– Anna, eu preciso dizer que você está melhorando muito nisso.

Minha irmã olha para mim, girando no gelo, os enormes olhos azuis arregalados de surpresa.

– Estou?? Sério?? Eu juro que NUNCA achei que fosse conseguir pegar o jeito... – Ela começa a dar mais voltas pela pista de patinação, cada vez mais animada. – Quer dizer, parece tão fácil quando você faz, mas na verdade...

Ela não termina a frase, pois cai de bunda no chão. Não consigo evitar de gargalhar, mas vou em sua direção para judá-la.

– Ei!! Não ria de mim – Anna está rindo também de sua própria situação.

– Tudo bem, cair faz parte. – seguro suas mãos e a ajudo a levantar-se.

– Enfim, eu preciso ir indo agora. Tenho... umas coisas... para fazer. – ela diz hesitante.

Olho para ela, erguendo uma sobrancelha.

– E que coisas são essas, que parecem tão urgentes?

Anna fica corada.

– Nada... É só uma pessoa, só isso. Ninguém especial, sabe, só...

– ANNA! – a interrompo, empolgada – Você está saindo com um garoto??

Ela fica tão vermelha que não consegue nem me olhar nos olhos.

– Sim... bem, não é nada sério, ainda, só... – Ela começa a rir, nervosa – É alguém que eu conheci, quando estava indo atrás de você, sabe?

Eu a abraço, alegre.

– Fico feliz, Anna. Espero que seja alguém legal!

– Ele é... Um tipo meio rústico, se é que você me entende, mas eu gosto dele. Ele se chama Kristoff. – pela expressão em seu rosto, consigo perceber que, sim, Anna realmente gostava dele. – ENFIM! Preciso ir indo, até depois!

– Até! E Anna, não se esqueça que papai e mamãe vão pedir pizza hoje, não se atrase!

Anna ri, e acena para mim.

– Vou tentar!

Rio, e continuo dando voltas na pista de patinação. Os jantares em família não eram mais um empecilho para mim, e sim algo agradável.

Levo um susto quando sinto mãos envolvendo minha cintura, em um gesto delicado que faz todo meu corpo estremecer.

– Jack! – eu sorrio e o beijo, feliz por vê-lo.

– Olá, minha Rainha! – rimos e nos beijamos, dando voltas pela pista. Jack me conduz em uma série de giros e voltas, e é como se nós estivéssemos dançando. Entrelaçamos nossas mãos, ficando de frente um para o outro.

– Tem algo que eu queria lhe mostrar.

***

Enquanto continuo caminhando, sinto Jack me seguindo cansado, alguns passos atrás. Ele provavelmente não esperava que eu queria leva-lo a um lugar tão longe.

– Ei, Elsa, você por acaso está tentando me levar a algum lugar para me matar? Porque está parecendo.

Eu rio e viro-me para ele, e continuo andando de costas.

– Já estamos chegando, amor! Na verdade, já da para ver daqui...

Estamos em frente a uma grande escadaria, feita completamente de gelo. No final da subida, lá está: o enorme castelo de gelo que eu havia construído, meu novo refúgio, que eu gostaria de compartilhar com ele.

– Você fez isso? – ele pergunta, os olhos arregalados.

– Não gostou?

– Se eu gostei? Elsa, isso é maravilhoso! – ele passa um braço por minha cintura – Quer dizer, eu estou me sentindo um inútil agora, mas...

Rio e o puxo pela mão.

– Vamos logo!

Quando entramos no castelo, sinto Jack prender a respiração ao adentrar no salão amplo e majestoso. Eu o puxo escada acima, e chegamos ao que eu gostaria de chamar como “meus aposentos”.

– Na verdade, acho que poderíamos chamar de “nossos aposentos” – digo, olhando para ele. Sinto-me corar – Sabe, para o Rei e a Rainha...

Jack me beija fervorosamente. Amorosamente. Suas mãos me envolvem, e deixo-me levar pela sensação maravilhosa que é tê-lo por perto. Deitados na cama, olhamo-nos nos olhos.

– Eu não tenho como agradecer a você por existir – digo, com um sentimento que vem do fundo do meu coração.

– Eu amo você, Elsa.

Nós estávamos, finalmente, juntos de verdade. O medo que antes me dominara não existia mais. E Jack havia me mostrado que isso era possível. Ele havia me mostrado que, apesar de, às vezes, parecer impossível, havia sim muita beleza no inverno.

Flocos de neve caíam sobre nós dois, e, naquele momento, aquilo era a coisa mais bela que eu já havia visto.