Indestino escrita por irbello


Capítulo 4
Terceiro


Notas iniciais do capítulo

E AÍ GENTE, QUEM CHEGOU PRA FAZER A ALEGRIA DO POVÃO DEPOIS DESSE RESUMO BROXÃO PARA NÓSA?
Isso mesmooooo, CAPÍTULO NOVO DE INDESTINOOOOOOOOOOO



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PARTE I

Quando tudo parece dar errado

Acontecem coisas boas

Que não teriam acontecido

Se tudo tivesse dado certo

– Renato Russo

JOÃO

Atualmente

Como se não bastasse passar quase quinze horas em um avião com uma criança hiperativa ao seu lado, seu voo atrasa, ocorre uma troca de aviões fazendo que fique preso em Chicago por cinco horas e antes que você pense que não pode piorar, pode.

Quando eu chegar no Brasil vai faltar apenas uma hora para cerimônia começar. E ainda a igreja ficava lá na puta que pariu. A única coisa boa que saiu disso é a gentileza da companhia área de me encaminhar da classe executiva para primeira classe.

Mister, you want something before landing? *- o forte sotaque brasileiro tentando falar inglês me desperta dos pensamentos e ergo o rosto para encarar a aeromoça.

*Senhor, você deseja algo antes de aterrisar?

Como a maioria das aeromoças, a mulher era linda sem exceção, sorria mostrando suas covinhas que além de possuir no queixo também tinha nas bochechas. Seus olhos castanhos o fitaram nervosos demostrando que provavelmente era a novata do local.

– Só uma coca cola obrigado. - respondo em português um tanto enferrujado por não falar muito mas vejo ela assentir aliviada.

Eu tinha uma mania de lembrar uma certa pessoa quando via alguém com covinha no queixo, alguém que não via há muitos anos e hoje iria ver ela. Porém nem só ela mas também muito de meus amigos, principalmente Pedro.

Devido a distância, até mesmo os caminhos opostos que percorremos, havia me afastado de meu melhor amigo mas nunca que eu iria perder esse casamento. Chego atrasado? Chego mas não perco.

– Papai, we are in Brasil?* - sinto um leve aperto das mãos pequenas de Lydia em meu braço e sorrio virando o rosto para encarar minha princesinha.

*Nós estamos no Brasil?

Seu cabelo ruivo estava amarrado em uma trancinha que só depois de ver mil vídeos aulas consegui fazer algo decente embora nesse momento esteja super desarrumado assim como a blusa estampada da coruja Edwiges do filme Harry Potter que aquela criaturinha era viciada mesmo tendo apenas dois anos e um mês.

– Yes ginger. - respondo assim que o alerta de que iríamos aterrissar ecoou no avião e a luzinha pedindo que todos passageiros colocassem os cintos de segurança.

Minha filha me olha com aqueles olhos verdes curiosos e aperta minha mão com força como sempre fazia, ela tinha medo de altura desde o dia que conseguiu subir as escadas sozinha e tropeçou.

Eu lembro completamente daquela sensação de pânico e medo de que Lydia estivesse machucada apenas por um deslize meu quando estava vendo uma casa junto com meu pai em Nova York. Motivo que eu só descobriria logo depois. O fato é que eu estava deslumbrado que nem senti quando aquela mãozinha quente se soltou e a pequena aproveitou em sair de perto, apenas quando ela abriu o choro que finalmente minha ficha havia caído.

Caraca, lembrar daquilo e da sensação de se sentir o pior pai do mundo é horrível.

– Muito obrigada por terem viajado conosco, esperamos que tenham aproveitado a viagem. - desci das escadas assim que abriram as portas e segurei Lydia em meu colo com força sem resistir em sorrir de volta para a novata aeromoça que retribuiu um tanto envergonhada.

De imediato fui buscar as malas e espero ansioso até eles começarem a descarregar. Lydia se remexeu no colo sonolenta, desacostumada com o horário que mesmo sendo apenas uma hora menos, já era quando ela iria dormir.

– Você tá cansada né princesinha? - acaricio suas costas que estavam cobertas por um casaco de inverno e de resposta ela resmunga se aninhando ainda mais na curva do meu pescoço.

Assim que vejo as malas, as pego e ando rapidamente passando pela alfândega com sucesso. Mal pude processar e já estava na frente do aeroporto colocando as malas em um táxi e não pude respirar aliviado até ligar para uma babysitter que havia contratado para cuidar de Lydia durante a cerimônia e a festa.

Bem que Dandara tinha me avisado para pegar o avião dois dias antes mas era de última hora então foi milagre eu ter conseguido esse.

– Você é o João Spinelli? – mal entro no prédio e uma garota um tanto familiar me aborda com um sorriso gentil que me fazia lembrar de uma pessoa que eu quase havia namorado se não tivesse apaixonado por outra.

– Sou sim, você deve ser a babá... Senhorita Nóbrega? - franzo a testa ao pronunciar o nome um tanto duvidoso porque sinceramente, com a correria mal pensei em gravar o nome da babysister.

– Elisa por favor, essa é a pequena Lydia? - ela assentiu e não conseguiu evitar aqueles "own" que todos fazem quando vêem um bebê.

Sorrio de leve a avisando que ela estava cansada e enquanto subíamos de elevador em rumo ao apartamento que eu havia alugado para passar a temporada de férias.

Mal entro e já corri apressadamente para o quarto que seria de Lydia, a coloco na cama dando lhe um beijo na testa logo fechando a porta de leve para não acordar ela. Começo a listar as regras, comida, horários para a babá que me olhou um tanto assustada com a enxurrada de informações.

– Não se preocupe, sua filha está em boas mãos, já cuidei de várias crianças senhor. - falou em voz confiante ao ver que eu hesitei por uns instantes mas logo assenti e corri para o quarto abrindo rapidamente a mala.

Tiro minha camisa em uma velocidade tão impressionante que até poderia me considerar um Flash de vida se não estivesse atrasado para um casamento. Coloco a camisa branca ás pressas juntamente com o smoking e estou quase saindo de casa quando noto que esqueci de tirar tênis. Bufo exasperado e calço o sapato social com pressa.

Posso glorificar agora que saí de casa? Não. Eu ainda tinha que chegar na igreja.

Pego o carro alugado que mandei Kate pedir para a agência deixar na garagem do prédio e levo uns momentos tentando achar a merda da chave. Assim que acho no fundo do bolso, finalmente ligo e já organizo minha rota no GPS.

Como pensava, levei basicamente quase trinta minutos até chegar no local e suspiro aliviado saindo do carro estranhamente nervoso, eu iria entrar numa igreja cheia de gente encarando os noivos e como estou atrasado, grandes chances de chamar atenção.

– Se alguém se opõe á esse matrimônio, fale agora ou cale-se para sempre. - fecho a enorme porta de leve tentando não fazer barulho mas já era tarde demais e todos estavam me encarando com os olhos arregalados fazendo aquele coro de “Oh”.

Eu não tinha hora melhor de entrar não?

– Não não, eu não sou contra á esse casamento, só cheguei atrasado. - murmurei coçando a nuca envergonhado e encaro as pessoas que estavam no altar sem a mínima dúvida de quem seriam.

A noiva, no caso, Karina estava definitivamente linda sem menor resquícios da garota de anos atrás me olhava tentado fazer cara de brava mesmo que seus olhos demostrassem outra coisa e ao seu lado estava Pedro, ele havia cortado o cabelo o que era bem estanho de se ver já que antes era um juba de leão bagunçada.

Mas havia alguém que quando meu olhar se cruzou com o dela, não consegui evitar um sorriso ao ver que ela permanecia tão linda quanto cinco anos atrás e céus, quando ela sorriu de volta eu quase poderia me reapaixonar por Bianca.

– Pô cara, eu sabia que você me amava. - riu meu amigo que se afastou um instante indo em minha direção enquanto eu revirava os olhos. Perde a noiva mas não a graça.

Nós se abraçamos enquanto caminhávamos até o altar onde ele insistia que eu ficasse ao lado da madrinha, ou no caso, ao lado de Bianca. Sob o olhar fuzilante de K que parecia matar seu futuro marido com os olhos, então para que ela não virasse viúva tão cedo facilitei o trabalho e me aproximei perto da madrinha que recuou desconcertada.

Ela estava usando aquele saltões enormes e quase tropeçou no pequeno degrau que havia se não fosse por mim que agora a segurava pela cintura sem evitar uma leve risada. Por que mulheres tinham a mania de colocar isso? Elas não sabem que são lindas até de all star?

– Um quase tombo hein? – ergui as sobrancelhas tentando fazer graça.

– A gente não se vê há cinco anos e essa foi sua primeira frase? – empurrou-me de leve logo fazendo um sinal com o dedo mandando que eu me calasse para que a cerimônia retornasse.

O padre retornou daquela parte que havia parado e dessa vez, graças a Deus não houve nenhum convidado desajeitado chegando atrasado. Certeza que ouvi um coro de aleluia e bufo de Mestre Cruel que encarava a cena carrancudo tentando disfarçar que por dentro deve estar soltando sacos de areia de tanta alegria.

– E os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.

Ovacionei e bati na mão de Pedro que ergueu assim que beija sua ex-namorada, agora esposa. Tantas coisas que enfrentaram antes parece só fortalecer ainda mais o amor daqueles idiotas, a esquentadinha e o moleque sem noção estavam finalmente casados. João Spinelli esteve presente!

– Amo amar você Karina.

– Amo amar você Pedro.

Viro-me para Bianca que tentava conter as lágrimas embora estivesse sorrindo. Eu não sabia por que, mas senti que precisava abraçar ela agora e foi isso que fiz logo pegando a mão dela para corrermos até a entrada onde os recém-casados iriam receber aquela típica chuva de arroz porém como o casal não é nada típico, foram soltados aquelas bolhas de sabão e balões escritos Perina.

– Eles são tão diferentes, como deram certo? – murmurou ela um voz baixa mas consegui ouvir e me aproximei para sussurrar em seu ouvido.

– Porque não se completa um quebra cabeça com peças iguais.

Seus olhos castanhos se fixaram no meu de um jeito tão indecifrável que eu daria de tudo para saber o que se passa naquela cabeça. Podia se passar anos mas eu nunca conseguiria entender totalmente essa mulher que na última vez que eu vi, era a garota que eu estava apaixonado.

– Meu bebê! Olha só como você tá lindo! – pisco os olhos desnorteado enquanto processava a mão gelada que tocou em minhas bochechas e logo me puxou para um abraço sufocante.

Alguém avisa pra minha mãe que eu preciso de oxigênio? E eu não sou bebê.

– Mãe! Você tá dizendo que eu era feio antes? Aliás, não sou um bebê como você pode ver muito bem ok? – revirei os olhos a indagando fazendo que ela risse e fungasse.

– Você sempre vai ser meu bebê João Spinelli. E sempre foi lindo só que não te vejo já faz um ano e cada vez que pisco você cresce cada vez mais. Aliás adorei a barba. – Dandara piscou o olho fazendo aquele sorriso sugestivo de mães do tipo “Nossa tá gato”.

– E olha até seu aperto de mão mudou, virou macho né? – Gael me cumprimentou sempre tão carinhoso enquanto minha mãe lhe estapeava no braço.

Rimos trocando uma conversa fora e estranho o fato de minha mãe não falar sobre Lydia, justo ela que me xinga até hoje por a ter feito perder os primeiros momentos com a neta. Na hora que chegamos aos carros, ocorre uma leve discussão sobre quem vai no carro de quem e por fim ficamos eu e Bianca no meu carro enquanto Dandara e Gael levavam Bete, Sol e Wallace.

– Então onde é o caminho? – pergunto quando ligo o GPS e ela faz uma careta pensativa.

– Se eu te dizer que é no Copacabana Palace você acredita? – rio incrédulo embora não estivesse tão surpreso por causa do sucesso de Pedro com a banda internacional.

O caminho foi silencioso, eu queria falar algo para quebrar aquele clima estranho mas ela parecia tão na dela, fechada que resolvi apenas esperar a mesma se manifestar.

– Como foi viver na Escócia? – senti o olhar de Bianca sobre mim enquanto as lembranças ainda doloridas embora felizes passavam em minha mente. Alicia.

– O melhor ano da minha vida. – não sinto mais vontade de falar detalhes e de repente tudo pareceu desconfortável ao meu redor principalmente com ela ao meu lado. – E a sua vida? Como vai? – mudo de assunto ouvindo o GPS sinalizar que chegamos ao destino.

A breve conversa foi interrompida e descemos do carro indo até o salão de festas que estava absurdamente deslumbrante. Isso era tão fora de comum ver Pedro e Karina assim, mas só prova que as pessoas mudam de acordo com os anos, ou apenas revelam-se. O fato é, eles estavam felizes e isso importa mais que tudo.

– Vem, vai começar a dança dos noivos e logo os padrinhos vão. Demoraram hein? – uma mulher puxou Bianca antes que ela pudesse fazer algo e me olhou. – Você é o par dela? Bonitão hein e ainda conseguiu de última hora, depois eu falo que você nasceu com o cu virado para a Lua, não acredita. – desatou de falar enquanto apenas olho pra Bianca ao meu lado com a confusão claramente estampada em minha testa.

Nem preciso falar que só caiu minha ficha quando estávamos na roda da dança e aquela cena de cinco anos atrás se repetia como um deja vú. Porém é claro, estávamos diferentes e os sentimentos não eram os mesmos.

Eu não sou o mesmo João que era apaixonado pela Bianca.

– Você mudou tanto e nem é pela aparência sabe? É o jeito, tá mais sério, contido e até agora não me lançou uma daquelas cantadas ruins de doer. – perco-me naqueles olhos castanhos instigantes e sorrio.

– Muitas coisas aconteceram. – ela assente concordando e aproveitando o clima suave da música, recosta sua cabeça no meu peito fazendo que eu sentisse o familiar cheiro de morangos tão inconfundivelmente dela.

Bianca não sabia, mas eu também achava que ela estava diferente.

Eu só não sabia o quanto.

Nós afastamos logo depois da dança, ela foi para o toalete e eu para o bar onde estava o noivo, ou melhor recém casado e meu melhor amigo que eu não via... Há três anos. A última vez foi quando ele veio me visitar após a briga feia com Karina e quando voltou decidido a esquecer dela, ela correu atrás dele.

– Fala aí panaca, chegou atrasado por que? – estendeu-me um copo de uísque que aceitei de bom grado não antes de brindarmos.

– Ah, eu adoro causar, tive que aparecer e roubar o brilho da noiva. – debocho enquanto ele ria feito retardado. – Imprevistos na verdade, meu voo se atrasou, houve uma troca de avião, fiquei preso em Chicago, essas merdas aí.

– Bem feito, ninguém mandou você morar em outro continente.

– Falou o homem que anos atrás tava vendendo o corpo só pra ter green card, não me esqueço daqueles seus porres viu? – rio da cara envergonhada dele que me olhou nervoso.

– Não fala isso pra Karina pelo amor das forças superiores, eu morro se ela souber disso. Ela me mata, to falando serião, minha esposa parece boazinha nessa fantasia de princesa mas é uma fera. Nossa, esposa.. Que palavra linda, esposa. – Pedro falou tão rapidamente e se perdeu nos seus pensamentos enquanto eu apenas continuava rindo.

Tomamos mais algumas dose até ele voltar ao normal.

– Então e a mini cenourinha? Porque você não trouxe ela? Eu nem ia sequestrar, juro, só ia apertar, colocar numa mala e partir pra Nova Zelândia com ela. – me cutucou alegre e sorri de imediato tendo a imagem de Lydia adormecida em sua cama apertando aquele urso bizarro que ganhou da avó materna.

– Tá linda, uma princesa, já tem dentinhos e é extremamente manipuladora. Não trouxe ela para o casamento porque estava tão cansada que fiquei com pena de acordar e não, você não chega perto da minha filha. – eu era um pai babão por essa menina e inclusive não vejo a hora de chegar no apartamento para checar o sono dela.

– Nossa senhora, já é ciumento, imagina quando ela crescer? Vai virar o Mestre Cruel é? – implicou enquanto minha cara se fechava ao pensar que aquela coisinha cresceria e sem dúvidas vai se tornar a garota mais linda de todas.

– Se algum moleque se aproximar da minha filha, você pode ter certeza que este será incapaz de se reproduzir pelo resto da vida. – trinco o maxilar raivosamente e sinto uma certa nostalgia me atingir.

Lydia já tinha dois anos. E daqui a pouco esses dois viram quatro, seis, oito, dez, doze, quatorze, dezesseis. Céus isso é aterrorizante, como minha mãe conseguiu se manter sã com esse tempo que passa tão rápido quanto num piscar de olhos?

– Licença, a conversa deve estar ótima mas vamos viajar para Nova Zelândia daqui a pouco e preciso de meu marido. A propósito, depois da viagem, vamos ter uma conversinha seria por você que além de chegar atrasado, não trouxe a minha Ariel. – Karina apareceu sem aquele longo vestido e com apenas calça jeans, blusa regata com um casacão bege e os famosos all stars surrados, ah claro, ela me fuzilou mortalmente.

Despeço-me dos recém casados e recosto o corpo de frente para a pista de dança onde estava bem agitada e cheia de gente, porém havia uma que se destacava ali no meio da multidão e não pude deixar de ficar preocupado ao ver que estava empolgada demais.

– Bianca? Vem, você precisa parar antes que fique tonta. – entro naquela roda aperta e ouço a risada histérica dela assim como o cheiro de bebida alcoólica que ela emanava.

– Para João, vem se divertir também. A noite é uma criança! – seu rosto estava tão próximo do meu que só consegui ficar estático enquanto ela me olhava tão intensamente que quase parecia sóbria.

– Vamos, vou te levar pro apartamento, você está bêbada. – puxo seu braço incomodado enquanto a mesma abria um bico resmungando feito criança, vou dizer uma coisa, gente bêbada é um saco, principalmente quando você é o amigo que cuida de tudo.

– Não tô bêbada não Joãozinho, só bebi umas cinco tequilas. Tequilas, nossa que nome hilário. – riu toda boba e não consegui evitar de rir também por causa da risada dela, não pela situação claro.

– Bêbada. – retorqui revirando os olhos enquanto a puxava para fora da roda de dança que parecia aumentar a qualquer momento como se tentassem afogar a gente ali. Era sufocante e tudo que eu queria era estar em casa comendo pizza de micro-ondas e vendo futebol.

– Já que eu tô bêbada, deixa eu fazer algo que eu nunca faria sóbria. – viro-me curioso e antes que eu pudesse piscar senti os lábios dela pressionados no meu.

Viro o rosto tenso com a situação e instantaneamente me sinto culpado. Aquilo não deveria ter acontecido e só me restava apenas a esperança que ela se esqueceria de tudo para podermos ser “amigos”. Bianca me olha totalmente envergonhada e tenta se afastar mas a prendo em meu braço ainda mais focado em levar ela para o apartamento.

Pego meu smoking que estava guardado junto com minhas chaves e assim que saímos do enorme hotel noto que a cara dela estava estranha e já me preparo para segurar os cabelos bem no exato momento que vomitava na calçada meio zonza.

Sem hesitar, a pego no colo enquanto ela deitava a cabeça na curva de meio pescoço no caminho para o estacionamento. Coloco-a delicadamente no assento e ouço seus resmungos estranhos sobre algo que não entendi.

– Eu espero que esse seu porre não seja hábito. – murmuro preocupado acariciando o cabelo dela fazendo que a mesma ronronasse.

– Sou um gatinho. – mexeu-se sorrindo de olhos fechados.

– É, você é uma gatinha, muito linda por sinal. – não consigo evitar um leve sorriso.

O caminho foi longo e Bianca adormeceu no assento embora se revirasse em alguns momentos. Ela estava tão serena dormindo que hesitei quando abri a porta do carro para a carregar até o apartamento, o meu no caso já que não tinha as chaves dos outros e não sabia onde ela morava. Cuidadosamente a seguro em meus braços e Bianca se aninha apertando meu pescoço.

Subimos de elevador e tive que me contorcer para pegar a droga de chaves já que a sonolenta não colaborava. Não consigo evitar um suspiro de alivio assim que a deito na cama e ela se mexe inquieta até achar um travesseiro logo apertando-o com força.

– Senti sua falta João. – sussurrou em voz baixa enquanto eu me deitava após trocar de roupa e colocar meu antigo moletom de universitário.

Beijo sua testa e suas mãos puxam minha cintura antes que fizesse menção de manter maior distância possível já que iriamos dormir na mesma cama. Tento me mover mas ela aperta com força resmungando fazendo que eu desistisse.

– Também senti sua falta Bianquinha.


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Notas finais do capítulo

Vocês já sabem né? Dez reviews e já providencio o proximo! Porém galerinha lembrem-se que estou em época de provas, se acalmem rsrsr BEIJÃO