Kairi no País das Maravilhas escrita por Verdana


Capítulo 2
A Louca Festa de Chá




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  E a porta abriu.
  Kairi se viu em uma densa e escura floresta, ou seria um mero jardim? Olhando para os lados a garota só conseguiu ver uma gigantesca árvore, um mato um pouco maior que ela e flores com o dobro de sua altura. Olhou para trás e onde antes estivera o caminho de volta para aquele bizarro quarto, tinha apenas mais mato, tão alto que Kairi nada conseguia ver adiante.
  - Oh, e agora...? Deveria ter perguntado para a Maçaneta por onde ir!
  - Ele não saberia, é apenas uma maçaneta! - falou uma voz suave, cujo dono Kairi não conseguia ver - Como poderia alguém que só vê um lado ajudar em algo eficientemente?
  - Q-quem está aí? Apareça! - gritou Kairi - Ao menos me diga como se chama!
  - Não me chamo. - e um garoto com orelhas e bigodes de gato apareceu na frente da garota - Mas os outros têm o hábito de me chamar de Riku. O que está fazendo aqui, forasteira? - acrescentou.
  - E... Eu segui um coelho, Sora, até aqui. Mas ele sumiu e não sei como sair. Pode me ajudar, Riku?
  - Talvez sim. - e desapareceu, reaparecendo um pouco mais a frente - Mas talvez não.
  - Oh, por favor! - suplicou a garota. Riku permaneceu calado por alguns segundos, e então disse:
  - Se for sempre em frente por aqui - e apontou para trás -, irá achar dois sábios habitantes deste País.
  - Muito obrigada, Riku! - e abraçou o garoto-gato, que tornou-se novamente invisível e deixou Kairi cair no chão - Riku?
  Mas não houve resposta, e Kairi supôs que ele fora embora. Andando sempre em frente, Kairi pensava nas "pessoas" que conhecera naquele dia. "Riku disse que eu não podia confiar na Maçaneta, porque ela só via de um lado, mas foi tão boa comigo me explicando como chegar aqui! Se não tivesse me ajudado, ainda estaria lá, presa", concluiu. "Pena que não perguntei o que Riku achava de Sora. Ele me parecia ser legal, apesar de ser um pouco estressado. Talvez fosse porque estava atrasado. Para o que estaria atrasado? Uma festa?", e ela ouviu risadas. "Oh, os sábios!", pensou, correndo na direção do barulho.

  E encontrou uma festa de chá.
  Kairi se viu em uma grande clareira. Olhando para o lado viu uma casa um pouco distante dali. "Será que é lá que os sábios moram?", se perguntou. E foi logo puxada de seus pensamentos, por um pouco de chá caindo em seu pé.
  - Ai! - e olhou na direção de onde o chá foi jogado. Em uma mesa redonda, estavam sentados um garoto com uma cartola e uma garota-coelho (mas o certo não é lebre?), ambos olhando para Kairi, ambos com um largo sorriso no rosto.
  - Veja, Naminé, mais alguém para nossa festa! - exclamou o garoto, levantando-se de sua cadeira.
  - Sim, sim! - respondeu a outra, batendo as mãos.
  - Uma festa...? - perguntou a garota. Lembrou-se então de Sora correndo, atrasado, e perguntou-se se não seria esse o tão importante compromisso do garoto-coelho. Talvez a tal Naminé fosse sua irmã. Nem percebera ter esquecido o chá em seu pé - É uma festa de aniversário?
  - Não! É uma festa de desaniversário! - respondeu o garoto, sentando Kairi na cadeira ao lado de Naminé.
  - Desaniversário? E quando é isso?
  - Quando não fazemos aniversário! - falou Naminé - São trezentos e sessenta e três dias de festa!
  - Oh, então deve ser meu desaniversário também... E por que estamos comemorando com chá? - disse Kairi, olhando para a xícara vazia na sua frente.
  - Porque são seis horas! E seis horas é hora de tomar chá! -  respondeu o garoto, sentando-se então do outro lado da mesa, de frente para Kairi.
  - Não deveríamos esperar para que a hora do chá passe, então?
  - Não dá!
  - Como não dá?
  - Roxas brigou com o tempo - explicou Naminé, como se brigar com o tempo fosse algo fácil de se fazer - Mas como ele é fraco, perdeu. Então, sempre são seis horas.
  - É! Mas o tempo ainda vai ver! Quando eu encontrar ele de novo vou ter minha revanche!
  Kairi imaginou Roxas lutando contra um relógio gigante e tapou a boca com a mão para não rir. Pensou se aqueles dois seriam os sábios que Riku mencionou. Provavelmente não, os dois pareciam ter sua idade e sábios são pessoas velhas.
  - Naminé, Roxas, tem algum sábio por aqui?
  - Sábio? - repetiu Roxas, com o bule de chá virado sob sua xícara. O chá que transbordava voltava para dentro do bule - Não conhecemos nenhum desse tipo. Você conhece? - perguntou, olhando para Naminé. O chá transbordando pulou de xícara em xícara até a xícara da garota-lebre.
  - Nem unzinho. Pra quê você quer encontrar um sábio, Kairi?
  - Pra perguntar onde é a saída... Ei! Como você sabe meu no...?
  - Vai querer chá? - interrompeu Roxas.
  - Sim, meia xícara, mas como vocês... O que está fazendo!? -  exclamou a ruiva ao ver Roxas serrando sua xícara.
  - Meia xícara de chá, oras! - E colocou chá na meia-xícara, que não caiu para o espanto de Kairi. Estendeu o objeto para a garota, mas Naminé a pegou e bebeu tudo.
  - Ei, essa era para...
  Mas não completou a frase, pois Roxas empurrou a mesa para o lado e esta começou a girar. O garoto e a garota-lebre se levantaram e, puxando Kairi pela mão, giraram no sentido contrário da mesa.
  - Pra quê estamos fazendo isso?
  - Se um gira pro lado, o outro tem que girar pro outro, pra acabar a giração! - respondeu Naminé. Kairi não entendeu, mas deixou-se levar. Aos poucos a mesa foi parando, junto com os três. Sentando-se novamente em sua cadeira, Kairi olhou para a mesa e pensou: "Incrível! Mesmo depois daquilo as coisas continuam no mesmo lugar".
  - Chá? - era Roxas, já com uma xícara (inteira, para o alívio de Kairi) em mãos.
  - Sim, obrigada - disse a garota, mas logo após pegar a xícara para si mais um ser chegou, e o fez já exclamando sua presença e sua situação atual, uma boa desculpa para não parar para a festa. - Sora! - exclamou Kairi, soltando sua xícara - Estive procurando você por toda par...
  - Desculpe, mocinha, mas não tenho tempo! - respondeu Sora, sem diminuir a velocidade de seu passo - Estou atrasado!
  - Ora, mas você não está atrasado! - disse Naminé, virando-se para o garoto-coelho parado, em uma expressão tão assustada que seria mais digno de uma cena sangrenta do que de uma festa - Seu relógio está errado, todo mundo sabe disso!
  - Sa-sabem?
  - Claro que sabem! - confirmou Roxas, bebendo chá por um canudinho.
  - Oh, Discórdia! - e se aproximou da mesa circular - Um relógio não pode estar errado!
  - Claro que não... - disse Naminé, dando tapinhas fortes demais no garoto-coelho - Todo relógio está certo, esse apenas não está na certeza dos outros! - a garota-lebre puxou o relógio do outro e o examinou atentamente. Kairi notou que não estava olhando para o relógio, estava apenas fingindo. "Eles vão fazer alguma coisa...", pensou, sentindo pena do pobre Sora, já tão angustiado em seu atraso.
  - Oras, isso vai ser bem simples! - disse Roxas, tirando Kairi de seus pensamentos. O rapaz tirou o chapéu e de dentro dele saíram óculos parecidos com o de um engenheiro - Preparada pra operação, Naminé?
  Com a resposta positiva da garota-lebre, Roxas colocou os óculos. Sora estava um pouco mais atrás, aflito. A garota que apenas assistia a cena não saberia dizer se ele estava assim por estar provavelmente atrasado ou por causa de seu relógio. Mas sentiu dentro de si que ele estava, na verdade, com medo. Como se não devesse estar conversando com Roxas e Naminé.
  - Meu relógio! - irrompeu Sora. Kairi virou-se para o objeto e logo entendeu o que aconteceu. Roxas havia aberto o relógio, passado manteiga e geléia e então... O martelado com toda a força possível? O rapaz gargalhava abertamente, enquanto Sora juntava os pedacinhos.
  - Eu venci, seu tempo idiota! Quem é o fraco, agora?
  - Meu re-relógio... - Sora estava à beira das lágrimas. Guardou os pedaços de seu querido relógio no bolso e virou-se para Roxas - Sabia que não devia confiar em vocês! A Rainha Minnie de Copas já não simpatiza com você, mero Chapeleiro! E destruir um bem mundial, o objeto mais correto já inventado? Eu começaria a prezar pela minha vida se fosse você! - e saiu correndo. Roxas continuava a rir, acompanhado por Naminé.
  - Parem de rir, isso foi horrível!
  - Não foi! - replicou Roxas - Aquele cara estava preso em seu relógio, fiz um bem para ele.
  - Mas ele estava quase chorando!
  - O que apenas prova como estava preso. Agora ele vai ficar mais flexível, vai por mim.
  Kairi abriu a boca para responder, mas sabia que não adiantava discutir com Roxas.
  - Eu vou embora...
  - Já? - perguntou Naminé, com um leve fio de desespero - Fique! Vamos nos divertir mais! Você sabe o que um boi e um pano tem em comum?
  - Não, não sei! E não quero saber! - exclamou a garota, já irritada - Eu não gosto da diversão de vocês!
  Saiu então, deixando o rapaz de cartola e a garota-lebre.

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