Zodíaco escrita por Milka


Capítulo 10
Equilíbrio




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A criança não era bem uma criança. Alex possui um corpo pequeno. Muitas vezes sendo confundido com uma criança. Ele tem 18 anos e nesses 18 anos ele só viu a luz do dia por muito pouco tempo.

Marian Alvarez era uma devota do templo do Sol. Ela fazia alguns trabalhos no templo. Sendo muito prestativa e adorada por todos de lá. Ela possuía longos cabelos negros e sua pele tinha a cor de oliva. Ela era muito bonita e foi pedida em casamento por pelo menos mais de uma dúzia de vezes. Mas ela sempre se achou jovem de mais para se casar. Quando ela apareceu grávida, houve um escarcéu na cidade. Ela se recusava a dizer o nome do pai. E todos achavam que ela havia engravidado de um viajante que passava por Sindar.

Mas essa não era a verdade. O grande monge sabia quem era. Mas ele nunca poderia revelar. Os monges devem ser celibatários e um escândalo como esse iria abalar a fé de seus devotos.

Como não tinha família, pois foi abandonada ainda criança, Marian passou a viver no templo. A condição era que quando o seu filho nascesse caso fosse um garoto ele teria que ser entregue aos monges.

Na religião do Deus do Sol as crianças devem nascer sob luz do sol. As mães devem aguentar as dores até o sol nascer e caso entrem em trabalho de parto antes ou em um dia nublado ou chuvoso, as parteiras irão impedir ou adiantar os nascimentos. Essa tradição culmina na morte da mãe e dos filhos em pelo menos metade dos partos.

Marian começou a sentir as dores a tarde. Ela tinha um pressentimento ruim sobre isso.

Eles fizeram o possível para atrasar o parto. Mas por algum motivo eles não conseguiram. Eles não foram rápidos o bastante na hora assim a criança nasceu a meia noite, em uma noite de lua nova. Na hora mais escura. O parto foi difícil a parteira se recusava a fazê-lo naquele horário.

— A criança vai ser amaldiçoada! - Dizia ela.

Alex nasceu pequeno e sem chorar. Mas isso não foi o que horrorizou a todos. Ele era branco, de aparência anêmica, da ponta do pé ao fio dos cabelos. Quando ele abriu os olhos eles se impressionaram de como eles eram escuros.

Marian não resistiu e morreu naquela mesma noite.

Alex foi criado pelos monges, eles acreditavam que ele nunca deveria ver a luz do sol. Ele era indigno, nascido do pecado. E não deveria receber a graça do Deus do Sol. Na maior parte do tempo ele ficava em um quarto no subterrâneo do templo e somente a noite ele poderia sair. Alex acredita em todos os preceitos ensinados pelos monges e assim suportava viver daquela forma.

Sua vida foi pacifica até os 11 anos. A cheia do Rio Razor naquele ano quase destruiu a cidade. A água chegou invadir o templo e inundar o subterrâneo. Assim ele não teve como evitar. Ele viu o sol pela primeira vez. Seus olhos se ajustaram perfeitamente, era como se o sol fosse apenas um velho conhecido que ele não vê há muito tempo. O calor do sol era diferente do calor abafado que ele sentia no subterrâneo. Era uma sensação prazerosa. E assim ele sorriu pela primeira vez.

Quando tudo já havia voltado ao normal e ele estava de volta à vida de antes. A vida no escuro. A vida sem a graça do Deus do Sol. Ele tentou fugir, ele realmente tentou. Ele tinha esse direito. Ele não era indigno ele era uma pessoa normal. Os monges estavam cansados de toda essa rebeldia. E resolveram dar uma chance ao garoto. Pelo menos era o que ele acreditava.

Eles tinham que fazer alguma coisa e então eles fizeram. Amputar as suas pernas era a única maneira, segundo o grande monge.

A dor que Alex sentiu era incomparável a tudo. Ele gritou. Ele chorou e mesmo assim eles não pararam.

— É para o seu próprio bem – Eles diziam.

Alex tentou acreditar. Ele realmente tentou. Mas a dor o colocava na realidade.

De volta à escuridão. A dor das pernas que não estavam lá o perseguiu por pelo menos um mês. A partir daquele momento ele parou de crescer. Ele não se desenvolveu mais. O tempo parou para o seu corpo.

— Se eu nunca tivesse visto a luz. Se eu nunca tivesse saído daqui. Se eu nunca tivesse nascido.

Olhar para onde estavam as suas pernas. O dava muito tristeza. Ele tentou imaginar como seria tê-las de volta. Se o tempo pudesse ser revertido e suas pernas pudessem voltar.

Ele não acreditou quando uma luz parecida com a do Sol tomou seu corpo. A dor parou. A sensação de estar incompleto cessou e quando ele percebeu suas pernas estavam lá novamente.

Tudo parecia estar perfeito ele conseguia andar, ele podia senti-las.

Um grito ecoou por todo o templo, atravessando todas as camadas e chegando ao subterrâneo.

Alex se escondeu quando eles chegaram. Os monges, eles pareciam bravos e chocados.

—O Grande Monge, as pernas dele foram cortadas.

Foi o que disse um deles antes de perceber o que tinha acontecido com o Alex.

— Monstro!

Eles levaram Alex até o Grande monge.

Alex nunca havia estado ali. Era um lugar claro. Mesmo na escuridão da noite as estrelas iluminavam o templo.

O Grande monge estava em uma cadeira de rodas. Sendo empurrado por um de seus pupilos.

— Você é demônio enviado pela escuridão para abalar a nossa fé. Eu perdi minhas pernas. Mas você demônio não irá conseguir me amedrontar. Leve-o daqui. Coloque-o no lugar mais escuro.

Alex não entendia o que havia acontecido. Mas não importava ele tinha as suas pernas de volta, ele não sentiria aquela dor novamente nunca mais.

Por exigência do grande monge, Alex começou a ser açoitado. O grande monge acreditava que assim um processo de redenção aconteceria e a dor afastaria o demônio.

Mas eles nunca imaginavam que aquilo iria acontecer novamente. Os monges apareciam machucados depois disso. Com as costas marcadas. Eles sabiam o porquê daquilo acontecer e pararam de machucar Alex.

O tempo foi passando. Mesmo não concordando com os monges. Alex permaneceu ali. Ele não conhecia o mundo, não tinha para onde ir ou fugir.

Alex ainda meditava e acreditava nos preceitos que os monges haviam o ensinado. Com isso ele aprendeu mais sobre o que podia fazer.

Ele podia se curar, como se ele nunca tivesse se machucado. Mas aquelas feridas teriam que ser transferidas para alguém. Ele ainda não podia controlar isso. Ele também conseguia consertar coisas. Mas outra coisa iria se quebrar para aquilo acontecer. Sua magia é baseada no equilíbrio. E assim ele pensava.

—Toda a ação tem uma reação. Isso faz o mundo ser equilibrado.

Naquele dia um dos monges o chamou. Eles não costumavam mais fazer isso. Eles só deixavam a comida e iam embora. E ele tinha certeza não era noite. Ainda estava de dia. Não era a hora.

A porta se abriu e lá sob a chama estavam duas pessoas que ele não conhecia. Uma era um homem alto com os cabelo compridos presos, ele estava usando uma túnica mas não parecia ser um monge. Ele era um herege, Alex sabia só de vê-lo.

A outra pessoa ele não tinha certeza. Era uma mulher? Ele não tinha certeza,ele nunca esteve tão perto de uma. Ela tinha feições delicadas e usava um vestido amarelo. Seus olhos eram como os dele, negros. Mas no dela ele via a noite, um céu estrelado em uma noite de lua nova. Seus cabelos combinavam com os seus olhos.

A garota o olhou com curiosidade. Ele sentiu uma ligação com ela. Como se eles já se conhecessem.

Sem jeito ele se aproximou.

— O que querem? – Foi o que ele disse.


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