Mente tortuosa escrita por MilaChan


Capítulo 5
Você sabe o que é azul?


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, primeiramente eu quero pedir desculpas por não ter postado ontem, o pc não deixou, mas estou aqui com mais um cap pra vcs, espero que gostem e nos vemos nas notas finais.



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POV Thomas Markinstop

– Então quer dizer que o nome daquela moça é Emily? - Estava na cafeteria com uma enfermeira que pelo jaleco vi que se chamava Susanne, procurava mais informações sobre a garota do mais belo olhar e acabo de saber que se chama Emily.

– Sim, a Emily é uma menina com vários problemas, é extremamente raro alguém da idade dela apresentar esquizofrenia, ainda mais nessa intensidade. Eu a conheço já faz muitos anos e ao longo desse tempo, eu pude perceber o quanto ela é uma garota doce , delicada é muito inteligente - Lágrimas começam a brotar de seu rosto - Eu apenas quero que ela evolua, mas depois da crise de hoje percebo que ela está decaindo.

Pelas palavras de Susanne, posso perceber o quanto ela gosta de Emily e quer vê-la feliz.

– Mas, eu estou curiosa a seu respeito rapaz, trabalho aqui a muitos anos e aprendi a ver os problemas e necessidades das pessoas através de um olhar, quando olho pra você vejo um rapaz muito bonito, pelas roupas é bem de vida e pelo linguajar é culto. Mas eu também vejo que você precisa ser ouvido e compreendido.

Ela acertou em cheio, não posso deixar de ficar surpreso com a declaração de Susanne, é o meu maior desejo, ser compreendido. Porém só de estar aqui conversando com Susanne já sinto que estou sendo ouvido e compreendido.

– Você realmente acertou, não se deixe enganar pela minha aparência, estou longe de ser perfeito e foi um dos meus vários defeitos que me trouxe pra cá.

– Ninguém é perfeito, são nossos pequenos defeitos que nos fazem ser nós. A propósito, eu não perguntei qual é o seu nome, acho que você já deve ter percebido que me chamo Susanne.

– É percebi sim, meu nome é Thomas. Susanne, eu gostaria de te pedir um favor - Estava nervoso em fazer esse pedido, pois sabia que era difícil de se realizar.

– Se estiver ao meu alcance, pode pedir.

– Eu gostaria de ver a Emily novamente.

Susanne me olha um pouco receosa e diz.

– Serei bem honesta com você Thomas, é difícil de acontecer, ela ainda deve estar inconsciente e normalmente depois de ser sedada fica com enjoo e mal estar...

– Por favor, eu apenas te peço que tente. Sinto que devo vê-la novamente, quero olhar novamente para aqueles lindos olhos, sentir o cheiro de seu cabelo - Tento ser o mais sincero possível com a minha declaração para que ela veja que eu não estou brincando.

Susanne parece surpresa com as minhas palavras, ela estava prestes a me dar uma resposta, mas somos interrompidos com a chegada de meus pais.

– Ah finalmente achamos você tomas, já estava ficando preocupada - Fala minha mãe, não consigo deixar de ficar incomodado, como alguém consegue fingir tanto?

– Você tem que nos avisar quando sair de perto de nós, principalmente aqui neste lugar - Meu lança um olhar de desprezo para a clínica, o que não passa despercebido para mim nem para a enfermeira Susanne.

– Olha só, eu não sou mais nenhuma criança, não preciso toda vez avisar quando saio, tenho 24 anos. Eu estava apenas tomando um café e tendo uma agradável conversa com a enfermeira Susanne - Faço um gesto para apresentar a enfermeira.

– Vocês devem ser os pais do Thomas, muito prazer e me desculpe por qualquer transtorno.

– Imagina, meu nome é John e essa é a minha esposa Cristine - Ao olhar para Susanne vejo que ela reconheceu quem são meus pais, mas algo surpreendente ocorre, ela não diz nada.

– Já estávamos indo - Disse minha mãe.

– Mas... - Já estava começando a me opor quando Susanne me corta.

– Se me permitem dar um conselho, eu sugiro que deixem Thomas aqui por mais algumas horas sozinho, para que ele possa se adaptar ao ambiente. Realizamos essa recomendação com todos os novos pacientes.

– Não sei se isso será necessário, já vimos tudo - Falou meu pai, mas Susanne insiste, percebo que ela quer me ajudar a encontrar com Emily.

– Por favor é uma recomendação importante senhor John.

Meus pais se entreolharam um pouco preocupados e eu sabia o por que disso, eles não queriam que os segredo sujo que nós escondíamos fosse revelado.

– Tudo bem - Diz meu pai apreensivo - Mas não demore muito Thomas e nos ligue.

– Tudo bem - Confirmo.

Depois que meus pais saíram a enfermeira Susanne se voltou para mim e me levou para uma sala de espera.

– Eu vou pedir que espere aqui, vou ver se consigo fazer com que vocês se encontrem.

Sorrio e abraço.

– Muito obrigado.

– De nada Thomas, já volto.

Vejo ela sair, me sento e me agarro a esperança de conseguir ver Emily novamente.

POV Emily Monroe

Acordo mais ainda me sinto cansada, minha cabeça dói, sinto um forte enjoo e parece que vou cair mesmo estando deitada. Só sinto esses sintomas depois de receber uma sedação e isso só pode significar uma coisa, eu tive uma crise. Minhas suspeitas são confirmadas quando vejo que estou usando uma camisa de força. Odeio essa coisa, aquele que inventou isso, não tinha amor pela vida.

Ouço uma batida na porta, em seguida vejo Susanne entrar.

– Olha só fico feliz que tenha acordado, deixe eu tirar você dessa camisa, sei o quanto você a detesta. Ela vem até mim e tira a camisa do meu corpo, então consigo ver os meus braços, estão sujos de sangue, é nesse momento que começo a me lembrar mais claramente do ocorrido.

Começo a chorar no colo de Susanne, as lágrimas escorrem, soluço, minha cabeça lateja e meus pulmões ardem.

– Eu nunca vou sair daqui, sou incapaz de ficar uma semana sem ter uma recaída. Você deveria desistir de mim, sou um caso perdido.

Susanne me olha de um jeito assustado e preocupado.

– Emily eu nunca faria isso com você, eu te amo e me preocupo com a sua saúde. Se acalme, eu te trouxe uma surpresa.

Estranho, pois quase nunca recebo surpresas.

– Qual?

– Seu pai está vindo te visitar.

Não posso deixar de sorrir, adoro quando meu pai vem me visitar, sempre fazemos coisas agradáveis e divertidas que me relaxam.

– Ele daqui a pouco deve estar chegando, vou te ajudar a tomar seu banho - Diz Susanne, ela separa uma muda de roupa, me ajuda a me levantar e me guia até o banheiro. Normalmente eu acabo precisando de ajuda na hora do banho, principalmente de receber fortes medicações.

Durante o banho começo a me lembrar do ocorrido, não consigo deixar de pensar que aquele homem iria me levar para longe do meu pai e de Susanne, mas também lembro daquele lindo rapaz ruivo. Ao sair do banheiro visto a minha roupa, uma regata rosa e uma calça branca, ambas largas e uma sapatilha também rosada. Susanne limpa os ferimentos em meu braço, me dá uma sopa para almoçar já que meu estômago está bem sensível.

Assim que termino de fazer tudo, ouço alguém bater na porta, em seguida vejo meu pai. Saio correndo e o abraço com força e ele corresponde. Sinto o agradável cheiro de seu perfume que nunca mudou.

– Senti sua falta minha corujinha.

Meu pai me chama assim, desde que eu era pequena, pois meu maior sonho era ser uma coruja, ficava imitando o barulho e balançando os braços para fingir ser as asas.

– Eu também pai.

– Vamos dar uma volta para que possamos conversar.

Fico receosa quando ele diz isso, detesto sair do meu quarto, ainda mais hoje depois de ter uma crise, mas não digo isso a meu pai.

– Tudo bem respondo - Respondo.

Fomos para a área aberta da clínica, eu e meu pai nos sentamos aos pés de uma árvore, está um agradável sol e um céu bem bonito.

– Eu te trouxe um presente - Diz meu pai me entregando um embrulho.

Ao abrir vejo que é uma linda edição de Alice no País das Maravilhas, possui capa dura e letras douradas, é encantador.

– É lindo pai muito obrigada - Digo abraçando-o.

– De nada Emily, eu sei o quanto esse livro é importante pra você, sua mãe o lia quando você era pequena.

Quando ele fala isso, lembro das noites no meu quarto com a minha mãe lendo esse livro para mim, fazendo uma voz diferente para cada personagem. Ela sempre dizia que eu era a Alice e o país das maravilhas a nossa mente, por mais que pudesse ser louco e confuso, era encantador e sempre nos surpreende.

– Não sei nem como agradecer.

– Só esse seu sorriso já é o suficiente.

Fico analisando os detalhes do livro quando meu pai diz.

– Emily eu vou ter que ir conversar com a Susanne por alguns minutos, você se importa em ficar aqui?

Quero gritar e dizer que não, que estou com medo de entrar em pânico novamente, mas tento manter a calma e digo.

– Tudo bem, tem enfermeiros por perto, eu acabei de ser medicada, não se preocupe ficarei bem.

Assim que meu pai sai, fico observando e lendo alguns trechos do meu livro. Até que observo que tem alguém por perto, e não é o enfermeiro. Quando eu olho, vejo que é o rapaz ruivo, ele está vindo ao meu encontro, rapidamente me levanto.

– Eu poderia me sentar com você ?

Eu quero dizer que sim, mas tenho medo de machuca-lo, quem sabe eu já não tenha lhe causado algum mal que não me lembre, então digo.

– Eu já estava de saída, me desculpe pelo que aconteceu, não queria machuca-lo nem provocar mal algum, eu sinto muito.

– Por favor não vá, eu quero lhe dizer antes de tudo que você não me causou nenhum mal, muito pelo contrário, eu senti algo incrível quando vi você, eu apenas quero conversar, por favor, fique.

Me surpreendo com suas palavras, não é comum alguém dizer que eu fiz bem a alguma pessoa, novamente a sensação de tranquilidade que ele exala é mais forte que meus medos. Lentamente volto a me sentar junto a ele.

Fico em silêncio durante algum tempo, não sei o que conversar com ele, mas ele quebra isso.

– Eu gostaria de saber qual é o seu nome?

– Meu nome é Emily - Tomo coragem - E o seu?

– Me chamo Thomas.

Volto a me fechar, mas ele continua a querer falar comigo.

– Vejo que gosta de Alice, é um dos meus livros favoritos. '' Quanto tempo dura o que é eterno?...''

– '' As vezes apenas um segundo'' - Completo.

Fico intrigada ao saber que ele gosta desse livro e que sabe uma das minhas frases preferidas. Acabo sorrindo.

– Você tem um sorriso encantador. Qual a sua cor favorita?

– Azul - Não penso duas vezes.

– Podia jurar que era branco ou rosa.

– Eu odeio branco, é uma cor fria e triste, tudo aqui é branco desde as roupas que todos usam até alguns dos remédios que tomamos. Eles dizem que o branco traz paz, mas é uma mentira, as cores que trazem paz, elas fazem nos lembrar do mundo lá fora.

– Uau, essas são palavras que realmente vale pensar. Mas por que azul?

Sorrio e respondo.

– Thomas, você sabe o que é azul?

– Apenas sei que é uma cor.

– Azul é a liberdade. O céu é azul, onde as aves voam livremente e por mais que ele fique cinza, preto, ele sempre voltará a ser azul. O mar e as águas onde os peixes nadam sem preocupação, é dos mais belos e variáveis tons de azul. Azul é algo tão raro que são poucas as coisas naturalmente azuis, assim como a liberdade também é algo raro.

Ele parece chocado com as minhas palavras, mas antes que ele possa a me dizer algo, Susanne chega.

– Desculpe interromper, Emily trouxe seus medicamentos das 5.

– Nossa, já são cinco horas - Digo.

– Já, o tempo voa quando estamos em boa companhia, daqui a pouco eu devo te buscar, pois esses remédios dão muito sono.

Depois de toma-los, não demora para o sono chegar e acabo cochilando, só venho a perceber quando ouço meu pai me acordando. Vejo que dormi no ombro de Thomas, mas ele não me rejeitou, ele me abraçou e colocou sua jaqueta sobre mim como um cobertor.

Meu pai me ajuda a levantar e me guia até o quarto, antes de entrar no quarto, vou me despedir de Thomas.

– Muito obrigada por ter me convencido a ficar, eu adorei essa tarde de verdade, você pode vir sempre. Mas se você não quiser vir Thomas eu vou entender, deve ter sido chato ter ficado comigo...

– Não diga isso Emily, eu não tenho uma tarde tão boa assim já faz muito tempo, muito obrigado por me dar isso. E se eu não tivesse gostado a nossa tarde só teria durado um segundo e pra mim ela vai ser eterna.

Fico constrangida com o comentário, mas sorrio.

– Boa noite, espero que durma bem - Digo.

– Boa noite Emily e não se preocupe, eu irei dormir bem, vou ter os mais belos olhos para sonhar.

Minhas bochechas ficam quentes, eram os meu olhos e ele os achava lindo, eu poderia dar um abraço ou até mesmo um beijo em sua bochecha mas não estou pronta para algum contato físico, apenas sorrio e entro.

Em meu quarto começo a jantar e pela primeira vez em alguns meses eu como toda a comida em meu prato, na hora de dormir a única coisa é consigo pensar é:

Quero muito ver Thomas novamente pois ele me fez sentir normal, enão tenho uma noite tranquila e sem pesadelos.


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Notas finais do capítulo

Bom pessoal é isso espero que vocês tenham gostado do primeiro encontro deles, agora as coisas vão começar a ficar mais emocionantes, não deixem de comentar um beijão pra todos!!!



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