Mente tortuosa escrita por MilaChan


Capítulo 7
Jogo de palavras


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, essa semana o cap saiu mais cedo, espero que gostem boa leitura e nos vemos nas notas finais



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Ao entrar na sala, percebo como estou nervosa, sabia que a doutora Lauren não ia deixar escapar nenhum detalhe.

– Sente-se Emily - Diz ela, indicando o sofá de couro. Minhas mãos estão suadas, meu coração acelerado. Esta não será uma conversa como as outras que já tive com Lauren. Não, essa definitivamente será diferente.

Me sento no sofá, começo a puxar a manga de meu casaco. Olho fixamente para uma estatueta que fica na mesa de Lauren, era uma pena esfera, sua base era plana e firme, mas conforme eu ia olhando pude ver que a parte superior estava faltando partes para q a esfera s formasse.

– Vamos começar Emily - Diz ela me tirando do meu transe.

– Claro, o que você quer saber?

Ela me analisa, percebo que ela irá fazer algo diferente. Lauren se levanta de sua cadeira pega uma folha de papel e me entrega junto a uma caneta.

– Emily, quero que escreva para mim os números que para você sejam os mais importantes.

Não entendo muito bem o por que disso, eu a encaro tentando adivinhar o motivo de eu fazer isso, mas ela nada me diz. Olho para o papel, não preciso pensar muito. Eu sei os números. Escrevo- os e em seguida devolvo o papel Lauren.

– 4, 13, 2009, 8. Interessante. Você poderia me dizer o que esses números representam pra você? Percebi que não demorou pra escrever.

– Não saberia por onde começar, são muitos detalhes e acontecimentos envolvendo esses dígitos. Tenho medo de não ser capaz de falar - Estava sendo sincera com ela, realmente eu não sabia o que falar.

– Se acalme, nós temos muito tempo. Começaremos pelo número 8. O que tem a me dizer sobre ele.

Começo a me acalmar, Lauren está me dando a chance de explicar cada número um por um. Respiro fundo e começo a falar.

– Oito, significa que era agosto. Estava acontecendo muitas brigas, eu não conseguia mais ver o mundo, pelo menos não como ele era. Fez mais frio do que é de costume naquele mês. A boneca caiu da cama e rachou.

– Boneca? Que boneca?

Não consigo responder, estava começando a suar, estava nervosa. Lauren se levanta novamente e me entrega um copo com água. Bebo devagar e deixo um pouco, sei que vou precisar depois.

– Respire fundo, controle os batimentos, você está indo bem. 2009, o que quer dizer?

– Eu estava dançando, eu via o céu brilhar, com luzes... eram os fogos. Eu dançava e tocava violino. Podia ouvir as risadas, era lindo... mas de repente tudo começou a girar. E girou, girou, girou, não parou mais. Ela dizia pra eu ficar com ela, não queria que eu a deixasse. Eu sempre via meu pai escrevendo esse número quando ele e minha mãe me levavam para um dos locais brancos.

Paro de falar pego o copo e bebo mais um pouco de água. Respiro fundo, sei que ainda não acabou.

– Vejo que isso é um resumo do que ocorreu em 2009, você foi diagnosticada - Ela percebe que começo a ficar tensa, ela se senta ao meu lado e segura a minha mão - Se acalme, se quiser podemos terminar isso outro dia.

– Não, eu vou terminar. Já chega de ter medo, não posso deixar que ele me vença - Penso em Thomas e como ele me fez me sentir normal e especial ontem, eu quero mais daquela sensação, preciso ir em frente.

– Tudo bem, número 4 - Diz Lauren com uma certa cautela em sua voz.

– Estava muito frio, eu dormi ouvindo o violino de meu pai, ao acordar, ouvia sussurros alguns eu conhecia outros não. Então eu vi uma coisa, uma espécie de sombra. Ela gritava em minha mente. Saí da cama, então eles me pegaram, me machucaram, me tiraram de casa. A boneca caiu novamente e se quebrou. Desculpe mãe eu a quebrei.

Percebo que começo a chorar, lágrimas de um passado inteiro e que só agora vieram a cair. Precisei de um tempo pra me recuperar, ainda faltava um número.

– Doutora Lauren, a minha mente é a minha prisão, eu... quero falar, mas eu fico acorrentada aos meus pensamentos - Estava soluçando, era difícil falar - Esses números, eu penso neles a todo instante, eles contam a minha história. Treze, foi o momento em que o relógio bateu e a boneca se quebrou.

O ano em que fui diagnosticada, o mês em que meu estado piorou ao extremo, o dia em que fui levada até a clínica e nunca mais pude sair e a hora exata em que a minha vida acabou. Sim esses eram os números da minha vida, da minha história.

Lauren criou um jogo de palavras perfeito, eu consegui falar tudo, agora ela sabia.

– Emily, você está aqui a seis anos, por que só agora revelou isso?

– Porque eu sinto que só agora é que estou voltando a me reconstruir. Eu sou como aquela esfera - Aponto para aquela escultura - Espero que um dia volte a ficar inteira.

Percebo que Lauren me olha de um jeito diferente, ela está vendo além dos meus problemas. Sei que ela quer descobrir muito mais a respeito do que acabo de contar a ela, mas sei que não vai perguntar nada.

– Vou encerrar a sessão de hoje, mas por último Emily eu quero te perguntar. O que a motivou a querer me contar isso hoje.

– Eu quero me sentir normal novamente, e só vou conseguir se eu progredir. Pra que isso ocorra tenho que ficar estável, pra ver Thomas novamente.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal espero que vcs tenham gostado, não se esqueçam de comentar. Beijaaaoooo



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