Leroy parou na porta do quarto da filha e sorriu para a cena que encontrou.

Rachel estava deitada sobre o peito de Quinn, que a abraçava, mesmo durante o sono, a puxando mais para perto de si. Obviamente estavam assistindo alguma coisa até pegar no sono.

Se aproximou da cama e, com calma, acordou Rachel, dizendo para ela acordar Quinn e descerem para jantar.

Desceu e encontrou seu marido na sala, passeando pelos canais de televisão.

– Por que elas não desceram quando você gritou?

– Por que estão dormindo.

Hiram praticamente pulou o sofá, indo em direção aos quartos, quando Leroy o segurou.

– Já chamei Rach, e elas já vão descer.

– E você... Você levou isso numa boa?

– Hiram, elas, claramente, estavam assistindo alguma coisa quando dormiram.

– Oh! Claro.

– É. Vamos sentar para comer. E você pare de paranoia.

– Não me pareceu paranoia quando a porta estava fechada, mais cedo.

– Pareceu sim. Elas precisavam conversar com um pouco de privacidade.

– Você não pode ter certeza disso.

– Posso sim. Fui eu quem mandei a Fabray tentar conversar e resolver aquelas coisas de ontem.

– Ah. – Hiram franziu a testa – Bom, eu ainda acho que Quinn está pressionando Rachel a alguma coisa.

– Hiram, pare. – Leroy mandou enquanto puxava o marido pelo braço.

No quarto, Rachel distribuía beijos leves pelo rosto da namorada.

– Acorda, bela adormecida.

– Hum...

– Q, acorda. Meu pai já veio chamar a gente.

– Hiram ou Leroy? – resmungou.

– Leroy.

– Ele é legal. Não vai se importar se eu dormir mais cinco minutos. – a loira resmungou, fazendo Rachel rir.

– Levanta Quinn. Vamos jantar.

– Jantar? – a loira passou a mão pelo rosto, sentando – Que horas são?

– Quase sete e meia.

– Eu tenho que ir para casa. – Quinn disse levantando.

– Por quê?

– Por que eu conheço Frannie e ela vai ligar lá em casa para ter certeza de que eu estou lá e de que não estou dando uma festa.

– Hum... Fica pelo menos para jantar. Depois eu te levo.

– Acho melhor não arriscar. Se eu ficar mais um pouco, posso acabar indo muito tarde. – Quinn falou levantando e dando a volta na cama – Vem baixinha. Vamos descer para eu dar tchau para os seus pais e você vai comer. – falou esticando a mão para ajudar Rachel a levantar.

– Eu acho que você deveria ficar. – a judia falou aceitando a ajuda e, assim que ficou de pé, passou os braços pelo pescoço da namorada – Você pode ligar para Frannie e falar com ela depois.

– Você é bem insistente. – Quinn sorriu, se inclinando para dar um selinho em Rachel.

– Se vocês não descerem logo, eu vou subir! – ouviram Hiram gritar da cozinha e Rachel revirou os olhos enquanto Quinn ria.

– Vem. Vamos descer. – a loira disse se afastando de Rachel.

– Mas você vai ficar, certo? Meus pais vão ficar chateados se você for embora. E eu também. – Rachel fez bico e Quinn riu.

– Tá bem. Agora, para com esse bico ou a gente vai acabar não descendo.

Rachel sorriu, deu um selinho em Quinn, e entrelaçou sua mão na da loira, a puxando em direção à cozinha.

***

Quinn chegou em casa por volta das nove horas.

Era estranho sair e não encontrar ninguém em casa quando voltava. Era acostumada com isso quando morava com os pais, mas já tinha se acostumado a chegar e gritar por Frannie.

Foi direto para o seu quarto, separou um pijama e foi para o banho.

Em baixo do chuveiro, tentou deixar a agua lavar, também, suas preocupações.

A loira não tinha se convencido de que estava tudo bem entre ela e Rachel. Leroy não teria falado sobre forçar Rachel a alguma coisa se a judia não tivesse comentado sobre. E, se ela comentou, era por que se sentia daquele jeito. Mas, para ela, a judia não falava nada.

Deu uma risada fraca e bateu de leve a cabeça na parede, deixando a agua cair por suas costas.

Era claro que ela não ia falar nada.

Demorou mais que o necessário ali e, quando saiu, deixou o notebook ligando em cima da cama e foi para a cozinha.

Pegou uma garrafa de agua e deitou, pegando o computador.

Encarou a tela por alguns segundos, pensando em algo para fazer.

Acabou decidindo assistir a alguma serie. Talvez fosse um bom programa para o fim de semana inteiro.

Sorriu pensando em quantas temporadas de Dexter ela poderia adiantar.

Passou a noite toda acordada assistindo, e boa parte do domingo.

Além disso, a única coisa que fez no fim de semana foi conversar com Rachel e quase conseguir a façanha de colocar fogo no micro-ondas – coisa que ela, com certeza, não contaria a Frannie.

Frannie somente ligou para ela no domingo à noite, tiveram uma conversa rápida, e logo depois a mais nova foi dormir.

Sua segunda-feira também começou normalmente. Ela levantou, se arrumou e pegou uma carona com Rachel até a escola, esperando ter outro dia chato como qualquer outro – ou algo que chegasse perto disso.

***

– Com licença. – Sue revirou os olhos, parando de escrever para encarar a garota que batia na porta de seu escritório em plena segunda feira.

– Quem é você?

– Sou Franciele. Irmã da Quinn.

– Claro. Entra. – Sue indicou a cadeira a sua frente – Posso ajudar em alguma coisa?

– Na verdade, o que eu quero é que você pare de atrapalhar.

– Como é?

– Eu não tive a oportunidade de vir conversar com você antes, mas estou para fazer isso há algum tempo.

– O que...?

– Você, Sylvester, vai parar de se intrometer na vida da minha irmã, ou você terá a sua bela reputação arruinada. Fui clara?

– Diga logo o que você quer aqui e saia da minha sala.

– Primeiro você praticamente obrigou minha irmã a entrar para o seu time. Até ai, tudo bem. É só uma atividade extra que ela pode largar a qualquer momento. Mas depois você começou a querer controlar as coisas que ela faz para ajudar o clube do coral sendo que, você, como professora, deveria estar defendendo essas crianças e não fazendo o que você faz. A partir daí a coisa começou a me irritar um pouco. Você não só está fazendo mal a esses garotos, mas está querendo impedir minha irmã de fazer algo.

– O jeito q...

– E, para conseguir acabar de vez com a minha paciência e me fazer vir aqui – Frannie a interrompeu novamente, fazendo Sue respirar fundo – sua pior burrada foi ir atrás de Russel e Judy. Você não viveu naquela casa. Você não sabe como eles são. Você nem mesmo nos conhece. Você é só uma das professoras da Quinn. Não se meta na vida pessoal dela. Não é da sua conta.

– Já acabou? Pode sair da minha sala.

– Eu nem comecei.

– Olha, eu não sei o que sua família tem contra mim, mas eu trabalho nessa escola e vou continuar aqui queira vocês ou não. Então, se acostumem comigo e sai da minha sala.

– Você não vai continuar aqui por muito tempo se não parar.

– Isso é uma ameaça?

– Leve como quiser. Me diga, Sue, como foi que você conseguiu entrar em contado com meus pais se nem mesmo quando eu vim matricular Quinn eu passei o numero deles?

– Por que quer saber?

– Por que eu quero saber quantas leis você quebrou pra conseguir isso.

– Ora...

– Lembre-se de uma coisa, Sue: eu posso me transformar no seu pior pesadelo em dois segundos, se continuar mexendo com a minha irmã.

– Treinadora eu... Frannie? – Quinn parou na porta ao ver a irmã – O que faz aqui?

– Eu... Vi que estava perto do seu horário de ir e imaginei que quisesse uma carona. Parei para ver com a treinadora se você já podia ir.

– Claro. Eu só vou me trocar e te encontro no carro. Treinadora, já dispensei as garotas.

– Ok.

Assim que Quinn saiu, Frannie olhou para Sue, enquanto levantava.

– Está avisada. – murmurou antes de sair.