Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 5
Auburn


Notas iniciais do capítulo

E aí galera? Preparados para o nosso primeiro Ginásio? Espero que sim!

Forte abraço a todos!



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O grupo rapidamente conseguiu encontrar o caminho do qual foram forçados a sair para resgatar o pequeno Pidgey. O pássaro continuava a repousar no colo de Dave, piando cada vez mais baixo, claramente com dor, e eles corriam para chegar ao Centro Pokémon de Auburn a tempo.

O menino seguia incessante, com Eevee a sua frente e o Pokémon ferido nos braços. A fome era coisa do passado e menos do que uma preocupação para ele. A única coisa que não conseguia sair da sua cabeça era o que Eevee fizera na batalha contra Fearow. Ele preferiu não tocar no assunto, mas mal podia esperar para entrar em contato com o Prof Noah. Ele vai poder me explicar o que aconteceu dizia o menino para si mesmo.

Mindy seguia um pouco atrás, constantemente checando o mapa para calcular a distância que restava até a cidade.

– Se a gente continuar assim chegaremos lá em poucas horas, eu acho.

– Ótimo! – respondeu o rapaz – Ele não pode esperar muito pelo atendimento.

E assim eles continuaram por cerca de duas horas, entre caminhadas apressadas e leves corridas, até a borda do bosque, de onde já se via a cidade. A menina voltou a checar o mapa, enquanto usava o que restava de suas forças para alcançar o companheiro a sua frente.

– É logo depois da entrada, Dave, bem à esquerda. – disse ela, ofegante.

O dia ia baixando quando eles entraram no Centro Pokemon um pouco destrambelhados, reclamando dos segundos perdidos esperando as portas automáticas se abrirem. Em menos de três horas eles chegaram ao destino que lhes teria levado um dia inteiro de caminhada. Dave mal passara pelo tapete de boas vindas e já estava chamando por ajuda, um pouco mais alto do que deveria.

– Enfermeira! Enfermeira! Alguém ajuda, por favor!

Imediatamente uma mulher de cabelos rosa saiu de trás do balcão de atendimento para atender os jovens suados que estavam fazendo estardalhaço em seu hall de entrada.

– Fale mais baixo rapaz! Isso aqui é um hospital! – ralhou a enfermeira, antes de continuar – O que houve com esse Pokémon?!

– Não. Ele foi atacado por enorme bando de Spearows... – respondeu o menino, ofegante.

A mulher parecia horrorizada. Ela olhava para os meninos, mas parecia perdida em pensamentos, como se o que Dave dissera não fizesse sentido.

– Spearows estão atacando os Pidgeys?! E onde está o Pidgeot?! – ela falou, como um pensamento em voz alta.

A maca chegou assim que ela terminou de falar, trazida por uma prestativa Chancey. Elas saíram apressada para cuidar dos ferimentos do pequeno Pidgey sem dar mais explicações.

Dave, porém, não precisava que ninguém lhe explicasse mais nada. Instintivamente, ele se lembrou de James, o treinador daquela manhã, agora em uma realidade surpreendentemente distante:

“A batalha ainda não acabou Henry! Vou testar meu mais novo Pokémon. – Vai Pidgeot!”

Ele via a cena como um filme em sua cabeça. Então aquele Pidgeot era o líder do bando de Pidgeys percebeu o rapaz. Se ele foi capturado, o Fearow deve estar tentando conquistar seu território.

Algumas horas se passaram e a noite nublada e escura era dominante do lado de fora. O movimento de pessoas caíra bastante, e agora, a cidade estava preparando para se recolher.

Mindy já havia cuidado de se instalar. O grupo dividiria o mesmo beliche, em um quarto para dois. Os treinadores deveriam estar pensando em sua batalha contra o ginásio da cidade, onde, pela primeira vez, eles estariam disputando uma insígnia, mas enquanto andava de um lado para o outro da sala de espera, a única coisa que se passava na cabeça de Dave era a saúde do pequeno Pidgey.

Eevee também não deixara o aposento. Eles não se sentaram, nem comeram ou beberam qualquer coisa. Por que será que está demorando tanto? Por que é que ninguém da noticias?!

A enfermeira ainda não havia aparecido quando Mindy voltou à sala de espera com um pequeno pacote plástico na mão.

– Toma Dave, eu trouxe uma coisa para você comer.

– Obrigado – disse o rapaz, sério, enquanto pegava o embrulho e se sentava. A menina acompanhou o gesto do rapaz, sentando-se ao seu lado.

– Olha, fica tranqüilo. A gente o trouxe aqui o mais rápido que pudemos... Ele vai ficar bem – continuou a treinadora.

– Eu sei, eu sei... – respondeu ele, em uma voz cansada.

A menina ficou ao lado do menino que comia calado, determinada a fazer companhia à vigília de Dave. Eventualmente ela pegou no sono, com a cabeça apoiada no ombro do amigo. Então, a porta da enfermaria se abriu, e a mesma enfermeira saiu, secando o suor da testa. Ela parecia exausta.

Dave se levantou em um pulo, dando um grande susto na amiga.

– Enfermeira, como ele está?! – perguntou o menino em voz alta.

– Shh! – falou ela botando um dedo em frente à boca. – Não acredito que você ainda esteja aqui. Já está tarde, sabia?

– Eu sei, eu sei, mas eu tenho que saber como está o Pidgey.

– Ele ainda está inconsciente e vai precisar de cuidados, mas ficará bem – respondeu a mulher, fazendo Dave, Mindy e Eevee suspirarem aliviados. – Não foi fácil controlar o estado dele. Não gosto nem de pensar o que teria acontecido se não fossem vocês.

Dave ficou imensamente aliviado. Pidgey estaria bem logo, tudo estava resolvido.

– O que eu não entendo é como ele foi atacado... – continuou ela, pensativa – O pequeno grupo de Pidgeys que vive na floresta tinha um Pidgeot como líder. Ninguém nunca mexia com eles. – Ela parecia preocupada – E olha que nós tentamos. Essa cidade adora os Pokémon inseto e os pássaros não são muito bem vindos. E nunca tínhamos visto Spearows por ali.

– Acho que o Pidgeot foi capturado – respondeu o menino, se lembrando daquela manhã. – Isso deve ter atraído os Spearows.

– Se você não tivesse me dito que Spearows estavam na floresta, eu estaria até aliviada, mas um bando de Spearows é mais numeroso que um de Pidgeys. Isso será um problema para os insetos. – A mulher ia se retirando mais uma vez, mergulhada em seus pensamentos. Dave, entretanto, a chamou de volta.

– Ei! Espera, enfermeira...- Só então ele notou que não sabia o nome dela.

– Joy – completou a mulher de cabelos rosa, se voltando para ele com um leve sorriso.

– Onde está o Pidgey? Eu queria muito vê-lo.

– Desculpe querido, mas ele ainda não pode receber visitas. Agora, boa noite, todos vocês. – e com isso, ela se retirou.

Apenas quando batera na cama, o menino sentiu todo o cansaço do dia em seu corpo. Amanhã minhas pernas vão estar me matando...

***

Dave acordou sentido cada centímetro de suas pernas reclamarem do esforço do dia anterior. Ele continuou deitado, de olhos fechados, sem querer acreditar que não estava mais dormindo, mas quando a porta de seu quarto se abriu e ele se virou para olhar quem entrava.

– Bom dia! – Disse Mindy sorridente. – Trouxe o café da manhã para você.

Ufa, eu devo estar dormindo ainda... pensou o menino, voltando a fechar os olhos.

– Ei! Levanta! Eu trouxe isso para você e você vai continuar deitado? – perguntou a menina, incrédula. – Ai, ai, espera ai Eevee!

O pequeno Pokémon marrom havia pulado da cama mais alta do beliche, que dividia com seu treinador, e quase derrubara a bandeja que ela trazia.

Dave se levantou perplexo.

– O que tem nessa comida Mindy? Você não envenenou nada não né?

A menina lançou um olhar feio para o rapaz, que zombava da sua boa vontade.

– Come logo e não reclama Dave. – respondeu ela, servindo também o pequeno Pokémon marrom, que puxava sua perna com ansiedade.

O menino apenas riu e se sentou na única mesa do quarto para ter a primeira refeição do dia. Assim que comeu, ele se levantou e rumou para fora do quarto. Pensava em visitar Pidgey e ver como ele estava, mas Mindy parecia ter acordado bem mais cedo do que ele.

– Nem adianta Dave, a enfermeira Joy disse que o Pidgey não pode receber visitas ainda.

– O que? Mas quando que eu vou poder vê-lo? – perguntou o menino, desapontado.

– Ela disse que talvez a tarde ele acorde, mas que é para você não se preocupar. Ele está bem melhor.

O menino se sentiu aliviado. Pelo menos esta tudo bem. Ele fez menção de voltar para o quarto e deitar-se de novo. Mas então se lembrou de uma coisa importante. Ele precisava falar com o avô de Mindy.

O rapaz se dirigiu novamente para fora e rumou para o videofone mais próximo. Com sorte, o Prof. Noah já estaria no laboratório.

Depois de dois toques, o rosto redondo do pesquisador careca apareceu no vídeo, sentado em seu enorme laboratório principal. Para variar, ele tinha um pacote de rosquinhas a sua frente, e uma meio comida em sua mão.

– Olá Dave! Como você está meu rapaz? – perguntou o animado senhor.

– Olá professor! Estou ótimo. – respondeu o menino. Ele não queria perder tempo. Sua curiosidade já estava se tornando preocupação. - Eu precisava muito falar com o senhor! É Sobre o Eevee...

– Pode falar. O que houve?

– É que...- começou ele, e, após hesitar por um instante, ele contou ao professor sobre a batalha com Fearow.

– ...e então, quando os Spearows voltaram a atacar, o Eevee parecia ter ficado com muita raiva, não sei, e foi envolto por uma aura escura. E ele investiu contra o Fearow com muita força. Eu nunca tinha visto nada assim. O Fearow foi jogado muito longe e até derrubou árvores! – explicou o menino.

– Uhm, interessante... – disse o Professor alisando a careca. Ele ficou calado por alguns segundos, pensando no que dizer - Você disse que ele parecia estar com raiva?

– É! Todo mundo ficou indignado! Quer dizer, o Fearow enganou a gente.

– Claro, claro... entendo, mas o Eevee em particular ficou muito indignado não é? – voltou a indagar, pensativo.

– Acho que mais do que todo mundo né? Foi ele que lutou contra o Fearow o tempo todo.

– Bom, a única coisa que posso pensar é em um ataque Frustração. – Disse o especialista em um tom inconclusivo

– Frustração?!

– Sim. É um ataque que eu não esperava que o Eevee soubesse, mas ele pode ter sido ensinado – disse o pensativo cientista – Ele tem uma força incrível quando o Pokémon está triste, decepcionado, ou até indignado. Mas o que me intriga é que nunca haviam me relatado um ataque assim, tão forte. Não posso lhe dar nenhuma certeza, Dave...

O rapaz não sabia o que dizer. Estava imerso em pensamentos. Será que é mesmo um ataque Frustração? E se for? Como que o Eevee fez o ataque ficar tão forte? Nessa hora, por trás dele, surgiu Mindy, feliz. Ela cumprimentou o avô, e Dave permitiu que ela dessa continuidade a conversa. Ele ainda não sabia o que pensar. Ela relatou toda a viagem do grupo até ali, incluindo como ela tinha capturado Nidoran. Para a surpresa de Dave, ele não se incomodava tanto como uma vez se incomodara.

– Um Nidoran Mindy! – disse Susan, aparecendo no vídeo pela primeira vez. – Mas que ótimo! Você sempre quis um lembra? – disse a bonita mulher.

– Pois é! – Disse a menina, liberando Nidoran para apresentá-lo a família. – Diz “oi” Nidoran!

E se não for o Frustração? O que pode ser? Eevee chegou e pulou ao lado de Nidoran, cumprimentando todos no videofone, enquanto seu treinador continuava tentando entender o que acontecera. O que é que eles fizeram com você Eevee? E por que é que eles te querem tanto de volta?

Nesse momento, porém, as únicas palavras que poderiam ter acordado Dave de seu transe foram pronunciadas pelo Professor.

– Mindy, vocês já visitaram o ginásio de Auburn? – perguntou ele a sua neta.

O menino se voltou imediatamente para a tela, com um olhar de surpresa que ele não conseguiu esconder.

– O ginásio! – disse o menino, dando um tapa na própria testa. – Eu não acredito que esqueci!

– Esqueceu?! – disseram Mindy, Susan e o Professor, juntos.

– Esqueci! Eu tava tão preocupado com o Pidgey e com o Eevee que eu esqueci! – disse ele, em uma mistura de aborrecimento e animação. – Vamos agora Eevee! Vamos! Vamos! – disse ele pegando seu Pokémon no colo com pressa.

– Obrigado Professor e Doutora! A gente ta indo, tchau! – Disse ele, desligando a ligação antes mesmo que os especialistas tivessem tempo de se despedir. Ele pegou Mindy pelo braço e puxou para a saída com muita pressa.

– Ei, espera! Por que você desligou?! – reclamava a menina enquanto era carregada pelo braço para fora do Centro Pokémon. O rapaz não se deu ao trabalho de responder. Em sua cabeça, só existia um pensamento. Ele tinha que ganhar a sua primeira insígnia.

Eles caminharam em grande velocidade pelas ruas da cidade, desviando das pessoas por quem passavam. Atraíram alguns olhares feios da multidão que se encaminhava para seus respectivos trabalhos, mas isso não incomodou Dave, que ia sempre à frente de Mindy, enquanto a menina dava as instruções em relação ao caminho por entre os becos, casa e altos prédios.

– Vira ali ó – dizia a menina, mais uma vez correndo para alcançar o amigo – agora à esquerda, vai ter uma praça e redonda e... – ela perdeu a voz

Eles haviam alcançado a praça, com algumas poucas árvores espalhadas pela grama verde e fofa. Mas não foi a praça que a deixou sem voz. Do outro lado, de frente para os meninos, se levantava uma alta construção que impressionava a quem a visse. Tinha o formato oval, com uma cor cinza que lhe dava um improvável aspecto de casulo e, como se estivesse pousada em cima do prédio, uma enorme representação de beedrill olhava ameaçadora para quem se encaminhava para dentro daquele magnífico prédio. Ela podia ser de concreto, mas estava tão bem feita, que inspirava medo nos desafiadores que nunca a haviam visto. Os olhos vermelhos focados, brilhando como se realmente tivessem vida, repousavam em cima da entrada do ginásio, como se guardassem suas portas, e seus longos ferrões dos braços desciam até o chão, como duas enormes pilastras à frente da construção.

Assim que Dave vislumbrou o ginásio e se lembrou do que a enfermeira Joy havia lhe dito: “essa cidade adora os Pokemons inseto” e não tinha duvidas sobre o tipo de Pokémon que enfrentaria.

A dupla de treinadores se aproximou boquiaberta, subindo os degraus da escada e passando por entre os ferrões da Beedrill, sem conseguir controlar o calafrio que correu pelos seus corpos naquele momento. Uma enorme e pesada porta amarela se impunha a frente deles como mais um obstáculo a ser vencido. Até Eevee teve que ajudar para conseguir empurrá-la.

Quando finalmente entraram, os meninos se depararam com um grande corredor cinza, iluminados por archotes de luz em formato de kakuna. Dave e Mindy olhavam para os lados procurando alguma sinalização, ate que viram uma placa:

1º. Andar:

Arena – Siga em frente

Laboratório – Vire à direita

Sala de estudos – Vire à Esquerda

Elevador: Siga em frente

– Acho que é por ali – Disse Dave andando decido para o fim do corredor, onde outra porta amarela, um pouco menor, o esperava.

Quando ele a abriu, porém, o grupo teve uma pequena surpresa. No local onde eles esperavam ver uma arena de batalha, eles viram um grande campo gramado, com altas arvores que cresciam até o teto inacreditavelmente alto. Aquilo era uma representação perfeita de uma floresta e eles não acreditavam que cabia dentro do prédio que viram ao entrar.

Em meio à floresta, vários pares de crianças estavam batalhando com Pokemons insetos menos desenvolvidos. Pequenos caterpies e weedles se enfrentavam furiosamente por todas as partes enquanto os estudantes do ginásio pareciam estar fazendo seu exercício diário. Dave e Mindy observaram a cena por alguns instantes, sendo completamente ignorados pelas crianças, e então ele resolveu chamar a atenção.

– Ei! Oi! Eu sou Dave Hairo da cidade de Grené, e estou procurando o Líder do Ginásio de Auburn! – disse ele.

Instantaneamente fez-se silêncio. Todos olharam para Dave e Mindy, com olhares surpresos. Uma criança de óculos e cabelos em formato de cuia, que parecia ser a menor por ali, respondeu.

– A senhorita Apis está ali na frente. – disse, apontando para uma trilha que desaparecia poucos metros a frente, em meio a uma cortina de árvores. Ao seguir o caminho, Dave deixou seu queixo cair pela segunda vez aquele dia. Atrás daquela cortina de arvores estava um enorme espaço gramado, iluminado pelo sol que passava pelo agora visível teto de vidro. Era perfeito para uma batalha Pokémon. Na outra extremidade da clareira, Dave viu uma mulher sentada de costas, acaricando um kakuna preso a uma arvore. A entrada de Dave e Mindy passou despercebida por ela.

– Com licença senhora! Por acaso você se chama Apis? – Perguntou o menino. Aquelas foram as ultimas palavras que sairiam da sua boca nos minutos seguintes.

Quando a mulher se virou para o grupo, o queixo de Dave caiu pela terceira vez, e dessa vez, não parecia poder voltar ao normal. Apis era alta, vestia um vestido liso branco, com pequenos pontos dourados em volta do pescoço que combinavam perfeitamente com seus olhos cor de mel. Seus longos cabelos verdes, que caiam até a metade de suas costas e balançavam com graça e fluidez enquanto ela se levantava para cumprimentar os visitantes. Ela era incrivelmente bonita, e antes mesmo que falasse alguma coisa, Dave já havia sido enfeitiçado.

– Sim, sou eu – Disse ela com uma voz doce. Sua expressão, entretanto, continuava séria. – E se ouvi bem, vocês estão aqui para uma batalha.

Mindy olhava para a mulher e esperou que Dave continuasse a falar, fazendo seus desafios empolgados como ele vinha fazendo desde que saíram do Centro Pokemon, mas o rapaz tinha as bochechas coradas, os olhos vidrados na mulher a sua frente e a boca aberta, prestes a babar. A menina, como se não acreditasse, resolveu então tomar a frente.

– Sim estamos aqui para uma batalha!

– Ótimo – respondeu Apis docemente, com um sorriso que confundia suavidade com superioridade – Os dois vieram atrás da minha insígnia... Quem será o primeiro a perder?

Mindy pareceu realmente ofendida pela provocação feita, e seu rosto ficou um pouco mais quente de raiva. Dave continuava em estado de choque com a beleza da moça, o que deixava sua amiga ainda mais irritada. A mulher parecia ser bondosa, mas tinha alguma coisa nela que deixava Mindy irritada.

Enquanto a líder se posicionava do outro lado do campo, a treinadora de Cardo olhou para Dave esperando que ele se prontificasse, mas o menino continuou imóvel. Homens... pensou ela, antes de responder.

– Bom, parece que meu amigo foi alvo de um ataque de charme. Parece que quem vai começar esse desafio sou eu! – Disse a menina.

– EI Mindy! – sussurrou Dave, alarmado, aos pés do ouvido da menina e ela achou, por um instante, que ele tinha acordado do transe – Não fala assim! Ela vai perceber!

A menina quase caiu no chão, enquanto Eevee balançava a cabeça negativamente e puxava seu treinador pelas pernas para afastá-lo da área de combate.

– Devo avisar que nunca perdi para uma menina antes – disse Apis, confiante do outro lado do campo – Essa será uma luta de dois contra dois. O primeiro a perder duas batalhas será o perdedor. De acordo?

– Tudo bem – respondeu Mindy, ignorando o aviso e colocando a mão em seu cinto de pokebolas – Vai Nidoran!

A mulher respondeu imediatamente – Vai Parasect!

Uow! Um parasect pensou Dave, tirando os olhos da mulher de cabelos verdes pela primeira vez. Ele imediatamente abriu sua pokedex.

Parasect, um Pokémon Inseto. É a forma evoluída do Paras. Conhecido como Pokémon cogumelo, quanto maior o cogumelo em suas costas, mais efetivos são seus esporos. Ele também é muito utilizado para produzir remédios naturais de Pokémon.

Mindy não parecia ter se abalado com a escolha de Apis e decidiu tomar a iniciativa do combate.

– Nidoran, comece com um ataque de chifres!

– Parasect, espere. – Ordenou a líder, sem mudar o tom de voz.

O Pokémon de Mindy investia com força preparando seu ataque de chifres e se Parasect realmente ficasse parado, ele levaria uma chifrada exatamente entre os olhos. Mas Apis tinha outros planos. Quando Nidoran chegou suficientemente perto, ela mostrou sua estratégia.

– Suga-vidas, agora.

O inseto levantou suas grandes patas dianteiras e prendeu Nidoran entre elas, pinçando ele bem no meio do corpo e começando a absorver energia do Pokémon.

– Nidoooo! – guinchou ele.

Imediatamente Mindy reagiu.

– Rápido Nidoran! Espinhos venenosos!

Nidoran obedeceu e a ataque atingiu Parasect em cheio, que largou o Pokémon venenoso dando uns passos para trás.

– Agora Nidoran, ataque de chifre!

Apis continuava com o mesmo sorriso doce de superioridade.

–Parasect, Esporos paralisantes...

Nidoran corria para acertar o ataque no Pokémon cogumelo, e estava bem próximo, mas os esporos de cor amarela rapidamente o atingiram, fazendo efeito. Ele ficou paralisado.

–Ah não Nidoran! – Exclamou Mindy

– Agora termine com o ataque Rasgar! – Ordenou Apis, sem misericórdia.

Seu Pokémon obedeceu prontamente, fazendo com que suas duas garras cortassem o ar juntas, na mesma direção, até que atingissem Nidoran. O pequeno Pokémon foi jogado longe, e caiu, tremendo, sem conseguir se levantar.

– Nidoran, você esta bem?! – Mindy parecia ter sido pega de surpresa pelo ataque. Ela pensara em se aproveitar da falta de mobilidade daquele grande inseto, mas Apis a tinha vencido sem tirar seu Pokémon do lugar. – Você fez uma ótima luta, agora descanse.

– Você vai ter que se esforçar mais do que isso, menina. – disse Apis, vitoriosa.

– Você não perde por esperar! – disse Mindy, decidida. Eu não posso mais perder... – Vai Charmander!

O Pokémon salamandra de fogo saiu da Pokebola com o mesmo olhar de determinação de sua treinadora. A chama em sua cauda ardia forte e ele não tinha sido liberado para perder. Apis parecia surpresa com a desvantagem que teria de enfrentar, mas não parecia ter perdido a confiança.

– Parasect, use o pó do sono.

– Não vou cair nessa de novo Apis, Charmander, queime o pó com seu lança chamas!

O Pokémon de fogo obedeceu e rapidamente todo o pó virou cinzas frente às suas labaredas. Mindy sorriu. Agora, quem vai ter que vir me pegar é você!

– E então, o que vai fazer agora em?

Apis pareceu ver que não teria saída. Teria que se arriscar

– Parasect, use o ataque de rasgar novamente!

Em um movimento surpreendente, Parasect deu um grande salto no ar, enquanto se preparava para o ataque. Mindy não previu que ele pudesse se mover assim, mas não se deixou vencer pela surpresa.

– Rápido Charmander, evasiva!

O Pokémon de fogo pulou para o lado e rolou no chão, terminando de pé há alguns metros de onde estivera. Parasect havia errado o ataque.

– Ótimo! Agora Lança chamas!

A rajada de fogo acertou em cheio o Pokémon inseto, que sentiu o impacto do ataque! Ele caiu, queimado, completamente desacordado.

– Volte Parasect! – A líder não parecia ter se abalado – Muito bem, estamos empatadas, está na hora de acabar com isso. Vai Pinsir!

Eevee assistia a batalha interessado, enquanto seu treinador não tirava os olhos de Apis.

– Nossa, ela não tem Pokemons lindos? –pensou o menino em devaneio.

Ao ouvir o comentário do amigo, Mindy explodiu de raiva. – LINDOS? ONDE É QUE ISSO É LINDO?! – mas Dave parecia completamente alheio à existência da amiga.

Enfurecida, ela sacou sua pokedex para saber mais sobre aquele Pokémon Eu nunca desconfiei que isso fosse um inseto.

“Pinsir, um Pokémon do tipo inseto. Ele usa suas garras para prender seus oponentes. Os espinhos servem para causar dano e também para dificultar a fuga da presa.”

– E então Mindy, acha que pode lutar contra meu Pinsir?

– É o que veremos – respondeu a treinadora – Rápido Charmander, Lança chamas!

– Evasiva Pinsir, e depois investida.

O inseto Pokémon pulou para o lado escapando por pouco do ataque de Mindy e começou a correr em direção ao Charmander. O ataque atingiu o Pokémon em cheio que foi jogado longe, mas caiu de pé.

– Muito bem Charmander, você está bem?

–Char, Charmander char!

– Use o Lança chamas mais uma vez.

O Pokémon obedeceu, mas Pinsir simplesmente repetiu o movimento. Dessa vez, Mindy estava preparada.

– Evasiva e circulo de fogo!

O Pokémon obedeceu e em um instante, tinha pulado alguns metros para o lado enquanto envolvia Pinsir com seu ataque. Apis não pareceu se importar.

– Pinsir, saia já daí! – ordenou ela

Para a surpresa de todos, o Pokémon inseto correu e passou pela parede de fogo que o cercava.

– Está vendo menininha, meu Pokémon é treinado para sobreviver situações adversas. – explicou Apis, – Você não pode vencer. Pinsir esmague ele!

O Pokémon se projetou para Charmander que ainda estava sob o efeito da surpresa e o pegou entre suas garras, apertando o pequeno Pokémon de fogo.

– Charmander! – exclamou Mindy, enquanto seu Pokémon gritava. Desesperada, ela tentou um último recurso. – Use sua calda para queimá-lo!

A salamandra tentou balançar sua calda para encostar-se a Pinsir, mas ele parecia não se incomodar. Em vez disso, apertou sua presa ainda mais. Charmander tentou aliviar a pressão, puxando as garras de Pinsir para o lado, mas de nada adiantou.

Mindy sabia que estava em uma posição difícil, e acho que perderia a batalha, até ter uma idéia que mudaria o curso da batlha.

– Charmander, Garra de Ferro

O Pokémon obedeceu e instantaneamente uma de suas patas começou a brilhar, e ele atingiu a presa direita de Pinsir com o ataque que, além de fazer efeito, rachou a presa de Pinsir, que soltou Charmander e gritou de dor. Apis estava sem ação.

–Muito bem! – disse Mindy, surpresa – Agora use o Lança chamas!

O Pokémon obedeceu e dessa vez Pinsir não conseguiu escapar.

– Agora prenda ele novamente no circulo de fogo!

Ainda atordoado o inseto foi atingido em cheio mais uma vez, e, por mais bem treinado que fosse, não pôde resistir a tantos ataques de fogo. Pinsir caiu desacordado.

– Pinsir volte! – Disse Apis, pela primeira vez visivelmente com raiva.

Com os olhos arregalados e surpresos, Mindy parecia não acreditar - Eu ganhei! – disse ela incrédula, dando um pulinho! – Dave eu ganhei!

A menina se virou para o amigo e pulou em cima dele, em um forte abraço! O menino acordou do transe com um susto.

– O que? Ãhn? Ahh! Parabééns! Você lutou muito bem! – Disse ele, meio sem graça, enquanto Eevee ia comemorar junto com Charmander.

Do outro lado do campo, Apis não parecia nem um pouco feliz. Seu semblante, outrora confiante, transparecia raiva e irritação. Assim que Mindy virou para cumprimentá-la a mulher virou o rosto e ignorou a menina, falando diretamente com Dave.

– E você seu moleque, quando é que vamos batalhar?

– Ei, espera ai! – disse Mindy, incrédula com a grosseria da mulher – Minha insígnia primeiro! Cadê?!

– Não vou te dar insígnia nenhuma menina, não me importa o que diga. Primeiro quero batalhar com seu amigo!

Dessa vez as palavras de Apis entraram pelo ouvido de Dave causando o seu devido efeito. Ele entendera muito bem o que ela falava e, com a mesma mágica que se instalou, o feitiço da mulher parecia ter se quebrado. Falando diretamente com ela pela primeira vez, ele foi mais rápido que a revoltada amiga.

– Ei! Você não pode fazer isso! Ela tem direito, ela te venceu! – Disse o rapaz, inconformado.

– E daí?! Quem vai me obrigar? Eu nunca perdi para uma mulher! Eu sou a melhor! Eu sou a mais bonita! – Disse Apis, com raiva e um pouco de loucura nos olhos que a pouco pareciam tão calmos e confiantes.

– Sua...- começou Mindy, ameaçando partir para cima da líder de ginásio, mas Dave a segurou.

– Não faz isso Mindy! Não é assim que vamos resolver isso!

– Mas Dave, eu venci! Eu quero minha insígnia!

Apis então voltou a falar, agora com um pouco de desespero na voz, apesar de disfarçado. Ela tivera uma idéia para manter sua reputação. – Dave é o seu nome não é?

O menino assentiu com a cabeça, olhando para ela desafiadoramente. Mindy tentava, enquanto isso, se soltar dos braços do menino.

– Façamos o seguinte Dave, vamos batalhar dois contra dois. Para cada batalha que vencer, eu lhe darei uma insígnia. – Propôs a mulher.

Mindy olhou de Apis para Dave com desespero no olhar. Ela não acreditava no que estava acontecendo. Aquilo era um absurdo. Eu vou denunciar ela agora mesmo para a Liga Pokémon! Pensava ela. Mas então Dave aceitou o desafio, fazendo os olhos da amiga saltarem.

– O que?! Não Dave! Não confia nessa mulher! Ela vai te enganar também!

Dave, entretanto, parecia confiante. Eevee, ao seu lado, também se mostrava infeliz.

– Eu não vou perder sequer uma rodada para uma trapaceira como essa. Confie em mim. – Disse ele, com seus olhos determinados, presos mais uma vez no rosto da mulher. Dessa vez, porém, não era admiração que ele sentia.

A menina não podia acreditar no que estava acontecendo. Revoltada, ela resolveu se afastar e sentar a um canto, observando a batalha.

– Muito bem – voltou a falar Apis, que tinha um sorriso de volta no rosto. – Então que a batalha comece, eu escolherei primeiro.

Andando em direção a árvore que estava quando os meninos chegaram, ela tirou o kakuna de seu tronco e o colocou no centro do campo de batalha. Um kakuna pensou Dave, o que é que ela quer com isso?

– Bom, se você vai começar com um kakuna, eu começo com Sandshrew!

O Pokémon terrestre saiu da Pokebola pronto para a batalha, mas antes que Dave pudesse dar qualquer ordem, algo estranho aconteceu. Um corte nas costas de kakuna apareceu e começou a brilhar. De repente, algo volumoso e brilhante começou a se projetar por ali. O que é isso? Pensou o menino, sacando sua pokedex. Ele apontou para o que antes era um kakuna, mas agora era uma grande beedrill que abria os olhos pela primeira vez.

“Beedrill, a forma evoluída de Kakuna. Essa abelha Pokémon tem asas que lhe dão grande velocidade enquanto voam. Tem três ferrões venenosos e, dentre eles, o mais perigoso é o traseiro.”

Belo truque, escolher um Pokémon que está prestes a evoluir pensou o menino, concentrado.

– Sandshrew, a gente pode com ela. Vamos, comece com a investida!

O Pokémon avançou para Beedril, que não voava muito alto. Ela escapou a tempo e o ataque errou o alvo.

– Que jogada de iniciante – comentou Apis – Beedril, ataque com seus ferrões, agora!

– Sandshrew, evasiva!

Beedrill seguia Sandshrew tentando acertá-lo com seus ferrões do braço, mas o Pokémon se desviava sem muita dificuldade.

Dave então mudou a ordem – Sandshrew role por baixo e use o ataque de areia.

O Pokémon se enrolou no próprio corpo e passou por baixo da abelha que atacava. Ao passar por baixo ela o acertou de raspão com seu ferrão da cauda, mas a pele dura de Sandshrew parecia tê-lo protegido. Ufa, comemorou Dave em silencio.

– Agora escave!

O Pokémon terrestre cavou um buraco na terra e desapareceu de vista, deixando Beedrill sem a menor noção do que acontecera.

Apis viu que seu Pokémon estava com problemas.

– Levante vôo Beedrill, ganhe altura. – Ordenou ela, tentando fazer com que o ataque de Dave não alcançasse seu alvo.

Dave, entretanto, fora mais rápido. A abelha estava baixa graças ao ataque que tentava acertar em Sandshrew, e antes que ganhasse altura suficiente de novo, ele ordenou o ataque.

– Agora!

Sandshrew saiu por trás da abelha que voava cada vez mais alto, e a atingiu enquanto girava em formato de bola. O ataque a acertou no meio de suas costas, e a abelha foi jogada no chão de forma brusca. Para terminar, Sandshrew se desenrolou ainda no ar e caiu por cima da abelha com uma pata em cima de cada uma de suas asas.

– Acho que essa já era, Apis. – Disse Dave, esboçando um sorriso. – Mindy, sua insígnia esta garantida.

A menina abriu um pequeno sorriso, agradecendo o amigo, mas lembrou-o – Não confie nela Dave, ainda não acabou.

O sorriso no rosto da líder do ginásio tinha sumido e ela sacou sua pokebola, recolhendo a abelha vencida. – Tudo bem, você venceu. Você é mais forte do que aparenta. Não queria ter que fazer isso, mas, você não me da escolha.

Ela retirou uma Pokebola do cinto, beijou e a liberou no ar. - Você me força a usar meu Pokémon mais forte. Vai Scyther!

O Pokémon humanóide verde saiu da Pokebola batendo rapidamente as asas e pousou suavemente no solo, concentrado. Instintivamente, Dave e Eevee se lembraram da ultima vez que encontraram um desses. Mindy tinha sido obrigada a salvá-los.

Acho que vou continuar com o Sandshrew. Da ultima vez o Eevee não deu certo. Pensou ele. Porém, assim que terminou o pensamento, Eevee se postou a frente do treinador, entrando no ring de batalha. Apis apenas soltou uma estridente risada.

– Você vai lutar com essa bola de pelo! Pelo visto não quer mesmo as insígnias.

Dave ignorou a provocação, falando com seu Pokémon – Eevee, você tem certeza que quer lutar?

– UE! –disse ele, confiante, se voltando para o Scyther determinado.

–Tudo bem então – concordou o menino, recolhendo Sandshrew. – Você fez um bom trabalho Sandshrew, mas essa parece que é pessoal.

Dessa vez, Apis estava determinada a vencer acima de qualquer coisa.

– Ataque com suas laminas Scyther! Sem parar!

O Pokémon era incrivelmente rápido e antes que Dave pudesse ver, Eevee já estava se desviando com dificuldades dos ataques do Pokémon inseto. Dave não tinha idéia do que fazer. Não conseguia ver por que espaço Eevee podia sair para conseguir tempo para respirar. A cada vez que Eevee pulava para longe, Scyther rapidamente o alcançava. Ele esperou por uma brecha pacientemente, até que Scyther saltou para um dos ataques. Dave não perdeu tempo.

– Ataque rápido para frente! Agora!

Eevee usou o ataque rápido como estratégia defensiva, passando por baixo do Pokémon atacante, e foi parar a uma grande distância de Scyther. O Inseto não se surpreendeu e voltou a perseguir Eevee em grande velocidade, mas dessa vez, Dave conseguira tempo para respirar.

– Eevee, ataque de areia!

Quando chegou perto, Eevee começou um forte ataque de areia. Rapidamente o inseto usou suas laminas para proteger os olhos, aparentemente neutralizando o efeito do ataque.

– Não vou cair nessa – Disse Apis.

Mas o ataque tinha causado o efeito que Dave queria. Apesar de não deixado Scyther confuso ou desnorteado, ele foi forçado a se desguarnecer, dando a Eevee uma oportunidade.

– Eevee, use a Cauda de Ferro!

A cauda do Pokémon marrom começou a brilhar intensamente e atingiu Scyther na barriga desprotegida, jogando ele contra uma árvore do outro lado do campo.

Apis e Scyther foram pegos de surpresa e o inseto sentiu o ataque, apesar de continuar firme para a batalha.

– Nossa, parece que seu Pokémon também não é tão fraco assim. – Disse a mulher - Não posso mais perder tempo com essa brincadeira. Scyther, Dança das espadas!

Dança do que?! Pensou Dave perplexo, enquanto Scyther começava a girar em torno de si mesmo em grande velocidade. Apontando a pokedex para o movimento do adversário, Dave entendeu melhor o que acontecia ali.

“Dança das espadas, o ataque especial de Scyther. Ele começa a girar rapidamente em torno de si mesmo para aumentar seu poder de ataque. Se alguém tentar chegar perto enquanto ele gira, pode ser cortado por uma de suas laminas.”

Scyther parou de girar e olhou para Eevee com fogo no olhar enquanto suas laminas brilhavam. Ele estava mais forte com certeza.

– Ataque rápido Scyther! – ordenou Apis. E mais uma vez o Pokémon se moveu absurdamente rápido, agora atingido Eevee em cheio.

Ele foi jogado longe, e caiu no chão com dor. O Ataque tinha causado bastante dano.

– Eevee, você está bem?! – Exclamou Dave. Porém, antes que obtivesse resposta, viu Scyther de boca aberta, carregando o que parecia ser um novo ataque.

– Use o Hiper Raio, agora! – Ordenou Apis, severa. Ela não pretendia correr mais riscos.

Scyther liberou o poderoso raio de Energia na direção do machucado Eevee, levando Dave ao desespero. Eevee, porém, se levantou a tempo, pulando para o lado. O ataque explodiu a poucos metros dos pés de Dave, levantando uma grande nuvem de poeira que os impedia de ver Apis. As garras de Scyther, entretanto, ainda brilhavam intensamente, permitindo localizá-lo.

Vendo Eevee pronto aos seus pés, Dave aproveitou a oportunidade única.

– Eevee, ataque com múltiplos ataques rápidos! - Ele nem vai saber o que o atingiu.

O Pokémon obedeceu e rapidamente começou a cruzar o campo com ataques rápidos, sempre derrubando Scyther quando passava. Ele acertou diversas vezes em sua barriga, onde o havia acertado antes, e o Pokémon parecia desesperado. Só se podiam ouvir os gritos a cada vez que ele era atingido. Apis não entendia nada.

– O que está acontecendo? Scyther, o que está acontecendo? Nós vencemos, não?! – perguntou a mulher, perdida. Ela nem vira que Eevee se desviara do Hyper Raio.

Somente quando a nuvem de poeira baixou, ela pode ver seu Scyther mal apoiado em uma de suas garras, enquanto Eevee parava em frente a Dave.

– Acabou Apis, seu Pokémon não tem mais condições de lutar! – disse Dave, enquanto Scyther lutava para se manter de pé.

– Não pode ser! Eu nunca perdi com o Scyther! – Disse a mulher ainda incrédula. – Ele ainda vai lutar! Hiper Raio de novo!

Scyther tentou carregar o ataque, mas estava tendo dificuldades. Ele não conseguia concentrar energia suficiente.

– Vamos seu Pokémon idiota! Ataque!

Ele soltou um raio duas vezes menos intenso do que o anterior, o que parecia ter esgotado suas energias. Dave mandou que Eevee desviasse e foi obedecido sem grandes problemas.

– Bom, se você insiste, eu acho que posso dar o golpe de misericórdia – Disse o menino, calmo como ela demonstrara ser anteriormente.

– Investida Eevee!

Eevee acertou o exausto Scyther, lançando ele na direção de sua treinadora. Eles se chocaram e caíram para trás, completamente derrotados.

Eevee se voltou, com uma expressão destemida em seu rosto, com se tivesse acabado de fazer justiça e pulou para o ombro de Dave, sem falar nada. O treinador acariciou a cabeça do Pokémon enquanto se dirigia para a mulher caída. Seu cabelo estava uma bagunça, sua roupa estava suja e ela tentava se sentar. Ao levantar o olhar, ela viu que seus gritos tinham atraído os alunos que treinavam na floresta interna onde ela travara sua batalha.

Dave olhou em volta vitorioso.

– Agora se puder, por favor, nos dar nossas insígnias... – nesse momento ele apontou para Mindy, que se levantara e tinha um enorme sorriso no rosto.

A mulher que fora a pouco bonita, estava completamente suja e desarrumada, e agora olhava para os lados, vendo que em frente a alunos, não poderia cometer uma injustiça tão grande. Com o orgulho ferido, ela tirou do bolso duas insígnias redondas e amarelas, que tinham duas pedras vermelhas imitando os olhos de uma Beedrill, mascotes do ginásio.

Dave fez questão de que fosse Mindy quem recebesse ambas a insígnias das mãos de Apis, que nunca estivera com tanta raiva antes.

– Obrigada! – Disse Mindy, radiante – Nossa, você está um bagunça. Que tal arrumar o cabelo?

A mulher ficou vermelha de raiva enquanto alguns dos seus estudantes riam silenciosamente. E assim, Dave e Mindy saíram do ginásio com suas primeiras insígnias conquistadas e rumaram de volta ao Centro Pokémon.

***

No balcão, Dave e Mindy deram suas Pokebolas para enfermeira Joy, pedindo para que ela cuidasse de seus Pokemons cansados.

– Enfermeira, se pudesse, por favor, cuidar do Eevee a mão. Ele não gosta muito de maquinas.

– Tudo bem Dave, sem problemas. – Disse a mulher sorrindo – Vocês enfrentaram o nosso ginásio?

– Sim – confirmou Mindy, mostrando orgulhosa sua insígnia.

– Nossa isso são ótimas notícias. Então ganharam a insígnia de mel...- disse ela, abrindo ainda mais o sorriso. – Tenho novidades. O Pidgey já está melhor, e acredito que amanha de manhã poderei lhe dar alta!

– Uow, mas isso é incrível! – exclamou Dave – Muito obrigado enfermeira Joy!

– Não precisa agradecer, eu só fiz o meu trabalho. Agora, eu tenho um favor para te pedir Dave. – falou ela - Eu estive mais cedo na floresta, para ver os Spearows e, bom, eu não sei o que aconteceu, mas acho que eles foram espantados. Não havia nenhum por lá.

– Nossa, mas isso é ótimo! – exclamou Mindy – O ataque do Eevee deve ter expulsado eles.

– Pois é – continuou a enfermeira – mas enquanto estavam lá, eles conseguiram expulsar os Pidgeys. Agora não há mais pássaros na floresta para ameaçar os insetos de que tanto gostamos. – completou ela, sorrindo - A não ser pelo Pidgey que trouxeram...

– Sim, mas o que isso tem a ver comigo? – perguntou Dave, intrigado.

– Bom, como vocês trouxeram ele, eu queria saber se um de vocês poderia levar o Pidgey...

Os olhos de Dave brilharam com enorme intensidade.

– É claro que eu levo ele comigo! – Disse o menino sorridente. – Isso é, se ele quiser, é claro...

– Ai que ótimo! Eu tenho certeza que ele iria adorar ir com você Dave. Então por favor, espere por aqui até amanhã, para que eu possa liberá-lo...

Dave concordou com a cabeça, sorrindo e continuou – Será que eu já posso vê-lo?

– Bom, normalmente eu não deixaria, mas, como um agradecimento, eu vou deixar vocês dois conversarem – disse a mulher

E assim Dave entrou na enfermaria para convidar Pidgey a se juntar a sua equipe, mais feliz do que jamais estivera.


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Notas finais do capítulo

E aí? gostaram? O que acharam da nossa primeira líder? O Dave reagiu bem ao desafio?

Espero vocês nos comentários!



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