Jade estava atrás de Cobra, chorosa. O rapaz não entendia o motivo de ter sido procurado por ela, mas estava louco para saber, sentia saudades de sua dama.

– O que você quer? – Perguntou para Jade. Ele não queria demonstrar saudades.

A dançarina deixou mais uma lágrima escorrer de seu olho e se aproximou a passos pequenos e lentos.

– Cobra, eu... – A garota parou a poucos centímetros de Cobra – Eu sinto sua falta.

Jade estava realmente angustiada, Cobra era o único que a entendia, fazia-a se sentir bem. Ela colocou uma mão em seu rosto enquanto se livrava da bolsa com a outra.

– Jade – Cobra tirou a mão da garota que estava em seu rosto – Foi você que escolheu isso. Estou cansado de conviver com as suas crises de ciúmes, para você só há um correto nas discussões, a “dona Jade”.

O rapaz disse tudo aquilo enquanto pensava em como sentia falta do cheiro de seu perfume, da forma como ela cuidava dele e de tudo que já haviam passado juntos. Nesses últimos dias, ele havia descoberto um possível sentimento pela amiga (Karina), mas isso não o impedia de sentir falta da antiga amada.

– Eu sei de tudo isso – Falou a garota – E realmente não me importa mais. O que importa, é a falta que estou fazendo para você e a que você está fazendo para mim.

Jade começou a empurrar Cobra até sua cama, o jogou na mesma e deu-lhe um beijo.

Karina estava no cinema, sozinha. A tela reproduzia um filme qualquer de ação. Em algum momento a tela ficou completamente escura. Alguns segundos depois, um vídeo com diversas fotos dela com Pedro começaram a aparecer. A lutadora se levantou e foi em direção à saída, aos prantos. Em frente à porta, estava o ex, em pessoa.

– Esquentadinha, eu...

Antes que Pedro pudesse se explicar, Karina ouviu alguém a chamando e olhou para trás. Era o Cobra.

– Karina, você tem certeza que sente falta desse moleque?

Foi quando a menina acordou do sonho. Não foi como é na maioria das vezes com as pessoas, em um pulo. Ela sabia que aquilo era apenas um sonho. Nos últimos dias esses sonhos havia virado rotina em seu dia e ela não entendia o motivo e depois de um tempo, apenas aceitava. Ela olhou o horário. Eram apenas 23:37. Karina tinha dormido apenas três horas atrás. A lutadora decidiu tomar banho e foi o que fez.

Após uma troca quente de beijos, Jade se levanta.

– Eu não deveria ter feito isso – Falou pegando sua bolsa.

Cobra já estava farto disso, toda vez era a mesma coisa. Brigas, insultos, reconciliação seguida de beijos e algo mais e depois vinha o arrependimento. Ele não sabia se Jade tinha ou não percebido, que de um tempo pra cá ele não considerava seu relacionamento como apenas “curtição”. A questão, é que aquelas palavras o enfureceram mais do que o normal, sua paciência havia ultrapassado todos os limites. O problema era que seus sentimentos por ela só cresciam e isso fazia com que ele “comesse na palma da mão da amada”.

– Jade, para com isso – Falou se aproximando da garota – Foi você quem começou, não adianta ficar se sentindo culpada. Você não gosta de passar o tempo comigo?

A morena se aproximou da saída.

– Cobra, você me faz ser má – Cobra riu com o comentário, fazendo Jade suspirar – Mais que o normal, vagabundo. Algo me diz que isso que agente têm, está se tornando mais intenso. Eu não quero isso!

A menina saiu do QG, sem deixar que Cobra respondesse e pela primeira vez, o lutador não correu atrás de sua dama. Cobra se sentou em uma das diversas cadeiras do local e por algum motivo desconhecido, lembrou-se do beijo que havia dado em Karina. Ele se sentia muito mais próximo dela nessas últimas semanas e aquele beijo não saía de sua cabeça. Algumas vezes, invadia até seus sonhos. Então o rapaz parou para pensar, ligou os pontos, mas não queria admitir para si mesmo. Ele estava se sentindo atraído pela amiga.

Karina acordou bem disposta e bem humorada. Escovou os dentes e tomou o café da manhã. Estava pronta para ia à academia. Apesar de não poder treinar, ela assistia aos treinos e as vezes seu pai permitia que ela treinasse golpes com as pernas. A lutadora estava mexendo na mochila, quando esbarrou em alguém. Seu primeiro pensamento foi usar golpes físicos, porém, seu braço engessado dizia o contrário. Quando olhou para a pessoa, teve um surto de raiva. Era o Pedro.

– Você não olha por onde anda? – Gritou soltando faíscas pelos olhos.

– Esquentadinha, já que você está engessada, não pode me impedir de fazer isso.

Pedro a pegou pela cintura e lhe deu um beijo apaixonado. O garoto sentia muita falta de sua esquentadinha. Segundos depois ele estava se contorcendo de dor no chão. Karina havia desferido um chute entre suas pernas.

– Eu ainda sei me defender – Disse pegando a mochila do chão – Idiota.

Todo o bom humor dela havia sumido, inclusive sua vontade de assistir à aula de Muay thai. Então a garota seguiu para o GQ.

Cobra estava abrindo a loja, ainda meio receado por conta do ocorrido na noite anterior. Seu celular vibrou, indicando uma mensagem de texto:

– Só me esquece – Jade.

Aquela atitude o enfurecia de uma forma horrenda. Cobra pegou um objeto qualquer em cima do balcão e o arremessou contra a parede.

– Nossa – Disse Karina entrando no local – O que aconteceu?

Cobra ainda estava cego pela raiva, não conseguia dizer uma só palavra. Karina se aproximou do amigo e colocou a mão em seu ombro. No mesmo instante cobra desferiu um golpe. Se a lutadora não fosse rápida, teria levado um soco no rosto.

– Desculpa – Falou Cobra, por fim – É a Jade.

Já cansada de ouvir aquele nome, Karina apenas sentou em uma cadeira com olhar de expectativa.

– Desembucha – Disse a amiga.

Cobra conta tudo à lutadora, desde o beijo até a mensagem.

– Ah Cobra – Lamentou Karina – Isso deve ser horrível. Bom, não é pior do que ser enganada, isso eu posso lhe afirmar.

A garota se levantou e olhou o relógio, já estava na hora de ir à escola.

– Eu só acho que dessa vez foi diferente – Disse Cobra – Acho que foi pra valer.

– Lutador, eu adoraria ficar aqui o dia todo falando de como temos azar no amor, mas eu realmente tenho que ir – Falou Karina.

– Tudo bem. Valeu mesmo pela força que você me deu hoje. Quem me conhece sabe que não sou de expressar meus sentimentos dessa forma.

Cobra se aproximou da amiga, cauteloso. Antes que o rapaz desistisse, Karina lhe deu um abraço e saiu rumo à escola. O dia do rapaz foi comum, ele atendia os clientes quase nulos que apareciam ali e golpeava o saco de box ou mexia no computador no resto do tempo. No momento ele estava mexendo no computador. Entre as redes sociais, o lutador viu um comentário antigo sobre uma foto e clicou na tal. Era a foto que Jade havia tirado de Karina apenas com as roupas íntimas. O rapaz já havia visto a foto, porém, não com os mesmos olhos. Ele sempre a considerava como uma irmã mais nova, então a foto era apenas uma pela qual ele deveria sentir raiva. Naquele momento percebeu o quão sensual Karina era e no mesmo instante tomou uma decisão.

Karina desceu do ônibus e foi em direção à sua casa. Olhou em direção ao QG, aonde viu Cobra sinalizando para que ela fosse até ele. A menina não conseguia imaginar o que seu amigo queria com ela, mas mesmo assim foi até ele. Assim que Karina entrou no QG, Cobra deu uns passos para trás e ficou de costas para a amiga. Não conseguiria dizer olhando em seus olhos.

– Oi Cobra, o que você quer? – Perguntou Karina.

– É que... – Gaguejou o rapaz – Eu acho – Engoliu em seco – Eu acho que estou sentindo algo por você.