As dúvidas na cabeça de Inverno estavam cada vez mais frequentes.

–Vocês podem me dizer o que está acontecendo aqui? -Perguntou a mesma

Onny usou sua magia negra, e congelou o tempo para que a conversa breve que os três teriam ali ficasse apenas entre eles.

–Inverno ou Alice. -Disse Anny

–Como sabe meu nome verdadeiro? Você estava morta! -Disse Inverno

–Ela te deu esse nome! -Disse Onny

–Como? -Sem entender nada, Inverno começou a querer acordar todos em sua volta, mas a magia de Onny era tão congelante quanto a sua

–Você se lembra de me encontrar um dia? Você pediu para te ensinar técnicas com gelo. -Dizia Anny enquanto colocava suas mãos nos ombros de Inverno, rezando para que ela soubesse do que a mesma dizia

–Eu acho que lembro. Mas o que isso tem a ver com essa situação? -Perguntou Inverno

–Aquele dia eu já sabia quem você era por seu poder espiritual. Vindo diretamente de mim e Onny. -Anny deu uma grande revelação para Inverno, ela estava querendo dizer que elas e Onny eram todos da mesma família?

**

–Alice! Não durma muito, assim você vai perder o tempo que te resta. -Gritou Ian em seu ouvido.

–Uh? Ah! Bom dia Ian! Quanta delicadeza... -Dizia Alice bocejando ainda

–Olhe para fora e veja o dia que esta perdendo! -Apontava Ian para a janela

O dia estava mais calorento que qualquer outro que Alice se lembrava, borboletas e passarinhos passavam diante da janela, as crianças do hospital estavam brincando e até que Ian teve a brilhante ideia.

–Vamos lá fora! -Disse Ian enquanto puxava Alice pelas mãos

–Espere! Ei! -Quando Alice se levantou, não conseguiu ficar em pé, por sorte, Ian conseguiu segura-lá em seus braços

–Alice eu... -Com olhos arregalados e sem saber muito o que fazer apenas se abaixou no chão com Alice em seus braços que também estava sem reação, nem mesmo ela sabia que seu estado estava assim.

–Esta tudo bem Ian! -Ela sorriu um sorriso forçado para Ian, tentando fazer com que ele se sentisse melhor e não culpado.

–Você é tão forte... –Ian apenas sorriu de volta para que ela pensasse que estava tudo bem.

Ele pegou a cadeira de rodas e então os dois saíram do quarto de hospital e foram para a área externa, aquele dia não seria abalado por uma pequena queda de Alice, pois Ian sabia que ela era muito mais forte que aquilo tudo.

–O que podemos fazer já que estou sem andar por enquanto? -Perguntava Alice enquanto olhava crianças correndo ao seu redor

–Olha... Eu tinha pensado em fazer uma maratona em volta do hospital mas já vi que não vai dar... -Zombou Ian

–Ian! -Disse Alice enquanto deu um tapa de leve no amigo que sorriu logo após

Uma estranha garotinha, mas bonita, chegou ao lado de Alice e ficou observando seu cabelo e olhos.

–Olá garotinha... -Alice estava sem graça, a garota usava um arco de cabelo caído

–Seu cabelo é muito bonito... Consigo ver seu futuro nele! -Comentou a garotinha enquanto acariciava seu cabelo

–Sério? Espere! Me deixe arrumar seu arco. -Quando Alice tirou o arco de sua cabeça, viu que muitos cabelos saíram juntos e logo deduziu o que aquela garota tinha, olhou feliz e disse -Você precisa conversar com seu cabelo, ele está bem caidinho! -Ambas riram e Alice colocou o arco de volta

–Obrigada! -A garota sorriu em forma de agradecimento

–Espere... Qual é o meu futuro? -Perguntou Alice curiosa e Ian ficava apenas observando

–Eu não acho que você irá gostar... Desculpe! -A garota saiu correndo e não contou o que "viu"

–Etto... Crianças são engraçadas não é? -Perguntava Ian

–Concordo... IDIOTA! Eu estou entediada... -Com uma voz calma em seu "concordo" Alice mudou de tom ao fechar os olhos e perceber que estava ali novamente sentada sem fazer nada

–Você é assustadora... IDIOTA! -Lá estavam eles rindo e brigando novamente, assim passaram a ser seus dias. -Ah! Me lembrei que te trouxe uns biscoitos!

–Idiota... Estou aqui pedindo para me tirar do tédio e você me da biscoitos... Se bem, que pode ser útil. Você me leva pelo hospital todo enquanto como igual a uma rainha. -Ela sorriu convencida

–Você esta abusando... -Murmurou Ian

–Rápido!

–C-Claro! -Ian deu os biscoitos o mais rápido que pode e começou a andar com Alice pelo hospital

Alguns dez minutos depois, Ian estava reclamando por estar cansado mas percebeu que Alice não estava reagindo e quando foi olhar...

–D-Dormindo?! Preguiçosa! -Ian ficou inconformado por Alice ter dormido no meio do passeio -Ela se sujou toda comendo apenas biscoitos... -Ele limpou seu rosto das migalhas e então sorriu

**

–O que está querendo dizer com isso? -Perguntava Inverno

–Onny é seu pai! -Revelou Anny

–Anny é sua mãe! -Disse Onny com a cabeça baixa encostado em uma coluna

–Vocês estão me dizendo que eu sou... Filha de vocês? -Inverno não acreditava em nada do que eles diziam, sua mãe estava morta e o pai também.

–Inverno... -Anny tentou acalmar sua filha

–Então quer dizer que minha mãe estava todos esses anos congelada em um caixão? Ela era a rainha que conheci anos atrás? E que meu pai é o cara que roubou um de meus amigos, quase matou os outros e que matou o marido de Elie? E que ainda quer destruir o lugar que fui criada pelos meus verdadeiros parentes e onde criei os melhores laços? -Ela estava falando sem parar, o olhar de espanto estava estampado em seu rosto

–Não é bem assim... -Dizia Anny

–Ela está certa e você sabe disso! -Disse Onny

–Calado! Me deixe explicar Inverno. Eu e Onny nos conhecemos primeiro que Enny e Unny, nunca soubemos nossa identidade e nem idade e muito menos de onde viemos e quem são nossos pais. A única coisa que lembramos é que quando acordamos, Onny estava olhando para o nada e tudo ao seu redor estava destruído. Como só vi ele em minha frente, eu fui conversar e desde aquele dia nunca mais nos separamos, aprendemos a sobreviver sozinhos, caçando e até que um dia descobrimos ter poder. Encontramos Inny, nossa mãe adotiva, que nos deu um nome, idade e moradia. Ele dizia que aparentávamos ser bem mais velhos do que a idade que ela nos deu, mas concordamos com tudo até que chegou Unny e Enny, que também tiveram a mesma idade que nós. Através dos conhecimentos de Inny, descobrimos que existiam mais crianças como nós abandonadas pelo mundo e que muitas morreram com o passar dos anos e foi quando tivemos a sede por justiça. Porém, todos os dias Inny ia caçar, mas ela saiu por um ano , deixando nós com comida, segurança e ensinamentos. Mas Unny e Enny eram muito grudados com ela, então resolveram ir juntos, ela perguntou se estava tudo bem eu e Onny ficarmos juntos e dissemos que sim, sem ter o que fazer, nós dois ficávamos maior parte do tempo olhando um para a cara do outro, nós nos amávamos naquela época, nossa mãe tinha nos ensinado o significado de amar.

–Não precisa contar os detalhes... -Comentou Onny

–Sh! Então foi ai que aconteceu, nessa separação de um ano eu tive você, mas nunca pude imaginar que não poderia cuidar de você. Durante um mês você ficou comigo, até que eu soube que eles iriam voltar. Eu e Onny tivemos a decição de procurar alguém que pudesse cuidar de você, até que conheci sua mãe, ela cuidava de outras crianças também, expliquei a situação para ela e então foi ali que nos separamos. -Anny respirou

O silêncio tomou conta de Inverno e o vento voltava a soprar diante de seus cabelos brancos e pretos.

–Você vai ficar quieta depois de toda essa história? Que tédio... -Comentou Onny aborrecido

–Você quer que eu diga exatamente o que? Que estou feliz por ter um pai horrível e uma mãe que me abandonou para uma desconhecida? -Dizia Inverno zangada e ainda chocada

–Isso já está ótimo. -Onny encostou na parede novamente

–Onny ou pai... Por que exatamente está fazendo tudo isso? -Perguntou Inverno, deixando Anny surpresa com a pergunta e por Inverno ter o chamado de pai

–Pai? Eu estava cansado de Anny ser a nossa líder, Unny nunca contrariava ela e eu e Enny também nem devíamos. Então ela teve a ideia de criar nosso reino. -Respondeu Onny

–Não é o que eu sinto que você sente... -Comentou Inverno

–Como? -Perguntou Anny

–De algum modo consigo sentir a presença e os sentimentos de vocês. Onny está vazio e Anny está com medo. -Inverno apertava suas mãos

–Estou vazio? -Perguntou Onny

Então Inverno se aproximava de seu "pai" colocando sua mão esquerda diretamente em seu peito, na direção do coração. Deixando Onny surpreso com seus olhos arregalados.

–O que pensa que vai fazer? -Perguntou Anny

–Você tem uma tarja preta na frente de seus sentimentos. Se como minha "mãe" disse, você confiava mais nela que em qualquer um. Mas você confiava mais em Enny? -Dizia Inverno

–Como é? -Novamente Onny estava surpreso -Na verdade não. -Ele voltou ao seu estado normal.

–Ela vai fazer com que ele descubra! -Enny se descongelou

Ao olhar para frente, em direção a Inverno e Onny, Anny só consegiuui ver a velocidade que Enny correu em direção a sua filha com uma espada em sua mão, ela estava certamente pronta para matar alguém e esse alguém era Inverno.

–Cuidado! -Gritou a mesma

Olhos arregalados e o barulho de uma espada perfurando a pele de alguém era tudo que se ouvia e via.

–Você não...