For The First Time escrita por Jessie Austen


Capítulo 6
Thinking about everything and you




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Olhei de novo para o relógio e ele ainda marcava 04h30.

É impressionante quando queremos que o tempo passe rápido isso é a a única coisa que não acontece.

Não me importo de não ter pregado os olhos. Eu simplesmente não consegui.

Sinto-me estranhamente agitado. E John virá me buscar às 6hs, então dormir agora é perder o horário mais tarde.

Penso sobre tudo. Duas vezes.

Tento ler meu livro sobre o Império Romano, mas isso me entedia.

Pego então meu walkman velho e coloco o CD que John me emprestou do Johnny Cash. Respiro fundo e presto atenção, encarando o teto do meu quarto escuro.

A letra é boa. A voz é potente. O gosto dele não é todo ruim.

Nos conhecemos de uma maneira tão inusitada e termos nos tornado amigos é ainda mais para mim. Sim, inusitado porque quase não temos nada em comum.

E na realidade é isso que faz as pessoas se tornarem próximas, não?

Porque no fundo queremos pessoas iguais a nós, porque o diferente incomoda e muito.

E eu sempre me senti assim. Diferente.

Na realidade eu sei que sou mesmo.

Você pode pensar que é um momento melancólico de um adolescente chato. E talvez seja, em partes.

Mas a verdade é que eu observo coisas que a maioria das pessoas não vê. E deixo passar batido coisas que são prioridades para todo mundo.

Desde sempre.

E isso é assustador.

Eu descobri cinco anos antes da minha mãe que meu pai tinha amante. E não, eu nem precisei fuçar nas coisas dele.

Foi logo quando começou a se envolver com outra pessoa que o jeito dele arrumar a gola da camisa mudou e ele começou a usar um perfume cítrico, totalmente diferente daquele que dizia adorar, mas que usava só para agradar a minha mãe.

Aliás, não sei por que as pessoas fazem isso. Falam o que não sentem para conseguir aquilo que não tem certeza que querem. Manipulam, usam, controlam.

Eu prefiro ser prático e me dedicar a o que realmente me trará benefícios do que depositar toda a minha felicidade em outra pessoa.

Uma vez, quando estávamos em uma viagem de família, perto de onde estávamos hospedados, vi uma menina correndo e chorando.

Meu irmão e eu corremos para ver o que tinha acontecido e eu esperava que fosse algum mistério ou crime para eu resolver. Mas essa garota, que era mais velha que nós dois disse que tinha acabado de sair de uma cigana e esta havia dito que ela não teria um grande amor de sua vida.

O Mycroft passou a tarde inteira lamentando pelo desperdício de dinheiro enquanto conclui que eu mesmo poderia ter feito tal previsão.

Por que quais são as chances de encontrar alguém que te suporte até o fim da vida?

Não. Eu prefiro ser sozinho. Eu prefiro ser independente. Racional e inteligente.

Por isso já decidi que sairei de casa quando completar 18 anos. Quero me dedicar aos estudos.

Posso passar o resto da vida aprendendo e isso não será suficiente para aprender metade do que o mundo tem para me ensinar. E isso é angustiante e excitante para mim.

Então, quando eu digo que quero ser independente quer dizer que eu também quero ficar alheio ao que é comum. Amor, amigos, filhos? As pessoas só repetem os atos de seus pais que por sua vez estão repetindo dos seus pais.

Tudo uma grande besteira. Um teatro. Um conto de fadas para adulto. Uma forma para enganar a lei natural da vida, que é a morte.

Quando a música acaba eu me levanto e olho para o relógio.

05h35.

Vou até o banheiro, escovo meus dentes, penteio meus cabelos.

Minha mãe quer que eu corte. Diz que pareço um louco. O John disse que acha o máximo cabelos cacheados...decidi que vou ficar assim por um tempo, eu nunca tinha deixado ele tão grande.

Coloco minha blusa de lã preta e minha calça jeans clara. Meu tênis sumiu de novo. Mycroft deve ter mexido nas minhas coisas. Vai alargar meu All star novo com aqueles pés gordos dele.

Coloco então minhas botas e desço para esperá-lo em frente à minha porta.

O dia que mal havia começado tinha um céu de tom alaranjado, apesar disso fazia muito frio. Sentei –me na escada enquanto olhava para o céu.

Lembrei da garota chorosa e a história da cigana. Lembrei que neste dia eu estava com o Barba Ruiva no meu colo, meu cachorro.

Exatamente um mês depois ele morreu. Na verdade, tivemos que realizar uma eutanásia.

Minha mãe só chorava e Mycroft até parou de comer por uma semana. O fato é que o Barba tinha quinze anos, então era natural que isso acontecesse.

Mas não.

Foi horrível. E eu nunca vou me esquecer.

Então, a vida seja isso. Enquanto você perde tempo com coisas idiotas, como querer ser mais rico que seu vizinho ou mais musculoso do que o cara da academia que só cumprimenta por educação, alguém que te ama está só querendo que você preste atenção nas coisas que faz por você.

Sinto muita falta do Barba Ruiva. Mesmo apesar de tanto tempo.

Ele era a criatura mais legal que este mundo já viu. Tinha um olhar de sábio, mas seus trejeitos mostravam que no fundo ele não passava de um bebê.

É por esse motivo que eu não quero ter mais animais de estimação.

Se bem que seria maneiro ter um corvo chamado “Never More” igual como no livro do Edgar Allan Poe.

Minha mãe até falou para termos outro, um gato talvez porque que seria bom. Mas eu sempre desconverso. No fundo nós três ainda sentimos pela perda do Barba.


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