–Esse é o circulo de Halley! –Anunciou Arquimedes a sua turma, mostrando o complexo desenho que surgira em sua folha de papel depois de ter feito a cruz e deixado que gotas de sangue caíssem sobre o desenho –Deve notar que existem uma espécie de triangulo a qual representa o presente, passado e futuro. Agora façam a invocação e observem o circulo que irá aparecer... Notem a pronunciação correta! Não gaguejem, não interrompam a invocação pela a metade! Não quero ter que explicar tudo de novo e ainda mais não quero limpar a sujeira que vocês podem produzir caso invoquem algum circulo errado!

O resto da classe voltou a sua atenção agora para a folha de papel que no momento detinha uma cruz feita por giz. Sobre a nossa carteira também apresentava um alfinete negro a qual sempre usamos para fazer aquele tipo de invocação. Peguei o meu e alfinetei o meu dedo, gotas de sangue logo escorreram e caíram pesadamente sobre o papel branco.

–Eu invoco o circulo mágico de Halley. –Falei pausadamente, as palavras devem ser ditas em certo tempo e também com certa entonação, isso era o que aprendemos nas primeiras aulas, tratava-se do básico! Não se pode gritar, sussurrar ou choramingar a não ser que o feitiço precise disso para ocorrer.

O desenho que eu tinha feito começou a sumir, como se apagado por uma borracha invisível, em seu lugar surgiu o circulo a qual o professor tinha mostrando previamente.

–Nossa! Sinistro! –Se admirou Yuri.

–Eu nunca conseguiria desenhar um circulo mágico deste nível...-Analisou Carlota.

–Só especialistas desenham esse tipo de círculos e mesmo assim demoram anos para conseguir a sua obra prima, por exemplo, Halley, ela demorou 60 anos de sua vida para desenhar esse circulo. –Explicou Arquimedes.

–60 anos?! –Paola exclamou.

–Mas ela ficou famosa por isso e ficou rica por sua contribuição para o acerco mágico do bruxos, não? –Perguntou Arthur.

–Bem...Tendo em vista que ela fez esse circulo no século XVI, creio que as leis dos direitos autorais não valiam muito nessa época. –Brincou o professor –Bem, bem! Vamos utilizar o circulo? Primeiro devem ativa-lo, lembre-se que cada circulo tem uma forma especifica de ativação, neste caso devemos entoar um pequeno poema...

–Que fresco...-Reclamou Yuri.

–Ela foi uma bruxa de séculos passados, naquela época era moda fazer esses tipos de coisa! –Tento defender, afinal gosto de poesia.

–Não vejo nada de mal nisso...-Concordou Fernando –Digo, um poema é algo que, depois de decorado, é fácil de lembrar.

Ele estava concordando comigo? Bem, não estava acostumada com isso... Lhe lancei um olhar e ele apenas sorriu e acenou. Arthur também me observava e parecia irritado. Ótimo, de alguma forma tinha me metido entre aqueles dois...Espero que não seja um outro tipo de competição de rivalidades. Eu definitivamente prefiro continuar invisível também na escola “especial”! Mesmo que ali era meio difícil, só existiam 6 alunos de idades diversas... Era meio difícil não se destacar.

–Vocês devem falar assim:

O passado é um vento

Cuja brisa fria só tenho a lembrança

O presente é um alento

Cuja dor e infortúnios só me leva a crer na esperança

O futuro é obscuro

Para vê-lo é necessário perseverança...

Ao falar isso o circulo que o professor estava segurando começou a brilhar forte, por alguns momentos Arquimedes fechou os olhos, parecia estar dormindo em pé, mas eu consegui notar que na verdade ele estava em transe, mas este durou poucos minutos.

–Bem, parece que terei frango frito para o jantar! –Disse sorridente –Não era bem a previsão que eu queria... Preferia que ter visto algo relacionado ao resultado da loteria ou algo do tipo. –Deu os ombros – Bem, não se pode controlar a previsão, a única coisa que posso garantir é que toda a visão que vocês terão será relacionado a vocês, ou seja, é o futuro de vocês. Ninguém pode utilizar esse circulo para ver o futuro de outra pessoa! Quando irá ocorrer? Se irá ocorrer? Isso são outras variáveis, Halley acreditava após ter o vislumbre do futuro você tem duas opções se tornar apático ao que ocorrerá ou tentar mudar. No meu caso, eu odeio frango... Vou convencer meu colega de quarto a pedirmos uma pizza!

Olhei para o meu circulo mágico, o que será que poderia ver... De certa forma fiquei assustada. Todas na sala começaram a recitar o pequeno poema, eu não podia ficar para trás e logo falei as palavras de ativação do circulo...

Estava em uma ampla sala, na verdade mais parecia um templo grego ou romano com seus grandes pilares. Velas acesas circulavam o ambiente... Elas estavam flutuando...

No centro havia o que parecia ser um altar, pude ver que algo estava escrito no chão de mármore... Algo foi desenhado e estava gravado fortemente na rocha... Era um circulo mágico... Pude ver uma estrela de oito pontas.

–O ritual irá começar... –Falou alguém que vestia uma túnica negra e uma capuz sobre o rosto de coloração vermelha. Ele segurava um cálice dourado... O liquido de seu interior transbordou e escorreu por sobre o desenho no chão... Tudo começou a se iluminar... O Céu escureceu...

–O fim da era humana... Inicio da era dos bruxos... –Uma voz gargalhou em meio as trevas.

Acordei subitamente, senti minha cabeça rodar, meu corpo tremia. O que tinha acontecido? Aquilo era uma visão? Mais parecia um pesadelo... Olhei para os lados tentando ver a reação de meus outros colegas. Yuri choramingava por ter descoberto o que iria ganhar em seu aniversário. Paola suspirou sonhadora, seja lá o que tinha visto, tinha gostado. Carlota rasgava o papel do circulo em pedacinhos e resmungava que ele era inútil, pois só mostrou que ela tiraria nota baixa. Os únicos que estavam quietos e tinham um olhar horrorizado, tal como o meu, era Arthur, Fernando e Kathy...

Será que eles tinham visto algo ruim como eu?

Na verdade, o que eu tinha visto? Parecia ser um ritual de ativação de um circulo mágico... Mas se aquilo era o futuro, eu de alguma forma estava envolvida... Além disso, o que significava aquelas palavras ditas pelo encapuzado?

O fim da era humana... Inicio da era dos bruxos...

Aquilo me dava arrepios...

Não, definitivamente, aquilo não deveria ser o futuro.