Zodíaco escrita por Milka


Capítulo 23
Infecção




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A reunião com o rei demorou mais do que ele havia percebido. Quando ele saiu do castelo o céu já estava escuro.

Allen havia ido ver a mãe. Alex estava com a Sidney. Raíssa com a Justice. Billo e Donar estava respectivamente em suas casas e Hyun estava o esperando.

— Mais animação meu caro Hyun. – Benedict disse tentando animar o garoto.

Hyun suspirou.

— Animação? Nessa terra sem graça? Sem a beleza de Letin e esse clima estranho?

— Letin era uma jóia no meio do mar. Não tem como comparar. Mas se você tiver vontade posso te levar para esfriar a cabeça.

— Eu tenho alternativa?

— Não. Mas precisamos trocar de roupas. Não vão nos deixar entrar se estivermos parecendo religiosos.

Hyun ainda não havia nem trocado de roupa. Ele ainda estava usando o tradicional kimono de Letin.

— Quantos anos você tem? -- Benedict perguntou.

— Eu não sei a data exata no meu nascimento, mas tenho aproximadamente 17 anos.

— 17? - Benedict coçou o queixo

— Sim.

— Vamos fingir que você tem 18 ok?

— Por que?

— Digamos que eu não quero ser responsável pelos seus atos dessa noite.

Benedict não tinha uma casa fixa na capital. Normalmente ele ficava em pensões ou até mesmo em alguns hotéis, como estava sempre viajando ele não via necessidade de ter uma casa fixa.

Hyun foi levado para um pequeno hotel. Lá Benedict trocou de roupa. Tirou o seu traje oficial de Lorena e vestiu uma calça formal e uma camisa de algodão branco e soltou o seu cabelo.

— Hoje não quero chamar muita atenção. – Disse Benedict

Benedict também emprestou uma roupa mais ocidental para Hyun. Uma camisa preta e calças azuis. Hyun se sentiu desconfortável mas logo se acostumou.

— E onde vamos?

— Vamos nos divertir.

Hyun seguiu Benedict que cumprimentava todos que encontrava.

— Você é popular aqui. Como eu era em Letin.

— Popular? Talvez só conhecido. Tenho muitos inimigos aqui.

Eles seguem por um beco até o que parece ser uma escada.

— Antes de entrarmos quero que você coloque essa mascara

Hyun não havia notado a bolsa que estava com Benedict. A máscara é em formato de raposa.

— Coloque e não me chame pelo nome.

Benedict colocou uma mascara de coruja.

— Lá você pode apenas me chamar de coruja e você e a Raposa.

— Que tipo de lugar é esse?

— Esse? È o submundo de Lorena.

§

O campeão da gata era ela própria. Ela se movia com delicadeza e precisão, seu adversário era uma garota aparentemente mais velha e pelo menos duas vezes maior que ela. A gata não foi acertada nenhuma vez e sua adversária tropeçou nos próprios pés caindo do ringue.

Delilah olhou para aquilo desconfiada.

— Ou essa garota tem muita sorte, ou ela tem um grande patrocinador.

— Ninguém patrocina a Gata. Ela simplesmente ganha. Ela está na mira de grandes mafiosos. Mas ninguém sabe quem ela é, e desde o que aconteceu da última vez ninguém tentou descobrir.

O homem com a mascara de pássaro continuava perto.

— O que aconteceu da última vez?

— Ela surgiu por acaso, era uma garota que apenas jogava dados e sempre acertava tudo. Depois dizem que ela se aventurou nas lutas apenas como apostadora. O Diamante não gostou de saber que tinha alguém que ganhava tudo. E mandou acabar com ela. Mas ela sempre desaparece no momento certo. E ela conseguiu fazer a Safira protegê-la. Quase passamos por uma guerra por causa dela . E todo mundo acha que ela é uma das garotas da Safira. Mas eu acho que não. Apenas acho que ela é a personificação da sorte.

— Personificação da sorte?

— Sim é como mágica.

Mágica? Delilah chegou a uma conclusão.

— Essa garota, ela é como a gente! – Ela disse para Avalon.

— Precisamos falar com ela, antes que Miranda descubra.

Só que ela havia sumido.

— Não se preocupe, ela nunca desiste de uma aposta.

— Então nós temos uma coisa em comum.

§

Estava quente, não como Letin. Mas a umidade daquele lugar somado aquela roupa que ele estava usando estava insuportável. Aonde Benedict queria levá-lo? O lugar era escuro e possuía um clima mórbido. Hyun não gostava dali.

— Não se preocupe, o clima lá em baixo é mais fresco.- Benedict disse

Eles esbarraram em todos o tipos de gente. Benedict cumprimenta e dava esmolas para algumas crianças.

— Cassino Diamante? Nós iremos jogar?

— Eu tenho cara de apostador? É que esse lugar sempre é divertido.

Benedict riu.

Eles entraram e foram direto para a área Vip. Estava acontecendo as tradicionais lutas. E haviam várias pessoas mascaradas como eles.

— Benny!! -- Uma mulher de cabelos negros e olhos azuis extremamente grandes que estava seminua agarrou o braço de Benedict.

— Senhorita Cherry. Há quanto tempo.

— A Benny! Faz tempo que você não vem me visitar! -- A garota fez biquinho.

— Eu estava viajando. E eu não vim aqui te visitar, esse é meu amigo. Ele precisa relaxar.

— Você quer que eu chame a Tereza, sei que ela toparia.

— Não! Não é esse tipo de diversão. – Benedict desconversou.

Hyun se sentiu estranho perto daquela garota. Ela não parecia ser muito mais velha que ele. Para que tipo de depravação Benedict estava o levando?

— Benedict? – Hyun chamou.

—Shhhh! -- Benedict sinalizou.

— Eu sou o Coruja.

— Mas aquela garota te chamou de Benny.

— Só garotas podem me chamar de Benny!

— Mas ela sabe quem você é!

— Sim, todos aqui me conhecem!

— Então para quê o uso da máscara?

— Ah, é por que é mais divertido.

— Eu não sei o que você chama de diversão, mas para mim isso é apenas perda de tempo.

— Hyun, eu sei que você ainda está atordoado com os últimos acontecimentos. Mas você não é o único. Eu perdi muito também. Estamos aqui só para nos divertimos. E diversão não é perda de tempo. E você não está curioso?

— Curioso?

— Sim, aqui é um mundo a parte. O lugar onde existem todos os tipos de pessoas, aqui você verá coisas que nunca veria na superfície.

A curiosidade natural de Hyun falou mais alto.

— Então me mostre essas coisas!

§

Avalon ganhou a segunda luta facilmente.

Seu adversário gastou muita energia tentando acertá-lo. E inconscientemente Avalon o fazia suar e se cansar mais rápido. Quando a luta terminou havia uma poça enorme de suor em volta do outro homem. E nem uma gota dele.

Mas se ouvia mais vaias do que aplausos. As pessoas que ali assistiam só queriam ver sangue.

— Avalon! Você é demais! Tenho certeza que iremos ganhar dessa gata! -- Delilah disse com um enorme sorriso.

— Eu ganhei 10 mil gens só com essa luta!

— Fico feliz por você Delilah. – Ele disse friamente.

— Me chame de Layla! E se anime. Eu dividirei esse dinheiro com você.

Ao voltarem para o camarote, havia dois homens de terno os esperando.

— Sério? – Delilah reclamou.

— O que?

— Esses caras vieram comprar você.

— Me comprar?

— A luta! Eles vão pagar para que você perca a próxima luta.

Sim esse era o mundo das apostas. Elas eram manipuladas quando deviam, e Delilah sabia que se eles não aceitassem a proposta aqueles caras iriam dar um jeito de Avalon não estar aqui para a próxima luta.

— Senhores? – Delilah cumprimentou com um aceno

— Sem rodeios. 5 mil e ele roda na próxima. – Um deles disse.

— Não temos opção?—Ela perguntou.

— Eu não vou perder de propósito a próxima luta! – Avalon disse em um tom de voz mais alto.

— O que? -- Delilah se virou para ele.

— Você sabe no que está se metendo? – Um dos rapazes apontou uma arma para Avalon.

—Mesmo assim. Eu não vou ceder.

O homem destravou a arma. Delilah se desesperou e fez o que ela nunca mais iria fazer.

Ela tocou no braço do outro. O terno dissolveu e um liquido estranho entrou em contato com a pele do rapaz.

O primeiro grito foi assustador, e chamou a atenção de todos que estavam próximos. O rapaz se jogou no chão.

— Arranquem o meu braço. – Ele chorava de dor.

O cara armado acabou de distraindo e Avalon o desarmou.

Bolhas de pus eram visíveis no braço do rapaz. E o cheiro de pele necrosada estava ficando insuportável.

— Me desculpe... - Delilah estava ficando estranha. Seu olhar afiado desapareceu e ela fixou seu olhar para o chão.

Os gritos não cessaram até a última batida do coração dele.

Todos ficaram assistindo e não fizeram nada.

Um homem de branco apareceu do nada e abaixou até o rapaz.

— Ele foi envenenado. – Ele disse constatando o óbvio.

E todos olharam para a garota que estava com a cabeça em outro lugar.


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