– O que tá acontecendo?

Uma e meia da manha e as garotas do novas direções e algumas cherrios estavam se encontrando em frente a casa – por que eram poucas as pessoas que aceitavam a expressão chalé para aquilo – em que o pessoal do coral passaria o fim de semana.

– Relaxem, garotas. – Santana sorriu, passando o abraço e pelos ombros de Dani e começando a caminhar na frente dos outros – Vocês vão gostar.

Pouco antes das duas e meia, a maioria das garotas já estavam querendo voltar, quando saíram do meio das arvores – Santana tinha conseguido leva-las para o que Quinn acreditava ser o único canto um pouco parecido com alguma coisa de acampamento por ali – e avistaram uma das paisagens mais bonitas que as garotas já tinham visto.

– Uau. – Tina murmurou.

– Eu disse que iam gostar.

– Ainda não entendi por que tivemos que vir a noite. – uma das cherrios comentou.

– E eu por que aquelas garotas não gostam de vir. – Santana disse – Esse lugar é meio que proibido. Um grupo de adolescentes que vieram para cá pularam da cachoeira, e acabaram em coma. Na verdade, eles tiveram sorte de não morrer.

– Não exagera Santana.

– Pula de lá de cima e vê se eu to exagerando, loira. Os caras quiseram dar uma de bonzão, e acabaram proibindo a gente de vir para esse lado. Então, na segunda vez que o pessoal do WMHS veio pra cá, uma líder encontrou esse lugar, e, desde então, sempre que as cherrios e os jogadores veem pra cá, a primeira noite é nossa e a segunda deles.

– É um lugar muito bonito. – Rachel disse.

– É sim. – Santana sorriu – Aproveitem enquanto podem. Temos que voltar daqui, no máximo, duas horas.

As garotas se separaram pelo campo e Quinn respirou fundo observando a paisagem.

As arvores atrás de si perdiam qualquer importância que pudessem ter na beleza do lugar comparado ao luar refletido na cachoeira e nas aguas calmas mais a frente.

Apesar de Santana dizer que os alunos eram proibidos de ir ali, a loira duvidava que o lugar estivesse abandonado. O espaço era muito bem cuidado.

Quinn suspirou imaginando, por um segundo, como seria levar Liz ali. Um piquenique escondido no meio da noite, talvez...

– Um lugar bem romântico, não? – Rachel disse parando ao lado de Quinn – Me fez pensar...

– No Finn. É. Eu lembrei da Liz também. – Quinn murmurou.

– Por que não podemos simplesmente amar quem nos ame também? – Rachel perguntou se afastando um pouco e Quinn a seguiu.

As garotas sentaram próximas a beirada do rio e Quinn se virou para a judia.

– Combinamos de não falar deles, certo?

– Tudo bem.

– Mas eu acho que não seria fácil, do mesmo jeito.

– Quem sabe um dia.

– É. Quem sabe. – Quinn sorriu – Sabe o que seria bom? Me apaixonar por uma pessoa como você.

– Como eu?

– É. Você é bonita, legal, inteligente, e tenho certeza que seria sincera quanto aos seus sentimentos, mas sem magoar a outra pessoa, caso eles não fossem correspondidos.

– É. Você também não é de todo mal. – Rachel brincou – Eu acrescentaria para você um beija bem.

– Então você confessa que eu beijo bem?

– Eu nunca disse o contrario. – a judia sorriu.

– Sabe, eu queria lembrar do seu beijo.

– Queria, é?

– Queria. – Quinn sorriu – Eu não devia ter bebido tanto aquele dia. Se bem que, se isso tivesse acontecido, provavelmente não teríamos ficado. Quero dizer, eu não costumo beijar minhas amigas. A não ser, claro, quando eu quero alguma coisa a mais.

– E você me beijaria de novo? Sóbria, dessa vez.

– Eu...

– Sabe, quando eu disse que gostava do Finn, eu estava falando serio. Mas... Eu meio que perdi isso. Quero dizer, é difícil se livrar da ideia de “eu quero ele”, mas...

– Onde você realmente quer chegar, Rachel?

A judia aproximou seu rosto do de Quinn devagar, enquanto a loira processava o que a judia queria fazer.

– Eu não vou fazer se você não quiser. – Rachel murmurou, com a boca a milímetros da de Quinn.

***

– Bom dia, pessoal! – Quinn disse sentando ao lado de Rachel na mesa do café da manhã, algumas horas depois.

As garotas sorriram uma para a outra e Rachel abaixou a cabeça, vermelha.

– Não vá me dizer que tá com vergonha agora. – Quinn levantou o rosto de Rachel e lhe deu um selinho.

– Eu sabia! – Sam gritou ao mesmo tempo em que a maior parte da mesa, composta pelos integrantes do clube do coral, engasgava com a comida.

– Parem com isso. – Quinn revirou os olhos.

– É namoro ou amizade com benefícios? – Mike perguntou.

– Dane-se o que é. Posso participar? – os olhos de Puck brilhavam.

– Nem nos seus sonhos, Puckerman.

– E então, o que tá rolando? – Santana perguntou, sentando junto com Dani.

– Quinn e Rachel estão namorando. – Tina disse.

– Vocês o que? – Santana as encarou.

– Por que vocês não se metem na vida de vocês, heim? – Quinn levantou puxando Rachel pela mão e a judia a seguiu, sem entender.

A loira só parou de andar quando estavam afastadas de todos.

– O que somos? – Quinn perguntou e Rachel sorriu.

– Você disse que só beija suas amigas se quiser algo a mais. – Rachel disse.

– Isso não responde minha pergunta.

– Eu não sei, Q. Sinceramente, você sabe que eu nunca passei por essa situação.

– E... O que você quer?

– Que você tome as rédeas da situação.

– Eu não posso... Tomar uma decisão por você.

– O que você quer? – Rachel perguntou.

– Eu não sei. – Quinn disse suspirando – Quero dizer, eu fiquei com duas amigas até hoje. Liz e você. E... Eu não sei o que fazer agora!

– Por que você realmente gostava da Liz. – Rachel suspirou.

– Por que eu conhecia Liz há anos e tive muito tempo para pensar no que sentia por ela.

– Talvez... Não precisamos ter nada serio agora. A ideia de amizade com benefícios do Mike talvez não seja tão ruim.

– Ótimo primeiro relacionamento.

– Sabe, eu acho fofo o jeito que você se preocupa com coisas como essa, que, de certo modo, só afetam a mim.

– Por que eu sei que você merece mais que isso. E sei também que, provavelmente, tudo o que você vê em mim é a garota com quem você teve seu primeiro beijo, e acha que seria, sei lá, romântico que namorássemos. Só que e...

– Eu não sou o tipo romântica incorrigível Quinn. – Rachel murmurou – Não quero ficar com você por que foi o meu primeiro beijo. Quero ficar com você por que você é bonita, legal, inteligente, e tenho certeza que seria sincera quanto aos seus sentimentos, mas sem magoar a outra pessoa, caso eles não fossem correspondidos.

– É. Você também não é de todo mal. – Quinn sorriu – Eu acrescentaria para você um beija bem.

– Viu. É por isso que eu gosto de você. – Rachel riu.

– Por que eu tenho boa memoria?

– Por que você é divertida. É romântica, se importa comigo e, em dois anos e meio, foi à única pessoa que me fez tirar o Finn da cabeça.

Quinn olhou para Rachel por um minuto.

Ela queria gritar que não podia fazer aquilo e sair correndo dali. Ela queria falar para Rachel que ela era só isso: uma distração por causa do Finn. E, que se ficassem juntas, ela também seria só uma distração, para que Quinn esquecesse Liz, mas, por alguma razão, as palavras não saiam.

– Me deixe te mostrar que posso ser melhor do que ela. – Rachel pediu.

– Nada de amizade com benefícios.

Rachel abaixou a cabeça e suspirou, a balançando positivamente e dando as costas a Quinn, começando a se afastar.

Mal a judia tinha dado um passo, Quinn a segurou pelo braço e a puxou para si.

– Se vamos ter um relacionamento, vai ser um de verdade. – murmurou antes de beija-la.