Bad Heroes escrita por Katreem


Capítulo 13
Fall


Notas iniciais do capítulo

Oi minha gente! Voltei rápido, viram? Bom, só para esclarecer, teve uma pequena passagem de tempo de duas semanas e a Hanna e o Caleb meio que estão saindo agora. Bom, era só isso. Comentem galera, pois comentários me fazem postar mais rápido e eu quero saber o que vocês estão achando da fic, suas opiniões, sugestões, qualquer coisa. Boa leitura! Beijos.



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— Então, se divertiu com Hanna hoje? — Eu, com o telefone colado na orelha, me retorci cuidadosamente de uma longa viga para a outra. As vigas ficavam a seis metros de altura nos caibros do sótão do prédio de Ezra, onde se localizava a sala de treinamento. Andar pelas vigas deveria ensinar a pessoa a se equilibrar. Eu as detestava. Meu medo de altura tornava a coisa toda doentia, apesar da corda elástica amarrada na cintura que deveria me impedir de atingir o chão se caísse. — Eu preciso te dizer o quanto isso é errado?
Caleb emitiu um ruído fraco e evasivo que eu sabia que significava um não. Podia ouvir música ao fundo; conseguia visualizá-lo deitado na cama, o som tocando suavemente enquanto conversava comigo. Soava cansado, daquele tipo de cansaço profundo que eu sabia que queria dizer que o tom leve não refletia o estado de espírito. Eu perguntei se ele estava bem diversas vezes no início da conversa, mas Caleb descartou a preocupação.
Eu ri com desdém.
— Está brincando com fogo, Caleb. Literalmente.
— Não sei. Você realmente acha tão sério? — Caleb soava lamurioso. — Não tive uma única conversa com a mamãe desde que cheguei e também não é como se eu estivesse namorando a Hanna.
— Deixa eu te contar uma coisa sobre a mamãe. — Me sentei em uma viga, deixando as pernas penduradas no ar. As janelas de meia-lua do sótão estavam abertas, o ar noturno frio entrava, refrescando minha pele suada. Eu sempre achei que treinaríamos com roupas de um tecido grosso, que pareciam de couro, ou até mesmo nossos trajes, mas, aparentemente, estes eram para treinos posteriores, que envolviam armas. Para o tipo de treinamento que estávamos cumprindo essa semana (exercícios para aumentar a flexibilidade, velocidade e senso de equilíbrio), eu usava uma camiseta leve e calças folgadas que me faziam lembrar de um uniforme de hospital. — Mesmo que não tenha tido uma conversa com a mamãe, ela vai se irritar se souber que você está andando por Rosewood com o clone de Alison DiLaurentis, sendo ela, Hanna Marin.
— Bem, como eu ia saber sobre a mamãe não gostar dela?
— Porque todo mundo sabe que a mamãe detesta qualquer pessoa que ande com um DiLaurentis.
— Pensei que você estivesse do meu lado.
— Estou do seu lado!
— Então por que não está sendo mais solidária?
Troquei o telefone de orelha e olhei para as sombras abaixo de mim. Onde estava Toby? Tinha saído para pegar outra corda e disse que voltaria em cinco minutos. Claro, se me visse no telefone ali em cima, provavelmente me mataria, isso era uma tarefa dele, ele levava muito a sério.
— Porque — respondi — seus problemas não são problemas de verdade. Está saindo com uma das maiores delinquentes da cidade. Pense um pouco. É tipo... O problema de uma garotinha de quinze anos.
— Ter problemas de uma garota de quinze anos pode ser o mais próximo que um dia chegarei de ser de fato uma garota de quinze anos.
— Ouça, apenas resolva isso antes do casamento de Melissa. Se a Hanna pensa que vai com você, e mamãe descobrir na hora que está saindo com ela, mamãe vai matá-lo. — Me levantei. — E aí vai estragar o casamento da Melissa, e ela vai matá-lo. Então vai morrer duas vezes...
— Nunca disse para a Hanna que ia para o casamento com ela. — Caleb parecia em pânico.
— Sim, mas é o que ela espera. É por isso que as meninas têm namorados ou ficantes. Pare terem quem levar para eventos chatos. — Fui para a beira da viga, olhando para as sombras iluminadas pelas luzes abaixo. Tinha um velho círculo de treinamento no chão, parecia um alvo. — Seja como for, tenho que pular desta viga agora, e, possivelmente, me lançar para minha morte terrível. Falo com você mais tarde.
— Até mais tarde. — Ele se despediu e eu desliguei, guardando o telefone no sutiã; as roupas leves do treinamento não tinham bolsos, então o que uma garota poderia fazer?
— Demorei muito? — Toby apareceu no centro do alvo e olhou para mim.
Ele estava usado uma roupa de luta, e não de treinamento como eu, e seus cabelos louros se destacavam, contrastando com o preto. Tinha clareado levemente desde o fim do verão, e agora era um dourado mais escuro que claro, o que eu achava que ficava ainda melhor nele. Senti-me absurdamente feliz por agora conhecê-lo há tempo suficiente para notar as pequenas mudanças na aparência.
— Pensei que você fosse subir? — gritei para baixo. — Mudança de planos?
— Longa história. — Sorriu para mim. — Então? Quer treinar saltos?
Suspirei. Treinar saltos envolvia saltos da viga para o espaço vazio e utilizar a corda elástica para se segurar enquanto me empurrava das paredes e dava cambalhotas para cima e para baixo, aprendendo sozinha a girar, chutar e se esquiar sem se preocupar com chãos duros ou com machucados. Já tinha visto Ali fazendo, e ela parecia um anjo caindo do céu, voando pelo ar, girando e rodopiando com uma graça linda de bailarina. Eu, por outro lado, me enrolava toda como um tatuzinho-de-quintal assim que o chão se aproximava, e o fato que eu sabia, racionalmente, que não iria atingi-lo, não parecia fazer grande diferença.
Comecei a imaginar se nascer com poderes faria alguma diferença, talvez fosse tarde demais para se transformar em uma heroína, ou pelo menos, uma heroína decente. Ou talvez os poderes que faziam de mim e das meninas o que éramos tivessem sido distribuídos desigualmente entre nós, de forma que as outras tivessem recebido toda a graça física, e eu... Bem, não muito.
— Vamos, Spencer. — Disse Toby. — Pule.
Eu fechei os olhos e saltei. Por um instante, me senti pendurada no ar, livre de tudo. Então a gravidade tomou conta, e eu mergulhei em direção ao chão. Instintivamente, encolhi os braços e as pernas, mantendo os olhos bem fechados. A corda se esticou ao máximo, e eu voltei, voando para cima novamente antes de cair outra vez. Na medida em que a velocidade diminuía, eu abri os olhos e me vi pendurada na ponta da corda, mais ou menos um metro e meio acima de Toby. Ele estava sorrindo.
— Precisa parar de ter medo, Spencer. — Um sorriso gentil nos lábios.
— Eu estava gritando? — Indaguei verdadeiramente curiosa. — Você sabe, durante a queda.
Ele assentiu.
— Por sorte estamos no sótão ou teriam presumido que eu estava te matando.
— Você nem sequer me alcança. — Eu chutei com uma perna e girei lentamente no ar.
Os olhos de Toby brilharam.
Quando Toby se movia rapidamente, os movimentos individuais eram quase invisíveis. Eu vi a mão dele ir até o cinto, e, em seguida, algo brilhou no ar. Ouvi o tecido rompendo acima da cabeça quando a corda foi cortada. Solta, eu caí livremente, surpresa demais para gritar — diretamente nos braços de Toby. A força nos jogou para trás, então nos espalhamos juntos em um dos tatames, eu em cima dele. Ele ficou vermelho, mas sorriu, aquele sorriso sem mostrar os dentes.
— Agora — disse ele. — foi muito melhor. Você não gritou.
— Não deu tempo. — Eu estava sem fôlego, e não apenas pelo impacto da queda. Estar esticada sobre Toby, o corpo dele contra o meu, fazia com que minhas mãos tremessem e o coração batesse mais rápido. Achei que talvez a reação física à ele fosse diminuir com a familiaridade, mas isso não tinha acontecido. Se alguma coisa estava mudando, era pra pior à medida que eu passava tempo com ele.
Ele esticou o braço e afastou o cabelo da testa.
— Você não é tão ruim assim. — disse. — Vai chegar lá. Devia ter vistos os saltos de Hanna no começo. Acho que ela deu um chute na própria cabeça uma vez.
— Claro. — Disse eu. — Mas isso provavelmente foi há três semanas, no início disso tudo. — Eu olhei para ele. — Já acabamos o treino?
— Acho que sim...
Ele esticou para me puxar para baixo, mas, naquele instante, a porta se abriu e Hanna entrou, os saltos altos das botas fazendo barulho no chão de madeira polido.
Ao ver nós dois esparramados no chão, ergueu as sobrancelhas.
— Namorando, percebo. Achei que deveriam estar treinando.
Namorando? Nos nem mesmo tínhamos nos beijado. Eu sabia que gostava de Toby, e tinha a sensação de que, mesmo timidamente, ele sentia o mesmo, embora sua vergonha fosse predominante o suficiente para impedi-lo de chamar para jantar.
— Ninguém mandou entrar sem bater, Hanna. — Falei. Toby não se moveu, apenas virou a cabeça para o lado para olhar para Hanna com uma mistura de irritação e afeto. Eu, no entanto, me levantei desajeitada, esticando as roupas amassadas.
— Aqui é a sala de treinamento. Um espaço público. — Hanna estava tirando uma das luvas; eram de veludo vermelho brilhante. — Acabei de comprá-las na Trash and Vaudeville. Em liquidação. Não acham lindas? Não gostariam de ter um par? — Ela balançou os dedos em nossa direção.
— Não sei. — Disse eu. — Acho que iam destoar do meu estilo.
Hanna fez careta.
— Souberam do homem que encontraram morto na Filadélfia? O corpo estava todo desfigurado, então ainda não sabem quem é. Presumo que Ezra tenha ido para lá, ele acha que podemos pegar quem fez isso.
— É. — Respondeu Toby, se sentando. — Encontrei com ele na saída.
— Não me contou isso. — Eu disse. — Foi por isso que demorou tanto para buscar a corda?
Ele assentiu.
— Desculpe. Não queria preocupá-la.
— O que ele quer dizer — Disse Hanna. — é que não queria estragar o clima romântico. — Mordeu o lábio. Vi Toby empalidecer no mesmo segundo. — Só espero que não seja nenhum conhecido nosso.
— Não acho que possa ser. O corpo foi jogado em um fábrica abandonada, estava lá há dias. Se fosse algum conhecido, teríamos percebido a ausência. — Toby puxou o cabelo para longe dos olhos.
Ele estava olhando para Hanna com certa impaciência, pensei, como se estivesse irritado por ela ter tocado no assunto. Eu gostaria que ele tivesse contado mais cedo, mesmo que tivesse afetado clima.
— Vou me trocar. — Anunciei, e fui para a porta que levava até o pequeno vestiário anexo à área de treinamento.
Era muito simples: paredes claras, um espelho, um chuveiro e ganchos para roupas. Havia toalhas empilhadas cuidadosamente em um banco de madeira perto da porta. Eu tomei um banho rápido e vesti minhas roupas de rua: uma calça jeans, sapatilhas, camisa de botões e um suéter cinza novo.
Quando voltei para a sala de treinamento, Alison estava ao lado de Hanna, e Toby estava arrumando alguns tatames. Alison estava com os cabelos presos em um rabo de cavalo, as madeixas louras úmidas de suor. O rosto também estava suado e a respiração ainda era irregular. O subsolo estava divido em várias alas de treinamento, eu estava treinando a flexibilidade, Aria estava treinando os voos em outra sala, Alison treinava os congelamentos em outra, e Emily exercitava os poderes da mente com Ezra em outra sala, e Hanna não estava treinando, provavelmente por pura preguiça ou por estar fazendo compras no horário do treino. Eles tinham deixado o tópico homens mortos para trás, e tratavam de algo que eu achava ainda mais horripilante — o encontro de Hanna com Caleb.
— Não posso acreditar que ele realmente tenha te levado para um restaurante de fato. — Alison estava ajudando Toby a guardar alguns tatames enquanto Hanna se apoiava na parede e brincava com as luvas novas. — Pensei que a ideia dele de encontro fosse te fazer assisti-lo jogar World of Warcraft com as irmãs nerds dele.
— Eu — Observei — sou uma das irmãs nerds dele, muito obrigada.
Alison deu um sorrisinho para mim.
— Não era exatamente um restaurante. Era mais uma lanchonete. Com sopa rosa que ele queria que eu experimentasse. — Disse Hanna, pensativa. — Ele foi um doce.
Eu me senti imediatamente culpada por não contar a ela sobre o fato de minha mãe não aprovar isso nem em outra vida.
— Ele disse que vocês se divertiram.
O olhar de Hanna se desviou para mim. Havia uma característica peculiar na expressão de Hanna, como se estivesse escondendo alguma coisa, mas desapareceu antes que eu pudesse ter certeza de que sequer tinha estado lá.
— Você falou com ele?
— Falei, ele me ligou há alguns minutos. Só para dar um oi. — Dei de ombros.
— Entendo. — Disse Hanna, a voz repentinamente viva e fria. — Bem, como falei, ele é um doce. — Ela pôs as luvas nos bolsos.
— Vocês já conversaram sobre, você sabe, exclusividade? — Perguntei.
Hanna pareceu horrorizada.
— Claro que não. — Então bocejou, esticando os braços de um jeito felino sobre a cabeça. — Muito bem, hora de dormir. Até mais tarde, amigas.
Então ela saiu, deixando uma nuvem entorpecente de perfume de jasmim atrás de si.
— Porque eu sinto que ela está escondendo algo? — Ali cerrou os olhos para o caminho que Hanna havia feito.
— Talvez porque ela esteja. — Sorri lascivamente.
Olhei para trás e vi que Toby já havia parado de guardar os tatames, agora ele estava no telefone, as mãos grandes segurando o aparelho de maneira concentrada nas palmas.
— Vamos ver as outras? — Ali me cutucou, então eu a olhei. Eu gostaria de ficar, mas Toby parecia ocupado no celular, então resolvi ir.
Os tênis de Alison faziam um barulho irritante na madeira enquanto ela dava passos apressados em direção à outra ala de treinamento. Eu conseguia aturá-la por mais tempo agora, e nesse período que tive a oportunidade de conhecê-la melhor, pude perceber que ela é menos arrogante com as pessoas mais próximas, mas ainda é irritante sempre que pode. E isso, às vezes, me tira do sério. Mas se ela preferia colocar uma trégua entre nossas divergências, não seria eu quem iria contrariá-la, embora esse fosse um dos meus passatempos favoritos depois de jogar palavras cruzadas, é claro.
Antes mesmo que pudéssemos chegar à outra ala, avistamos Aria quase se encostando ao teto do corredor. Ela vinha voando tranquila e lentamente pelo corredor parcialmente escuro, seus olhos verdes tão brilhantes quando um rubi, os braços abertos e os fios rebeldes que estavam fora do rabo de cavalo dançavam soltos com o leve vento que o movimento trazia. Ela estava bem mais acostumada com isso agora, embora pousar fosse seu ponto fraco por conta das pernas que ainda não funcionavam normalmente.
— Pequena Grande Aria! — Ali acenou para ela, sorrindo.
Ela parou no ar e ficou flutuando em pé, com os joelhos ainda flexionados.
— Oi, Ali. — Ela acenou de volta. — Oi, Spence.
Sorri de volta para ela e acenei com a mão.
— Esperem um segundo, eu já pouso. — Ela disse rapidamente, antes de começar olhar para baixo e tentar aterrissar no solo.
Bem devagar, seus pés se aproximavam do chão, o rosto dela estava franzido em concentração pura. Porém, eu percebi que ela não ia conseguir se aguentar em pé quando tocasse o chão.
Quando ela se soltou para cair, eu corri e a segurei pela cintura e ela me segurou pelos ombros.
— Vocês viram? — Ela perguntou com os olhos verdes arregalados e felizes. — Eu quase consegui!
— Quase mesmo! — Sorri para ela e passei um de seus braços pelo meu ombro, sustentando-a.
— Queria que Ezra tivesse visto! — Ela sorriu. — Ele ficaria orgulhoso.
— Claro que ficaria! — Ali se aproximou, e com ela, o frio também. — Nós também estamos! — Ela fechou a mão e bagunçou os cabelos de Aria, que sorriu ainda mais com o elogio.
— Cadê a Emily? — Perguntei, levando Aria pelo corredor frio com a presença de Alison.
— Treinando, obviamente. — Foi Ali quem respondeu.
Antes que outra palavra pudesse ser dita, chegamos à outra ala, Alison abriu as portas duplas de madeira sorrateiramente para que Emily não suspeitasse da nossa presença. Quando entramos, Aria ainda estava sorrindo agarrada ao meu pescoço.
— Shh... — Ali colocou o dedo indicador sob os lábios rosados e apontou para o centro da sala.
Lá estava Emily, parada no meio da sala, vestida também em roupas de treino. Os cabelos negros bem presos e as pálpebras serenamente fechadas. Ao seu redor, flutuavam vários tipos de objetos: sapatos, roupas, copos, garrafas, martelos, facas, bonecos do tamanho de uma pessoa e um tijolo. Emily abriu os olhos lentamente enquanto eu e as meninas assistíamos a cena com adoração, achando aquilo tudo um máximo. Aria olhava para os objetos como se Leonardo da Vincci estivesse ali ao lado deles; eu não conseguia descrever o olhar de Alison, era uma mistura de poxa, que maneiro e ligeira confusão. Eu estava achando aquilo um máximo, Emily Fields, minha melhor amiga desde a quinta série estava fazendo uma coisa daquelas!
Os olhos negros de Emily permaneceram abertos e fixos no tijolo que flutuava a sua frente. Ela juntou singelamente as sobrancelhas escuras, como se estivesse fazendo uma pequena força, olhos brilhando. De repente, o tijolo explodiu em pedaços, caindo no chão com um tilintar, os outros objetos desabaram em seguida, fazendo um pequeno estrondo. Senti Aria se assustar levemente.
O som de palmas foi ouvido e Emily virou se rosto para nós, um pouco confusa. Alison estava batendo palmas e sorrindo, enquanto Em se aproximava.
— Nossa! — Aria exclamou, feliz da vida. — Isso foi muito legal!
Emily sorriu timidamente.
— Valeu, Aria. — Ela encolheu os ombros.
— Se você puder fazer isso com a Spencer, eu agradeceria. — Alison riu e me olhou de soslaio com o mesmo sorrisinho que ela me dera minutos atrás.
Fiz uma careta e revirei os olhos para ela, que continuava rindo.
— Claro que não, sua idiota! — Emily riu também, empurrando Alison pelo ombro de leve.
— Mas isso foi estupendo! — Sorri pra ela. — Estamos ficando craques nisso. — Como exceção de você, Spencer, pensei.
Com um piscar de olhos, Emily parou de sorrir e brincar de flutuar as mechas escuras do rabo de cavalo de Aria.
— O que foi? — Ali olhou para ela e eu também, seguida de Aria.
— É o Ezra. — Ela disse, olhando para chão com os olhos desfocados. — Ele está se comunicando por pensamento, quer a gente vá até a base, lá em cima.
— Espere aí — Estendi minha mão livre. —, vocês se falam por pensamento?
— É um nano chip que ele colocou na minha cabeça e na dele. — Emily explicou, tocando com o dedo indicador um aparelhozinho minúsculo que estava um pouco acima e ao lado de sua sobrancelha. Franzi o rosto. Quando ele tinha feito isso?
— E o que Ezra quer? — Ali cruzou os braços.
— Ele não disse o que era, apenas que disse que era muito importante.
— Então vamos logo. — Falei, levando Aria para fora da sala.
Caminhamos lado a lado no corredor, conversando sobre a evolução dos poderes e tentado descobrir o que Ezra queria.
— Sério que ele não falou o que era? — Perguntei, me inclinando para frente para olhar para Emily. Já estávamos no elevador, esperando-o chegar ao andar certo.
— Não, mas já vamos saber do que se trata. — Ela disse assim que as portas metálicas deslizaram para os lados e saiu, em seguida Alison tomou a frente, seguindo até a sala de Ezra como se estivesse desfilando. Eu seguia com Aria em meu encalce, que arrastava levemente as solas dos Vans pelo chão branco e limpo enquanto tinha minhas mãos em sua cintura, ainda sustentando-a.
Ali abriu a porta azul da sala sem cerimônia alguma enquanto entrávamos atrás dela.
— E aí, qual é a boa? — Ela perguntou entrando na sala e fazendo Ezra se contorcer com o susto. Ele disfarçou e se virou para nós.
— Oi, boa noite para vocês. — Ele cumprimentou, recebendo o mesmo cumprimento de nós. Ele estava usando um casaco preto, um suéter preto com golas cumpridas e um boné preto também, algo que estranhei.
— Oi, meninas! — Hanna estava sentada em uma das cadeiras, mexendo em um computador, quando olhei de perto, vi que ela estava jogando Tetris.
— Oi. — Dissemos juntas, como um coro.
— Porque nos chamou? — Aria perguntou a Ezra, claramente confusa.
Ele sorriu para ela.
— Bom... Eu... — Ele passou a língua entre os lábios, nervoso.
— Desembucha logo, eu marquei com a Hanna de quebrarmos os equipamentos de filmagem do Jason daqui a vinte minutos. Então, anda logo com isso. — Ali balançou os dedos na direção dele.
Ezra respirou fundo. Da última vez que ele tinha começado assim, havia nos feito uma proposta maluca.
— Acho que vai ter que adiar isso. — Ele começou. Ali revirou os olhos.
— Alison, será que dá para calar a boca e ouvir o que ele tem a nos dizer com um pouco de respeito? — Me irritei com o comportamento dela e acabei gritando. De repente, o único barulho na sala era do jogo que Hanna estava jogando no computador, ao qual ela nem prestava atenção e apenas fitava Alison com curiosidade, esperando a resposta dela.
Ela deu um sorriso diabólico.
— Cuidado, se eu fosse você eu não...
— Vocês tem uma missão! — Ezra a interrompeu bruscamente, sua voz delicada entrando pelos meus ouvidos.
— O quê?! — Alison perguntou, incrédula.
— Eu contratei um cara que conseguiu hackear o sistema policial de Nova Iorque, hoje à noite, eles especulam que um grupo de sete pessoas mascaradas vai tentar invadir o Banco Central. — ele fez uma pausa. — Eles vão tentar cuidar disso, mas não vai ser fácil, pelo visto eles também têm poderes. E por isso precisamos intervir!
Ele balançou as mãos, exigindo atenção.
— Poderes como os nossos? — Emily perguntou assustada.
— Não, sei que um deles consegue atravessar paredes e outro pode ficar invisível. — Ezra tirou o boné e coçou a cabeça rapidamente, olhando para o computador. — Eu fui até a Filadélfia investigar um assassinato, provavelmente eles também estão envolvidos. Eles já praticaram muitos roubos e crimes na cidade.
— Mas isso vai ser agora? — Questionei, arregalando os olhos.
— Se quisermos pegá-los, teremos que ir agora mesmo até Nova Iorque. — Disse Ezra.
— Mas nós nem treinamos direito e... E... — Aria começou a perder o ar. — Eu... eu ainda nem consigo andar.
— Eu andei estudando e analisando o sangue de vocês. Semana passada eu e Toby fomos até a reserva Lakers, incrivelmente, uma pequena cratera tinha se formado no chão, abrigando uma quantidade singela daquele líquido brilhoso que as atingiu. Eu o trouxe para cá, se eu puder injetar um pouco nas suas pernas, talvez funcione. Vocês sabem, não ficam mais doentes porque seu DNA foi alterado e agora são imunes à qualquer tipo de doença, e se eu fortalecer os nervos de Aria um pouco mais, talvez ela possa andar.
Ele falava rápido, como se não tivesse tempo.
— Bom, eu estou dentro. Isso definitivamente vai ser melhor do que quebrar as câmeras do Jason. — Ali sorriu sonhadora.
— Eu também topo! — Hanna se levantou da cadeira, arrancando uma piscadela agradecida de Ezra.
— Bom, eu... — Aria me olhou por alguns segundos. — Eu vou também.
Olhei para Emily. Alison estava ao seu lado, dizendo coisas do tipo não precisa ter medo para ela. Em ainda estava pensando, eu podia perceber, seu maxilar estava trincado e seus olhos piscavam incessantes.
— Eu vou. — Ela disse decidida, soltando o ar pela boca.
Com isso, todos os rostos se voltaram para mim.
Porém, eu ainda não me sentia preparada.
— Elas já estão prontas? — Alguém entrou na sala. Era Toby. Ele estava com uma jaqueta de pano preta e estava colocando uma touca vermelha na cabeça.
— Você é maluco, Ezra. — Olhei-o, negando a cabeça desacreditada.
— Eu sou um cientista, Spencer. — Ele sorriu. — Digamos que essa uma característica natural que eu tenho que ter.
A única coisa que eu fiz foi sorrir travessa.
Mostre a eles quem são os Hastings, pensei.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo é só uma intro pro próximo. Beijos.



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