Série WHO I AM? - Short Fic Peeta escrita por Serena Bin


Capítulo 7
Episódio 7 - Caminhos da Cidade


Notas iniciais do capítulo

Meus amores!
Que saudade de vocês! Eu sei que passamos muito tempo longe, mas estou de volta com um capítulo enorme!
Espero que compense pelo tempo que fiquei sem postar.
Só lembrando que WHO Iam está em suas partes finais e por isso vou abrir um brinde. Comentem sobre uma parte que vocês gostariam de ver na fic e ainda não viram. Eu vou escolher uma dessas cenas para adicionar como bônus.

É isso, espero que gostem.



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A conversa permanece abafada, mas mesmo assim, consigo ouvi-los formulando possibilidades de me convencer a não segui-los para o centro da cidade. 

— Pollux e Cressida são bons guias. Poderiam ser úteis – Katniss diz um pouco desconfortável – Mas Peeta é muito...

— Imprevisível – Gale conclui – Você acha que ele aceitaria ser deixado para trás?

— Podemos argumentar que ele colocará em risco a integridade física do grupo – Katniss responde, mas ela não parece realmente convencida do que está propondo – De repente ele até fica aqui, se a gente for um pouco convincente.

A conversa continua de forma ainda mais rápida. Ao que parece, o grupo já cansou de ter de lidar comigo, e eu não os refuto porque no fim das contas, até eu mesmo já estou cansado. Cansado dessa guerra dupla que enfrento diariamente: a guerra civil e a guerra em minha mente, onde duas faces da mesma pessoa se digladiam para ver quem detém o controle por mais tempo.  Por isso, quando eles se juntam a mim para apresentar a proposta, eu a analiso de maneira bastante racional.

Tento calcular todas as alternativas possíveis antes de lhes entregar a resposta. Ser capturado novamente pela Capital não é uma opção. Está frio e com as baixas temperaturas, tenho consciência de que ando mais lentamente por conta da perna mecânica, isto em uma ocasião de fuga poderia significar a morte de meu grupo, logo, caminhar em bando também não é alternativa. Mas eu não quero simplesmente sentar e esperar que tudo acabe. Quero de alguma forma ajudá-los, nem que seja causando uma confusão que atrase os pacificadores. Então, quando Katniss pergunta se aceito ficar no porão, eu respondo:
         - Eu vou sozinho.

Cinco pares de olhos  incrédulos e surpresos recaem sobre mim. Cressida, que está limpando a lente de sua câmera pergunta:

— Pra fazer o quê?

— Não sei exatamente – respondo – Prosseguir sozinho é a única maneira de não pôr ninguém em risco. A essa altura do campeonato, minha única serventia é ser uma distração. Vocês viram o que aconteceu com aquele cara que se parecia comigo.

Todos mantêm a expressão pesada e duvidosa. Gale olha para Katniss como se quisesse dizer que pirei de vez.

— E se você...perder o controle? – Katniss pergunta temerosa.

Se eu perder o controle?

Eu realmente não havia me feito essa pergunta. Se eu perder o controle no meio das pessoas da Capital? Eu talvez  simplesmente me atiraria na frente de uma arma e seria morto. Mas, Katniss parece realmente preocupada comigo. Seus olhos cinzentos estão brilhantes, se eu me lembro um pouquinho dela, esse é o momento que precede o choro.  Então, por mais que eu tenha planos diferentes para prosseguir na guerra, digo a ela que tentarei voltar ao porão, mas omito a parte de cometer suicídio para tranquiliza-la, muito embora eu saiba que a primeira coisa que eles fariam se algum deles fosse apanhado, seria dar cabo a própria existência. Mas Gale aparece com outra questão pertinente:

— E se Snow o pegar novamente?

— É um risco que terei de correr – digo – Assim como todos vocês.

Olho para Gale. Ele mantém o olhar desconfiado sobre mim, talvez esteja incomodado com o fato de Katniss estar preocupada comigo, e eu o entendo. Katniss não é o tipo que pensa antes de agir. Se o que Gale disse sobre ela estar de alguma forma apaixonada por mim for verdade, tenho uma leve palpitação de que ela seria capaz de me prender no porão apenas para ter certeza de que estarei vivo quando a guerra acabar. Mas eu não sei se posso acreditar piamente nisso, porque muito embora ela tenha parado de me provocar e até mesmo tenhamos nos beijado há alguns dias, as memórias da encenação de romance ainda estão muito vívidas em minha cabeça. 

De repente, Gale retira do bolso interno de sua farda, um pequeno tablete do que eu julgo ser uma das pílulas cadeado, a morte em cápsula. Eu mantenho a pílula em minha mão nem aceitando nem recusando. Katniss olha de esgueira para Gale. Cressida e Pollux também se juntam aos olhares apreensivos.

— Pegue isso aí, Peeta – Katniss irrompe de repente. Ela se aproxima de mim e fecha meus dedos em torno da capsula – Não vai ter ninguém para te ajudar lá fora.

Depois disso, guardo a pílula em um bolso onde sei que ela estará protegida. Impressionante como mesmo tendo apenas alguns centímetros, pese uma tonelada.  A noite passa de forma pesarosa. Katniss acorda várias vezes gritando. Nomes surgem da boca dela. Nomes pouco reconhecíveis para os outros, mas que para mim fazem algum sentido: Glimmer. Marvel. Clove. Thresh. Cato. Rue.

         Gale que se amontoou em um canto do porão, mantem-se da mesma forma de sempre: em vigília. Da mesma forma Pollux passa a madrugada observando as janelas. A única que parece dormir um sono quase próximo ao normal é Cressida.

         Quando amanhece, Tigris dá um jeito de nos camuflar. Ela coloca uma espécie de, sobretudo em mim e combina com um chapéu esquisito. Poucas horas depois, damos inicio ao plano de fuga do porão. O grupo decide se separar. Cressida com Pollux, Gale com Katniss e eu sozinho.

  - Cuidem-se – diz Cressida, e os dois desaparecem.

 Após a partida deles, Katniss dirige-se a mim e destranca minhas algemas. A sensação de liberdade é um tanto assustadora, porque pela primeira vez em semanas, minhas mãos estão totalmente livres. Relembro os motivos que levaram com que eu tivesse de usar algemas. Quase matei Katniss estrangulada da ultima vez. Isso é uma coisa que não tenho como negar. Olho para ela e vejo seus olhos marejados. Seu rosto exibe uma expressão que não consigo interpretar.

 - Escute – ela diz – Não faça nenhuma besteira.

 - Não. Eu só usarei a pílula em ultimo caso – digo. Então ela me abraça de repente. Ter seu corpo tão próximo a mim, libera uma sensação estranha. É a primeira vez que temos uma interação assim depois que cheguei ao grupo. O calor de seus braços, o cheiro doce de sua pele, tudo se mistura em minha mente de uma forma positiva e é como se eu de alguma forma, tivesse acesso a uma lembrança feliz. Então, cansado de resisti-la, eu retribuo o abraço.  Quando nos soltamos, olho diretamente para seus olhos dilatados pela escuridão do cômodo. Sorrio de maneira simples e ela toca meu rosto com a mão esquerda. Gostaria de poder saber o que há por trás dos atos dela em relação a mim. Mas não tenho tempo para isso, porque no minuto seguinte eu a vejo partir com Gale deixando sozinho no porão frio e escuro da loja de Tigris.

Agora as coisas mudaram. Daqui pra frente serei o único responsável por minha vida e se tudo der certo, pela minha morte também. Tigris que está parada na ponta da escada olha para mim com uma expressão desconcertada. Talvez ela pense que eu poderia atacá-la em um momento de descontrole, mas eu não faria isso, ou faria?

 A questão entretanto, não se trata se sou ou não capaz de ataca-la , mas sim se sou capaz de retornar sozinho ao centro da cidade que me causou tanto mau nos último dois anos. Tigris que ainda me olha desconfiada do alto da escada parede estar a espera de minha saída para poder se trancar dentro de casa. Então, decido me retirar antes que anoiteça.

— Obrigada por tudo – digo a Tigris quando passo por ela que não diz nada, mas quando giro a maçaneta da porta de saída, a voz grave da mulher me lança uma ultima fala.

— Espero que você tenha um plano, garoto.

Plano? Eu não tenho um plano. Pelo menos não um plano detalhado. Minha única pretensão é chegar ao círculo da cidade para distrair alguns pacificadores. Com sorte morrerei antes que um deles me capture.  Acho que Tigris percebe minhas intenções quando reinicia:

— Foi o que imaginei – ela diz enquanto vem na minha direção – Escute, existe uma saída há uns cinquenta metros depois do fim do corredor. O caminho vai te levar a um beco que geralmente está vazio. Tente caminhar por ele até o fim e chegará à avenida principal, onde certamente centenas de pessoas estarão aglomeradas. – Tigris olha diretamente em meus olhos – Você é esperto, Mellark. Tenho certeza que vai conseguir.

Antes de sair dou um ultimo olhar a Tigris tentando agradecê-la por confiar em mim, depois disso me lanço no caminho dito outrora. O corredor estreito que sai da loja é escuro e claustrofóbico. A sensação de pânico e sufocamento só aumenta quando lentamente a luz da rua vai ficando cada vez mais rara. Não gosto de escuridão. A coisa toda de lugares escuros me faz lembrar de ocasiões onde na Capital, coisas estranhas aconteciam a mim quando a luz ia embora. Ainda consigo sentir a dor do telesequestro bem como o medo vívido e amargo em minha mente.  Imagens remotas e borradas de quando eu era quase um bicho enfurecido penetram meus pensamentos, entretanto, consigo de alguma forma me manter firme diante do colapso iminente. Talvez a convivência que tive com Katniss nesses últimos dias tenham servido para me deixar um pouco mais resistente quanto a isso.

Caminho pela viela escura conforme Tigris me orientou e encontro no fim do corredor, uma pequena passagem que dá acesso à uma rua isolada de um dos quarteirões nobres da Capital. Olho através do buraco estreito que é a passagem e avisto centenas de pessoas caminhando em direção ao norte. Pessoas carregando todo o tipo de coisa, desde malas até pequenos objetos eletrônicos. Mas, a maioria delas carregam em seus colos crianças amedrontadas e aflitas que choram sem parar.  Capto de relance, uma mulher que carrega uma garotinha vestida com um casaco amarelo limão. Seus pequenos olhos azuis olham para todos os lados e em algum momento encontram os meus. Ela e a mulher que suponho ser sua mãe caminham na direção do fluxo de pessoas e quando uma  voz explode por cima dos prédios, tenho a certeza de que ela e as demais pessoas estão indo para a mansão do presidente Snow, onde há a promessa de comida, roupas e remédios para uma população decadente que se arrasta para andar em meio a neve densa. Aqui, agora sob o sol forte do meio dia, castigados pelo frio, famintos e doentes, os nativos da Capital não se parecem em nada com os belos expectadores do auditório de Caesar Flickermann. Oh não, não estão parecidos com o padrão da Capital, estão mais semelhantes aos pobres do distrito 12.  

Quando a multidão abre espaço, me lanço pelo buraco da passagem e me escondo entre duas pilastras no meio da rua. Consigo ser visto por algumas pessoas, mas não por pacificadores. Caminho lentamente na direção norte. No momento, meu maior plano é causar uma grande confusão para que Katniss tenha sua tão esperada chance de matar Snow, para tanto, preciso não ser reconhecido até chegar bem perto dos portões principais. Essa sera uma tarefa muito difícil porque por onde quer que eu olhe, há pacificadores apostos como rifles e fuzis apontados para a multidão. Afundo o capuz do casaco de Tigris e me infiltro ainda mais no meio da multidão.

Longos minutos de caminhada se seguem. Passos lentos e pausados. Encontroes com pessoas desesperadas e vozes por todos os lados. A medida que me aproximo dos portões principais, a euforia aumenta. A partir de agora, terei poucos segundos para causar confusão e desaparecer. Olho para todos os lados em busca de algum sinal de Katniss ou Gale, mas não os encontro, pelo contrário, avisto na sequencia uma pequena confusão já se formando onde um aglomerado de pessoas estão fazendo o caminho reverso tentando voltar para as ruas isoladas. Quando estou a poucos metros da barricada principal, ouço os disparos das armas de fogo.

Tiros por todos os lados. Acertando pessoas em cheio. O primeiro reflexo me faz tentar me proteger, mas nada impede que uma bala passe entre meu pescoço e meu ombro esquerdo. Sangue vermelho e quente mancha minha pele e eu desabo, mas não sou eu quem está sangrando. Olho para o lado e vejo  um homem corpulento sendo usado como escudo humano por um pequeno grupo de pessoas.  Os tiros jorram por todos os lados dizimando qualquer vida que atravesse seu caminho. Pelo canto do olho, encontro em meio da balburdia gritando por alguém já morto, uma garotinha muito pequena e, no momento que a reconheço, uma chuva de balas mancha de vermelho seu casaquinho amarelo limão.

A visão da garotinha morta trás a tona todo o horror que a guerra causa. Até agora, eu não havia contabilizado com clareza todas as perdas. Somente com a visão da menina do casaco amarelo limão é que consigo ver o quanto tudo está ruindo. A guerra é mais voraz do que qualquer jogo.

Terror. Isso é tudo o que se segue. É liquido e certo que os rebeldes invadiram a Capital nesse exato momento, e como tentativa de controle, os pacificadores revidaram com tiros.  Esse é um sinal claro para agir, para colocar meu plano em prática antes que mais pessoas inocentes morram.

Estou correndo agora na direção dos portões ignorando as dificuldades da perna mecânica, desviando com alguma sorte das balas que quase me atingem. Quando chego próximo à entrada do que seria a mansão do presidente, vejo uma cena que me choca ainda mais. Que mostra o quão desesperados os moradores da Capital estão a ponto de passarem aos montes as crianças por cima das grades do portão. De alguma forma, tenho em minha mente a visão do doze em chamas, onde pais desesperados tentavam a todo custo manter seus filhos vivos.

Choro. Centenas de crianças gritando e esperneando ao serem arrancadas de seus pais pelos pacificadores.  Certamente a intenção seria livrá-las do confronto. De algum lugar, um aerobarco da Capital surge deslizando pelo céu e no momento em que passa pela poça de crianças, pequenos objetos prateados são lançados, e sei exatamente o que é; reconheceria esses pára-quedas em qualquer  lugar e algo me faz crer que as crianças também sabem o que eles representam porque imediatamente centenas de pequenas mãozinhas se erguem no ar esperando com anseio o contato com as dádivas vindas do céu. Mas as coisas desandam quando numa fração de segundos, uma cadeia de explosões se inicia atingindo em cheio a barricada de crianças, e em seguida uma chuva de sangue quente e pegajoso irrompe por cima das pessoas. Quando meus olhos focalizam a enorme massa de corpos a frente, tenho a dimensão mais completa do que houve.

Diminutos pedacinhos de carne humana queimam entre poças de sangue ao passo que algumas dezenas de crianças “inteiras” gritam em suplicas agonizantes por alguma ajuda que não vem.  Corro para socorrer um menino ensanguentado que fora arremessado com o choque da explosão. A visão do corpo massacrado do garoto é apenas um detalhe. Seus dois braços foram arrancadas do eixo, da mesma forma que as pernas agora são apenas tocos de carne queimada.

— Você vai ficar bem – digo ao garoto tentando passar uma tranquilidade que sei que ele não tem, mas me sinto mal por mentir a ele, porque nesse estado, é certo que não sobreviverá. No meio de um rostinho sujo de sangue e tomado pela dor, encontro um par de olhos muito verdes, brilhantes e vívidos e por um segundo, é como se eu pudesse viver a vida através daqueles olhinhos. – Você vai ficar bem. Eu prometo.

Nos momentos finais, agarro o menino com toda minha força e seguro sua mão enquanto ele atravessa a linha tenue que separa a vida da morte e quando seus dedinhos se tornam rígidos de frios, olho para seus olhos verdes e os encontro vazios. Inertes. Sem vida.

Deito o garoto cuidadosamente na calçada e me lanço para frente. Ao que parece, a Capital explodiu suas crianças como a mais tenebrosa medida de defesa. Liquidou os mais frágeis como sempre faz. Esta não é uma tática nova. É uma tática de guerra. Quando não se pode salvar ninguém, se sacrifica todo mundo. Katniss e eu usamos essa mesma lógica na primeira arena. Com as amoras.  Mas, quando finalmente aceito que a Capital chegou ao ápice da maldade, vejo irromper de todos os lados, pacificadores correndo na direção das crianças feridas. Posso ver o desespero em seus rostos quando retiram os capacetes. Poderia garantir que eles não sabiam das explosões e isso acende uma possibilidade remota quase impensável de que talvez não tenha sido a Capital a responsável por tamanha barbárie. Mas, se não foi Snow o mandante, quem terá sido?

Essa é uma questão que não consigo responder nesse momento. Corro ao auxílio de outras crianças, mas sou impedido por um homem alto vestido com um uniforme de médico. Imagino que sejam da própria Capital, mas não são. Eles vem do 13. Reconheço no homem o mesmo uniforme que doutor Aurélius, meu médico de cabeça, usava.

— Fique aqui, rapaz. – o homem diz rapidamente – Tente afastar as pessoas. – em seguida, o homem sai correndo na direção dos feridos. São dezenas de médicos e reconheço todos eles. Todos estiveram comigo no treze, exceto um.

— Everdeen! – uma médica  grita e imediatamente uma garota loura aparece. O rosto pálido, os olhos azuis, a fisionomia amigável. Sei quem é. Primrose, irma dela.  Prim sai na direção ordenada pela médica enquanto sinto em meu peito uma sensação muito ruim de que a maior tragédia ainda está para acontecer, e leva apenas alguns minutos para que um casaco vermelho - exatamente o mesmo casaco da loja de Trigris - muito espalhafatoso apareça em meu campo de visão. É certo que Katniss já viu o mesmo que eu. Que sua irmã está no olho do furacão caminhando para a morte. Mas não há tempo para maiores despedidas, porque quando o grito se forma em seus lábios, uma segunda e ainda maior onda de explosões se inicia, varrendo tudo e todos de seu caminho, inclusive eu.

***

As chamas percorrem meu corpo de alto a baixo e se apagam quase imediatamente enquanto a sensação angustiante se instala no mais profundo de meu ser. O único desejo é me livrar de minha pele quente e pegajosa, mas o tecido plástico do casaco gruda em corpo e faz com que a dor seja ainda mais intensa. Estou caído a metros do local da explosão, mas a apenas alguns passos dela, Katniss Everdeen que agora, mais parece uma tocha humana, queimando como brasa. A pele se desfazendo através das chamas que a engolem.

É involuntário quando me forço a ficar de pé, sentindo a sola das botas descolarem meus pés. Todo meu corpo queima. Tudo em mim é agonia e dor, mas eu, de alguma forma não me importo com isso, porque continuo caminhando na direção dela. Katniss Everdeen. Quando chego até ela, faço um único movimento e retiro de uma vez só meu casaco sentindo pedaços de pele sendo arrancados de meus braços e costas, então, como única alternativa, jogo o casaco em cima de Katniss e abafo as chamas. O fogo, entretanto, persiste por alguns minutos, mas finalmente se apaga.

Olho para ela, sua pele avermelhada coberta pelo sangue de inúmeras pessoas e sinto o desespero tomando conta de mim a medida que constato seus olhos vidrados no céu, contemplando nada além de escuridão. Algo em minha mente começa a dizer que ela se foi. Que o fogo venceu. Que Snow venceu. Venceu Prim. Venceu Katniss e agora, vencerá a mim também.

No momento que pressinto ser o fim de tudo, num ato quase impulsivo, agarro a mão de Katniss e a pressiono contra meu coração. Em minha mente, ouço sua voz esganiçada perguntando se posso ficar com ela, então eu respondo:

— Sempre.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
Espero que tenham gostado amores!
Não se esqueçam de enviar a cena que gostariam de ver na fic e que ainda não viram.



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