Naquela noite fria.

Chorei por Jacob. Sorri para as estrelas e o coelho me guiara sobre o luar.

Mas então, em um dia de domingo , quando o garoto prometera ir busca-la para tocar piano e jogarem, ele não apareceu.

Na segunda ele não voltara.

Na terça-feira, a mãe do garoto de olhos verdes aparecera em sua porta.

O rosto inchado e olhos vermelhos.

Jessica sempre a achara bonita, com o cabelo em um rabo de cavalo e o vestido cinza com um leve casaco marrom. Era assim que ela estava.

“Jacob?” A sua avó perguntou e tudo o que ela fez foi chorar.

O que havia acontecido? Jessica não tinha a coragem de perguntar, mas se aproximou e foi envolvida em um abraço quente.

...

Na quarta feira o clima já começava a esquentar, a neve a derreter e o balanço na arvore aparecia debaixo da neve.

“Vamos, querida. Precisamos ir.”

Ir aonde?

Jessica usava um vestido negro , tão negro quanto seus cabelos.

“Quero ver o Jacob, ele prometeu vir me buscar. Devo esperar.”

Disse Jessica.

“Querida o Jacob, morreu. Agora ele está com sua mamãe.”

Jessica ainda não queria entender. A sua mãe havia sangrado até a morte e a culpa era de seu pai.

A avó tentou pegar sua mão da garota que se agachou e pos as mãos no ouvido.

“Não, não não...” A garota repetia sem parar. “Mentirosa.”

“Jessica!!

“Tudo culpa sua, eu podia ter brincado mais, podíamos ter tocado piano, ele me deixava tocar, mesmo que eu errasse, ele sorria. Ele ...” Tudo se embassou e Jessica havia desmaiado.

... Quando acordara em sua cama, pedira para avó leva-la até o Jacob.

Cenas de sua mãe dentro da caixa deixavam-na gelada e com calafrios.

Durante o enterro tudo o que ela fazia era olhar para o caixão e as palavras que escutava, ecoavam e eram esquecidas rapidamente.

“Querida, jogue uma rosa.”A avó lhe entregara uma rosa vermelha e se aproximaram do caixão.

“É nosso segredo...”

Observou a rosa cair no caixão frio de madeira.

...

Sentada no chão de seu quarto ela segurava o globo de neve.

“Apareça.” Pediu com um sussurro.

E apareceu.

O coelho apareceu.

“Viu minha querida? É sempre assim, eles sempre te abandonam.” O coelho se aninhou no colo da menina enquanto ela fazia carinho.

“Desculpe por não acreditar, agora vamos ficar juntos para sempre.”

“Não se preocupe, nunca mais irei sumir.”

Jessica ficou lá.

Sentada.

Chorando.

Acariciando.

Morrendo aos poucos.

“Estamos todos mortos por dentro.”

Disse a voz do coelho do globo de neve em um quarto escuro.

Jessica se levantara, o clima a noite ficava mais frio, mas ela usou pijamas e um casaco. Deitou-se na neve.

“As estrelas estão lindas hoje.”

Os lábios da garota ficaram roxos, seus olhos pesavam e o coelho ao seu lado sussurrava palavras doces.