Zodíaco escrita por Milka


Capítulo 8
Retórica




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/599783/chapter/8

Benedict estava formal, não com as roupas que ele usava normalmente, seu cabelo negro estava solto e sua roupa era de uma cor que ele só usava quando se reunia com o conselho do rei. Um smoking preto, que não o diferenciava e nem o destacava dos demais.

Quando ele estava com o rei. Ele tentava ser o mais sério possível. Era uma personalidade que ele incorporava nesses eventos. Mas quando ele viu Raíssa perdida no meio do salão, com todos aqueles urubus se aproximando dela, ele ativou seus sentimentos paternos. O que ele prometeu para o pai de Raíssa ele iria cumprir, ele seria como um pai para ela.

Era ali mesmo que ela iria mostrar para o rei o que podia fazer? Aquilo parecia mais ser uma festa. As pessoas esbarravam o tempo todo nela. E diziam:

— O que você faz aqui?

— Quem é você?

Pelo jeito eram pessoas que conheciam todo mundo. Ela era uma novata e não sabia como agir em lugares como aquele. Ela estava vestida de acordo, mas tropeçava quando andava com aquele vestido. Ela viu Benedict, ele estava diferente. As roupas? Não só isso. As posturas os trejeitos, tudo. Ela nem sabia se aquela pessoa era realmente ele.

A lua ainda era Nova, assim ela resolveu ler a aura dele.

— Roxa e brilhante. – ela disse um pouco alto.

— Você está sozinha senhorita?

Isso a desconcentrou e ela começou a ver normalmente.

Um rapaz loiro, havia a abordado. Seu cabelo vinha até o ombro e seus olhos eram violeta, ele estava usando um smoking vermelho que o destacava dos outros, ele seria muito bonito se ela não tivesse se sentido tão mal em sua presença.

— Não. Eu estou acompanhada. O senhor poderia me deixar? – Ela disse com toda a educação que tinha.

O rapaz sorriu de ponta a ponta.

— A senhorita está um pouco perdida? Não quer tomar um ar?

— Não ,obrigada.

—Seria mais fácil se algum dos outros tivessem vindo. Pensou Raíssa.

Ela tentou sumir da vista do rapaz. E conseguiu, quando ela o procurou ele não estava mais perto.

Ela suspirou de alívio.

— Senhoras e senhores, membros do conselho. Eu, Benedict ,Ministros das Relações internacionais, com a permissão e financiamento do Rei Sandor, terceiro do seu nome, fui atrás da magia.

Benedict começou a falar do alto do camarote do rei. Ele falava com muita ênfase, mas Raíssa podia sentir a sua tensão.

As pessoas começaram a vaiá-lo

— Vocês não acreditam nisso não é? Acho que metade de vocês nem sabem o que está acontecendo com as nossas nações vizinhas, nem o que acontece na sua própria terra.

— Benedict, você acha que deveríamos acreditar em um absurdo desses? Sua graça é muito complacente em financiar esse absurdo.

— Senhor Martin, acho que irei fazê-lo mudar de ideia. Eu trouxe uma prova. Creio que todos saibam aqui que eu vim do leste, e creio que muitos daqui são contra os ideais do leste. Recebemos relatórios de ataques em muitas das nossas fronteiras, e não há nenhuma outra explicação para todas as mortes além de magia. Há uma lenda...

— Acho que o senhor está nos enrolando. – Disse uma mulher perto de Raíssa.

— Senhora, eu poderia terminar? Uma lenda que diz que a magia voltará. A magia das constelações não poderá ser impedida.

Risadas ecoaram pelo salão.

Ela Benedict e o rei foram os únicos que não esboçaram qualquer reação.

— Acho que é melhor que eu mostre para vocês. Minha querida, senhorita Hyori, pode vir à frente, por favor?

Ela tremeu quando ele a chamou. As pessoas olhavam para todos os lados, até que ela tomou a frente e foi em direção ao camarote.

— Eu te ajudo.

Benedict estendeu a mão a ela.

Ficar á frente aquelas pessoas era pior do que ficar no meio delas.

Muitos a olharam com desdém, outros com apenas curiosidade.

— A senhorita pode mostrar o que pode fazer?

— Eu acho que sim.

Seu coração estava rápido. Como ela iria fazer aquilo? Ela olhou com dúvida para Benedict.

— Você pode usar essa armadura.

Havia uma armadura perto deles, ela não havia percebido.

Ela se concentrou um pouco. Ela conseguiu ver a aura do objeto. Era um pouco prateada como o metal, mas havia mais alguma coisa. Alguém havia morrido naquela armadura. Alguns objetos ficavam com um pouco da aura dos seus usuários, mas quando eles morriam com ele, isso ficava mais evidente.

— O que você está esperando? - Alguém disse na multidão.

— Vocês podem ser mais compreensivos com a senhorita?

— Compreensivos? Não me faça rir Benedict.

— O senhor Martin está muito apressado hoje. Como se o senhor tivesse alguma coisa melhor para fazer.

O senhor com quem Benedict discutia ficou vermelho de raiva.

— Eu vou fazer. – Ela afirmou para todos.

Raissa se concentrou, mas alguma coisa estava errada. Ela se sentiu estranha quando tentou acordar a armadura. Ela sentiu o perigo. Uma coisa que ela nunca havia sentido. Ela olhou para a multidão que a encarava. Concentrou-se e procurou, ela não sabia, mas, tinha que procurar, era como um instinto dizendo para ela fazer isso.

Ela ouviu reclamações e vaias, por quanto tempo ela havia procurado? As auras eram de diversas cores, diversas intensidades. Seu coração parou quando ela o viu. Aquela aura negra sugando o brilho das outras. Ela viu, ela o tinha visto. Era ele, o rapaz loiro que a tinha abordado. Ela o encarou, mesmo no meio da multidão ele sorriu maliciosamente. E ele fez.

Foi como um barulho ensurdecedor, o som ao redor ficou pesado. Ele sacou uma espada e estava indo em direção a ela.

Ela ouviu Benedict falando

— É um ataque.

Mas todas as pessoas estavam desorientadas. Correram de um lado para o outro. A aura dele roubava a cor das outras e o som aumentava constantemente. Só Raíssa estava calma. Ela conhecia aquele medo. Ela já tinha vivenciado isso.

Ela tocou na armadura.

— Acorde e proteja essas pessoas.

E assim ela fez. A armadura se movia com movimentos rápidos. Não eram como as estátuas da sua terra. Algumas memórias do morto haviam ficado com ela.

— Eu não posso acreditar, eu realmente achei que estavam mentindo. Eu precisava ver com os meus próprios olhos.

Ele ria. Ela podia ver a magia nos seus olhos.

Ele estava cada vez perto dela. As pessoas estavam enlouquecidas.

E ele gritou

— Parados! Eu quero todos em silêncio. – O som era de explodir os tímpanos. Mas por algum motivo as pessoas pararam.

—Meu nome é Dimitri de Lyra. Sou apenas um mensageiro da ordem de Arcádia. Você garota de Peixes. Seria tão mais fácil se tivesse me acompanhado. Mas eu também queria ver o seu poder. Tão magnífico. Sua magia será muito útil. Venha comigo.

Ele a chamou. Ela chegou a descer do camarote e ficar de frente para ele. Ela realmente ficou tentada, era como se aquelas palavras fizessem sentido. Mas ao ver a sua aura, ela tinha a certeza do que ele estava fazendo.

A armadura entrou em combate direto. A armadura não conseguia o acompanhar. Por isso Raíssa encantou mais objetos.

— Hahaha, eu quero ver a extensão da sua magia. - Ele falava com o mesmo sorriso no rosto.

Ele pegou a espada e colocou no próprio pescoço. Como se faz um violinista e simulou um acorde. Uma música começou a tocar do nada. Uma mulher se levantou da multidão. E ficou de frente para a armadura.

— Vamos ver se você consegue me atacar com essa mulher entre nós.

Raíssa se conteve. Ela sabia o que ele estava fazendo.

— Acho que não, você ainda sente compaixão. - Ele se aproximou da mulher e com a espada cortou o seu pescoço.

— Não! – ela gritou com raiva.

— É engraçado como você ainda tem pena dessas pessoas. Não eram elas que estavam te vaiando? – Ele olhou para o pulso, parecia meio atrapalhado.

—Nossa acho que passei muito tempo aqui. Irei embora, mas fique sabendo nos encontraremos de novo, Garota de peixes!

Ela fez o que podia, mas ele pulou a janela. Ela chegou a olhar lá em baixo, mas sentiu tontura quando viu a altura.

As coisas foram voltando ao normal e as pessoas se deram conta do que tinha acontecido.

Benedict assistiu tudo sem poder fazer nada. Ele foi enfeitiçado, não só ele, mas todos que estavam ali.

O horror foi coletivo.

A mulher havia morrido Raíssa não fez nenhum esforço para ver a sua nova aura. Uma aura de seres não vivos.

Um homem correu ao encontro da mulher, ele chorava muito.

— Eu tentei, eu juro que tentei. Mas depois que ele falou, eu não conseguia me mexer.

Sua roupa estava coberta de sangue. E a mulher estava morta nos seus braços.

Raíssa se lembrou de como é ter uma pessoa querida morta. Ela se aproximou do homem

— Eu não posso fazer nada quanto a isso. Eu não tenho poder para isso. Mas eu posso te ajudar. Eu posso ajudá-la. Sei que não será suficiente, mas é a única coisa que pode te confortar.

O homem não a ouvia.

— Escute. Eu quero que você seja forte. A morte não é o fim! Não sei se ela era sua esposa, sua irmã ou só uma amiga, mas, eu posso te dar pelo menos esse conforto. – Ela disse falando mais alto.

O homem cessou o choro.

— Conforto?

— Sim, eu a acordarei para se despedir. Não será por muito tempo, já que eu estou exausta, mas eu me esforçarei e irei até os meus limites para te dar pelo menos isso.

E ela fez, ela tocou na mulher.

Primeiro veio o grito, a dor que ela sentiu ao morrer. Raíssa já estava familiarizada com isso. Mas o homem não. Ele se assustou.

— Não se preocupe, ela vai se lembrar, ela não sente mais dor.

— Querido? Ela falava com dificuldade.

— Amor! Volte para mim.

—Me lembrei. Eu não posso. Eu não lembro o porquê, mas eu não posso.

— Não faça isso comigo.

Ela tocou a garganta cortada.

— Está vendo isso? Isso representou meu fim. Mas eu fui feliz. Nos fomos felizes. Se despeça do Michael para mim. Diga para ele ser forte. Que eu o amava muito. Eu te amo muito.

Raissa estava se segurando, a tontura a atingiu em cheio, a armadura já havia de desmontado e todas as suas energias estavam concentradas na moça.

Ela sentiu uma mão no seu ombro. Era Benedict.

— Você é uma heroína.

— Heroína? Eu não pude proteger todo mundo.

— Você fez mais do que podia. Você está fazendo mais do que pode. Sei que está pronta para desmaiar.

— Eu aguento.

— Não, eu fui burro. Eu não podia acreditar que eles já estavam infiltrados. Você pode me perdoar? Eu te coloquei em perigo .

— Claro que eu te perdoo.

E ela desmaiou.

Benedict sabia, eles estavam em uma situação complicada. Não havia mais o que discutir. A magia tinha voltado. O rei fez de tudo para que não chegasse ao ouvidos da população, mas era tarde de mais. Era só o que se ouvia pelas ruas da capital.

— Você estava certo Benedict. Você terá tudo o que precisar. Você irá encontrar essas pessoas. Se aquela garota não estivesse aqui, poderia ter sido bem pior.

— Me perdoe, vossa graça. Eu não sabia que isso aconteceria.

— Eu sei. Todos sabem. Não fique se lamentando. Não acreditamos em você e o nosso castigo foi esse.

— Sim e já recebi notícias de novos rumores de todas as direções. Eu quero a mesma equipe, e a Raíssa, vai conosco.

—Sim, e como rei, farei o possível para proteger o reino.

— Sim eu sei que fará.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O fim de um arco. Espero que tenham gostado. Agora uma pergunta.Qual será a próxima parada? Norte, Sul, Leste ou Oeste? ( cada direção está representando um zodíaco).

Com esse capítulo sendo maior que os demais, o próximo será postado apenas na segunda-feira.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Zodíaco" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.