POV ALISON

Ella: Filha acorda! Você tem compromisso hoje!

Rolo na cama extremamente irritada com essa ideia estúpida dos meus pais. Não quero ir lá! Prefiro ficar em casa, com a minha rotina: acordar meio-dia, comer, ficar no tumblr, dormir mais um pouco, ver desenhos com minha irmã mais nova.

Aliás, Aria, minha irmã de 6 anos é a única pessoa que consigo ficar perto. Porque ela não faz perguntas, ela não fica me olhando com aquela expressão de pena, ela simplesmente me trata como uma pessoa normal. Quer dizer, normal até ela tentar me abraçar. Apenas pensar nessa ação me embrulha o estômago, me deixa completamente desnorteada. Mas ela é uma criança, ela não entende nada do que aconteceu.

Eu me culpo muito por não tratá-la do jeito que ela merece. Não poder deitar com ela quando ela chora no meio da noite depois de ter um pesadelo, não levá-la ao parque, não contar historinhas como minha mãe fazia comigo. Em resumo, não ser uma irmã mais velha de verdade.

Bem, isso é apenas mais um peso na minha consciência dos vários que me assombram.

Ella: Ali, vamos!

Alison: Já vou!

Escovo os dentes, tomo um banho rápido e me dirijo ao armário em busca de uma roupa. Elas estão impecavelmente organizadas, já que há meses não as uso. Praticamente não saio de casa então passo o dia de pijama. Mas hoje preciso colocar uma roupa então.. calça jeans, e moleton com capuz. Pra completar coloco um converse. Pronto.

Desço, cumprimento meus pais que estão comendo em silêncio, como sempre.
Sabe, antes era tudo tão diferente, tão alegre, tão cheio de vida. Mas hoje é uma melancolia que parece não ter fim. E adivinhem de quem é a culpa?

Byron: Vamos meu amor, vou te deixar lá.

Levantei da mesa e fui em direção da porta, mas antes de sair de casa minha mãe toca levemente na minha mão, estremeço na hora, encolhendo-as e colocando nos bolsos do moleton. Por Deus, ela é sua mãe, nada de mal vai te acontecer! – Esse é o pensamento óbvio e racional, mas eu simplesmente não consigo, estou bloqueada. Não consigo tocar ou ser tocada por ninguém.

Ella: Tá vendo minha filha, é por isso que você tem que ir. Não posso continuar vendo você assim e não fazer nada, isso não está certo. Essa não é você!

A voz da minha mãe estava carregada de tristeza e dor. Ela sabia que a Alison que ela sempre conheceu havia sumido. Que agora, na frente dela restava apenas uma carcaça.. algo que vegeta, algo sem vida.

Ella: Por favor Ali, se esforce, eu sei que você vai conseguir. Eu te amo.

Alison: Eu vou tentar. Eu também te amo.

A frase saiu fraca e sem emoção, mas era verdade. E eu espero que ela tenha acreditado.

Entrei no carro, e meu pai entrou logo em seguida. Durante a viagem eu só olhava pela janela a cidade que eu passei minha vida inteira, mas que agora parecia que era turista. Muita coisa havia mudado em apenas sete meses.

Levamos cerca de 25 minutos pra chegar no lugar.. não havia fachada, nem letreiro. Era apenas um prédio de 3 andares azul escuro. Relutei em abrir a porta e sair do carro. Se eu estava com medo? Claro que estava.

Byron: quer que eu entre com você?

Alison: Não, não precisa.

Byron: Tudo bem. A sala é no 2º andar, quando acabar me ligue que eu venho te buscar.

Alison: Ok.

Byron: Te amo, Ali.

Saí do carro e entrei no prédio. Fui na recepção e me entregaram um crachá vermelho com meu nome escrito. Coloquei-o no moleton e subi as escadas.. cheguei no 2º andar vi a placa vermelha em frente a uma sala:

GRUPO DE APOIO – SEJA BEM VINDO.