Eu estava dentro do QG esperando pela Karina, quando vi. Minha amiga estava caindo de sua varanda. Corri, mas não a tempo de segura-la. Karina apagou assim que caiu no chão. - Karina - Gritou Gael olhando da varanda. Seus olhos já estavam cheios d'água. Demorou alguns segundos até que ela acordasse. Estava muito assustada. - Pai - Berrou – Meu braço. Seus gritos agonizantes de dor me deixaram aterrorizado. Foi quando retomei os sentidos. Me aproximei de Karina com a intenção de segura-la. - Não Cobra - Gritou Gael - Não encosta nela. Chama a emergência, eu tô descendo. ­ No mesmo instante lembrei que o primeiro passo em um acidente é não encostar na vítima. Liguei para a emergência que demorou torno de meia hora para chegar. Depois de muita discussão fui deixado para trás, Gael não quis que eu o acompanhasse ao pronto-socorro. Por fim, voltei ao QG ainda abalado com o ocorrido. Karina, minha única amiga, minha parceira de luta, a garota que a poucas horas eu havia beijado por impulso, estava naquele momento no pronto-socorro por minha culpa. Eu havia a incentivado para que viesse me ver. Era difícil expressar o quão culpado estava me sentindo. Deitei-me na cama, derrotado. A duas horas eu não conseguia parar de pensar na burrada que havia feito ao beijar Karina. Ela era apenas uma menina ingênua, eu a considerava uma irmã mais nova. Contudo, nunca havia percebido como ela mexia comigo, era tão bonita com seu jeito nada feminino de ser, tão perfeita com suas imperfeições. Para mim era no mínimo difícil, admitir o efeito que Karina surtia a meu ver. Demorou torno de duas horas até que eu pegasse no sono, não conseguia parar de imaginar a situação de Karina, no pronto-socorro. Dormi por cinco horas, foi o máximo que consegui depois de todo o ocorrido. Como precisava livrar minha cabeça por um tempo, fui à Khan. No fundo eu nunca me senti bem indo àquela academia, porém, como tinha sido expulso da academia do Gael, não podia ficar sem treinar. Quando cheguei ao local a única coisa que queria, era treinar em paz, sem interrupções. Apesar de algumas palavras trocadas entre os outros alunos, consegui o que queria, treinar em paz. Eram duas horas da tarde quando volteio ao QG, estava “morto” de cansaço. Estava atendendo um cliente quando Karina apareceu com o braço esquerdo engessado. – K – Disse correndo para abraça-la. Assim que o fiz, me arrependi. Seu braço. Karina soltou um gemido de dor, mas logo em seguida sorriu para mim. – Oi Cobra – Disse sorridente. O cliente, meio confuso, saiu da loja nos encarando. – Então – Disse a lutadora se sentando – Fiquei sabendo que, uma certa “cobra” tentou me ajudar ontem. Dei risada com a ironia da garota. – Espera um pouco – Falei me sentando no balcão – Você não se lembra do que aconteceu? Karina olhou para seu braço engessado. - Digamos que com a dor que eu estava sentindo, os para médicos me deram um quase “mata leão”. Então a impressão que eu tenho, é de que bebi todas e estou de ressaca. Eu a estava ouvindo sem a entender, só conseguia observar seus olhos azuis, seu rosto abatido. Tudo isso só provou o quanto ela continuava linda. – Eu já ganhava de você na luta, antes – Falei rindo – Imagina agora. – Há há – ironizou – Espera só eu ficar boa, aí você vai ver quem é que vai ganhar.

Uma semana havia se passado o que fez Karina e eu nos unirmos cada vez mais. Ela conversou com Gael e o convenceu a deixar nós nos vermos, mas como ele mesmo impôs, só nas horas vagas durante o dia. Como a Karina estava com o braço engessado, o que ela fazia era aprimorar os golpes com as pernas e eu dava total apoio. Tudo para passar mais tempo com a minha amiga. Eu estava nos fundos do QG, aonde representava o meu “quarto”. Já era hora de fechar a loja e era isso que eu ia fazer. Ouvi alguns passos atrás de mim e uma voz: - Cobra?!