Rukia levantou da cama e pegou os dois pratos, que estavam em cima da mesma. Saiu do quarto e desceu as escadas devagar, dirigindo-se para a cozinha em seguida. Já era tarde e todos estavam dormindo, por isso jantaram no quarto de Ichigo. Colocou os pratos sobre a pia e virou as costas para voltar para o segundo andar. Amanhã os lavaria.

Quando chegou na escada, ouviu um barulho de pessoas falando e ficou curiosa para saber de onde vinha o som. Então foi para a sala e viu que a TV estava ligada. Rukia, primeiro, olhou para o sofá para ver quem estava assistindo. Era Karin, que nada mais parecia assistir, pois já estava dormindo profundamente.

A pequena sentou em um dos braços do sofá e resolveu prestar atenção no debate da TV.

– E então, Nakani, o que pretende fazer no Carnaval? – Um homem de cabelos castanhos, que vestia roupas formais indagou.
– Ora, Kaito, esse ano me transformarei em uma linda borboleta – Ambos riram.

Rukia não era burra. Algo tinha naquilo. Um humano não poderia se transformar numa borboleta só por causa de uma coisa chamada Carnaval, não é? Carnaval era o que afinal? Uma espécie de lugar mágico, que transformava as pessoas no que elas quisessem por um curto período de tempo?

Perguntaria isso ao Ichigo. Com certeza.

Sem mais prestar atenção no casal que conversava, levantou e desligou o aparelho. Virou-se para o sofá mais uma vez e ajoelhou-se de frente para ele.

– Karin... – A pequena a balançou um pouco, fazendo-a abrir os olhos levemente.
– Rukia? – Murmurou ela, tentando entender o que fazia no sofá.
– Vamos para a cama. Já é tarde.

E então Karin se lembrou o que estava fazendo no sofá. Ela estava vendo o jogo do seu time quando tudo ficou escuro de repente.

– Quem ganhou o jogo? – Odiava de dormir enquanto assistia algo importante.
– Seu time ganhou – Rukia sorriu ao ver o brilho nos olhos da menor. – Vamos subir.

Karin levantou e seguiu Rukia até o segundo andar, onde separaram-se. A baixinha abriu a porta do quarto de Ichigo devagar, temendo que ele já estivesse dormindo, e então entrou. Ele estava apenas de short, esparramado pela cama, com os fones no ouvido.
Preferiu não incomodá-lo. Caminhou, silenciosamente, até o armário e abriu a porta devagar.

– Você demorou – o ruivo murmurou, ainda de olhos fechados.
– Que susto. Pensei que já estivesse dormindo – voltou a fechar a porta do armário e foi sentar na cama dele.
– Não, quis esperar você voltar. O que estava fazendo lá em baixo?

Rukia não respondeu de imediado, pois primeiro o observou tirar os fones do ouvido e sentar diante a ela.

– A TV da sala estava ligada e Karin dormia no sofá. Por isso demorei – a pequena mordeu os lábios , tentando se segurar, mas não conseguiu. - Ichigo, o que é Carnaval?

O ruivo arqueou uma das sobrancelhas. Rukia não sabia nada sobre o feriadão?

– Carnaval é uma data festiva, que dura quatro dias. É comemorado com muita música e muita festa – Ichigo sorriu ao ver a cara de desentendida que a baixinha fazia.
– Se Carnaval é apenas uma data... Como as pessoas se transformam em borboletas? Pura mágica? – Ichigo riu das palavras da pequena e resolveu continuar com a explicação.
– Não. As transformações são feitas com fantasias. Se você quiser, poderemos comprar uma para você amanhã.

Os olhos da baixinha brilharam depois de ouvir as palavras do ruivo. Não via a hora de se transformar num coelhinho bem fofinho e cor-de-rosa. Estava muito ansiosa para dormir. Deu um beijo estalado na bochecha do rapaz e correu para o armário. Ichigo, com o rosto corado, sorriu e também deitou para tentar pregar os olhos.

O dia finalmente amanhecera, fazendo os raios solares entrarem pela janela do quarto. Rukia levantou e saiu do armário, dando de cara com a cama de Ichigo vazia. Colocou um vestido verde florido e sandálias brancas, penteou o cabelo e desceu para lavar os pratos que deixara para hoje. Quando chegou na cozinha, notou que a pia estava limpa. Yuzu deveria ter lavado. E onde será que estava Ichigo? Ele prometera levá-la para comprar sua fantasia.

Correu até a cozinha e lá estava ele, sentado no sofá.

– E então, Ichigo, vamos? – Indagou a pequena, radiante.
– Nos vemos amanha então, Minie – o ruivo gargalhou no telefone, deixando-a confusa. Então colocou o pequeno aparelho de volta no lugar. – Vamos sim, Rukia. Eu estava esperando você acordar.

Rukia arqueou uma das sobrancelhas.

– Quem é Minie?
– O Ishida – gargalhou outra vez. A pequena não entendera o porquê do apelido feminino, mas resolveu deixar para lá. Queria muito comprar sua fantasia e não podia ficar fazendo muitas perguntas. Demoraria mais. – Vamos nos encontrar amanhã no bloco.
– Bloco? – Indagou, andando em direção à porta.
– Amanhã vamos num bloco na cidade vizinha. É dirigido por brasileiros e é muito divertido.
– Ah... – Continuava sem entender, mas mais uma vez deixou para lá.

Foram para o shopping e entraram numa loja super lotada. Lá tinha de tudo. De brinquedos à replicas de fantasias das escolas de samba de Tóquio. Rukia queria sua fantasia de coelho, mas não havia mais. Como amanhã já é o primeiro dia de Carnaval, muita gente já havia passado pela loja.

Rukia não tinha muito o que escolher, então escolheu uma daquelas roupas que dançarinas do ventre usam. Ichigo comprou a sua, mas não quis mostrá-la no momento para ela, o que a deixou emburrada e muito curiosa.

Depois disso voltaram para casa.

No dia seguinte:

Rukia correu para o quanto de Karin para por sua incrível fantasia e disse que se encontraria com Ichigo em cinco minutos em seu quarto. Estava muito ansiosa e por isso correu com a arrumação. Quando entrou no quarto do ruivo, ela o viu apenas de toalha. Seu rosto corou violentamente e Ichigo ficou paralisado. Ela estava perfeita. A saia marrom caíra perfeitamente no seu corpo, assim como o pequeno top também. Parecia que ela ainda não havia colocado todos os detalhes. Faltavam as joias, as luvas e a maquiagem. Quando viu que ele não entraria no banheiro, ela saiu do quarto.

– Se vista logo, idiota!

Ichigo pegou sua fantasia, peça por peça, e colocou-a. Como era difícil colocar algo tão apertado.

Depois de dez minutos Rukia voltou a entrar no quarto para, finalmente, pegar as ultimas peças de sua fantasia. Foi então que ela o viu. Arregalou os olhos de imediato e simplesmente não acreditou no que estava diante de seus olhos. Não, não poderia ser o Ichigo. Mas que diabos...

– Mas que diabos você está fazendo vestido de bailarina, Ichigo? – Indagou a baixinha, esforçando-se para não rir. – Não sabia que você gostava da fruta e se vestia de mulher.
– Ichigo estava meio encabulado, mas afinal, Ichida se vestiria de Minie e Sado de Branca de Neve.
– Estou vestido assim para o Bloco. Ele se chama Bloco das Piranhas. Os homens se vestem de mulher e algumas mulheres de homem – revirou os olhos.

Rukia achara a fantasia ridícula. Aquela sainha rodada rosa, meia calça branca e sapatilha. Fora o maiô, ou sei lá como se chamavam aquilo. Só sabia que estava ridículo.

– Eu estou achando que você está virando a casaca – ela debochou, olhando-o pelo rabo dos olhos e com um sorrisinho malicioso no rosto.

Ichigo se aproximou e aproximou seu rosto do dela. Ele estava tão perto, que Rukia conseguia sentir sua respiração tocar-lhe os lábios.

– Quando voltarmos, eu te mostro como sou macho – sorriu maliciosamente e então tocou os lábios da pequena suavemente. – Termine de se arrumar – E saiu, saltitando como uma gazela.

Rukia viu a porta bater, levou os dedos aos lábios e sorriu, ainda corada. A sua fantasia teria uma utilidade a mais hoje.

The End