Na quarta-feira, quando Rachel chegou em casa, encontrou seu pai e Quinn sentados no sofá conversando.

– Hey. – a judia sorriu, deu um beijo na bochecha do pai e se aproximou de Quinn, lhe dando um selinho.

– Hey. – a loira sorriu.

– Como foi a aula, estrelinha?

– Eu estou feliz que acabou. Pelo menos por hoje. – disse fazendo Leroy rir.

– Bom, eu vou deixar vocês sozinhas. Tenho algumas coisas para resolver. Devo voltar em duas ou três horas.

Leroy saiu alguns minutos depois, e Quinn e Rachel foram para o quarto da judia.

– Não esperava te encontrar aqui. – Rachel confessou.

– Temos que conversar.

– Toda vez que essa frase surge, a gente briga. – Rachel suspirou.

– Rae. – Quinn abraçou a namorada e suspirou – Eu não quero brigar. Eu quero... Eu quero esquecer. Mas...

– É difícil. Eu sei. – Rachel resmungou – Eu também não consigo esquecer que fiz isso com você, Q. E me doí tanto, por que... Eu te amo. E eu sei que doí em você. E... Eu não queria ter feito isso, Q.

Quinn apertou ainda mais Rachel contra si.

– Eu amo você, Rae.

– Eu amo você também, Q.

– Eu sei. E não quero brigar. Ou... Jogar isso na sua cara toda vez que tivermos uma discussão. – Quinn suspirou – Temos que... Sei lá, fazer um acordo quanto a isso. Ou algo assim.

– O que quer dizer?

– Que eu sei que você tem ciúmes da Liz. E sei que você tem razão, mas, hey! Vai ter que confiar em mim.

– Eu sei Q. É só...

– E sei que essa coisa com o Finn... – Quinn suspirou – Você... Nem se lembra o que aconteceu. Então, é difícil tanto pra mim quanto pra você.

– Eu queria não ter saído aquela noite. – Rachel confessou – Queria ter ido direto pra sua casa e...

– O que está feito está feito, Rae.

– Eu sei. Mas, se eu pudesse mudar...

– Eu sei. – Quinn se afastou da namorada e sentou na cama, batendo no colchão ao seu lado para que Rachel a imitasse – Não vim aqui para ficar chorando o que aconteceu. Precisamos pensar no que vai ser daqui pra frente.

– Eu não sei, Q. Não sei o que vai ser e, sinceramente? Não sei se quero pensar nisso, por que... E se não for... Bom?

– Você vai estar comigo? Por que, enquanto estiver, vai ser bom.

– Quinn...

– Mas, Rae, a gente precisa pensar em um jeito de lidar com isso. Eu falei sério quando disse que não queria nada entre a gente, mas, por mais que a gente tente, parece que um milhão de coisas acontecem.

– Não estou gostando do rumo que essa conversa está tomando.

– Nós... Esse tem que ser um assunto proibido entre a gente, certo? Assim nós podemos esquecer disso.

– Ignorar uma coisa não vai faze-la desaparecer, Quinn.

– É melhor do que se ficarmos batendo sempre na mesma tecla, Rachel! Eu só... – Quinn passou a mão pelo rosto, respirando fundo – Eu não quero que terminemos como eu e Liz.

– Eu muito menos. – Rachel forçou uma risada – Droga! Eu tenho certeza que se a gente terminar não vai ser de um bom jeito, Q. Porque eu me recuso a deixar você ir.

Quinn sorriu para a judia e segurou as mãos dela, enquanto analisava os traços da namorada.

– Então vamos só ignorar isso. Pelo menos por enquanto, Rachel. Isso não vai explodir pra cima da gente. Você dormiu com ele, mas parou ali. Acabou. Não é uma coisa que vai nos trazer mais problemas do que já trouxe. – Quinn levou uma das mãos ao rosto de Rachel e fez um carinho de leve, ficando seria de repente – Eu não sei se posso lidar com isso também, Rachel. Se eu não ignorar e seguir com nosso namoro sem pensar nisso, não sei se consigo. Entende?

– Você terminaria comigo.

– Não. – Quinn suspirou – Eu acabaria comigo.

– O que está dizendo, Quinn?

– Que eu amo você e levaria esse namoro mesmo com esse peso em cima de mim, Rachel. Mas que isso acabaria comigo. Eu... Eu ignorava quando era Liz quem me traia. Eu não falava sobre. Já ouviu dizer que o que os olhos não veem o coração não sente? Bem, eu nunca vi Liz com outra pessoa, mas doía pra caralho. E doeu muito mais quando você disse o que aconteceu entre você e Finn.

– Eu sinto muito.

– Eu sei. Se eu achasse que não, não estaria aqui agora. É por isso que eu quero passar por cima dessa história, Rachel. Vamos simplesmente ignora-la a partir de agora. Sem marcas. Vamos só ignorar aquele dia. Como se ele não tivesse existido.

– Tudo bem. – Rachel deu um sorriso tímido – E... O assunto Liz?

– Rachel...

– Eu sei que vocês são só amigas e tudo o mais, mas... Eu só gostaria de deixar bem claro que isso me incomoda.

Quinn soltou a mão de Rachel que ainda segurava e respirou fundo.

– Liz é realmente um problema que pode nos atrapalhar? Por que ela é minha amiga Rae, e... Eu não quero deixar meus amigos de lado por que você tem ciúme, ou algo assim. Você mesma me disse que não queria que isso acontecesse.

– Eu sei! E não estou pedindo que se afaste dos seus amigos eu só... Não gosto dessa sua amizade com ela. Mas não vou criar caso com isso, ok? Você tinha razão ontem.

– Eu sinto muito pelo que disse ontem, Rachel. – Quinn a interrompeu – Serio. Eu estava nervosa e disse coisas que não deveria.

– Mas você estava certa! Eu só... Quero que evite falar dela ou com ela perto de mim, ok? E se ela vier te visitar ou você for ver seus amigos... – Rachel balançou a cabeça negativamente, passando a mão pelo cabelo – Me avisa pra eu ficar longe. Eu... Não quero mais ver essa garota.

– Prefere me deixar sozinha com ela?

– Confio em você.

– Era só o que eu precisava ouvir.

Quinn sorriu antes de beijar a garota.

***

Durante a semana Quinn, Frannie, Cooper, Rachel e os pais da garota, assim como o restante da família Berry marcaram de sair para jogar paintball durante o fim de semana.

A carta de Rachel poderia chegar a qualquer momento, e a morena estava ansiosa com isso, então sair acabou sendo uma boa opção tanto para distrai-la quanto para comemorar o fato de que Quinn havia conseguido sua vaga na faculdade.

As duas estavam no quarto da judia esperando dar o horário de sair, enquanto Frannie conversava com Leroy na sala e Hiram e Cooper faziam sabe-se lá o que na garagem.

Quinn estava deitada, observando Rachel parada na frente do espelho, se encarando apenas de lingerie – o que fazia a loira querer levantar e terminar de despi-la.

– Quinn, você acha que eu estou gorda? – perguntou tirando a loira de seus pensamentos.

– Não. – Quinn franziu a testa – De onde surgiu isso?

– Eu não sei. Estou me sentindo inchada ultimamente.

– Inchada? Rae, você está perfeita. – a loira levantou e a abraçou por trás – Você está linda como sempre.

– Ou você só está dizendo isso para me agradar. – falou fazendo Quinn rir.

– Eu não mentiria pra você. – murmurou dando um beijo no pescoço da judia – Você já separou sua roupa?

– Já. Por que?

– Por que eu to quase esquecendo que seus pais e minha irmã estão lá em baixo. – disse virando Rachel de frente para si e a morena riu.

– Quer que meu pai entre aqui e pegue a gente?

– Se você não quer é melhor se vestir logo, por que não sou de ferro, Berry. E você está me provocando.

– Quem sabe? – Rachel sorriu e deu um selinho na loira – Vou me vestir.

Rachel foi para o banheiro e Quinn se jogou na cama novamente, sorrindo para o teto.

Ela poderia esquecer que Rachel a havia traído se as coisas continuassem daquele jeito. Se ela pudesse simplesmente abraçar a judia e beija-la sempre que quisesse. Se Rachel continuasse a amando.

– No que está pensando? – Rachel perguntou sentando ao lado da loira, poucos minutos depois.

– Em nós. – Quinn olhou para a namorada – Em você.

– Eu te amo. – Rachel murmurou.

Quinn apenas sorriu e pegou a mão da namorada.

– Então, sobre esquecer quem está lá em baixo...?

– O que tem em mente, senhorita Berry?

Rachel se inclinou sobre Quinn e a beijou.

A loira estava começando a descer a mão pelo corpo da namorada quando a sentiu se afastar bruscamente.

– Garotas! Vamos. – Hiram disse abrindo a porta do quarto enquanto Rachel pulava para longe de Quinn e a loira sentava na cama.

– Pai! Já ouviu falar em bater? – Rachel reclamou.

– Não na porta do quarto da minha filha. Saímos em cinco minutos.

Hiram desceu e as garotas olharam uma para a outra antes de rir.

***

– Caramba! Eu sou sua irmã, Lucy! Como teve coragem de me atingir daquele jeito? – Frannie reclamou, arrancando risadas do resto do grupo, enquanto voltavam para os carros.

– Ah, foi só lembrar que você estava no time adversário. – Quinn deu de ombros, abraçada a Rachel.

– Sua irmã tem um dom natural pra esse jogo. – Brody riu.

– É. Vou mandar ela pro colégio militar pra ver se ela se dá bem lá atirando desse jeito. – Frannie murmurou e Quinn riu.

– E aí, quais os planos agora? – Quinn perguntou.

– Bom, eu e Frannie marcamos com meus pais, então temos que ir. – Cooper disse.

– Volta hoje? – Quinn perguntou para a irmã.

– Volto. Só não sei que horas. – Frannie respondeu, mas Cooper balançou a cabeça negativamente e Quinn riu.

– Está certo.

Os dois se despediram do grupo e Brody suspirou.

– Bem, eu tenho que ir também. Meus trabalhos não vão se fazer sozinhos.

– Uau. Brody Berry estudando. – Madison riu.

– Como é engraçadinha. – Brody resmungou.

Aos poucos cada um foi se despedindo e indo para sua casa.

– E nós? – Quinn perguntou para Rachel enquanto Hiram e Leroy conversavam com Johanna e Gregory.

– Não sei. O que acha de irmos pra sua casa? – Rachel perguntou arqueando a sobrancelha – Frannie não está, mas seu quarto continua lá...

– Eu adoraria, Rae, mas não posso.

– Por que?

– Aqueles dias. – Quinn resmungou e Rachel soltou um gemido fraco.

– Por que foi me provocar quando estávamos no meu quarto, então? – murmurou fazendo bico.

– Por que eu não resisto. – Quinn deu um selinho na namorada – Mas ainda podemos ir pra minha casa, se quiser.

– Seria bom.

– Hey, garotas. Vamos? – Leroy chamou se aproximando das duas.

– Acho que vou para a casa da Quinn, papai. – Rachel disse virando de frente para o pai, ainda entre os braços de Quinn.

– Por que não vão as duas lá para casa? Podemos assistir alguns filmes e pedimos alguma coisa a noite. Quinn poderia dormir lá. Pelo visto Frannie não volta hoj... Ah! – o Berry coçou a nuca, ficando vermelho – Eu acho que... Vocês não querem companhia, não é?

– O que? Não é nada disso, Leroy! Só queremos ficar juntas. Não... Nós não...

– Não se preocupe, Quinn. – Leroy riu – Nem eu nem meu marido somos idiotas ou tão antiquados assim.

– Sabe, eu acho que é uma boa ideia irmos para casa. O que acha, Quinn?

– Claro. É uma ótima ideia. Você vai comigo ou com eles? – Quinn perguntou e Rachel se afastou.

– Com você. Quero dizer, posso, papai?

– É claro.

Quinn sorriu para o sogro e praticamente voou para dentro do carro.

– Papai, serio isso? – Rachel reclamou e Leroy riu.

– Desculpe, Rachel. Mas... Olha, podem ir pra casa dela se quiserem. Serio. Eu e seu pai vamos fingir que não sabemos o que...

– Papai, serio, para com isso. – Rachel murmurou, vermelha.

– Hey, olha só, eu sei que é difícil pra você falar sobre isso com a gente, por que somos homens, e você é uma garota, mas...

– Papai, não. – Rachel suspirou – Eu não tenho problema sobre conversar com vocês, mas... Não na frente da minha namorada!

– Ok. Desculpe. – Leroy riu e deu um beijo na cabeça da filha – Te espero em casa?

– Nós vamos direto pra lá. – Rachel disse indo para o carro.

Assim que a judia entrou Quinn sorriu para ela.

– Sua casa?

– Minha casa. – Rachel deu um selinho na namorada antes de por o cinto.

As garotas voltaram para a casa dos Berry conversando sobre o dia e como Quinn conseguia ser melhor que Rachel no paintball – o que a judia se recusava a aceitar.

Passaram a tarde assistindo filmes e jogando alguns jogos de tabuleiro com Hiram e Leroy e, pouco antes das onze da noite, Quinn foi embora – mesmo sob os protestos de Rachel, que queria que a namorada passasse a noite.

Como esperado, Frannie não voltou para casa aquela noite, e Quinn dormiu sozinha.

Já Rachel, não conseguiu pregar os olhos a noite toda, enquanto a mesma pergunta ficava se repetindo na mente da judia: Será?