Death escrita por aboutanightmare


Capítulo 8
A queda da rainha Regente


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capitulo. Espero que gostem.



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Todos os olhos do reino admiravam a sucessora ao trono. Ao entrar no salão abobadado da catedral, Anabelle Lyn Carter retribuía com um olhar de poder e superioridade. O bispo começou a celebração e todos se assentaram.

Deus! Eu devia ter trago um livro, ela pensou depois de horas de ladainha e três cochilos lamentavelmente interrompidos por um coro de “Assim seja”.

Quando voltou a si no último dos cochilos, o bispo estendia as mãos para pegar a coroa. Ele exibiu-a para os espectadores e voltou-a para a cabeça da garota, repousando a lentamente. Ela se levantou e pegou o cetro e o pergaminho que estavam sobre uma mesa de pedra ao lado. No pergaminho, estava registrado o juramento por escrito. Anabelle olhou de rosto em rosto, até que encontrou sua mãe Victoria com os netos, no primeiro dos inúmeros bancos. Bem atrás de sua mãe, o duque a olhava sorrindo. Ela caminhou até o meio das duas fileiras de cavaleiros que levantaram suas espadas para que ela passasse e finalmente fosse declarada rainha.

Após todos os rituais e formalidades, a comemoração. A família real deu um jantar para os nobres, tanto do país quanto de outros aliados. O assunto das conversas em reuniões assim era sempre o mesmo. Política e economia. Mas era a brecha perfeita para Anabelle apresentar seu pretendente à família.

Os convidados se acomodaram. A conversação foi alta o suficiente para que Annabelle não conseguisse pensar, contando que ela se perdia facilmente em seus pensamentos. O duque sentara ao seu lado, mas ouvia o assunto do pai da garota, Henry.

– Senhora? – Samantha chamou-a. – Deseja vinho? – e estendeu uma bandeja com uma única taça feita de cristal.

Kol passou a observar as duas.

– Claro – ela pegou a taça.

– Com licença – a Ama deu meia volta, passando os olhos por Kol.

– Nada disso – ela disse em tom de ordem. – Sente-se e coma conosco.

Anabelle puxou Samantha levemente pelo braço até ele que ela estivesse sentada na cadeira vazia ao lado. A garota serviu chá à Ama, que tentou recusar; Anabelle insistiu.

Alguns nobres olharam torto para Anna, que fez questão de sorrir para eles.

Mantenha seus amigos por perto..., pensou.

Ao contrário do que Kol esperava, Anabelle não bebeu o conteúdo da taça. A garota escolheu a dedo uma colher na mesa e pegou uma de tamanho médio e de cabo longo. Levantou-se sonoramente da cadeira e olhou para todos ao redor. Com exceção de Samantha e Kol, ninguém pareceu notá-la ali.

Com certa dificuldade, ela subiu na cadeira de madeira e começou a bater a colher na taça. O som agudo alteava junto com a força das batidas e todos se calaram. Ela então repousou a taça, agora quebrada, na mesa.

– Filha! O que está fazendo? – a voz de sua mãe surgiu na ponta da enorme mesa.

– Olá aristocratas que eu nunca vi na vida – começou. – Hoje foi um grande dia. Trago-lhes a notícia de que vai se tornar ainda melhor.

Kol a fitava com uma mistura de medo e raiva. Ela percebeu o olhar e ele o amenizou.

– Eu quero apresentar-lhes... – foi interrompida.

A cadeira cedeu. Anabelle, com um grito, tombou rapidamente para trás, sem ter onde se segurar. Atingiu o chão com um baque. Tudo que viu foi Kol, boquiaberto, com as duas mãos juntas ao corpo e depois, não viu mais nada.

***

– Ela não precisava ter facilitado tanto – disse a voz era familiar.

Anabelle recobrou a consciência lentamente e forçou-se a abrir os olhos. Tudo que viu nos primeiros segundos foi um clarão de luz branca. Começou a focar-se e olhou para si mesma.

– Aleluia – disse a mesma voz com um tom reforçado de sarcasmo. – Achei que você já estava morta.

Anabelle continuava a olhar para si mesma. Estava amarrada pelos pés e pelos braços, imobilizada em outra cadeira. Tentou tirara as que prendiam os pés, porém não teve sucesso. Então decidiu encará-los. A voz familiar era de Samantha, que estava sentada na em cima mesa alta com as pernas cruzadas. Todos os convidados ainda permaneciam lá. Sentados, olhando-a com horror. Em pé, ao lado da estante de porcelanas, Kol também a encarava.

Fitou-o sem medo.

– Minha família está bem? – a garota perguntou contestar coisa nenhuma.

– O que vocês estão fazendo? Porque estou amarrada? Porque essas pessoas estão me olhando e não estão dizendo nem uma palavra sequer? – Kol disse em tom sarcástico. – Nada?

– Não sou tola, meu caro duque – Anabelle disse com firmeza. – Você e Samantha estão conjurados em conspiração a mim? Como se eu não soubesse. Sei tudo sobre vocês. Estudei-os por anos sob meu teto.

Kol e Samantha se entreolharam.

– Mas respondendo o seu interrogatório – continuou –, vocês não gostaram do meu plano de governo, suponho. Amarraram-me porque sabem que não podem me hipnotizar, como fizeram com todos eles para que ficassem quietos e mudos. Nem a mim, nem a minha família. Agora, onde ela está? – seu tom de voz aumentou.

– Não se preocupe com a sua família – o rapaz revirou os olhos. – Não os matamos.

– Quero vê-los – tentou não soar como uma ordem.

– Depois – afirmou Samantha. – Primeiro, gostaria de dizer que te odeio. Segundo, que eu dei uma rasteira na cadeira para que você caísse. E terceiro, mas não menos importante, eu te odeio muito.

– Podemos continuar? – disse Anabelle civilizadamente.

A garota na mesa revirou os olhos.

– Ei, você?! – Samantha olhou para um homem gordo de cabelos castanhos sentado à mesa. – Vá lá em cima e busque sua rainha. Agora!

O homem, que trajava um terno, sumiu salões adentro.

Anna pôde ouvi-lo subir a escada.

– Quem foi rainha nunca perde a majestade – Anabelle disse e a Samantha cerrou os dentes.

– O que minha mãe lhes ofereceu em troca da vida de meus filhos? Certamente vocês não quiseram negociar a minha – perguntou.

– Não, mas ela ofereceu essas pessoas – Kol fez um gesto abrangente.

– E dinheiro, é claro – Samantha afirmou.

Minutos depois o homem volta com a família da garota. Victoria e o marido Henry estavam com as mãos amarradas nas costas e amordaçadas e soltos, as três crianças choramingavam abraçados a avó. Anabelle os olhou sem expressão e então se voltou para o duque.

– A minha vida pela deles – disse de queixo erguido. – E claro, com alguns itens de valor a mais.

Com mais um diálogo silencioso, codificado em uma troca de olhares, eles assentiram.

– Aceitamos o acordo, já que isso é entre você, Samantha e eu – Kol disse com um sorriso torto.

– Ótimo – retribuiu o mesmo sorriso. – Henry III, meu primogênito. Aproxime-se de mim.

Kol, atento, colocou a mão no cabo da espada na bainha.

– Vou ser direta – ela começou assim que o menino chegou perto da mãe. – Você nunca mais vai me ver...

O garotinho desabou em lágrimas.

– Acalme-se, meu amor – uma linha foi traçada entre suas sobrancelhas.

– Ora, vamos! – Samantha bufou.

– O que importa meu filho – continuou –, é que eu quero que pegue a bolsa de couro no meu quarto e a leve com você. É muito importante para mim que você guarde-a.

– O que tem nessa bolsa, querida Anna? – Kol perguntou com curiosidade.

Encarou-o novamente.

– Itens que eu daria a ele quanto tivesse idade suficiente. Porém, como não vou vê-lo crescer... – voltou a atenção ao filho. – Só a abra quanto completar uma década e meia. Você me entendeu? – elevou a voz um pouco.

O garoto esfregou os olhos inchados e assentiu.

– Pietro, querido – disse ao homem que havia trago a família. – Pode levá-lo ao meu quarto para que possa pegar o que eu mandei e soltar a minha mãe para que ela possa fazer as malas?

– Claro – desamarrou a mulher, foi até o garoto e estendeu a mão para que Henry a pegasse. Feito, subiram juntos.

– Como ainda tem controle sob essas pessoas hipnotizadas? – Kol estava confuso.

Anabelle apenas sorriu.

– E eu achei que não conhecesse ninguém aqui – Samanta disse.

– Antes de aparecer o duque, meu pai gostaria que eu me casasse com aquele homem viúvo – tombou a cabeça. – Mas eu o rejeitei, já que ele foi casado com um de vocês, criaturas ridículas.

– Interessante – respondeu. – E ele sabia?

– Provavelmente – sorriu mostrando os dentes humanos –, mas eu a matei antes de questionar.

– Por que não a estudou como diz que fez conosco? – Kol foi até ela, curioso.

– Porque no segundo em que os vi pela primeira vez, era notável que não queimavam ao sol – cruzou as pernas. – Me despertou um anseio em saber como, então contratei uma bruxa e comecei a observá-los.

Fizeram um silêncio perturbador. Como se o som de seus pensamentos estivessem gritando dentro de cada um. Não se dando por satisfeita, Anabelle continuou.

– Quando descobri que o que fazia vocês andarem ao sol é os anéis enfeitiçados em seus dedos, meu plano então passou a se focar em matar todos os vampiros de uma vez só. Principalmente os que tinham os anéis. – fez uma pausa. – Isso exigiria muita força da natureza, do espaço e de sacrifício de centenas das servas da natureza.

– Talvez você não tenha pensado que os vampiros que possuem anéis consequentemente teriam bruxas a seu favor – Samantha respondeu.

– Por que você acha que o sacrifício seria voluntário? – Anna replicou.

O homem voltou ao salão com a família de Anna. O garoto Henry que agora carregava uma grande bolsa de couro escuro. Ela pediu para cada um dos filhos se aproximarem e beijou-os na testa. Seus pais fizeram o mesmo com ela.

– Vão para Londres – Samantha soava em tom de ódio para Victoria. – E reze para que eu nunca mais esbarre com vocês ou algum de seus descendentes.

Victoria assentiu e saiu com o marido e as crianças. Samantha e Kol voltaram à atenção para Anna.

– E quanto a você... – Samantha estralava os dedos enquanto se aproximava. – Fique tranquila. Nós, “criaturas ridículas” temos palavra.

***

Preguiçosamente, o céu deixava a escuridão e se pintava em laranja, rosa e azul. A manhã fria transformara o orvalho em gelo e deixava o vilarejo descoberto de nuvens. Aos poucos, portas e janelas eram abertas e as primeiras lavadeiras começavam sair de casa.

Em um segundo, um grito ressoou alto e agudo. Quem corresse para ajudar acabava emitindo um grito mudo. O que viam era a cabeça da nova rainha em uma bandeja de prata que gotejava sangue. Ouviam-se gritos de todos os cantos. Do porto às pastagens. Seu corpo foi distribuído por toda parte.

Longe dos olhares curiosos, uma figura de vestida com uma capa preta andava pelo lado oposto. Pensava para onde iria. Jornada e destino sem rumo. E lembrava-se das últimas palavras que recebeu de alguém.

“Vejo você no inferno, Samantha.”

FLASHBACK OFF

– Você a matou?! – Rammona exclamou chocada.

– Yep. – Samantha respondeu enquanto tragava mais uma vez o cigarro. – Devia ter visto, seus pedaços por todos os lugares, as pessoas gritando enquanto viam, implorando a Deus por misericórdia. Se perguntando por que sua querida rainha. – ela fez uma pausa. – Parecia até aquela historia, de Tiradentes, um “rebelde” brasileiro. Na verdade, aposto que eles se inspiraram na morte de Anabelle para fazer a daquele cara. Pobre coitado.

Roma olhou para as chamas se controlando para não rir. As duas estavam sentadas sobre o extenso tapete em frente à lareira da mansão Salvatore. Olhando para aquela cena, até que pareciam pacificas uma com a outra, podia-se dizer que eram até amigas.

– Não acredito. – Roma disse com uma descrença divertida. – Ela era tão vadia assim?

– Pior. – Sam respondeu. – Arrogante, metida, nariz empinado, e tenho a plena certeza de que fora ela quem matou o marido.

Rammona franziu a testa.

– E... “Vejo você no inferno, Samantha” isso é terrível. – ela disse.

Samantha deu de ombros.

–Em todos os anos com minha humanidade desligada, ela foi a única pessoa que não me arrependi de matar. – Samantha refletiu. – Fiquei desesperada quando liguei de volta. Mas ai um dia conheci um vampiro descuidado no meio do uma estrada de terra, avançando em uma carruagem e arrancando uma mulher a força de dentro. Decidi que o ajudaria, e ele a mim.

– Quem era ele? – Roma perguntou em um tom baixo de voz.

Samantha a olhou com um sorriso, uma lagrima escorria por seu rosto e as chamas da lareira refletiam na gotícula de água.

– Damon.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Obrigada a todos os favoritos! É muito importante para nós!
— Duda e Geovanna



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