- Calma, Lilly... – Jeremy tentava me acalmar no quarto de Brian.
- Não, Jeremy! Eu estava terrível! Nunca havia me visto daquele jeito... O que podia ter demais naquelas bebidas? – Perguntei.
- É... Você bebeu demais, Lilly. – Jeremy lembrou.
- Nossa, então da próxima vez vou beber 2 no máximo. – Comentei. – Ai, Jeremy... Me desculpe por te encher o saco ontem à noite.
- Que isso, Lilly! Foi um prazer cuidar de você. – Ele sorriu.
- Ô casal, vocês vão ficar aí ou vão tomar café-da-manhã conosco? – Brian entrou no quarto de repente.
O acompanhamos até a sala de jantar para o café-da-manhã.
A mesa estava lotada. Tinha tudo do que você podia imaginar.
- Eu não estou com muita fome. – Eu disse, me sentando.
- Cara, eu ainda não acredito no que fiz ontem à noite. – Joe disse, enquanto mastigava um bolo de laranja.
- Acredite tigrão, você me pegou. – Disse Brian alisando o ombro de Joe.
- Por que você não fez nada? – Ele perguntou para Sue.
- Eu tentei, mas você só tinha olhos para o Brian! – Sue respondeu.
- Impossível... – Joe balançou a cabeça.

- Fiquem, por favor! – Brian implorava para a gente ficar mais um dia em sua casa.
- Não, Brian... Amanhã temos que ir para a escola. – Eu dizia.
- Olha, vocês podem ficar aqui só de dia e de noite o meu motorista leva vocês para casa. Que tal? – Ele propôs.
Olhei para Jeremy que balançou a cabeça como um sim.
- Ok, então. – Eu disse.
- YEAH! Então vamos almoçar e depois vamos ter uma sessão cinema porque eu tenho vários filmes bons aqui. Ok? – Brian dizia, animado.
Sorri, concordando.

Almoçamos comida japonesa e eu avisei à minha mãe que iríamos ficar mais um pouco.
- Hora da sessão de cinema! – Brian deu pulinhos de alegria.
- Ohh. – Joe fingiu felicidade.
Nosso primeiro filme foi Back To The Future. E como Brian tinha Back To The Future 1, 2 e 3, decidimos ver todos.
Era um filme muito bom e eu já tinha visto várias vezes, mas não cansava de assisti-lo novamente.
Estava sentada do lado de Jeremy com a cabeça encostada em seu ombro, Sue estava sentada no chão com as costas apoiadas no sofá do lado de Joe e Brian.
No segundo filme, eu já não prestava tanta atenção e comecei a pensar na vida. Pensava em todos os meus problemas: A saudade que sentia do meu pai, o câncer de minha mãe, a confusão em meu coração, o medo de ficar sozinha e a responsabilidade que eu tinha de ter como irmã mais velha.
A minha vida estava ficando complicada demais e eu não sabia se uma menina de 16 anos conseguiria lidar com tudo isso.
Então, percebi que meu rosto estava úmido e eu chorava bastante. Me agarrei ao braço de Jeremy e continuei a chorar.
- Meu Deus, por que você está chorando? O filme é de aventura, não tem nada de emocionante nele. – Ele comentou e depois limpou minhas lágrimas com seu dedo indicador. – Não fique assim, por favor...
Quando meu rosto já estava seco, eu sabia que uma coisa poderia me acalmar, então me virei para Jeremy e pedi:
- Jeremy, me beija.
- O qu...? – Ele ia perguntar, mas eu o interrompi com o beijo.
O beijei com vontade para que aquilo pudesse mesmo me acalmar. Enrolei meus braços em seu pescoço e mordi seu lábio inferior. Ele botou as mãos na minha cintura e alisou minhas costas. Depois de alguns minutos, dei um selinho em seus lábios e me afastei, arfando.
Então, percebi que todos me encaravam assustados.
- Por favor, que isso não saia daqui. Finjam que nunca aconteceu. – Pedi.
- Com certeza o Jeremy não vai esquecer esse beijo nunca! – Sue disse e eu taquei uma almofada na cabeça dela.
E, conforme a minha teoria, eu realmente tinha me acalmado e até ficado mais feliz. É... Beijar Jeremy me fazia esquecer todos os meus problemas.
Voltamos a ver o filme, mas eu percebia que às vezes Jeremy me olhava. Não sei se ele tinha alguma esperança de que eu fosse lhe beijar de novo.
À noite, o motorista de Brian nos levou para casa e nenhum comentário sobre o beijo que eu dei em Jeremy foi feito.
Nos despedimos de Jeremy e Joe e fomos para nossa casa.
- Meninas! Já estava com saudade de vocês. Então, como foi a festa? – Minha mãe perguntou.
- Ah... Foi, legal. – Eu menti.
- Que bom. O que vão fazer agora? – Ela perguntou.
- Não sei... – Comentou Sue.
- Então vamos ver novela? E depois Big Brother! – Ela pediu. Eu e Sue rimos, mas aceitamos seu convite.
Depois, fomos dormir e eu só conseguia pensar no beijo que dei em Jeremy.

No dia seguinte, eu não queria ir para a escola, mas minha mãe não deixou. Nos encontramos com os Humphrey e fomos a pé para a escola.
Lá, eu estranhei, pois Laura Jensen me mandava olhares estranhos e depois fofocava com suas amiguinhas.
- Tem alguma coisa de errada comigo? – Perguntei para Sue.
- Não, você ta normal. – Ela respondeu.
Na hora do intervalo, Sue havia ficado de castigo na sala do diretor de novo, então me sentei com Brian, Joe e Jeremy.
Vi que Laura vinha em minha direção toda metida.
- E então, gostou do meu presentinho? – Ela perguntou.
- Que presentinho? – Estranhei.
- A cesta de chocolates, né! – Ela falou, como se eu fosse a maior idiota do planeta. Suas amiguinhas só riam atrás dela.
- Ah, eu me lembro, mas como você sabia que eu estava na casa do Brian? – Perguntei.
- Simples. Fui até a sua casa e sua mãe me disse que você estava na casa dele. – Ela sorriu, como se fosse a maior gênia do mundo.
- E por que me deu aquela cesta? Você nem gosta de mim. – Eu perguntei.
- É claro que não gosto de você. E foi por isso mesmo que lhe dei ela. Ou... Você não percebeu que naqueles bombons continha drogas e muito álcool?
Fiquei boquiaberta com a declaração. Então, eu não sou muito sensível à bebidas... Ela que exagerou!
- E por que você fez uma coisa dessas? O que foi que eu te fiz? – Perguntei.
- O que você me fez? Tudo! Beijou meu namorado na frente do colégio inteiro e agora todos me chamam de corna! – Ela quase gritou, irritada.
- Foi ele que me beijou! E vocês tinham terminado, lembra?
- A gente nunca termina, meu bem. E quando a gente diz isso, só quer dizer que brigamos, mas vamos voltar!
- Ah, me desculpe. Eu não falo a sua língua. – Eu disse.
- Humpf! Vai se acostumando, queridinha, porque eu não vou te deixar em paz! – Ela me ameaçou e voltou para a sua mesa, rebolando. Percebi Joe e Jeremy olhando para a bunda dela e um ciúme descontrolado subiu à minha cabeça. Dei um tapa na cara dos dois e cruzei os braços.
- Gostaram da vista? – Perguntei, carrancuda.
- Que foi, Lilly? Ta com ciúmes? – Perguntou Jeremy, rindo.
- Claro que não! Só acho que não deveriam ficar olhando pra essa garota irritante, falsa, ridícula e vingativa! – Gritei.

Havíamos marcado com Brian de nos encontrar na garagem dos Humphrey, pois íamos ensaiar e ele insistia em assistir.
Era de tarde e tocamos 2 músicas, então eu anunciei:
- Agora, eu quero tocar sozinha uma música que eu compus.
O nome dela era: Você sabe que existo?
E, obviamente, ela falava sobre o Daniel. No meio da música, Jeremy entendeu o tema e chutou uma cadeira. Eu imediatamente parei de cantar e o encarei:
- O que foi?
- O que foi?! Eu simplesmente não estou acreditando no que estou vendo. – Ele gritou. – O Daniel te usa e você ainda faz uma música pra ele!
- Qual o problema? – Perguntei no mesmo tom que ele estava usando comigo.
- O problema é que você não pensa, Lilly!
- Eu gosto dele, ta? – Gritei.
- Você não gosta dele e fica botando essas coisas na sua cabeça! Ele não te merece, Lilly! Ele nunca seria um bom namorado!
- Ah, é? E quem seria um bom namorado para mim? Você?
Ele parou olhando para mim.
- Você sempre soube, Lilly. Eu nunca quis ser só o seu amigo, mas aceitei isso por você. E também aceitei ouvir você falando desse garoto no meu ouvido toda hora, só para ficar do seu lado! Eu sofri, Lilly! E você não enxerga isso! Eu te amo mais que tudo nessa vida! – Agora ele chorava e a briga que estávamos tendo cortava o meu coração. Então, comecei a chorar também:
- Eu não sou obrigada a gostar de você, Jeremy! Entenda isso! Eu sempre gostei da nossa amizade como ela é!
- O que está acontecendo aqui? Que gritaria é essa? – Perguntou Sarah, mãe de Jeremy.
- Não fale mais comigo, ok? Até você pôr juízo na sua cabeça. – Jeremy disse e eu o vi ir embora.
Corri para a minha casa e passei correndo para o meu quarto, deixando para trás uma mãe cheia de perguntas.
Me tranquei no quarto, fechei a janela e a cortina. Me joguei na minha cama, encharcando meu travesseiro de lágrimas e a única coisa que vinha na minha cabeça era o rosto de Jeremy.
Não sabia o que estava acontecendo comigo. Por que eu estava chorando tanto só por uma briga com meu amigo? Bom, ele era o meu melhor amigo.

Chorei o dia inteiro. Não quis comer e nem falar com ninguém. Só ficar na minha cama. Então, quando era umas 2:00 da manhã, eu finalmente dormi.