhos.

― Eles nem ligam para ela. ― Eu disse sentando na cama e passando a mão no cabelo. ― Sabe? A menina nunca quis falar, a não ser uma vez que ela soltou uma palavra que ninguém entendeu, e eles não se importam em procurar um médico nada..

Sally sentou-se do meu lado e soltou um suspiro abafado.

― Eu demorei dois meses a mais para terminar com a irmã dela porque precisava cuidar dela, porque nenhum deles liga, e...

― Ei, ― Ela viu como eu estava. ― Você tentou, não tentou?

― Eu tentei levar ela num psicólogo, mas eles não deixaram eu sair do portão, alegando que eu pensava que a menina era louca.. ― Fechei os olhos me lembrando do dia. Tinha sido um dos piores dias de todos. As lágrimas pesadas nos olhos de Ali foram demais para mim.

― Vamos dar um jeito nisso, eu e você juntos, tudo bem? ― Ela sorriu tentando me reconfortar.― Ela parece ser uma ótima menina, mesmo.

― Ela é.. ― Eu abaixei a cabeça, e abri os olhos como despertando de um sonho, nunca tinha mostrado aquele lado meu para ninguém.― Mas preciso ir na delegacia local, pegar umas fichas, coisas de rotina.

― E vai me largar aqui? ― Ela me olhou querendo rir. ― Vai nessa.

― Não posso te levar.

― Claro que pode.

― Não posso. ― Eu disse pegando minha mochila onde estava meu uniforme. ― Sally, não vim aqui para brincar.

― Muito menos eu. ― Ela pegou uma liguinha e prendeu o cabelo em um rabo de cavalo. ― Vamos lá.

― Pode se machucar.

― Eu sei, ainda estou indo com você. ― Ela sorriu e abriu minha mochila, olhando minhas armas, e outros acessórios. ― Sabe, sempre achei você muito gostoso nesses uniformes.

― Dar em cima de mim não vai me fazer deixar você ir. ― Eu disse e cruzei os braços.

― Qual é Noah, não vim até aqui, para ficar sentada no sofá esperando você voltar do seu trabalho. ― Ela disse chegando mais perto de mim. ― Por favor?

Cheguei bem próximo ao seu rosto, e segurei ele entre minhas mãos.

― Não!

Ela revirou os olhos e ficou com cara de brava, mas sabia que era um tipo de jogo, mas eu estava enganado. Ela pegou minha bolsa e a chave da viatura e saiu correndo. Meu coração disparou e eu tive que sair correndo atrás dela. Seu sorriso era claro, e ela dava gargalhadas da situação. Passamos por minha mãe que estava carregando uma forma de bolo, e ela quase caiu. Carla que estava fora de casa, tomando sol, olhou para nós como se fossemos duas crianças e voltou a ler o que fosse o que ela estava lendo.

Sally foi correndo até o carro, e o abriu entrando ao lado do motorista e fechando a porta pouco antes que eu pudesse alcança-a.

― Sai dai. ― Bati o punho no vidro, mas ela só fez uma careta. ― Sarah se você não sair dai agora, estou te dizendo como um policial, não como o Noah, juro que você, toda vez que entrar nesse carro, vai entrar como detenta.

Ela fez novamente uma careta, e deu ignição no carro, me olhando com uma cara de “nossa, como o carro ligou sozinho?”

― Sarah... ― Pronunciei devagar seu nome.

Ela me olhou assustada vendo que eu estava realmente bravo, e o desligou. Abriu a porta, e desceu sendo surpreendida por mim. Eu sorri de lado, vendo que ela tinha caído na pegadinha, e a prensei no carro, puxei seus dois braços e peguei as algemas que estavam no carro, e prendi suas mãos. Cheguei bem perto de seu ouvido e pronunciei bem sussurrado, fazendo todos os seus pelos do pescoço se eriçarem.

― Sarah... ― Eu parei. ― Qual o seu sobrenome?

Ela soltou uma risada longa, e depois tentou ficar séria

― Bardini... ― Ela disse como um sopro.

― Sarah Bardini, está presa pelo sequestro momentâneo de minhas coisas de policial, e pela invasão de um veículo publico. ― Eu sorri de lado. ― Sua pena será dormir só com uma camiseta minha, por todas as noites aqui.

― Não vou fazer isso.

― Então você vai no porta-malas.

― O que? ― Ela disse rindo. ― Não pode tá falando sério.

― Ah, eu estou. ― Eu disse e fui a levando para o porta malas.

― Noah, você quer parar? A brincadeira já acabou. ― Ela disse achando que eu estava brincando.

Eu a rodei e pressionei seu corpo na traseira do carro, ficando bem próximo a ela.

― Não estou brincando. ― Disse sério olhando para seus olhos verdes. ― Invadiu mesmo um veiculo publico..

― Vai me fazer dormir com uma camiseta sua? ― Ela balançou a cabeça. ― Só isso.

― Pode usar calcinha também..

― Espera, eu não ia poder usar uma calcinha? ― Ela disse abismada.

― Claro que ia… ― Dei um sorrisinho. ― Agora vamos, já brincou demais.

― Am, Noah. ― Ela mostrou os braços.

― Acho que não tenho a chave dessa. ― Disse entrando no carro, e tirando a camiseta para pôr a outra.

― Não amigo, não faz isso. ― Sarah se virou para não olhar e eu ri.

Coloquei minha camiseta do uniforme, e caminhei até ela com a chave para tirar as algemas. Ela se virou lentamente e olhou nos meus olhos. Não, ela não olhou para meu abdômen, e nada disso. Ela ficou ali encarando meus olhos, enquanto eu encarava o dela. Ela soltou um sorriso e eu senti toda a minha pele se arrepiar. Ela era tão linda.

― Você é linda, Sally, de verdade. ― Eu soltei e senti vontade de engolir aquelas palavras.

― Idiota. ― Ela revirou os olhos, e entrou no carro, do outro lado.

Fiquei sem entender, mas apenas dei de ombro e liguei o carro.

Não conseguia parar de pensar em seu sorriso. Era tao natural, e espontâneo. Eu acho que comecei a me ferrar daquele momento em diante. Do momento em que o olhar dela cruzou a minha alma, e depois sorriu. Aquele sorriso que mexeria com qualquer um.






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Notas finais do capítulo

...



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