– Bem aqui estou eu, entediado novamente, não sei o que estou fazendo, mas estou sozinho na sala de reuniões pangando, nem sei se contar meus problemas pras paredes resolvem mais minha vida, meu pai resolveu viajar com mamãe, Nanny e Badoca pra Miami, estou sem namorar e quase enlouquecendo, terminei de assistir AHS again... Meu deus Jessica Lange nunca tem um fucki'n final feliz... Meus deuses, A filha dela era a Próxima suprema, tadinha quem diria que o sangue mais forte corria nas veias da filha do que da mãe... - Quer comer algo senhor? - Eleonor abriu a porta e enfiou a cabeça. - Não, não, não e novamente não sou senhor, tenho 23 anos, meu pai é senhor, seu deus é um senhor eu não... - Eleonor sorriu, ela era uma dessas novas secretarias que estavam treinando pra substituir minha velha e sarcástica amiga Mirr, nunca vi uma judia tão feliz e sarcástica quanto ela, mesmo tendo seus 50 anos ela é divertida competente e o melhor ama gays, alem de meter o " Foda-se o Nazismo " no final de qualquer frase nunca entendi isso, já que ela não chegou a ser uma das vítimas do nazismo ou da segunda guerra, ela é filha de um americano e uma alemã, então eles fugiram pra cá, ela nem mesmo chegou a sentir o cheiro do chumbo ou a quentura das armas na cabeça, então mesmo assim a respeitamos como uma boa judia. - Mirr, a senhorita conseguiu aqueles ingressos pra Funny Girl que pedi? - Perguntei, olhando ela organizando os papéis que vieram num malote postal de hoje. - Consegui, o motorista Albert, vem deixar os ingressos pro senhor. - Eu sorri. - Mirr, eu não tenho companhia, quer ir comigo? É claro se não se importar de andar com uma bicha sem namorado assim como eu. - Eu sorria e Mirr também, o batom vermelho era tão lindo nela, como em Lana Del Rey no clipe de Young And Beautiful, Mirr era uma das pessoas que mais saia comigo, já que meus irmãos estão sempre viajando ou ocupados pra mim... - E onde estão Sammy e Twixs? - ela perguntou sorrindo. - Estão viajando com o Sr. e Sra. Lambrinn, se não me engano estão nos Alpes suíços, comendo chocolate de nossa fábrica e assistindo besteira na televisão.

– Sai do escritório sem um veredito de Mirr se ela iria me acompanhar, não sei se ela assistiu Funny Brice original, Miss Barbra Straissand, mas Lea Michele está divina no papel, Robert Downey Jr, também, Daniel Readcliffe ainda está meio perdido no papel, mas com o tempo tudo vai ser perfeito.

– Meus dias pós Sylvain tem sidos meio difícil, mas quem diria que iria namorar durante oito meses com um travesti, nem mesmo eu imaginava isso... Bem terminamos amigavelmente. - Então é isso, vamos seguir cada um pro seu lado? - Perguntei enquanto Sylvain colava os cílios postiços na frente do espelho. - Sim, você quer alguém mais normal, eu não posso deixar de ser assim por ninguém, quando me conheceu eu já era assim, já sou assim a milhares de anos, não vou largar minha essência deliciosa por você... - Eu sorri, era o minimo a se fazer naquela situação. - Okay então, melhor assim, estava ate mesmo pensando em que nunca poderia apresentar você aos meus pais, eles me matariam... Nunca imaginariam que eu namorei uma Drag Queen. - Ele sorriu. - A palavra certa é Travesti... - Ele colou o cílio e saiu, fechou a porta e saiu....

– A algumas semanas tudo estava esfriando, nosso sexo, nossos beijos e tudo mais, não contei nada pra Sylvain, mas eu estava apaixonado pelo meu vizinho, acho que ver ele sair todo dia divinamente bem vestido, além do gosto literário dele, ver os livros, portfólios e o telefone sendo bem equilibrados nas mãos me dá um certo tesão, sei que ele é gay, trabalha com Moda e tem três amigas lindas e uma irmã que ama festas, os pais dele nem devem saber dele, mas não sei como, sinto algo tão estranho e diferente ao ver ele, como se já o houvesse visto antes, mas não sei onde, sei que vi ele crescer, ir a escola todos os dias enquanto eu terminava o ensino médio e ia para uma faculdade, o pior era quando ele saia a noite escondido, sempre conseguia ouvir ele praguejando ou derrubando algo, geralmente era o fone de ouvido ou o celular... Eu não o vigiava, pelo contrário, sou um bom observador e meu quarto tem uma janela que é virada pro jardim dele, depois que meus pais decidiram me dar a casa e ir morar em um condomínio eu tenho sido ainda mais observador, agora mesmo a poucas horas atrás, em torno das cinco da tarde ele saiu com as amigas para um festival Indie, mas ainda não voltou, as meninas já vieram o procurar, mas pelo jeito ele não voltou, isso deve ser influência do cara alto de cabelo e estilo do Adam Lambert, não sei o nome dele, nem quero saber, sei que ele mora duas ruas acima da nossa, anda de bicicleta e só usa o carro as vezes, eles trabalham no mesmo endereço, então devem ser amigos ou sei lá, sei que não vou muito com a cara dele... Mas sei que vou encontrar Robert, algo me diz que isso que eu sinto por ele, não é algo apenas meu, mas algo me diz, que talvez ele sinta algo por mim também...

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