Zodíaco escrita por Milka


Capítulo 6
Aura




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Benedict conseguia se desviar facilmente. Elas eram lentas, mas muito fortes. Ser acertado por algum membro daqueles corpos de pedra poderia ser o seu fim.

Allen se desviava, ele conseguia fazer isso com um pouco mais de dificuldade. Desviar estava o deixando impotente, ele queria atacar. Mas como?

— Alguém está os controlando. Precisamos encontrar essa pessoa. – Falou Benedict

O espaço para lutar era limitado. A destruição era evidente. Pedaços de mármore estavam espalhados por todo o lado, e a locomoção estava ficando cada vez pior.

Allen olhou para Donar, ele estava atacando, ele era uma mancha negra quebrando mãos e estilhaçando cabeças.

Como ele está conseguindo fazer isso? Pensou Allen. Foi quando ele viu, ele estava armado. Ele havia trago uma espada. Uma espada que não se quebrava ao bater no mármore. Por que ele não havia pensado nisso? Talvez por que ele não acreditado tanto nas palavras de Benedict, mas ver com os seus próprios olhos era diferente, foi ali que ele soube que acreditava. Isso ia contra tudo que ele aprendeu, mas não havia outra explicação. A magia existia.

Raíssa olhava de uma distância segura. O garoto baixinho estava destruindo suas estátuas e criando caos em um lugar que deveria ser de paz. O que ela podia fazer? Eles não correram assustados quando viram as estátuas então só haveria uma opção. Uma coisa que a perseguiu nos últimos cinco anos, ela teria que matar. Teria sido uma decisão mais fácil se ela não tivesse se sentido tão atraída pelo grupo. Eles não pareciam violadores, mas as aparências enganam. Ela aprendeu isso da pior forma.

Allen a viu. Uma garota bonita de cabelo e olhos negros como a noite. Ela estava longe, mas ele conseguia a ver no meio de toda aquela confusão. Ele sentiu uma ligação instantânea. Era ela. Ela que estava fazendo tudo isso.

Ela tremeu quando seus olhares se encontraram. Aquele rapaz não era como os outros, ela sabia disso. Ela forçou o seu olhar. Ela não sabia como, mas com um pouco de esforço ela podia ver uma espécie de aura ao redor de tudo. Era muito mais fácil fazer isso com os mortos e com objetos, e ela fazia isso sem perceber, mas com os vivos era difícil, ela precisava se concentrar muito. Tudo o que existia emitia uma luz. Quando ela dava vida a alguma coisa ou a alguém essa coisa ficava com a aura da mesma cor que a dela.

Ao olha-los com esse olhar, ela viu que o baixinho emitia uma luz negra com alguns pontos dourados. Ela nunca tinha visto nada assim. O de rabo de cavalo tinha uma luz roxa muito brilhante. E o de cabelo curto não emitia luz nenhuma.

Allen precisava chegar até a garota. Mas uma estátua de cavalo estava o atrapalhando. Ele pegou uma lança que havia caído da mão de um anjo e tentou fazer como Donar, mas a lança se estilhaçou quando ele atacou.

— Isso é feito de mármore. Donar me empreste a sua espada!

Donar não costumava fazer muito contato visual. Mas quando fazia era muito assustador. Mas dessa vez ele sorriu, um sorriso de canto. E jogou a espada para Allen.

— Benedict, eu a achei. Me dê cobertura. Eu vou chegar até ela.

— Achou? É uma mulher? Vá até ela, mas não a machuque.

Ela esfregou os olhos. Ela tinha visto isso mesmo? Tudo tem aura. Desde as formigas na terra até a própria terra. A aura é uma ligação que situa o ser vivo e o não vivo no mundo.

Ele estava chegando, cada vez mais próximo. E ele tinha uma espada. O garoto sem aura estava perto demais.

Raíssa estava tonta. Ela havia usado energia demais. Mesmo sendo lua nova, quando a sua magia fica mais forte, ela estava exausta. Mas ela não podia parar.

Allen estava próximo, a garota demonstrou medo. Ela parecia ser muito indefesa, mas quando ele olhava para a escuridão dos seus olhos ele via o poder que ela emanava. Ela pareceu vacilar, ele largou a espada para não assusta-la mais. Ao chegar a sua frente, ela sorriu e desmaiou.

A melhor coisa de se conversar com os mortos é que no caso dela, eles respondem. Quando ela ressuscita alguém essa pessoa acorda gritando. Raíssa acha que é por causa da dor que ela sentia no momento em que morreu . É um evento feliz quando o morto descobre que não sente mais dor. Quando a pessoa morre de uma hora para outra Raíssa gosta de acordá-la para fazer uma carta e poder se despedir da família. E ela se sente muito bem em fazer isso. Ela até já chegou a perguntar: O que tem do outro lado? Mas eles não lembram, eles dó lembram que morreram. Uma vez ela resolveu ressuscitar alguém que havia morrido de velhice, uma senhora tagarela que Raíssa gostava muito. Ela se arrependeu depois. A senhora acordou gritando e não parou. Ela sentia tanta raiva que tentou matar Raíssa.

— Você me tirou de lá! Eu preciso voltar para lá!

Isso ficou na cabeça de Raissa.- Eu a tirei de um lugar feliz. Ela já havia cumprido sua missão, eu perturbei sua paz.

Primeiro ela gritou. Depois ela percebeu que tudo havia sido um sonho. Memórias que ela não gostava de lembrar. Ela se assustou quando perceu que o garoto sem aura estava ao seu lado . Do lado da sua cama, cochilando em uma cadeira.

Ele não acordou com o seu grito. Ele parecia cansado. Assim ela resolveu aproveitar a chance. Não era como na noite de lua nova, de dia seu poder ficava limitado. Ela não conseguia ressuscitar os mortos de dia, mas com os objetos era diferente. Era só fazer uma prece ao cobertor que ele deslizou até o garoto e o enrolou como se fosse uma serpente.

Ele abriu os olhos, eram castanhos, ela não havia visto isso. Também mostravam gentileza.

— Quem é você? - Ela falou firmemente.

— Que bom que você acordou Raíssa!

— Como você sabe o meu nome?

Ele parecia desconfortável. Mas Raíssa pensou e o cobertor se apertou mais.

— Seu pai nos contou.

Ela ouviu alguns passos e a porta se abriu. O homem de rabo de cavalo entrou.

— Minha querida, senhorita Hyori é um prazer finalmente te conhecer.

Ela não conseguia reparar em tudo, era muita informação. Ele usava uma roupa muito formal, mas a sua aparência era muito exótica e descontraída. Ele parecia um príncipe de um país desconhecido.

— Vejo que os peguei no meio de uma discussão. Não quero atrapalhar por favor continue.

— É serio isso? – Perguntou Allen.

— Eu não quero deixar a dama brava. Donar ainda não se recuperou do braço quebrado. Sidney está muito brava com a gente por causa disso. E de brava já basta a Cassie.

— Às vezes eu entendo por que Billo te odeia tanto.

— Eu não posso fazer nada se ele não tem intelecto o suficiente para me acompanhar.

— Alguém já te disse que você é muito presunçoso?

Raíssa começou a rir. Eram mesmo as pessoas de ontem à noite?

— Acho que a senhorita Hyori está rindo de você.

— De mim? Não sou eu que me visto parecendo um palhaço.

— Quero que você se lembre que eu sou o seu superior. E o jeito de me vestir mostra a minha personalidade.

Aos poucos Raíssa foi ficando mais a vontade com aqueles dois que discutiam.

— Mas o que vocês querem comigo? Eu tentei matar vocês.

— Você poderia me soltar?

Raíssa o soltou. Mas ela queria saber o porquê. Por que aquelas pessoas estavam no cemitério ontem à noite, por que eles não correram como todos os outros, e por que aquele garoto não tinha aura.


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