Auror Potter e o Mestre dos Disfarçes escrita por Leandro Zapata


Capítulo 1
O Garoto que Morreu


Notas iniciais do capítulo

Finalmente está online!
A espera acabou e finalmente podem retornar ao fantástico mundo de Harry Potter!
Boa leitura.



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Os três passaram pela parede, saindo assim da plataforma 9¾, onde deixaram seus filhos e irmãos no Expresso Hogwarts. Gina, como mãe, estava preocupada com o pequeno Alvo, que ia para o seu primeiro ano na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Apesar de ter passado seus melhores anos lá, ela ainda tinha o coração na mão. Harry, porém, não se preocupava tanto quanto a esposa, pois a Professo... Ou melhor, Diretora Minerva McGonagall, uma das melhores bruxas que Harry conheceu, fora escolhida como substituta de Severo Snape, que por sua vez substituiu Dumbledore. Ela fora a diretora de casa de Gryffindor, a qual Harry pertenceu quando, anos antes, estudou em Hogwarts. Poder-se-ia dizer que ela era a bruxa mais forte do mundo, apesar de Harry ter uma opinião diferente. A pequena Lilian Potter, a filha mais nova do casal, tagarelava suas imaginações sobre como seria seu próprio ano em Hogwarts. Harry odiava pensar que dali a dois anos ela estaria embarcando naquele trem. Sua menininha...

– Harry, acha que vai ficar tudo bem com Alvo? - Gina perguntou, interrompendo os devaneios do herói.

– Claro que vai. - Ele respondeu enquanto andavam para o mini-Cooper voador, uma das criações mais modernas de Jorge - apesar da clara inspiração no Ford Anglia azul do pai. - Hogwarts é o lugar mais seguro da terra.

– Dumbledore costumava dizer isso. Nós todos quase morremos mais de uma vez naquele lugar. - Gina soava preocupada.

– Papai, podemos ir voando dessa vez? - Lilian perguntou.

– Sim, podemos! - Harry respondeu entusiasmado, deixando de lado as palavras de esposa.

Eles seguiram para uma rua com pouco movimento. Apertou o botão de invisibilidade, engatou a marcha de voo. Lilian ria de alegria sempre que voavam, assim como Harry, que sempre amara voar - seja num carro ou numa vassoura. Ver o mundo lá do alto, a sensação de liberdade. Era indescritível. E Lilian, ela herdara essa paixão. Harry há uns meses atrás ensinara um pouco a ela como voar de vassoura, assim, ele sonhava, quem sabe quando ela entrasse em Hogwarts fosse escolhida como apanhadora.

Eles pousaram no Largo Grimmauld de frente ao número 12, “a mui antiga e nobre Casa dos Black”, que Harry herdara de Sirius Black, seu padrinho. Houve um período, anos antes, que aquela casa era protegida pelo Fidelius charm de Dumbledore, que ficou sendo o fiel do segredo. Em outras palavras, se ele não dissesse como encontrar a casa, ninguém a encontraria. Tal medida foi necessária a fim de poderem usar a casa como quartel-general da Ordem da Fênix - uma organização fundada para combater os Comensais da Morte e Voldemort. A Ordem não existia mais, pois não era mais necessária já que todos os Comensais estavam mortos ou em Azkaban. Muitas coisas haviam mudado daquela época, não só na casa, mas no mundo mágico.

Um rapaz os esperava diante da porta. Toda vez que Harry olhava para o menino ele lembrava-se de seus pais Tonks e Remus Lupin. Afinal, Ted assemelhava ambos os pais ao mesmo tempo, um equilíbrio perfeito - apesar de que ele poderia muito bem alterar sua aparência, sendo o Metamorfomago que era.

– Vocês demoraram. - Ele brincou quando os três Potters se aproximaram.

Apesar de ser órfão e ter sido criado pela avó, Andrômeda Tonks, Edward - Ted - era um rapaz feliz. Estava sempre sorrindo e fazendo travessuras durante o tempo que passou em Hogwarts. Ele namora Victoire Weasley, filha de Bill Weasley e Fleur Delacour Weasley. Há alguns meses, um tempo depois da formatura de Ted, Harry conseguiu que o Ministro liberasse o treinamento de Ted como Auror sob supervisão direta do Auror Potter. Desde então, todos os dias eles vêm trabalhando junto tentando manter a paz estabelecida após a guerra contra Voldemort.

– Bem, Ted, não se pode aparatar com toda sua família, sabe? - Harry também brincou. - Veio almoçar conosco hoje?

– Sim. Não poderei vir na janta devido a um compromisso.

Eles entraram e sentaram-se na sala de estar recém-reformada, assim como todo o resto da casa. Harry, então, disse: - Que compromisso? Victoire está em Hogwarts.

– É um curso sobre o Brasil. Uns feitiços exóticos que estão em desenvolvimento por lá.

– Muito bom. Não se deve parar de estudar mesmo.

– Você está convidado, se quiser ir, padrinho. - Ted se apressou em dizer.

– Eu estudei essas magias semana passada. - O Auror retrucou. - Não pense que seu tutor não está por dentro das coisas, Ted.

– Afinal, o senhor é Harry Potter, o menino que sobreviveu. - Ele aceitou o comentário na brincadeira.

Gina chamou-os para o almoço. Era uma espécie de macarronada com um molho meio apimentado de carne. O acompanhamento era frango cortado em tiras e camarão. Estava delicioso. Depois do almoço, Harry arrumava a cozinha com Gina, enquanto Ted brincava com Lily.

– Onde está Monstro? - Harry perguntou do velho elfo-domestico que sempre trabalhou para a família Black.

– Está limpando o sótão. - Gina disse defendendo o elfo. - Ele está organizando, mais uma vez, as coisas dos Black. - Harry ia retrucar, mas a esposa o interrompeu. - Não se zangue com ele, Harry. Ele é muito solitário e sente falta dos antigos moradores daqui.

– Não ia me zangar. Mas já que temos um elfo, ele poderia limpar a cozinha.

– Eu gosto de fazer as tarefas domésticas. Não se preocupe.

A campainha tocou, e Harry foi atender.

Parada à soleira da porta uma mulher trajando roupas extravagantes, com diversas cores e desenhos que Harry não podia descrever. A mulher tinha os cabelos loiros acinzentados muito compridos, depois da cintura. Seu olhar era sonhador e distante, como se tudo ao redor não importasse. O herói reconheceu-a de imediato.

– Luna? - Harry estranhou a visita, pois ela não tinha muito tempo para visitar o amigo.

– Olá, Harry.

O Auror não percebeu que sua esposa se aproximou: - Que roupa é essa? Você realmente não muda. - Gina comentou à amiga. - Não é; Di-Lua.

– Você, ao contrário, mudou bastante. - Ela disse como se dissesse a esmo.

– Tia Luna! - Gritou Lilian, correndo entusiasmada em direção à visita, e abraçou-a. A menininha tinha uma admiração pelas roupas bizarras que a secretária do Ministro usava.

– Se soubéssemos que viria, e se você tivesse chegado dez minutos mais cedo, teríamos preparado um almoço mais digno. - Gina comentou. - E por digno, entenda “exótico”. - Ela fez aspas com os dedos.

– Devo pedir desculpa, pois não só não poderia aproveitar sua refeição como terei que levar Harry comigo. - Respondeu. - O Ministro vos chama.

– Sobre o que ele deseja falar? - Harry perguntou.

Luna olhou para Harry sem dizer nada. Ele entendeu o recado. Ela está ficando boa em ser discreta, pensou. Ele olhou para esposa, que levou Lilian para dentro.

– Vamos. Contar-lhe-ei a caminho.

De onde?, foi pergunta mental do herói. Eles entraram em um seda preto, carro oficial do Ministério.

– Como você sabe, há alguns anos o Ministério criou uma sessão nova. Seção de Observação Trouxa. O pessoal da seção está em vários órgãos públicos trouxas para evitar que nosso mundo seja exposto. O que quase aconteceu quando Voldemort resolveu nos destruir. - Harry achava estranha a garota avoada falando de assuntos sérios; ainda não se acostumara. - Esta manhã um assassinato ocorreu. E você, mais do que todos, precisa checar a cena do crime.

O sedan preto parou a porta de uma residência desconhecida, onde três viaturas de polícia e uma ambulância trouxa isolavam a área. Cruzaram a pequena estrada sem serem parados, alguns policiais até mesmo cumprimentaram Luna. Harry precisou conter o riso.

Ele não ficou surpreso quando eles encontram com Draco no caminho que separava carro e a casa. O Malfoy fazia parte da Seção de Observação Trouxa como agente de campo. Ele foi designado pessoalmente pelo Ministro Shacklebolt a trabalhar no escritório da Scotland Yard em Londres por duas razões óbvias: a primeira era o ódio que ele sentia por todos os trouxas e sangue-ruins, como ele os chamava, a segunda era uma consequência disso; trabalhar na polícia como Observador e detetive de polícia. Era isso ou ir para Azkaban fazer companhia para seu pai, Lucius.

– Potter. - Ele cumprimentou com um sorriso falso e antipático.

– Detetive Malfoy. - Harry provocou sabendo que ele odiava o título. - Resuma o caso. - Harry era Auror, e não apenas, Auror-mor, em outras palavras, ele estava hierarquicamente acima de Malfoy e, por decorrência, podia dar ordens a ele.

– Nós recebemos a ligação cerca de trinta minutos atrás. A pessoa que ligou, Potter, identificou-se como... - Ele fez uma pausa, estava considerando se dizia ou não?

– Malfoy. - Usou o único tom que usava com Draco: o de autoridade.

– Foi uma mulher. Ela afirmou ser Bellatrix Lestrange.

Assim que ouviu o nome, uma antiga raiva nasceu dentro de Harry. Anos atrás, quando finalmente Harry ficaria livre da opressão dos Dursley e se mudaria para casa de Sirius Black, seu padrinho, houve uma batalha no Ministério da Magia entre os Comensais da Morte de Voldemort e a Ordem da Fênix. Bellatrix foi aquela que matou Sirius diante dos olhos de Harry, que jurou que a mataria por isso, apesar de nunca realmente concluir sua vingança. Durante a batalha de Hogwarts, porém, Molly Weasley, mãe de Rony e Gina, matou a bruxa Lestrange após esta tentar assassinar sua filha.

– Harry. - Luna interveio rapidamente. - É um blefe apenas. Quem quer que tenha sido pode ter usado o nome para atingir você. Quebrar sua confiança e seu raciocínio. Não caia nesse truque barato.

Ela tinha razão. O Potter sabia disso. E afirmou, ainda meio abalado, em voz alta.

– Você está certa. Draco, me fale das vítimas.

O Malfoy parecia estar se divertindo com os sentimentos do Auror.

– Há três vítimas: Olivia, Dylan e a criança, Archie. Tomos membros da mesma família: Knight. São todos trouxas. Os corpos de Oliva e Dylan já foram removidos, mas decidimos deixar o corpo de Archie no local. Não há sinais de arrombamento. E o outro filho do casal, Oliver, está desaparecido.

– Não conseguiram contatá-lo?

– Não, aparentemente seu número de celular foi desativado, assim como sua conta bancária. A matrícula da faculdade foi suspensa devido a faltas acima do limite. E sua moto desapareceu, apesar da placa ainda estar na garagem.

– Ele é o principal suspeito.

– Exato.

Harry ia entrando, mas Luna segurou-o pelo braço.

– Uma última coisa, Harry. De acordo com o relato de alguns vizinhos, Oliver esteve diferente nos últimos meses. Brigava muito com os pais, e era algo tão absurdo que os vizinhos podiam escutar cada palavra. Uma vez ele chegou a hospitalizar o próprio pai. A razão, porém, só foi dita por uma única pessoa: a ex-namorada de Oliver. - Luna fez uma pausa, parecia organizar seus pensamentos ou então estava simplesmente pensando nos Bufadores de Chifre Enrugados.

– O que ela disse? - Harry falou com urgência.

– Ela disse que ele encontrou um livro estranho na Biblioteca Britânica. Era um livro sobre Alquimia, o que até então não era algo tão extraordinário, pois até mesmo os trouxas tiveram seus estudos no assunto. Isso, até ela me escrever o nome do autor do livro. - Ela tirou um pedaço de papel rosa do bolso, que deve ter sido parte de sua agenda.

Harry arregalou os olhos; estava incrédulo com o que lia. O nome ali era um nome que ele tinha ouvido pouquíssimas vezes e há muito tempo atrás, mais de vinte e cinco anos. Ele estava escrito em uma caligrafia muito bonita e obviamente feminina.

Nicolas Flamel.

– Por que diabos um trouxa possui um livro de Nicolas Flamel? - Harry praticamente gritou, mas nenhum dos policiais pareceu notar. - Isso pode significar muitas coisas. Principalmente que ele sabe do mundo mágico e pode nos expor. Temos que encontrar esse rapaz!

– Arthur e sua equipe já estão no processo, mas não está fácil. Nem mesmo por magia.

– Algo está errado. Algo está muito errado.

– Você acha? - Draco ironizou. - Vamos entrar e ver a cena do crime.

_____________________________

Ted Lupin despediu-se de Gina e Lily com abraços calorosos. As duas, junto dos outros Potters, eram sua família. Por causa deles, a ausência de seus pais não doera muito em sua vida. Harry sempre o tratou da melhor forma possível, foi como um pai para ele e Gina como uma mãe. Foram eles que mais ajudaram Ted em sua solitária vida.

Hogwarts e seus professores tiveram um papel importantíssimo, principalmente Minerva e Hagrid. Este sempre estava pedindo para que Ted se transformasse em um animal ou outro para que ele pudesse se aproximar deles. Uma vez Ted se transformou em um unicórnio para que Hagrid fosse capaz de colocar umas ataduras em um deles. Minerva sempre deu muitos conselhos a Ted para que ele não se sentisse sozinho durante os anos de escola; ela, até mesmo, o ensinou a fazer amigos.

Antes que pudesse relembrar seus amigos, uma pessoa parada do outro lado da rua chamou sua atenção. Era um homem de aparência frágil, um tanto doentia e cansada; suas roupas velhas e cinzentas atenuavam essas características. O cabelo era castanho-claro e grisalho, deixando sua aparência ainda mais velha. Em contraste, ele tinha bonitos olhos cor de âmbar, que poderiam facilmente ser confundidos com azul.

Ted, porém, o reconheceu de uma de suas fotos antigas; uma que Harry havia dado para ele e que ele guardava a sete feitiços em seu quarto. Esse homem estava numa foto ao lado de outra pessoa, sua mãe, Ninfadora Tonks.

– Pai? - Ele gritou. - É realmente você?

Ele tentou atravessar a rua, mas um ônibus vermelho de dois andares passou apressado descendo a rua, quase pegando o rapaz em cheio.

Remo não estava mais ali.

– Deve ter sido apenas coisa da minha imaginação. - Decidiu. - Estou até falando sozinho!

Ele pegou sua varinha e, então, chamou um nome.

– Stanislau Shunpike. - Disse em voz alta.

A princípio nada aconteceu. Bem, nunca acontecia, afinal ele sempre estava um pouco longe para poder chegar imediatamente quando chamado. Contudo, minutos depois, ele ouviu um estampido muito alto, que quase deixou-o surdo. Dois pneus enormes cantaram e quase subiram na guia, mas pararam habilidosamente rente a ela. O experiente motorista sabia muito bem o que estava fazendo. O ônibus de três andares, roxo berrante, que surgiu do nada buzinou alegremente um jingle desconhecido a Ted. Letras douradas no para-brisa anunciavam:

O Nôltibus Andante.

A porta lateral abriu e Lalau, o motorista mais animado que Ted já viu, disse:

– Meu amigo, Edward Lupin! É sempre um prazer revê-lo!

Lalau, como o motorista gostava de ser chamado, já estava com quase quarenta anos e suas orelhas de abano continuavam tão grandes quanto no dia que Ted o conheceu anos antes. Ted poderia estar errado, mas jurava que o rosto dele estava com mais marcas de espinhas que da última vez que o viu, na semana anterior.

– E ai, Stanislau. - Eles se cumprimentaram com um abraço rápido e tapinhas nas costas.

Antes de completar onze anos e ir para Hogwarts, ele não tinha amigos, sua avó Andrômeda Tonks sempre foi uma ótima pessoa, mas não supria solidão que o menino sentia. Na época, ele apenas se sentia feliz quando Harry o visitava, o que não acontecia mais do que uma ou duas vezes por semana, já que ele, na época, estava treinando e estudando para se tornar Auror.

Nos outros dias à noite, Ted fugia. Queria correr para longe, encontrar amigos, fugir daquele mundo mágico dos bruxos que só acabara com sua vida. Um mundo que matara os pais que nunca conhecera, deixando-o órfão antes mesmo de saber o que era o carinho de mãe e de pai. Tal mundo matara também a possibilidade de ter irmãos. A vó sempre contava como era crescer em uma família de cinco filhos, ele sentia inveja, queria aquilo mais do que qualquer outra coisa. Mas o mundo mágico tirou isso dele. Era apenas ele e a avó - e Harry, esporadicamente.

Então ele conheceu o Nôltibus Andante. Era uma noite de lua cheia, ele estava em uma rua cujo nome era Magnólia. Rua Magnólia. Nunca tinha ido ali antes, na verdade nunca tinha ouvido falar de tal rua. Apenas a lua iluminava seu caminho, pois cada vez que passava sob um poste de luz elétrica, este apagava. Sem dúvida era devido aos seus poderes latentes de bruxo, os que ele odiava.

O ônibus de três andares roxo parou ao lado dele, alinhado perfeitamente reto a rua, fazendo muito barulho. A criança levou as mãos aos ouvidos. Um motorista saltou dele. Era relativamente novo, com menos de trinta anos, com a cara marcada de espinhas e ainda com algumas.

– Bem-vindo ao ônibus Nôltibus Andante, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Basta esticar a mão da varinha, subir a bordo e podemos levá-lo aonde quiser. Meu nome é Stanislau Shunpike, Lalau, e serei seu condutor por esta noite. - Apenas quando terminou de falar é que notou que era uma criança. - Ei, meu jovem, está tudo bem? Está perdido? - Ele tinha uma preocupação genuína na voz. Vendo que Ted não dizia palavra alguma, ele acrescentou: - Vamos, entre, Ernesto irá preparar um chocolate quente para você.

Ernesto era um senhor idoso, poderia facilmente ter mais de noventa anos - mas no mundo bruxo, isso poderia significar até um milênio de vida, era impossível dizer. O senhor estava sentado em uma cadeira de rodas diante de uma máquina de chocolate quente. Sua responsabilidade, Ted deduziu, era apenas repor os ingredientes.

Havia também uma mulher que estava arrumando duas camas vazias no ônibus, que não possuía bancos para se sentar, mas camas para deixar seus passageiros confortáveis. Ted achou-a jovem e bonita, não devia ter mais do que vinte anos. Seus cabelos eram loiros e seus olhos castanho-claros, como o sol.

– Não olhe muito, pois ele é minha esposa. - Lalau brincou, sentando no banco do motorista. - Como se chama?

– Ted. Ted Lupin.

– Muito prazer.

– Harry me disse que o motorista desse ônibus era ele. - Ted apontou para Ernesto.

– E era, mas ele não consegue mais dirigir. Então eu assumi o volante. - O menino gostou de Lalau. - O que uma criança está fazendo perdida no meio da rua? Não acha melhor eu te levar para casa? Onde mora?

– Eu fugi, portanto não quero voltar para casa.

– Pois bem. Para onde vamos?

– Eu não sei.

Lalau observou-o por um momento, pensativo. Depois disse: - Já sei para onde irei te levar.

O Nôltibus Andante ganhou a noite.

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Assim que os três cruzaram a porta, Harry notou que os outros policiais balançavam a cabeça para Luna, cumprimentando-a.

– Para eles, eu sou uma inspetora. São meus subordinados. - Explicou.

Ele não conseguiu conter o sorriso, mas pelo menos a gargalhada ele guardou para si.

A primeira coisa que notou foi centenas e centenas de papéis de chocolate espalhados pela casa toda. Havia papéis na escada, nos sofás, na mesa da sala de jantar; até mesmo na lareira. Ele duvidou, mas não havia outra explicação lógica para aquele vicio, apesar da única possibilidade ser quase impossível. Dementadores não saiam de Azkaban, e se algum deles saísse, Harry, como líder dos Aurores, deveria ser notificado imediatamente.

– Você acha que... - Ele iniciou a pergunta a Luna, que apenas com um olhar, calou-o.

Ela está perigosamente boa nisso.

– Pode me dizer exatamente por que estamos na cena de um crime tro... Como essa?

– Por causa daquilo. - Ela apontou para uma sala, onde policiais saiam e entravam constantemente.

Harry entrou.

As palavras, imagens, sentimentos, tudo na mente do rapaz sumiram de imediato. Ficou paralisado. Havia sangue para todos os lados. Abaixados, vários policiais forenses tiravam fotos do local onde o corpo de Archie Knight estava estirado no chão, com cortes no pescoço, barriga e pulsos. Ele sentiu uma tristeza profunda pelo garoto; pensava que isso poderia acontecer com um de seus filhos. Ali devia ser uma sala de leitura, pois havia uma estante sem livros, e duas poltronas manchadas de vermelho. Levou a dobra do braço para o nariz, filtrando o cheiro podre que o local tinha vindo do cadáver.

Todavia não foi a brutalidade, o cheiro ou o sangue que deixou o Auror estarrecido, e sim a imensa frase escrita com sangue em uma das paredes:

Lord Voldemort voltou.


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Notas finais do capítulo

Bem, senhores, o primeiro capítulo está completo aqui, mas nos próximos, apenas uma parte será postado aqui. O capítulo na integra você confere no meu blog:
https://congelante.blogspot.com.br/