Rastejando dentro da minha pele

Estas feridas que não irão curar

O medo é o que me derruba

Confundindo o que é real

~Pov Meg

Desci as escadas e encontrei Draco sentado no sofá. Me sentei ao seu lado e ele olhou pra mim.

–Por que foi embora ontem?

–OI pra você também Draco.

–Oi. Por que foi embora ontem?

–Estava cansada. –Menti.

–Podia ter se despedido e avisado que iria embora. Eu te deixaria em casa.

–Você estava ocupado demais e sobre avisar, pedi ao Blás para fazer isso.

–E de fato ele avisou, mas eu gostaria mais se você tivesse me dito que iria embora.

–Está bravo?

–Não. –Ele disse sorrindo. –Liam acha que foi embora por causa dele.

–Mas não foi.

–Diga isso a ele. –Ele riu.

–Sua mãe está aqui?

–Na cozinha com a sua mãe.

–Vamos lá. –Chamei e nós nos levantamos indo até lá. –Oi tia Cissa! –A abracei.

–Meg, querida! Como você está?

–Estou bem tia e a senhora?

–Bem.

–Meg, me ajude a pôr a mesa. –Minha mãe disse e eu obedeci.

//No Jantar//

–Então Meg, ainda não vai para Hogwarts?

–Não tia Cissa. Vou ficar mais esse ano em Beauxbatons.

–Não sei por que, você odeia todo mundo lá. –Disse Draco.

–Fazer o quê né? –Falei dando de ombros e rindo. –Tio Lucius não quis vir?

–Não. – Tia Cissa suspirou cansada.

–A única coisa que meu pai sabe fazer é ficar em casa enfiado naquele escritório.

–Draco! - Tia Cissa o chamou a atenção. –Não fale assim, ele é seu pai.

–É meu pai, mas bem que poderia sair do escritório pra fazer algo que não seja brigar com a gente.

–Filho, a culpa não é dele. É só estresse do trabalho.

–Mas não precisa descontar tudo em nós dois.

–Chega Draco. –Tia Cissa o olhou severamente, mas não aumentou o tom de voz e ele revirou os olhos.

–Animado para mais um ano em Hogwarts, Draco?

–Mais ou menos tia. Estaria mais animado se o Potter não bancasse o santo, se o Weasley não fosse tão irritante e se a Granger não fosse tão insuportável.

–Ainda implicando com eles? –Perguntei rindo.

–Não sou eu quem implica, eles é que são chatos.

–Claro. –Dei um sorriso irônico. –Quem é o pior?

–Sem dúvidas é a sangue-ruim da Granger. Ela é tão insuportável e metida a sabe-tudo. –Revirei os olhos.

–Está pronto, venham comer. –Minha mãe chamou e nós nos sentamos.

Todos se serviram, mas eu não me mexi. Se até minha mãe disse que eu estou gorda, engordarei mais se eu comer.

–Não vai comer? –Draco perguntou.

–V-vou. –Falei colocando um pouco pra mim.

Depois do jantar eu voltei ao meu quarto e comecei a pesquisar algumas dietas. Achei umas bem malucas, mas muitas pessoas diziam que funcionavam. Até pintei meu cabelo, agora ele estava de três cores: Vermelho, Roxo e Azul.

*-*

Dois dias de dieta se passaram e eu não aguentava mais. Nada parecia funcionar comigo e isso me deixou péssima. Cheguei em casa tarde e minha mãe já estava dormindo. Ela tinha deixado um bolo de chocolate em cima da mesa.. Eu não resisti.

Sentei-me e comi um pedaço... Dois... Três... Quatro... Cinco.... Eu comia compulsivamente.

–Oh meu Merlin o que eu fiz? –Perguntei olhando o que ainda restava do bolo, me sentindo culpada. –Não! Não! Não! Não! NÃO!

Corri para o banheiro o mais rápido possível e me ajoelhei em frente ao vaso sanitário.

É o único jeito.

Eu vomitei tudo o que comi. Sei que não é certo provocar o vomito, mas dessa vez foi necessário, eu não posso ficar comendo desse jeito. Escovei os meus dentes e subi para o meu quarto para dormir um pouco.

*-*

–Nossa Meg como você emagreceu. –Minha mãe disse sorrindo.

Eu sorri. Estava funcionando agora.

–Obrigada mãe.

–Que dieta está fazendo?

–Uma que peguei na internet. –Menti depois de dias vomitando.

–Continue com ela, está dando certo.

Será que ela me diria pra continuar se descobrisse o que estou fazendo? Será que eu vou conseguir chegar ao corpo perfeito assim? Me sentir bonita?

–Não vai almoçar?

–Ainda não deu a hora certa. –Menti novamente. –Eu vou comer daqui a pouco.

–Okay, vou sair com a Lisandra. Volto tarde.

–Tudo bem.

–Não se esqueça de arrumar suas coisas, amanhã você volta pra escola.

–Claro. Como me esquecer? –Falei triste.

Como eu odeio aquele lugar, aquelas pessoas, aqueles julgamentos, aqueles olhares, como eu odeio ser encarada como se eu fosse um monstro horrível. Depois de um tempo sendo olhada assim você começa a acreditar neles.

Subi e arrumei minhas coisas, jogando-me na cama e entrando em um sono profundo. Não, eu não comi nem bebi nada além de água, mas o importante é que está funcionando. Será que se eu emagrecer as pessoas da escola vão parar de me olhar daquela forma? Será que algum dia eu vou conseguir olhar pra mim e dizer que sou bonita? Será que esse dia está longe? Será que algum dia eu vou conseguir aguentar firme sem me machucar constantemente? Será que eu vou me amar?

Há algo em mim que me puxa pra baixo da superfície

Consumindo, confundindo

Esta falta de autocontrole eu temo que nunca acabe

Controlando

Parece que não consigo

Me achar novamente

Minhas paredes estão se fechando

(Sem um senso de confiança

estou convencido que há muita pressão para aguentar)

Eu me senti desse jeito antes

Tão inseguro