Uma semana tinha se passado e minha mãe ainda não tinha acordado. Meu pai estava melhorando fisicamente, mas seu emocional cada vez pior, toda noite pego-o chorando em silencio. Eu estava um lixo, olheiras profundas, mais profundas que o aceitável. Mesmo tentando dormir toda noite sempre acordo de madrugada com uma sensação ruim e depois não consigo voltar a dormir.

Brandon, ainda que não admitindo, estava sendo afetado também. Mesmo eu dizendo que estava bem e que ele podia descansar na casa de meus pais ele não foi. Ficou comigo ali toda essa semana. Mais sabia que logo ele deveria voltar para França. O trabalho dele começará em uma semana.

Íamos para somente para tomar banho e trocar de roupas. Confesso que estou odiando toda essa rotina, principalmente colocando ele no meio disso tudo, mas não deixaria meus pais sozinhos nunca.

Falando no meu pai, Brandon estava se dando muito bem com ele. Os dois conversavam direto. As vezes sobre esporte, outras vezes sobre politica e todos esses assuntos de homens. Sempre que os dois conversavam eu olhava para Brandon agradecendo, pois percebi que ele além de querer realmente se dar bem com meu pai, ajudava-o a se distrair. Eu também tentava, falando sobre quando eu era pequena e das vezes que eu aprontava. Esses eram os únicos momentos que via meu pai sem o olhar triste.

Fui a lanchonete do hospital comer algo, estava desde o almoço sem nada no estomago. Pedi um croissant com café. Sentei na mesa e passei a mão pelos cabelos. Quero tanto que minha mãe acorde logo. Estava sentindo tanto sua falta. Acho que fiquei perdida em pensamentos por um bom tempo. Pois não vi a moça colocar meu pedido na mesa, nem Brandon chegar e se sentar ao meu lado.

–Você está péssima.- Diz ele. Tão sutíl.

–Obrigada. Agora diga algo que não sei?- Digo com mal humor.

–Acho que você deveria descansar um pouco. Eu fico com eles. -Ele diz segurando minha mão, agora ele voltou para o lado fofo? Esse homem é tão confuso.

–Você sabe que não consigo dormir. Melhor eu comer e ficar com meu pai.-

–Você precisa dormir. - Ele diz frisando bem o dormir. Suspiro cansada disso.

–Eu sei! Mas não consigo! Não dá! Toda vez que durmo tenho essa sensação ruim. Não dá! -Explodi. Vi algumas pessoas nos olhando com uma cara estranha, mas não estava nem ai.

Ele me olhou com a cara de pena, odeio que me olhem com pena.

–Então o que acha de fazermos assim: Você deita um pouco, nem que seja lá na cadeira do quarto mesmo e eu vigio seu pai e sua mãe até você acordar. O que acha? -

Não tinha outra opção mesmo, confirmei e terminei meu lanche. Fomos para o quarto e fiz o que ele pediu. Eu estava realmente cansada, peguei no sono rápido.

Dessa vez não sonhei com minha mãe ou tive uma sensação estranha. Sonhei que eu estava vestida de noiva, me olhando de frente ao espelho e minha mãe chorava emocionada ao meu lado. Fiquei confusa, pois não sabia porque estava vestida daquele jeito. Minha mãe terminou de me ajeitar e me levou em direção à uma porta enorme. Vi meu pai chegar perto de mim e me estender o braço. Não sei como, mas comecei a ficar nervosa e minhas mão começaram a tremer. Meu pai iria dizer algo, porém as enormes portas foram abertas e me vi caminhando entre bancos e várias pessoas me olhavam com admiração e todos sorrindo. Ainda estava me perguntando disso tudo quando o vi. Ele estava perfeito. Usava um terno preto que caia perfeitamente bem nele, seus lindos olhos castanhos estavam com um brilho de felicidade que contagiava todos ali e o seu sorriso.... Ah! O seu sorriso era a coisa mais linda que tinha visto. Nunca o vi sorrindo assim e foi impossível não sorrir de volta. Meu pai parou na sua frente e beijou minha mão, acenou para Brandon e logo o mesmo segurou minha mão e me ajudou a subir no altar. Ficamos a cerimônia trocando olhares e sorrisos. Estava tudo perfeito. Na hora dos votos Brandon estava se preparando para dizer os seus quando ouvi uma voz me chamando e tudo ficando embaçado. Acordei assustada com aquele par de olhos que estavam em meus sonhos a pouco. Ele me olhava com um misto de culpa e curiosidade.

–Desculpe Cel, não queria te acordar, mas é muito importante.- Diz ele.

–Não, tudo bem. Dormi bem. - Muito bem por sinal. - O que aconteceu? -Digo com a voz ainda rouca. -Acho melhor você ver isso.- Dizendo isso ele move a cabeça para uma direção e sigo seu movimento. Meu Deus! Era minha mãe! Minha mãe conversando com o médico! Minha mãe estava acordada! Dei um pulo da cadeira e corri a pouca distância que nos separava. Nem deu tempo dela ver o que a abraçou. Só percebi que a agarrava com força e chorava copiosamente em seus braços. Minha mãe também chorava, mas não disse nada. Depois que me acalmei um pouco consegui falar algo.

–Oh mamãe! Fiquei com tanto medo de te perder. Fiquei com tanto medo. -Digo chorando menos agora.

–Não precisa ficar mais assim, meu amor. Estou acordada agora e muito feliz por você estar aqui. Mesmo nessa situação.- Disse com a voz fraca, mas mesmo assim doce do jeito que sempre foi.

Ficamos abraçadas por um bom tempo. Mas um barulho de "bip" acelerados nos chamou a atenção. Papai estava sentado na cama com os olhos arregalados e a respiração curta. Ele veio em nissa direção e eu saí de perto dela para os dois se abraçarem.

A reação de papai foi a mesma que a minha. Ele chorou bastante, mas era choro de felicidade. Os dois se encararam e trocaram beijos apaixonados por um bom tempo.

Fiquei emocionada ao ver a cena e meu sorriso não poderia ser maior. Vi Brandon olhando a cena de longe com um olhar que não consegui decifrar, mas estava com um sorriso sincero no rosto. Fui em sua direção e o abracei. Ele se assustou com o abraço inesperado, mas quase imediatamente me correspondeu e ficamos ali abraçados olhando meus pais.

Finalmente estava tudo voltando ao normal. Tudo estava perfeitamente normal e eu não poderia estar mais feliz.