As quatro horas que fico dentro da van parecem intermináveis. Junto comigo, além do Gerwin que estava dirigindo é claro, estavam meu irmão, a Jana e o Bryn. Zoe brigou muito para seu pai deixar ela ir com a gente, mas ela estava de castigo.

Quando finalmente chegamos na alcatéia, vejo vários wolfbloods nos esperando na entrada da caverna. Havia ficado tão preocupada com meus pais que esqueci completamente que estava chegando a época de chuva.  Nem vejo quem são, pois passo correndo por todos e começo a procurar meus pais.

— Filha?

Viro de lado e vejo meu pai, seus braços já estão abertos e corro ao seu encontro.

— Estava morrendo de saudades de você e da mãe... Cadê ela?

— Ela infelizmente está um pouco pior que eu, fica deitada o tempo todo.

— Maya! - Grita Noah.

— Eu estou aqui!

Noah aparece e corre para abraçar nosso pai.

— E aí, namoraram muito enquanto ficamos fora? - Pergunta Noah.

— Um pouco. E vocês, aprontaram muito?

— Um pouco.

Era incrível a semelhança na personalidade dos dois.

— O Noah foi muito. - Digo.

— Deixar de ser x-9 você não quer, né?

— x-9?

— É uma gíria lá da cidade. É o mesmo que cagueta.

— Aposto que se divertiram muito lá, vamos ver sua mãe e daí vocês contam tudo.

Nosso pai vai na frente e seguimos ele. Dou uma cotovelada nas costelas de Noah.

— Ai!

— Não acredito que você nem perguntou da nossa mãe. - Sussurro.

— Eu esqueci, desculpa.

Deitada e debaixo de dois cobertores vejo minha mãe cochilando. Com todo o nosso barulho, ela abre os olhos e sorri ao nos ver.

— Não vão dar uma abraço na mãe de vocês? - Ela pergunta. - Achei que depois de meses longe de mim vocês viriam correndo me abraçar, perguntariam como eu to e...

— Tudo bem, mãe. Já entendemos - Diz Noah e vai abraça-la.

Sento ao lado dela no chão e coloco a mão na sua testa.

— Você está com febre. - Digo e tiro os dois cobertores de cima dela. Ela respira com dificuldade.

— Assim eu vou sentir frio!

— Você cuidou de mim a vida inteira, deixa eu cuidar de você agora.

Os olhos da minha começam a lacrimejar.

— Vem aqui me dá um abraço.

Abraço-a forte, mas não muito, pois fico com medo de sufocá-la.

— Eu te amo. - Digo.

— Oh, meu amor. Eu sei disso e amo os dois. Mas me contem o que fizeram na cidade?

— Eu dirigi um carro! É muito emocionante, eu participei de uma corrida e bem... Quasse ganhei.

— Eu assisti TV pela primeira vez e é a melhor coisa do mundo! Você pode mudar o que esta assistindo só apertando um botão.

Noah começa a rir.

— Lembrei de você chorando assistindo Marley & Eu.

— Cala a boca.

— Vejo que vocês continuam os mesmos. - Diz meu pai.

— Não! - Falamos eu e Noah ao mesmo tempo.

Nossos pais riem.

— O que vocês mudaram então? 

— Eu aprendi a gostar dos humanos. - Falo dando de ombros.

— Tem coisa muito mais interessante. - Olho brava para meu irmão, mas ele continua. - Ela deixou de gostar do Ethan.

Suspiro de alívio, por um momento achei que ele ia falar do Matthew.

— Sério, filha? - Pergunta meu pai.

— É sim... Eu fui pra cidade por causa dele, queria reconquistá-lo, mas no final acabei desapegando.

— Ah, que pena. Gostava tanto dele. - Diz minha mãe

— Sempre achei que você era muito nova, mas sua felicidade em primeiro lugar. - Fala meu pai.

— Agora deixa eu contar sobre o Noah. - Faço uma pausa dramática. Ele me olha preocupado. - No primeiro mês ele fugiu com a Zoe pra outra cidade e na escola, bem Noah não era nada menos que o galã.

— Esse é meu garoto! - Diz meu pai. - Na minha juventude, eu também era assim as garotas babavam por mim.

— Querido, menos por favor.

— O que foi? É verdade! Mas eu troquei tudo isso pelo amor de uma só, a mãe de vocês.

Minha mãe suspira entediada, como se já tivesse ouvido essa história milhares de vezes.

— Agora vocês dois podem dar licença, quero conversar a sós com a Maya.

— Papo de mulher, entendi. - Diz meu pai fingindo estar triste.

Quando os dois se viram, ainda escuto meu irmão dizendo:

— Aposto que vai ser uma conversa tipo: desceu no dia certo? Não atrasou? Tem certeza que não está grávida?

— Homens... Agora, você disse ao seu irmão aquilo que eu te disse?

— Não... Mas agora não é hora de falar sobre isso. O que você ta sentindo?

— Náusea, sono, febre e dor de cabeça.

— Só isso? São sintomas de uma virose.

— Não filha. Eu não estou com diarréia que é um sintoma super comum da virose e nem dores no corpo.

— O que você acha que é?

— Meningite.

— Mas isso pode ser curado com antibióticos!

— Anti o quê?

— Nada.