A semana passou muito mais rápido do que Quinn gostaria.

No sábado de manhã, a loira pulou da cama as cinco da manha e, as seis, já estava limpando a casa – que ela tinha deixado impecavelmente limpa na sexta.

– Que merda você tá fazendo em pé essa hora? – Frannie perguntou, por volta das seis e quinze, quando acordou com a barulho de alguma coisa que Quinn tinha derrubado.

– Limpando tudo.

– Quinn, eu nunca vi essa casa tão limpa antes. Vai descansar um pouco.

– Eu não consigo.

– Consegue sim. Ou você vai querer encarar seus sogros com a cara de uma zumbiu maníaca?

– Fran...

– Quinn, se você não voltar pra sua cama agora, eu te dopo e te ponho lá.

– Mas, Fran...

– Já.

– Qual é seu problema? Normalmente as pessoas querem que as outras levantem cedo.

– Não quando você tá com cara de quem não dormiu e está parecendo uma maníaca por limpeza. Quinn, seus sogros vão adorar você. Agora, descanse tá bem?

***

– Rachel! Vamos logo! – Leroy gritou.

– Já vou descer!

– Ela tá demorando de mais pro meu gosto. – Hiram resmungou – Não é só uma amiga.

– Para com isso.

– Como estou? – Rachel perguntou descendo as escadas.

– A pergunta é: por que você se arrumou tanto pra ir na casa de uma amiga? – Hiram perguntou a olhando de cima a baixo.

– Hiram. – Leroy o repreendeu – Você está linda, Rach.

– Vamos logo. Não vamos querer nos atrasar. – Hiram resmungou pegando as chaves.

– Papai, por que o pai está de mau humor? – Rachel perguntou, se aproximando de Leroy com a testa franzida.

– Por que não somos bobos, estrelinha. – Leroy piscou para a filha, se afastando em direção ao marido e Rachel engoliu em seco.

***

– Estou bem mesmo? – Quinn perguntou para Frannie, que terminava seja lá o que ela cozinhava.

– Pela milésima vez, você está ótima, Quinn. E, se me perguntar isso mais uma vez, e a faca vai confundir o seu pescoço com a cebola.

– Tá tão nervosa por quê?

– Não estou nervosa. É você quem está. E está me irritando também. Faz favor, apaga o fogo. Acha que pode fazer isso sem começar um incêndio?

– Muito engraçada. – Quinn revirou os olhos e foi para perto do fogão – Qual deles?

– Os dois.

Quinn mal tinha apagado o fogo, a campainha tocou e a loira arregalou os olhos enquanto Frannie levava uma tigela para mesa.

– Chegaram.

– Tira essa expressão de pavor do rosto e vai atender. Ou quer deixar seus sogros esperando? Dois minutos e eu já vou te salvar.

Quinn correu em direção à porta e respirou fundo duas vezes, antes de atender sorrindo.

– Olá, Senhores Berry. Rach. – a loira deu espaço para que os três entrassem e Leroy a abraçou, no caminho.

Hiram, o próximo a entrar, apertou sua mão tão forte que a loira franziu a testa, pela dor.

Assim que Rachel a abraçou, sussurrou no ouvido da loira.

– Acho que eles já sabem.

O sorriso sumiu do rosto de Quinn por alguns segundos, mas ela se forçou a coloca-lo lá novamente.

As garotas se afastaram e Quinn encarou Rachel, que deu de ombros.

Quando Quinn virou para os Berry novamente, Frannie já estava com eles, se apresentando.

Ficaram na sala conversando por um tempo, até Frannie dizer que ia olhar alguma coisa no fogo.

Quinn podia sentir a tensão no ar – que emanava somente dela, para ser realista – e agradeceu quando Frannie voltou, menos de um minuto depois, os chamando para comer.

A mais velha lhe lançou um olhar como se perguntasse quando ela iria abrir a boca, e Quinn balançou a cabeça negativamente.

– Depois de comermos. – murmurou.

E, para ela, a refeição parecia ter acabado cedo de mais.

Depois que todos acabaram de comer, Frannie ficou na cozinha para tirar a mesa e Quinn levou os Berry para a sala – sobre os protestos de Leroy, que queria ajudar Frannie.

Assim que sentaram novamente, ela e Rachel trocaram um olhar e a loira limpou a garganta.

– Senhores Berry, eu... Hum... Eu os convidei para jantar hoje por que eu queria conversar com os senhores sobre... Hum...

– Vá direto ao ponto, Quinn. – Leroy pediu, sorrindo.

– Eu queria lhes contar isso, junto com Rachel. – Quinn disse e a judia segurou sua mão, sorrindo.

– Contar o que?

– Pai, papai, nós estamos namorando. – Rachel disse e Quinn prendeu a respiração.

– Desde quando? – Hiram perguntou.

– Faz uma semana. – Quinn sorriu – Exatamente sete dias, hoje.

– Que bom que não tiveram muito tempo de se apegar uma a outra, por que isso não vai acontecer.

– O que?

– Hiram!

– Por quê?

Os outros três falaram ao mesmo tempo.

– Senhor Berry, eu acho que o senhor está se precipitando. Nós podemos...

– Não, Fabray. Eu e meu marido desconfiamos disso, e eu fui atrás de saber sobre você. Digamos que as coisas que eu ouvi não foram muito boas.

– Pai...

– Se isso era tudo o que tinham para contar...

– Podemos conversar em particular, Senhor Berry?

***

– Não vou mudar de ideia, Fabray. – Hiram disse antes mesmo que Quinn pudesse fechar a porta do escritório.

– Não vou mentir para o senhor. Provavelmente você só ouviu verdades sobre mim. Mas o lado ruim, por que foi procurar na fonte errada.

– Não venha com essa de...

– O seu marido foi expulso de casa também, senhor Berry. – Quinn o interrompeu – Eu sei que desde que vim para cá só fiz besteiras. Bebi como nunca tinha bebido antes, me meti em brigas que não eram minhas... – a garota suspirou – Mas... Eu só me perdi um pouco. Entenda que... Olha, se o senhor perguntar para meus antigos amigos, professores... Pergunte a Frannie! Eu... Eu não sou assim.

– É como está sendo desde que chegou em Lima.

– E estou corrigindo isso, senhor.

– Te ouvir me chamando de senhor está me irritando.

– Desculpe.

– Olha só, Fabray, Rachel é minha única filha. Então, se isso parecer super-protetor, talvez seja mesmo. Mas você não é boa o suficiente para ela, então, não.

– Não tem algo que eu possa fazer para você mudar de ideia? Qualquer coisa?

– Me diga uma coisa: por que está insistindo tanto?

Quinn prendeu a respiração por um segundo. A verdade é que nem ela mesma sabia.

– Eu gosto de Rachel. – falou sem pensar – Gosto de Rachel como nunca gostei de ninguém antes. – e aquelas nove palavras acabaram surpreendendo mais a ela do que a Hiram, simplesmente, por que era uma verdade que ela não tinha assumido nem para si mesma. Hiram revirou os olhos e Quinn o encarou – Hiram, se seu medo é que eu magoe Rachel, saiba que eu nunca faria isso de proposito.

– Quinn, não me diga o que acha que eu quero ouvir. Me diga a verdade e você tem mais chances de sair daqui sem uma ameaça de morte se chegar perto da minha filha.

– Eu falo serio. Além de Rachel, só namorei uma garota até hoje. E alguns idiotas que meu pai achava que seria o marido perfeito. Mas eles não vêm ao caso. O fato é... Liz me magoou de verdade, e eu nunca brincaria assim com alguém. Eu sei como é.

– E como eu vou poder confiar em você, se tudo o que eu sei são coisas ruins a seu respeito?

– Esqueça isso. Pense na Quinn que foi na sua casa ensaiar com Rachel e em quem você viu hoje. Essa sou eu. Me pergunte o que quiser, Hiram. Estou disposta a responder.

O Berry cruzou os braços e a olhou de cima a baixo. Automaticamente, Quinn engoliu em seco.