Retirando-se da competição escrita por Lou


Capítulo 2
Capítulo 1 - Eu preferia ir para Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Oi, peeps! Emy aqui. Bem, eu gostaria de dizer que, apesar desse capítulo ter sido relativamente pequeno, eu me diverti MUITO o escrevendo - aliás, eu o escrevi em tempo recorde, socorro. Mas enfim, espero que gostem dele - e dessa fic - tanto quanto eu estou nesse momento



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Eu, particularmente, não sou a maior fã de internatos. Sempre achei que eles eram uma desculpa para pais pretensiosos e podres de ricos que queriam se livrar de seus filhos e, ao mesmo tempo, passar uma boa impressão. Não, eles não estavam pensando em sua educação e todo o blá-blá-blá que vem escrito no panfleto da escola.

Para pais pobres... bem, a desculpa era quase a mesma.

Infelizmente, o único colégio interno que me interessava era Hogwarts, então eu não queria estar aqui. Ainda assim, fui obrigada a prestar a prova para bolsistas e fui obrigada a vir por duas pessoas que eu amava na mesma proporção que me irritavam: Charlotte e mamãe. Charlotte é minha melhor amiga, logo 1) ela se recusava a vir sem mim e 2) ela se recusava a não vir. Mamãe deu diversos motivos – sim, aqueles que estavam escritos no panfleto, isso mesmo – mas eu sabia que o real motivo tinha nome e sobrenome. Jane Bennet. Minha irmã mais velha.

Eu amava Jane e sentia sua falta de um jeito absurdo, mas era realmente difícil fazer as coisas do meu jeito tendo uma irmã completamente perfeita que servia de exemplo para mim e para as Pirralhas Super Poderosas, – vulgo minhas irmãs mais novas – Mary, Katherine e Lydia. E não, eu não estou sendo ingrata. A Escola Meryton é ótima e será uma grande ajuda para que eu consiga entrar em Oxford (amém), mas é só que... as pessoas. Não me dou bem com elas como me dou bem com livros e pianos. Não que eu seja uma doida antissocial, mas quando seus colegas de classe e de dormitório parecem ser uma espécie de realeza do século 21, não é muito fácil se sentir confortável em seu “novo lar”.

De qualquer forma, sempre que eu me sentia deprimida ou entediada – o que, na verdade, acontecia bastante –, ainda havia o Café Hudson. Aquele provavelmente era o único lugar no campus que vendia algo por menos de 10 euros e, apesar de não ter mais do que dois metros quadrados, era confortável o suficiente para que eu pudesse ler Tolstói sem ser importunada e ainda sustentava meu vício em cafeína. Eu o amava.

– LIZZIE! – um gritinho agudo me arrancou das páginas de Anna Karenina e eu ergui os olhos para uma face corada e cabeleira loira.

O que eu disse sobre não ser importunada: esqueça.

– Olá, estranha – eu sorri, colocando o marca-páginas dentro do livro antes de fechá-lo. Charlotte estava me encarando com aquela expressão louca que ela geralmente tinha quando ia me pedir alguma coisa: os olhos castanhos assustadoramente abertos enquanto ela mordia o lábio inferior para esconder um sorriso sapeca. Suspirei. – Fala logo o que você quer.

– Vem comigo para o jogo de lacrosse hoje à noite. – ao me ver revirar os olhos, Charlotte apertou minhas mãos, insistente – Por favor, Lizzie! O Badminton Institute vai jogar contra o nosso time, todo mundo está tão animado!

Ela abriu a jaqueta, mostrando sua blusa azul e dourada escrito “VAI EAGLES!” com a cabeça de uma águia embaixo. As cores e o mascote da escola.

Diferente de mim, Charlotte adorava tudo aquilo – e quem podia culpá-la? Eu era a estranha da relação, tudo bem, e só quem pode me julgar é Deus – e todos a adoravam. Ela era sociável, amigável, tinha um sorriso contagiante e, com certeza, espírito esportivo.

Já mencionei que também não sou muito fã de esportes?

– Eu não sei – murmurei, mais para mim mesma do que para ela – Quer dizer, eu...

– Você não vai fazer nada de interessante hoje e nós duas sabemos isso – ela disse. Fiquei quase ofendida. – Lizzie...

– Lottie... – tentei apelar para o lado sentimental, mas sem sucesso.

– Quer saber? Você vai vir, goste ou não, e vamos acabar com nossas gargantas todas as vezes que Chuck Bingley marcar um gol. – e terminou a frase com um suspiro abobalhado.

Amigas apaixonadas não são a coisa mais eca do mundo? Sei que isso faz com que eu pareça como uma versão feminina do Homem de Lata sem coração, mas não é bem assim. Só não gostaria que Charlotte acabasse se iludindo por alguém como Charles Bingley: lindo e charmoso e que não me dá motivos para confiar nele.

Sem contar que eles se falaram apenas uma vez.

É. Uma vez.

– Já que eu não tenho escolha... – resmunguei, e Charlotte bateu palminhas, vitoriosa. Ela se levantou e estalou um beijo na minha testa.

– Esteja pronta! Passo no seu quarto às seis!

Será que ela havia mesmo se esquecido que éramos colegas de quarto?

...

Eu não havia ido a nenhum evento esportivo desde um jogo do Manchester United que meu pai me levara quando eu tinha 10 anos – que foi um dia especial, até, porque foi quando decidi que definitivamente eu não servia para aquelas coisas. Não sabia como deveria me vestir para um jogo de lacrosse, então optei por uma calça jeans escura e um suéter vermelho.

Charlotte me fez trocar de roupa. Aparentemente, vermelho e preto eram as cores de Badminton Institute.

Frustrada mesmo antes que o jogo começasse, decidi me vestir completamente de preto – o que deveria me dar um visual de bad girl, com meus cabelos castanhos soltos e olhos igualmente escuros, mas só fez com que eu me sentisse um corvo gigante. Felizmente, eu não me importava com minha aparência. Só estava pensando que horas a partida iria terminar, ou se iria haver comida.

Tentei me acomodar no banco da arquibancada. Mesmo na noite fria, aquele bando de adolescentes parecia estar em chamas. O que havia de tão interessante em lacrosse? Ou será que era só rivalidade entre as escolas?

– Vou comprar pipoca – gritei para que Charlotte conseguisse me ouvir por cima de todo aquele alvoroço – Pode me dar minha bolsa, por favor?

Ela praticamente a atirou na minha cara.

Me esgueirei por entre aquela multidão até o carrinho de pipoca. Enquanto esperava, senti meu nariz e minhas orelhas ficarem gelados, e notei que minha respiração havia virado fumaça.

Uma xícara de chá e os filmes do Colin Firth pareciam ser um jeito bem melhor de passar a noite do que aquele gramado lotado e frio.

Como se tudo isso não bastasse, alguém fez o favor de esbarrar em mim quando tentei voltar para o banco. Mordi a língua para conter um palavrão, irritada – parte pelo tombo, parte pela pipoca que deixei cair – demais para até mesmo mandá-lo olhar por onde andava. Mas não importava, porque assim, que ergui o rosto para encarar o garoto, perdi a fala completamente.

Alto, olhos azuis incríveis, cabelos louro-escuros e um maxilar divino. Que garota em sã consciência não ficaria com as pernas bambas?

– Me desculpa por isso. – ele deu um sorriso torto. Ah, meu Deus. Ah. Meu. Deus.

– Hã, imagina... que nada... – eu ri feito um idiota.

Recomponha-se, Elizabeth Bennet. Seja forte.

– Presumo que você ainda vá assistir o jogo apesar de eu ter te acertado? – ele arqueou as sobrancelhas e eu assenti com a cabeça, corada. Ele estava usando o uniforme do time, do nosso time, pelo menos. – Maravilha. Sou George Wickham.

– Prazer. – apertei a mão que ele me estendeu, orgulhosa de mim mesma por ainda saber falar.

Droga. Eu nunca mais poderia falar mal da Charlotte.

– Gostaria de saber o nome dessa garota linda. – George mordeu o lábio, me analisando dos pés à cabeça. De repente, desejei ter vindo mais bonita.

– Lizzie. – respondi simplesmente. Eu não era importante o suficiente para que um jogador de lacrosse lindo precisasse saber o meu nome completo.

– Te vejo depois então, Lizzie. – disse ele e eu concordei prontamente, sem pensar duas vezes.

De volta à arquibancada, eu não conseguia parar de sorrir. Lottie me olhou desconfiada, mas antes que pudesse perguntar, esqueceu completamente da minha existência assim que os tambores rufaram e a banda da escola começou a tocar, anunciando a entrada do time.

E lá estava ele. Wickham acenou para mim, do meio do campo, e eu respondi com o mais discreto dos acenos, completamente corada. Uma euforia ainda maior surgiu com a entrada de Chuck Bingley no campo, tive medo que Charlotte fosse enfartar ali mesmo. E então, os gritos aumentaram, e a garota que estava na minha frente deu um pulo e um berro que quase me mataram de susto.

Pelo lacinho em seu cabelo, eu a reconheci. Era a megera e rainha de Meryton, Caroline Bingley.

E todos os seus gritos eram para o último jogador a entrar em campo. O capitão.

Capitão, arrogante e insuportável William Darcy.


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Notas finais do capítulo

Wickham como Daniel Sharman, e Caroline Bingley como Barbara Palvin.



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