Duas Cores escrita por Biax


Capítulo 2
Olhares e Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Fiquei tão feliz pelos comentários, obrigada por isso, gente! *--* E obrigada a quem está acompanhando, de verdade :3
Boa leitura!



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Nas matérias do dia, pedi ajuda a Rosa, que me ajudou tão bem quanto Lysandre.

O sinal do intervalo tocou e, pensando que ela também devia ser fotogênica, peguei a câmera da mochila sem que ela notasse. Discretamente, comecei a tirar algumas fotos dela.

— Rosa?

— Hm?

— Olha aqui. — Quando ela olhou, apertei o botão.

— Ei! — Ela riu. — Quem deixou?

Eu dei risada. — Ficou legal. Você nem percebeu.

— Tirou mais? Deixa eu ver!

Entreguei o aparelho e ela passou as imagens.  — Ficou engraçado.

— Você é fotogênica, ficaram boas.

— Hmmm.

— O que foi?

— Estou tirando foto sua.

— Não! – Tentei pegar a câmera de volta, e ela se esquivou. Tampei o rosto com as mãos. — Para com isso!

— Ok, parei. — Assim que destampei o rosto, ela clicou novamente.  — Mais uma!

— Chega, menina!

Ela caiu na gargalhada. — Tudo bem, toma. — Me devolveu o aparelho e eu rapidamente o desliguei e guardei na bolsa

As outras aulas passaram voando. Assim que cheguei em casa, me joguei no sofá e comecei a olhar as fotos. Nas que a Rosa havia tirado de mim, acabou pegando Lysandre de canto, que sorria, nos observando, se divertindo com a cena. Passei as fotos para o notebook, e deu para ver melhor os detalhes.

As fotos dele no jardim ficaram realmente boas. Fiquei orgulhosa.

— Quem é esse? — Mamãe surgiu do nada, atrás de mim.

— Que isso, mulher! Que susto.

— Quem é? — insistiu.

— É o Lysandre!

— Mas já está tirando fotos dele assim?

— N-não é o que você tá pensando.

— Ah, não?

Quantas vezes vou ter que explicar isso?

Expliquei pra ela o que falei outras duas vezes.

— Hmm... Se você diz. — E saiu.

Desisto de explicar alguma coisa.

 

Umas semanas se passaram. Sai de casa para mais um dia de aula, caminhando devagar pela calçada. Um pouco mais a frente, vi Lysandre do outro lado da rua. Passei para a outra calçada.

— Lysandre? — chamei, porém, ele não ouviu. Andei mais rápido e fiquei do seu lado. — Lysandre? — E aí ele me notou.

— Oh, desculpe, estava distraído.

Dei risada. — É, eu percebi. Está tudo bem?

Sorriu. — Sim, muito bem. E você?

— Também estou. Você mora aqui perto?

— Sim, algumas ruas para trás. E você?

— Eu também… — Sem notar, baixei o olhar para seus pés e para o alto.

Ele corou levemente. — O que foi?

— Não tinha reparado em como você é alto.

— Ah... — Riu. — Não sou tão alto assim.

— Para mim é sim, ainda mais porque sou baixinha. — Sorri. — Quanto tem de altura?

— 1,82.

— Ah, como isso não é ser alto?

Já estávamos na rua da escola. Quando atravessamos o portão, ele começou a ir para a esquerda.

— Eu vou para o jardim. Você vem?

— Você vai escrever, não é? Não quero te atrapalhar.

— De forma alguma que irá. Vamos. — O segui até o banco, onde se sentou, e eu fiz o mesmo, não muito perto. Ele pegou seu bloco e um lápis.

— Você está sempre inspirado?

— Bom, nem sempre. Às vezes, escrevo algumas palavras, e quando tiver ideias, as uso como tema.

Ele olhou para o céu, e logo começou a escrever. Fiquei quieta para não tirar sua concentração. Seu cabelo branco brilhava com a luz do sol, e o fazia parecer mais macio.

Ele escrevia rapidamente. A cada vez que parava, levava o lápis até a boca, e o encostava no lábio inferior, pensando na próxima frase. Seus olhos mexiam, olhando para a grama, vasculhando, tentando achar algo para escrever. Seu olho verde brilhava e até parecia estar mais verde com a luz do sol. Ele olhava sem ver...

Estava silencioso, tirando o som dos pássaros. Senti meu rosto ficando quente, de repente.

Ele era tão diferente… Mas o que eu estou fazendo?

Virei o rosto, e cobri minhas bochechas com as mãos.

— Anne? O que foi?

— Nada... É que o sol está ficando quente demais.

— Melhor entrar, então. Logo eu irei também.

— Eu... Eu vou. — Peguei a mochila e fui para a sala, rindo de mim mesma.

Mas que besta. Por que fiz aquilo?

— Bom dia!

Olhei para cima. — Bom dia, Rosa.

Ela sentou-se atrás de mim e eu me virei. — Tudo bem?

— Sim, e você? — Sorriu

— Também… Bom dia, Lys!

— Bom dia — respondeu ele, brevemente.

Não me virei. Por que estou com vergonha?

— Anne! — Ouvi uma voz familiar. — Te achei! — Olhei para a porta e suei frio.

— O-o que você tá fazendo aqui? — questionei, surpresa.

Ele se aproximou e sentou na cadeira da frente. — Também pedi transferência, mas não sabia que você tinha vindo para cá. Dei sorte.

— Mas Ken, você estava bem lá...

— Você era a única que falava comigo, não estava bem sem você... Pena que não fiquei nessa sala.

Err. — Você já sabe onde é a sua sala?

— Sim, eu já fui olhar… — Os alunos começaram a tomar seus lugares.

— É melhor você ir, logo o sinal vai bater.

— Sim, a gente se vê outra hora.

— Claro... — Ele levantou e foi até a porta. Olhou para mim mais uma vez e saiu.

Em um ato automático, coloquei a mão no rosto.

— Seu admirador? –— Riu Rosa atrás de mim.

— Não ria! Achei que saindo de lá, ele faria outros amigos.

Durante a aula, debrucei na mesa, apoiada pelo braço esquerdo e coloquei a mão para trás, na cabeça. Enquanto escrevia, olhava de vez em quando para o lado.  Lysandre estava sempre escrevendo, e quando olhava para trás, murmurando algo a Castiel, eu encarava meu caderno.

Para de olhar... Ele vai perceber...

Ouvi ele cochichar com Castiel de novo. Levantei um pouquinho a cabeça, e o olhei. Instantaneamente abaixei de volta, sentindo meu rosto entrar em combustão. Ele estava me olhando.

Meu Deus... vou enfiar a cara no chão. Virar uma mosca e sair voando pela janela. Colocar uma sacola na cabeça...

Não me mexi mais, como se caso eu me mexesse, ele fosse rir de mim. Minhas costas estavam doendo. Por que o sinal está demorando tanto? Tenho vontade de olhar, mas não quero passar vergonha de novo... Droga. Olho ou não?

Dei uma olhada rápida. Ele não estava virado para trás. Percebi que quando ele estava concentrado, ficava com a boca entreaberta.

O sinal tocou, fazendo-me pular. Parecia até que estava cometendo um crime, com medo de ser pega. Encostei a cabeça na mesa. Que frescura é essa?

— Anne? — Rosa me cutucou, de pé do meu lado. — Vamos no banheiro.

Levantei rapidamente e a segui para fora. Ela parou no corredor, e encostou no armário.

— Você não ia no...

— Não. Anne, você acha que eu sou idiota?

O quê? — O quê? Claro que não. Por que está falando isso?

— Acha que eu não vi sua cabeça virando para o lado? — Senti meu rosto queimar. — Nem precisa falar. Sua cara já te entregou. — Começou a rir e eu tampei o rosto com as mãos.

Ela apertou o pedaço de bochecha que estava livre. — Que bonitinha. Está apaixonada.

— Ai, ai! Não estou. Não estou, porque faz pouco tempo que nos conhecemos.

— E daí? Nunca ouviu em amor à primeira vista?

— Não. Ainda está cedo para falar isso, Rosa. — Ela colocou as mãos na cintura. — E nada de falar algo, viu? Não me deixe com mais vergonha do que já estou.

— Ok, ok. Prometo! — Ela sorriu, dando pulinhos, e voltamos a sala.

Será que ela não sabe ser discreta?

Voltamos aos nossos lugares e notei Lysandre nos observando, e rapidamente se virou para frente, parecendo graça da situação.

Está rindo do quê? E eu sei que fiquei vermelha...

Mais tarde, em casa, fiz as lições e deitei na cama.

Até parece... mal o conheço.

Peguei o celular, e pluguei os fones. Coloquei o player aleatório para tocar...

Hotel Califórnia... Sério isso?

Próxima. Over My Head. Próxima. When It Rains. Próxima. Still Loving you. Próxima!! More Than Words…

Desisto. Desliguei e me virei, fechando os olhos.


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Notas finais do capítulo

Bem, para quem quiser (ou não conhece as músicas) vou passar os nomes das bandas.
Hotel Califórnia - Eagles / Over My Head - The Fray / When It Rains - Paramore / Still Loving You - Scorpions / More Than Words - Extreme
Acho que qualquer pessoa que já esteve apaixonada, quando ouvia músicas lentas ou "românticas" ficava meio desesperado hahah Ou pra se apaixonar mais, ou pra sofrer mesmo :p
Até a próxima o/