Você diz que sente muito

E essa cara de anjo aparece

Bem quando você precisa

E eu andando pra frente e pra trás

Esse tempo todo

Porque eu honestamente acreditei em você

Esperando os dias passando

Garota estúpida, eu deveria saber, eu deveria saber

~Pov Meg

Depois de conversar com Draco nós voltamos para nossas mães e ficamos lá conversando até escurecer. Minha mãe tinha dito ao diretor que meu primo distante teve um problema e por isso viria mais tarde me visitar e com muito custo ele tinha concordado, assim Luke conseguiria falar comigo sem precisarmos nos esconder.

Eu vi Greg caminhando entre as famílias. Quando eu olhava em seus olhos eu via um pedido de desculpas, mas ele não se aproximou de mim. Eu não estava com raiva dele, só não queria que ele me beijasse mais. Eu estava triste, assustada e queria que ele soubesse disso para nunca mais tentar fazer algo do tipo.

Assim que me despedi de Draco, minha mãe e tia Cissa eu segui com Luke até o meu quarto, já que havíamos passado da hora do toque de recolher.

Ele se sentou em minha cama e eu fiquei de pé encostada a parede. Minha coruja, Aiko não pareceu nada feliz com a presença dele, já que começou a fazer vários barulhos com o bico dentro da gaiola, mas depois de um ela ficou quieta, apenas observando tudo.

–O que quer conversar? –Perguntei.

–Quero me desculpar.

–Acha que eu quero ouvir suas desculpas?! –Eu cruzei meus braços. –É só isso que eu tenho ouvido de você ultimamente, mas nenhuma das vezes você pareceu realmente arrependido, e agora eu estou aqui! Presa numa clínica!

–Está me culpando por isso?! –Ele indicou o lugar.

–Não, eu não estou te culpando por nada, só estou dizendo que todas as vezes que você se aproxima de mim eu acabo pior, então eu sugiro que você suma da minha frente e não apareça nunca mais, porque um dia eu vou acabar morrendo por causa das suas loucuras e se você se sentir culpado pelo menos saiba que eu encontrei paz num lugar onde você não existe!

–Não seria capaz de tentar se matar de novo não é? –Ele arregalou os olhos pra mim.

–Isso importa?! Luke eu me corto, eu tenho bulimia, anorexia, estou depressiva e fui internada como louca, ainda duvida do que pode acontecer comigo?! –Ele não respondeu. –Vai embora, por favor.

–Meg eu vou embora, mas se você acha que eu nunca te amei você está enganada. Eu amei você, mas meu amor pela Liz era diferente sabe? O nosso amor era coisa de criança e...

–Chame do que quiser, eu não o amo mais. –Ele pareceu um tanto surpreso e irritado.

–Está com o Liam?

–Não é da sua conta Hunt. –Respondi e ele se aproximou de mim, fazendo-me recuar.

–Não precisa ter medo de mim. –Ele disse e eu bufei. –Já que é o que tanto quer eu irei embora.

–Obrigada. –Murmurei.

–Até qualquer dia Meg, sei que vou te encontrar de novo.

Eu não tinha entendido. Ele iria embora dessa vez, mas voltaria depois? Era isso o que ele queria dizer? Que voltaria algum dia? Que me assombraria pra sempre?

–Luke... –Eu o chamei de volta e ele sorriu pra mim, isso me assustou. –Quando vai me deixar em paz?

–Não sei Meg, não tenho certeza se é o que quer.

–É o que eu mais quero!

–Prove.

–O quê? –Mas antes que eu pudesse perguntar mais ele cruzou o espaço que nos separava, selando nossos lábios.

Rapidamente as lágrimas que eu tentava segurar durante toda a conversa haviam desistido e estavam caindo. Ele segurou meus braços e tentou aprofundar o beijo contra a minha vontade. Em minha mente eu me via gritando por socorro, desesperada no chão de um quarto, mas só quando Luke perdeu o folego que ele finalmente me soltou, olhando em meus olhos.

–Viu? Acho que isso significa que você não quer que eu te deixe em paz.

–VÁ EMBORA DAQUI LUKE! EU ODEIO VOCÊ, COMO PÔDE?! –Eu gritava e chorava desesperada.

–Meg, quem amaria uma pessoa cheia de problemas como os seus?

Luke deu um sorriso de canto e saiu de lá rapidamente. Eu me sentei no chão em prantos e logo olhei para minhas cicatrizes. Eu não conseguia acreditar no que havia acontecido, tudo o que eu pensava era nas minhas lâminas... Será que eu conseguiria resistir? Por que tanto ele quanto Greg resolveram me beijar assim?!

Se antes eu já estava mal por Liam agora eu estava pior. Me sentia um lixo por traí-lo desse jeito, mesmo que não tivéssemos nada, e eu me sentia suja por ter sido beijada por Luke.

Aquele beijo fez com que o meu lado negro que me assombrava desde sempre despertar, e agora eu estava sozinha, pronta para ser engolida pelo monstro que habitava em mim mais uma vez.

Minhas mãos estavam tremulas e minha cabeça explodindo. Lá eu ouvia os gritos, eles diziam o quão inútil e ruim eu era. Diziam que eu havia traído o Liam e o condenado da mesma forma como Luke me condenou.

Levei as mãos aos ouvidos em uma tentativa de fazê-los ficar mais baixos, mas era em vão, eles estavam dentro da minha cabeça e não iriam calar. Eu só pensava em descontar tudo em mim com uma lâmina, marcar todo o meu corpo.

Justo quando eu pensei que não precisaria nunca mais usá-la, que estava bem e que eu havia finalmente sido salva toda a dor voltou com aquele beijo para terminar de me condenar.

Meio trêmula eu me levantei e peguei o velho livro que guardava a minha destruição. O abri e peguei a lâmina, olhando-a atentamente. Eu não queria fazer, mas era inevitável. Os gritos em minha cabeça não me deixavam seguir, seria assim pra sempre? Quando eu estiver conseguindo virá algo me derrubar e eu me destruirei?

Eu não sei, mas com aquela lâmina eu fiz misérias contra o meu próprio corpo, começando por minhas pernas que estavam descobertas. Não parei até vê-la completamente sujas de sangue, o meu sangue.

Aquilo estava doendo muito em mim, dessa vez meus cortes estavam mais fundos, como na primeira vez que vi Liam, mas nem isso adiantou. Até tomei algumas poções que encontrei no quarto, mas nada parecia funcionar, só piorar. Meu próximo caminho eram os braços. Com cortes novos eu cobri cada cicatriz, o chão estava completamente sujo de sangue e eu sentia toda a minha força indo embora a cada corte, mas junto com ela a dor ia também.

A dor física não era nada comparada a minha dor emocional. Eu desejava morrer naquele momento, estava desistindo mais uma vez e meu pensamento ia de Liam a Draco. Os dois acreditavam em mim, e ambos tinham fé de que eu fosse parar, mas talvez seja isso, talvez eu só esteja aqui pra decepcionar todo mundo que eu amo e que acredita em mim.

Um ultimo corte no pulso e eu peguei uma poção azul que estava em minha escrivaninha, bebendo-a rapidamente. Foi quando ouvi a porta bater. Pensei que seriam os enfermeiros ou até mesmo Greg, mas não. Era a pessoa que eu mais precisava naquela hora, a minha salvação.

Eu não sou uma princesa

Isso não é um conto de fadas

Eu vou achar alguém algum dia

Que realmente me trate bem

Esse é um mundo grande

Aquela era uma pequena cidade

Vejo você no meu retrovisor

Desaparecendo agora

É muito tarde pra você e seu cavalo branco

Me buscarem