Presos eles estavam presos.

Allen não conseguia acreditar nisso.

— O que você fez com a noiva do rei? – Ele perguntou a Benedict.

— Nada eu acho. Eu não lembro.

— Como assim você não lembra?

— Foi na última vez que eu vim aqui. Ela não era noiva nem nada assim.

— Mas você disse que não lembra!

— Eu bebi muito aquela vez. E ela estava tão disponível.

— Ainda bem que as garotas não estão aqui! Se a Cassie ouvisse o que você está dizendo!

— Não conte para a Cassie, não posso imaginar o que ela faria comigo.

— Sorte do Alex que ele foi confundido com uma criança e ignorado pelos guardas.

— É mas agora ele está vagando sozinho por ai.

— Vocês podem fazer silêncio? -- Alguém disse no fundo da cela.

Os dois se viraram ao mesmo tempo.

Um garoto alto de cabelos castanhos com traços tipicamente Letianos estava deitado em um colchão no fundo da cela mal iluminada.

— Ah, não importa. Temos que dar um jeito de sair daqui. E encontrar a Raíssa e o Alex.

— Eu disse para fazerem silêncio!

O garoto levantou e parecia muito bravo.

— Viu Allen eu disse para você falar baixo.

Allen olhou para Benedict com muita raiva.

— Por que você faz isso?

— Ah, vocês não vão parar? – O garoto disse.

— É que estamos com problemas.

— Acho que não só são vocês. Agora vocês terão que me contar o que aconteceu. – O garoto parecia curioso.

Ele se levantou e se aproximou, sentou de pernas cruzadas, próximo a Benedict, ele parecia querer escutar uma história.

— É Benedict eu também quero escutar essa história. – Allen repetiu o que o rapaz fez.

— Mas...

— Agora!

— Tudo bem, eu conto. Mas você, garoto também vai me contar por que está aqui.

— Justo – O garoto disse.

— Vamos lá. Eu sempre gostei de visitar Letin. Eu tinha uma forte amizade com o rei. O Seung virou rei com apenas 16 anos. Sua mãe morreu no parto e seu pai morreu por causa da febre do verão. Ele era inexperiente e só queria curtir as mordomias do reinado, e eu queria ajuda-lo a fazer isso. Como ministro de Relações Internacionais de Lorena eu tinha direito a muitas viagens e naquele ano eu gastei toda a cota em Letin. Eram festas e mais festas. Mas as fofocas voam e o rei de Lorena logo soube o que eu fazia em Letin. E me proibiu de voltar para cá como ministro. Há um ano e meio eu voltei para cá em férias. Seung não era mais o festeiro de sempre e estava a procura de uma noiva. Shin Yi era a filha de um padeiro da capital. Ela era linda, divertida e se apaixonou por mim e rolou.

— Rolou o que? –Allen perguntou

— Você quer mesmo que eu te diga? Eu não quero te corromper mais do que você já é.

Allen se irritou.

— Continua.

— Então, eu tive que voltar para Lorena e nunca mais soube nada dela até hoje.

— Você corrompeu uma jovem e nunca mais falou com ela?

— Se você quer colocar por nessas palavras.

— Você é um canalha não é?

— As coisas eram complicadas. Eu descobri que ela mentia para mim. Ela não era filha de padeiro nenhum ela nem me amava de verdade ela só queria sair daqui.

— Mas então por que o rei está casando com ela?

— Eu não sabia, mas ele dizia que estava apaixonado por alguém, mas nunca me disse quem era, eu não sabia que era a Shin Yi.

O garoto começou a bater palmas.

— Isso é uma grande história. Quase como em um livro de romance. Agora você tem que admitir que a ama e salvá-la desse casamento obrigado.

Benedict olhou para o garoto.

— E você nos conte a sua história.

O garoto se levantou.

— Bem, não tenho muito que dizer, apenas que eu sou um mau-presságio em casamentos, e eles me prenderam para que o casamento desse certo.

— O que você quer dizer com isso?

— As pessoas me respeitam muito aqui em Letin, elas me dão oferendas e fazem preces a mim. Elas acham que eu sou um santo encarnado. Ah sim e todos o casamentos que eu participo ou dou a minha benção dão errado. Já virou tradição eles me prenderem até que os dois lados digam sim. Mas eu acho que dessa vez isso não vai funcionar.

— Por que eles acham que você é um santo encarnado? -- Perguntou Benedic visivelmente interessado.

— Por causa do bom tempo. Quando eu visito uma cidade ou vila, é certeza que terá chuva e uma boa colheita. Só isso, podemos dizer que eu trago sorte, menos a casamentos.

As palavras do rapaz não convenceram a Benedict.

Um barulho alto chegou aos ouvidos deles. Uma explosão seguida de gritos de socorro. O cheiro de queimado invadiu as celas.

— Que porra está acontecendo. – Falou Benedict.

— Vocês não estão sentindo isso? – O garoto perguntou

— Sentindo o que?

— A ordem Arcádia está na ilha.

Allen se levantou e pegou o garoto pela gola da camisa.

— O que você sabe sobre eles? – ele disse com muita raiva.

— Nada, só que já tentaram me recrutar há alguns meses. Ai eu fugi, se não eu iria ser morto. Apenas isso.

— Qual o seu nome garoto? – Perguntou Benedict.

— Meu nome é Park Hyun Shin, mas podem me chamar de Hyun.

— Hyun? Certo você sabe como nos tirar daqui?

— Na verdade eu sei.

Hyun pediu a todos que se afastassem do portão da cela. Ele se concentrou e logo depois o portão foi arremessado por uma corrente de vento.

— E não é que a senhorita Martin tinha razão. Não contem para ela que eu admiti.

Benedict disse e saiu correndo.

— Onde você vai? – Perguntou Allen.

— Atrás do Alex, é obvio. Não posso deixa-lo cair nas mãos desses terroristas. E não saia de perto do Hyun, não vamos perdê-lo!

Benedict seguiu rapidamente pelas escadas. Passou por alguns guardas desacordados.

Entrou no grande salão. A fumaça o impedia de ver o que estava acontecendo.

— Alex? Senhor Alvarez? – Ele gritava, mas só recebia gritos de dor em resposta.

Quando a fumaça estava abaixando ele viu o rastro do sangue no local. Várias pessoas estavam soterradas pelo teto do palácio que cedeu.

— Alex?

Benedict pensou em Raíssa e Justice, mas ele tinha a esperança de que elas estivessem seguras.

—Temos algum sobrevivente? – Uma voz grave disse

— Vamos logo, Draco. O rei e a noiva conseguiram fugir. Temos que matá-los para que possamos dominar Letin.

— Corvus, não me apresse. De qualquer jeito temos que esperar por Lyra e Fornax. Eles são muito teimosos. Se desviaram da missão para atacar aquelas garotinhas.

— Mas eram a Peixes e a Touros.

Benedict ouviu tudo aquilo em silêncio.

— Peixes? Eles estão falando da Raíssa? E quem é a Touros? As garotas encontraram outra do Zodíaco? - Benedict falou baixo.

— Nos sabemos que tem alguém ai. Ninguém escapa do meu olho. – Uma voz mais aguda disse.

Benedict se pôs a frente.

— Eu não estava me escondendo querida.

A garota de cabelos roxos olhou para ele.

— Lorena? Hahah isso é engraçado. Estive lá a pouco tempo. Norte eu acho, não sobrou ninguém.

— Hydra, pare com seus joguinhos. – O alto e de cabelo descolorido disse.

— Ah, Draco. Deixe esse para mim. Ele nem vai sentir nada.

— Faça o que você quiser. — respondeu o outro

A garota era bonita. Possuía traços de Lorena. Aparentava ter 20 anos. Ela tinha os cabelos roxos e os olhos castanhos, vestia roupas típicas de Letin.

— Ele não é um charme? Juro que não vai doer nada gracinha.

A garota se posicionou em frente a Benedict. Sua mão ficou envolvida por uma luz roxa.

Uma espécie de raio saiu da sua mão em direção a ele.

Benedict se encolheu, ele sentiu que se fosse acertado por isso esse seria o seu fim.

Um vulto passou a sua frente. O raio o acertou e ele caiu em frente a Benedict.

Ele não acreditou Allen havia se colocado na sua frente e agora ele estava caído e possivelmente morto.