Uma leve chuva caia, e cheiro de de grama molhada fazia companhia ao som de Amazing Grace. Meus pés chapinhavam na grama verde e vívida, era uma macabra ironia ver uma grama tão viva em um funeral.

Eu estava balançado com a morte dele, mas não ira ser hipócrita em chorar, não estava tão triste a esse ponto e isso me chateava, ok, Isaac fez muita cagada comigo, mas ele foi meu amigo, meu primo, meu confidente, meu ficante, eu queria chorar, mas não conseguia.

Ao chegar à capela, vi seu rosto inchado dentro do caixão, achei que o trabalho agente funerário era dar a impressão de que ele estava vivo. Dormindo. Tia Lucy estava ao lado do caixão e se debulhava em lágrimas, tio Jeff não chorava, mas seu rosto estava inchado de tanto chorar.

–O que faz aqui? - Tia Lucy berrou ao me ver entrar.

–Lucy, por favor, nos permita prestar uma última homenagem ao meu sobrinho. - minha mãe pediu.

–Como tem a cara de pau, a hipocrisia de vir aqui, assassino. - Tia Lucy falou olhando em meus olhos. - Assassino! Você tirou o meu bebê de mim, o meu bebê. Saia! Saia daqui seu monstro! Você acabou com minha família, você me matou também.

–Assassino. - um senhor gritou se levantando.

–Monstro! - uma outra mulher gritou.

Eu coloquei a mão nos ouvidos, e me encolhi no meu lugar. Senti um tapa nas minhas costas, eu me levantei e saí correndo da capela.

Me sentei em um banco no meio do cemitério e Kyle estava ao meu lado com um cigarro entre os lábios.

–Pra que fugir, Adam? - ele soltou uma baforada de nicotina – É isso que você é, é isso que nós somos, você nega, mas sabe que é a verdade.

–Não Kyle. Eu não sou como você.

–Ah, não é? Desculpe-me a petulância, Adam, mas que eu sou? Eu sou você Adam, eu sou você, não importa o quanto me reprima, eu continuo sendo você. Você matou seu primo. Você é o assassino.