Quando chegamos à boate, ela parecia estar vazia já que não havia fila do lado de fora e estava bem silenciosa.
— Você tem certeza que é aqui mesmo?
Perguntei para o Lars enquanto olhava em volta pela boate, o lugar estava tão vazio que não parecia ter uma festa ali dentro.
— Sim, esse lugar é ótimo.
Lars falou confiante. Ao entrarmos vi muitas mulheres no salão, todas elas estavam usando pouquíssimas roupas.
— Pera aí, isso aqui é uma boate de stripper?!
— Claro que é, pensou que seria aonde?
Claro que era uma boate de stripper, aonde mais uma despedida de solteiro iria acontecer? Às vezes demoro demais para descobrir as coisas, até mesmo as óbvias... Lars andou por algumas fileiras de mesas até que chegou a uma cabine privada.
Já estavam lá dois homens, olhei um pouco pra eles e vi que eram Buck e Creme Azedo. Assim como Lars eles não haviam envelhecido muito, Buck estava casual usando uma calça jeans marrom e uma blusa de manga preta enquanto Creme Azedo parecia com um DJ, usando calças largas e blusa colorida muito estranha.
— E aê galera, chegamos!
— Cara, vocês demoraram!
— O Steven atrasou um pouco.
— Mentiroso você que demorou séculos para escolher uma blusa!
Como ele ousa falar que eu me atrasei? Eu cheguei no horário na casa dele, ele que ficou se embelezando demais!
— Então... Cadê o Ronaldo? —Perguntei aos garotos, eles fizeram um gesto com a cabeça e o vi parado em um canto com uma venda nos olhos e fones de ouvido.
— Ele tá amarrado porque mesmo?
— O sequestramos quando ele saia da loja do pai dele. — Buck falou.
— Mas ele sabia da despedida...
— É para dar mais emoção cara.
— Entendi...
Ronaldo parecia estar curtindo a música que estava ouvindo, mas também parecia estar muito tenso e ansioso.
— Daqui a pouco vamos tirar a venda dele, eu já combinei a surpresa com o dono daqui. —Creme Azedo falava enquanto se aproximava de Ronaldo. — Não esqueçam, é a noite dele por mais que ele seja estranho temos que respeitar.
Nós três concordamos com a cabeça. Creme azedo se aproximou do Ronaldo e tirou a venda que cobria os olhos dele, ele demorou um pouco para abrir os olho e também para se acostumar com o ambiente onde estava, mas quando ele enfim conseguiu enxergar onde estava gritou muito alto.
— Não acredito que vocês me trouxeram aqui.
— Hoje a noite sua, faça o que quiser.
Creme azedo falou para Ronaldo, que olhava para todos os lados.
— Ele parece uma criança. — Sussurrei para Lars.
— Ele nunca veio numa boate de stripper.
— Eu nem sei o que fazer primeiro.
—Cara, só entra na vibe, solta sua imaginação. — Buck falou para ele.
—Vamos te dar uma ajudinha.
Buck, Creme Azedo e Lars andaram para fora da cabine privada, eu os segui.
— O que vamos fazer?
Perguntei ao Lars, já que cai de paraquedas nessa festa não sabia o que eles estavam planejando.
— Ele vai ter uma surpresinha.
Lars falou, olhei para Buck e Creme azedo, eles acenaram para uma mulher que estava do lado da cabine, ela entrou na cabine onde estava o Ronaldo.
— Bom ele vai ficar entretido ali por alguns minutos então vamos pegar umas bebidas?— Buck falou andando em direção o bar.
— Ei, tive uma ideia.
— Qual?
— Essa também é a primeira vez que nosso pequeno Steven vai a uma boate de stripper então sugiro que a gente dê ao nosso amiguinho uma noite inesquecível.
Lars falou me olhando com uma expressão muito suspeita.
— O que você vai fazer? — Perguntei já ligando meus alarmes de defesa. Ele chegou ao bar, o garçom chegou perto dele e fez um gesto com a cabeça como se dissesse para Lars fazer seu pedido.
— Vamos querer o combo cinco, para o nosso amiguinho aqui.
—Combo cinco? Cara, isso é muito pesado ele vai aguentar? — Creme Azedo perguntou para o Lars, ele estava com uma expressão de preocupação.
— O que é combo cinco?! ­— Perguntei, mas ninguém se importou em me responder.
— Claro que aguenta. Não se esqueça de me agradecer tá bom. ­—Lars estava com um tom de voz convencido
— Te agradecer pelo o que? Eu estou totalmente perdido aqui.
— Relaxa, a gente te ajuda a se achar.
Os três riram de mim e nesse momento eu vi que isso não iria prestar. O cara do bar apareceu no balcão com um balde cheio de gelo com muitas bebidas, vi algumas vodcas dos mais variados tipos, energéticos e cervejas um bem fortes.
— Vocês querem que eu beba tudo isso sozinho? ­— Questionei os três que já estavam rindo, possivelmente imaginando como seria me ver bêbado.
—Tá com medinho Steven? ­— Lars me alfinetou.
— Não.
Eu não estava com medo, mas aquele monte de bebidas era de assustar.
— Ah já sei nunca ficou tão bêbado assim?
—Já bebi sim tá, lembra não que sai com o Cebola depois que voltei?
—Você saiu com meu irmão? — Creme Azedo perguntou.
— Sim, foi logo depois que voltei.
— Cara ele nem me contou.
Creme azedo parecia estar decepcionado. Ouvimos um grito, olhei para trás e vi Ronaldo sair do lugar onde o deixamos com uma cara de assustado.
— O que aconteceu com você?­—Lars perguntou arqueando uma sobrancelha.
— Ela começou a dançar pra mim e eu entrei em pânico.
— O quê?
Ronaldo estava mesmo em pânico.
—Não acredito nisso. —Lars revirou os olhos.

Duas garrafas e meia de vodcas com energético depois o Ronaldo era a sinceridade em pessoa. Ele ficou bêbado bem rápido e claro como todo bêbado que se prese ele estava jorrando lamentações.
— Vou falar um segredo pra vocês, mas vocês tem que prometer que não vão contar a ninguém! E sabe por quê? Porque é um segredo e ninguém pode saber!— Ronaldo estava com a fala embolada e para piorar ele estava tentando sussurrar, coisa que estava muito complicada já que ele estava sendo um tanto escandaloso. Depois que virou o centro das atenções ele continuou— Eu não escrevi meus votos ainda.
Nos três reviramos os olhos, já que era evidente que pensamos ser algo mais importante.
— E eu pensando que seria algo importante...
— Mas é os votos é a parte mais importante do casamento. Todo dia Kiki fala que está escrevendo e reescrevendo algo lindo para mim e eu fico como?
— Feliz? — Perguntei arqueando a sobrancelha.
— Eu fico triste, deprimido...
— É assim mesmo pra quem vai casar.
— É... eu vou casar. — Ele parou um pouco, talvez avaliando o que acabou de dizer- Aí meu Deus, eu vou me casar? Eu vou casar! Não... Não... Não... Eu não posso fazer isso, eu não estou pronto!
— Ih surtou.
— Eu vou ligar pra ela, pedir desculpas e falar que não posso.

—Não.

— Eu vou cancelar esse casamento agora!
Ele pegou o celular do bolso, mas como ele estava um tanto letárgico peguei o celular da mão dele sem maior esforço.
—Não, você não ligar pra ninguém. Seu celular vai ficar comigo.
Peguei o celular dele, e o guardei dentro da minha jaqueta.
— Escuta Ronaldo, é normal você estar ansioso ou até mesmo com medo antes do casamento. Todo mundo já passou por isso. - Lars colocou a mão no ombro do Ronaldo, ele estava mesmo ajudando o Ronaldo, isso que é mudança.
— Eu um dia antes de me casar com a Sadie era a insegurança em pessoa
— Eu sou mais covarde que o Steven. — Ronaldo falou baixo.

­ — Como é que é?! — Franzi as sobrancelhas olhando pra ele.
— Meu irmão roubou sua namorada e você não faz nada!
— Claro que fa...
— O Steven não é covarde, ele só tá meio triste
— Triste? Triste ele devia ter ficado quando descobriu e no mesmo momento levantado para ir à luta.
— Ele é só uma criança.
É tão legal como eles conversam sobre mim como se eu não estivesse aqui, sendo que eu estou aqui olhando para a cara deles!
— Um super- herói que tem medo de se declarar pra garota que ama.

—Ei!—- Gritei me levantando do banco, para fazer com que eles olhassem para mim. — Eu estou aqui tá bom? Eu não sou covarde e não estou com medo de falar com ninguém, é só que eu falei umas coisas e me arrependi....
— O que você falou?
— Nada. ­— ­Me sentei de volta, não valia a pena contar para eles.
— Eu não sei como eu vou casar!
— Isso é um mistério pra todo mundo. — Sussurrei enquanto tomava um pouco de vodca, Lars me ouviu e me deu uma cotovelada, não se pode mais ser sincero nesse mundo.
— Olha só pra mim, eu sou gordo, uso óculos, tenho um cabelo feio, sou um perfeito Nerd!
— Ah cara, você não pode ser tão ruim assim, a Kiki vai casar com você. ­ — Buck falou.
— Ela não pode estar raciocinando bem! Ela é tão linda e eu um ogro.
— Já sei onde isso vai dar... — Lars falou
— Deixa o cara extravasar.
— Isso aê, deixa o cara liberar toda essa energia negativa que tem aí.
— O que vai acontecer?
— Tenho que confessar uma coisa pra vocês.
— Mais do que você já confessou?
Nas últimas duas horas Ronaldo tinha confessado a cor da cueca dele, o seu medo idiota por baratas, o quanto ele odiava aranhas e como ele adorava lavar roupa.
— Quando eu fui pedir ela em casamento, eu já estava preparado para fugir da cidade caso ela falasse não... Ah não! Porque ela vai casar comigo?! Oh meu Deus, a gente cobra deve ter mexido com o cérebro dela, ou, então a substituíram por uma android que quer me eliminar porque eu sei demais.
E aí esta o bom e velho Ronaldo de sempre, ele estava com os esbugalhados e uma respiração ofegante.
— Não! Não ouse começar com suas bizarrices agora! ­—Lars advertiu se levantando tentando tirar o copo da mão dele.
— Oh não, vocês só podem ser gente cobra também, eu tenho que correr, eu tenho que me esconder.
Ele estava apavorado, olhava para nós como se fossemos mata-lo. Ele levantou e correu para longe de nos.
— Estava demorando pra ele aparecer. —Lars revirou os olhos.

— O que tá acontecendo aqui?
Olhei para o lado e vi Pedee parado do lado de Buck olhando Ronaldo correndo.
— Até que enfim hein cara.
— Só vim porque meu pai me obrigou.
Ele chegou atrasado à despedida de solteiro do próprio irmão, ele devia se envergonhar.
— Vocês o deixaram beber? — Pedee revirou os olhos e bufou — Agora ele vai ficar surtando.
Corremos atrás do Ronaldo, Pedee o alcançou e pareceu o acalmar, o trouxe de novo para perto da gente.

— Bom, como vocês o fizeram ficar assim, agora ele é problema de vocês. — Pedee falou arrumando a roupa que Ronaldo havia amassado.

— Você vai aonde? ­­ — Buck questionou.

­— Eu vou curtir minha noite, você achou que eu ia passar a minha noite com um monte de gente velha?

Pedee gargalhou e foi para longe de nós, ele era realmente um idiota.

­— Você tem razão por achar ele um idiota, quando for quebrar a cara dele me chama que eu te ajudo. ­ — Buck falou colocando a mão no meu ombro.

Voltamos para nossa cabine e claro também voltamos a beber. Ronaldo que agora parecia mais tranquilo estava sentado em uma cadeira no canto da cabine, ele agora se divertia de verdade já que eu e os caras fazíamos palhaçadas para ele rir.
Um pouco mais tarde, eu estava em um estado duvidoso de sanidade.
— Vira, vira, vira!
Eu estava de cabeça pra baixo, com Buck e Creme azedo segurando minhas pernas enquanto Lars derramava uma vodca em um funil que descia em um canudo até a minha boca. Depois que bebi tudo, joguei as pernas para frente em uma tentativa frustrada de ficar de pé com uma manobra, mas eu acabei caindo no chão.
Os três ficaram em silêncio.
— Steven?...Você tá bem? - Creme azedo perguntou.
— Eu bebi tudo, agora desafio o Lars a fazer o mesmo.
Buck e Creme Azedo gritaram levantando o copo.

— Faço melhor que você manezão.
Lars também ficou de cabeça para baixo tentando virar toda a bebida de vez, assim que acabou a bebida, ele abaixou as pernas e ficou perfeitamente de pé confesso que senti inveja por ele ser um bêbado que tem coordenação motora e eu não. Depois de seu desempenho ele se sentou do meu lado.
— Cara, você tem que me ajudar com uma coisa. —Falei para o Lars me apoiando nele.
— Olha só, não vou dar banho em ninguém, bebeu por que quis. - Ele me empurrou tentando me afastar dele.
— Não quero você tocando em mim e nem me dando banho!
— Então o que é? ­ ­— Ele perguntou me olhando com uma expressão estranha.

Respirei fundo e olhei para ele.
— Quero que você me arrume um violão e me leve para a casa da Connie.