Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 20
Névoa


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo e o próximo eram para ser um só, mas devido ao tamanho que eles estavam tomando, decidi dividir em 2.

Essa primeira parte é mais introdutória, mas ainda tem os seus charmes e pontos críticos.

Espero que gostem! Boa leitura!



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Capítulo 20 – Névoa

Depois do atribulado início de manhã que tiveram, Dave, Mindy e Jake seguiam viajem em direção a Zaffre. Dias após saírem de Russet, eles ainda estavam relativamente distantes do próximo ginásio e, em condições normais, Mindy estaria elétrica, checando o mapa repetidamente e fazendo estimativas e planos para otimizar a viajem de modo que perdessem quanto menos tempo fosse possível. Hoje, porém, a menina passou toda a manhã despreocupada, alegre e agradavelmente simpática.

Jake, que se aproveitava da situação para ingressar em longas conversas com a menina, não entendia o porquê daquele comportamento anormal, mas não reclamava. Ele gostava quando a menina estava feliz uma vez que ela demonstrava ter mais paciência para ouvir os seus longos discursos e opinar sobre os mais diferentes assuntos.

Particularmente naquele dia, o garoto discursava sobre o que dava a um Machamp a capacidade de ser veloz apesar do seu tamanho. O assunto fora escolhido propositadamente, uma vez que Dave vinha evitando participar de assuntos diretamente relacionados à Pokemons lutadores, e, com isso, deixava Mindy e Jake conversando entre si.

–... Na verdade, o Machamp não é necessariamente rápido, mas sim ágil. Os seus quatro braços possuem uma musculatura tão desenvolvida que conseguem se mover com muita velocidade, apesar do peso que os músculos têm. Além disso, ao contrário do que muitos pensam, ele não perde força a medida que ataca mais rápido, mas consegue se manter igualmente forte. É isso que o faz ser um dos melhores Pokemons lutadores que se pode... – Jake olhou para o rosto da amiga e viu que ela estava distraída, olhando sem foco para um ponto ligeiramente à frente, onde Dave seguia com Eevee nos ombros. A visão o perturbou por um instante, mas o sorriso da menina o fez perder o ar por um segundo. Nossa como ela é bonita... Pensou o rapaz.

Realmente, Mindy estava radiante aquele dia. O brilho do sol fazia com que seus cabelos negros brilhassem enquanto caiam pelos seus ombros e envolviam seu rosto pálido. Seus olhos castanhos pareciam perdidos em outro mundo que, pelo singelo sorriso que lhe tocava a face, parecia ser um verdadeiro paraíso. Próximo a sua orelha, presa no cabelo, estava a flor que achara em sua bolsa e que agora ela carregava com um ar de orgulho e satisfação.

Mais a frente, Dave continuava andando de cabeça baixa, com Eevee apoiado em seu ombro. Ela está com a flor no cabelo! Pensava o garoto ainda extasiado. Claro, havia horas que o grupo tinha retomado a caminhada e Mindy usara o presente de Dave durante todo esse tempo, mas o rapaz ainda não conseguia acreditar no que seus olhos viam. Desde que reparara no detalhe, ele tomou alguns passos de distância dos amigos, escondendo a expressão envergonhada que não conseguia disfarçar. Será que ela sabe que fui eu quem colheu a flor? Pensava, aflito. Mas é claro que ela sabe! Só você tinha a bolsa dela! Concluiu, sacudindo a cabeça. Por mais que tentasse, o rapaz não conseguia se concentrar mais em nada.

– Ei! Olha, é um Centro Pokémon! – disse Jake, aparentemente o único que ainda prestava atenção na estrada.

Acordando de seus pensamentos, Mindy rapidamente buscou seu mapa para verificar onde estavam e se surpreendeu com o que viu. Eles tinham percorrido mais distância do que ela teria calculado e já estavam a poucos dias de viajem da próxima cidade. Pouco depois daquele Centro Pokémon eles encontrariam uma floresta, e, logo em seguida, chegariam a seu próximo destino.

– Nossa, nós já estamos aqui? – disse ela, ainda um pouco espantada - Como foi que chegamos tão rápido?!

Dave, se tivesse a coragem para virar para trás e olhar para a menina com a flor presa nos cabelos, teria provocado a amiga, mas Jake pareceu perceber a oportunidade tão bem quanto o amigo mais velho.

– É que dessa vez você não ficou querendo apressar a gente. Ai a gente resolveu andar rápido entendeu?

A morena revirou os olhos para o amigo mais novo e prosseguiu.

– O que vocês acham de almoçar aqui hoje? Aí poderemos dormir na orla da floresta essa noite e chegaremos à Zaffre em três, talvez até mesmo dois dias! O que você acha Dave?

– Eu?! Eh... Eu... Eu acho ótimo – disse atrapalhado o menino, sem olhar para trás. Eevee, em seu ombro, soltou uma breve risada. Mindy também deu um breve sorriso enquanto Jake olhava para os dois tentando entender o que estava acontecendo.

Assim, os três caminharam até o pequeno prédio de madeira à borda da estrada, sem pressa. O sol ainda não estava no topo do céu e ele haviam aprendido que normalmente as cozinhas do centro Pokémon não apressavam as coisas simplesmente por que alguns treinadores estavam com fome.

Apesar do tamanho reduzido da construção, o Centro parecia ter uma boa estrutura. Uma cerca de madeira contornava uma grande área em volta do prédio e podia-se ver um vasto gramado para todos os lados. Um pouco a direita do prédio eles viram um pequeno lago, e, do outro lado, uma pequena arena de grama fora preparada para o treinamento daqueles que passavam por ali.

Ao entrarem pela porta da frente, os amigos foram recepcionados pelo costumeiro sorriso simpático da enfermeira Joy lhes desejando boas-vindas. Ela informou, como o esperado, que eles ainda teriam que esperar cerca de uma hora para o almoço, e indicou uma pequena, mas aparentemente aconchegante sala com sofás e telefones onde eles poderiam esperar.

– Ótimo, quero mesmo falar com o vovô – Disse Mindy, se dirigindo para o aparelho mais próximo. Dave e Jake a seguiram.

Sem titubear, a sorridente menina discou para o laboratório e o telefone tocou três vezes, quando, de repente, um rosto inesperado atendeu com pressa, ainda falando com outra pessoa que não estava no campo de visão da tela.

– Da próxima vez que não puder atender me avisa não é pai? – gritava Susan, ainda olhando para trás. Quando ela se virou para a tela, porém, ficou paralisada – Mindy?!

A menina olhou assustada para a mãe e o sorriso desapareceu de seu rosto. Desde que soubera da possibilidade de ainda possuir um pai vivo, a menina ainda não tinha voltado a olhar no rosto de sua mãe. A mulher mais velha, do outro lado da tela, também dava sinais de não saber o que fazer e, depois de um silencio constrangedor aparentemente interminável, ela falou, tentando controlar o calafrio que percorria sua espinha e as lágrimas que surgiram repentinamente em seus olhos.

– Filha, quanto tempo... Como você está?

Dave sentia que Mindy estava prestes a se levantar e deixar a mãe falando sozinha, mas o susto parecia tê-la atordoado, deixando-a sem ação.

– Estou bem – disse ela, seca.

– Você está bonita – Susan agora sorria brevemente e era impossível dizer se era pelo nervosismo do momento ou pela felicidade em ver a filha novamente – Adorei a flor em seu cabelo.

Dave corou instantaneamente enquanto Mindy deu um grande suspiro antes de prender a respiração. Rapidamente levou a mão ao lado da cabeça e retirou a flor, cuidadosamente, apoiando-a na mesa, ao lado do telefone, e tomando muito cuidado para não olhar para Dave. Jake olhou da flor na mesa para a menina e depois para Dave, que quase se escondera depois do ultimo comentário da doutora, e percebeu algo que tinha deixado passar. Seu rosto se fechou instantaneamente.

– Isso não é nada... – respondeu a garota para Susan, ainda sem expressão no rosto.

Outra vez um silêncio constrangedor tomou conta da cena, fazendo com que Dave olhasse instintivamente para o amigo mais novo, que tinha um talento incomparável para transpor aquelas situações. Vendo, porém a cara de poucos amigos do rapaz, o menino de Grené percebeu que deveria ser ele a fazer o serviço.

– Olá Dra. Susan, quanto tempo! Como vai a senhora? – disse, acenando por trás de Mindy e fazendo com que as duas mulheres olhassem para ele assustadas. Susan realmente parecia não ter notado a presença de outras pessoas no fundo da tela.

– Ah, sim, olá Dave, como você vai?

– Vou bem Dra. e a você?

–Muito bem, obrigada...

Depois de um breve sorriso para o menino, Susan voltou a encarar a filha sem graça, aparentemente sem saber o que falar. A tentativa de Dave para quebrar o gelo tinha falhado miseravelmente. Depois de alguns breves segundos, em que a mulher mais velha abrira a boca duas vezes para tentar falar, mas nada disse, Mindy deu um longo suspiro, se levantou e, sem olhar para ninguém, deixando a mãe sozinha ao telefone, com Dave e Jake observando atônitos.

Dave rapidamente tomou o lugar da amiga para tentar amenizar a situação. Ele podia ver os olhos marejados da mulher do outro lado da linha, mas ela insistia em não deixar as lágrimas caírem. Mãe e filha eram decididamente parecidas.

– Doutora, me desculpe eu... – o rapaz não sabia o que fazer.

– Não se preocupe Dave, você não tem nada a ver com isso. – disse ela, levando uma das mãos ao rosto para tentar se controlar.

De repente, Jake não agüentou mais.

– Eu sou a única pessoa aqui que não sabe o que está acontecendo?! - Dave se assuntou com a reação do amigo e apenas olhou para trás com uma expressão que deixava entender algo como “agora não Jake!”, mas o garoto ignorou. - O que aconteceu? Por que a Mindy está assim? O que você fez Susan?!

A última pergunta foi feita em um tom um pouco mais grave do que o normal e Dave arregalou os olhos, enquanto Susan ficava vermelha. Ele nem fala com ela direito e já está falando assim? O que deu nesse menino?! Pensava o rapaz, enquanto observava a mãe de Mindy finalmente deixar uma lágrima cair. Só então o Professor Noah apareceu por trás da filha. Ele pareceu entender rapidamente a situação ao ver Dave do outro lado da linha, e apenas colocou uma das mãos nas costas de Susan enquanto a acompanhava para outro lugar.

– Vem querida – disse ele, enquanto Jake ainda bufava ao lado de Dave. Antes de sumir da tela, porém, ele virou-se para o rapaz de Grené – Dave não saia da linha. Estive esperando por notícias de vocês.

Dave assentiu e o professor sumiu por uns instantes, deixando a vista apenas as maquinas e computadores do laboratório.

– Jake, o que você está fazendo? Você nem conhece a Dra. Susan direito... – disse Dave, finalmente se voltando para o amigo mais novo.

– Eu não preciso conhecê-la para entender que ela deixou a Mindy triste! – a resposta tinha sido, mais uma vez, um pouco mais alta do que o normal.

– Calma Jake, só estou dizendo que você não sabe o que está acontecendo... Não deveria falar assim com as pessoas. – Dave tentava convencê-lo a se acalmar, mas o rapaz não parecia inclinado a essa idéia.

– Realmente, não sei o que está acontecendo... Por que vocês não me falam nada! A culpa não é minha! Agora não tenta dizer que ela não deixou a Mindy triste por que eu vi!

– Jake, você... – Dave tentou, mas Jake já havia dado as costas e saído de perto, sumindo ao passar por uma das portas que levava para o lado de fora do Centro. A mesma porta por onde Mindy passara.

Dave deixou a cabeça cair e suspirou pesadamente, tentando absorver tudo o que estava acontecendo. Parecia um replay passando na sua cabeça novamente. Semanas atrás uma situação parecida havia se desenvolvido e ele tivera que se desdobrar para que seus amigos voltassem ao normal. Agora, ao que se mostrava, tudo estava ocorrendo da mesma forma e o menino temia que caberia a ele resolver todos os problemas mais uma vez.

– Olá Dave, desculpe te deixar esperando, como você está? – O professor careca voltara a tela ainda com uma expressão séria, mas um sorriso esboçado dava a impressão de que ele estaria tentando relaxar.

– Ah sim, oi professor. Estou bem, e o senhor?

– Muito bem Dave, obrigado. Como tem sido a jornada? Não falo com você há algum tempo.

– Pois é, estamos tentando viajar rapidamente sabe. Não queremos ficar muito atrás de Rusty e dos outros.

– Claro, entendo perfeitamente meu rapaz, mas não se preocupem. Vocês estão em um bom ritmo. O que me preocupa não é isso...

– Preocupa? O senhor está preocupado? Com o que?

– Quero dizer, mesmo com toda a pressão você e a minha neta ainda não me mandaram um Pokémon sequer... – Dave sentiu sua bochecha corar enquanto o professor o olhava levemente despontado – me diga pelo menos que capturaram um Pokémon novo, por favor.

Rapidamente o menino de Grené sacou uma Pokébola do cinto e a mostrou na tela, orgulhoso – Eu e o Pidgeotto capturamos um Poliwag senhor!

– Um Poliwag?! Que ótima adição ao seu time, rapaz. Muito bom ver você diversificando. Um Pokémon normal, outro terrestre, um voador, um lutador e agora um Pokémon aquático. E seu Machop Dave, imagino que a essa altura ele já deva ter evoluído, certo? - o homem se mostrava animado mais uma vez.

Dave se sentiu corar novamente e abaixou a cabeça. Ele não tinha pensado na reação do professor ao saber da liberação de Machoke e, agora que se via a poucos minutos de presenciá-la, ele percebeu que talvez ela não fosse das melhores.

– Sim, sim, ele evoluiu Professor. É um Machoke agora – disse o menino, deixando seu tom de voz diminuir consideravelmente. E então, com um perceptível aumento de velocidade, ele falou praticamente sem abrir a boca – otylercuidarábemdele.

– Desculpe Dave? Não entendi o que disse... – o velho fez cara de quem precisava confirmar se ouvira certo.

Droga! Pensou o rapaz, tentando encontrar a melhor maneira de dar a noticia ao professor. Acho que a verdade é sempre o melhor remédio não é? Com um suspiro, ele repetiu.

– O Tyler, senhor. Líder de Russet. Deixei o Machoke lá para treinar e se tornar o campeão que ele sonha em ser...

O queixo do velho do outro lado se abriu lentamente, os olhos continuaram vidrados no menino a sua frente e, se ele ainda tivesse uma considerável quantidade de cabelos, Dave poderia jurar que ele os estaria arrancando à força.

– Você o que?!

– Era o sonho dele professor! – apressou-se a explicar Dave.

– Ah sim, claro. Agora entendi... – o tom irônico do professor deixava claro que ele estava insatisfeito – E COMO EU VOU EXPLICAR PARA AS PESSO...

Ao começar a berrar com Dave, o pesquisador e editor chefe da revista de Cardo se levantou da cadeira e tropeçou em alguma coisa ao chão, provavelmente um fio. Ele perdeu o equilíbrio e Dave apenas conseguiu assistir de um lugar privilegiado enquanto o pesado homem caia por cima da mesa com o telefone. A maquina deslizou pelo metal, e pelo barulho que o menino ouviu, se espatifou no chão. A tela, então ficou preta e Dave não ouviu mais nada.

– Ufa, salvo pelo gongo... – pensou ele, com um suspiro. Rapidamente, porém, ele sentiu Eevee puxando as mangas de suas calças na direção por onde Mindy e Jake haviam sumido momentos antes. Desanimado, o menino lembro que aquele ainda seria um longo dia. O rosto sem expressão de Mindy voltou a assombrar a sua mente e ele se lembrou das lágrimas da menina da ultima vez que o assunto sobre seu pai viera a tona. Ela pode ser linda quando chora, mas eu não quero ver aquilo de novo por nada. Se levantando, ele partiu em busca da amiga.

Encontrou-a já na mesa do refeitório, de cabeça baixa e rosto escondido, esperando que o almoço fosse servido. Jake estava sentado à frente da menina, sua expressão era de derrota misturada à preocupação. Incrivelmente, ele estava calado, o que Dave imaginou que se devesse a um acesso de raiva de Mindy. Ele devia estar falando muito e ela deve ter lhe mandado calar a boca. Concluiu o menino, tendo presenciado cenas parecidas em um numero incontável de ocasiões.

O menino de Grené se aproximou da mesa atraindo o olhar de Jake, e puxou uma cadeira para o lado de Mindy. Sentou-se e tocou com a mão nos braço da menina, que estremeceu, mas continuou imóvel com o rosto escondido entre os braços e a superfície fria da mesa.

– Ei, não fica assim...

Dave passou um dos braços pela cintura da menina e abaixou a cabeça ao lado da dela, apoiando sua testa no braço da amiga. O abraço do menino a fez suspirar e relaxar por um segundo, mas ainda assim foi possível sentir que seus músculos estavam contraídos e o corpo estava rígido. Ela está enraivecida! Concluiu ele com espanto.

Mudando rapidamente de atitude o rapaz se levantou, para surpresa e alivio de Jake, que ainda estava do outro lado da mesa, sentindo-se como se estivesse sendo torturado. O menino de Grené deu um breve sorriso e olhou para a menina na mesa com uma idéia que acabara de lhe ocorrer. Ele precisava distraí-la e fazê-la liberar a tensão, e sabia exatamente como fazê-lo.

– Sabe Mindy – começou ele, em um tom casual totalmente inadequado à situação tensa e triste – eu fiquei realmente chateado de não ter ganhado o torneio de iniciantes de Cardo. – Eevee, que seguira seu treinador e agora estava ao lado de Jake, olhava para o menino com espanto, sem entender o que ele estava fazendo. A menina finalmente levantou a cabeça para olhar o amigo, sem acreditar que ele estava ignorando o que tinha acabado de acontecer. Ela não esperava, porém, pelo que vinha a seguir. – A gente nunca chegou a batalhar por isso.

O sorriso no rosto de Mindy foi praticamente involuntário e tanto Eevee quanto Jake prenderam a respiração com a sugestão inesperada. Eevee era o que sorria mais abertamente, surpreso com como Dave estava lidando com a situação delicada. O menino, porém, sabia que o sucesso de seu pequeno plano era garantido.

– Sabe, eu estava precisando treinar para o próximo ginásio. Pena que não tem muitos treinadores nesse centro para me ajudar.

Não foi preciso dizer mais nada. As palavras e sugestões de Dave rondaram no ar por alguns segundos enquanto Eevee e Jake tiravam os olhos surpreendidos de Dave e passavam a observar Mindy, que ainda tinha os punhos cerrados, mas o sorriso que se escondia no canto de sua boca era inquestionável.

– Vamos – disse ela, simplesmente. Em seguida levantou-se, tomou Dave pela mão e se encaminhou para a arena do lado de fora do Centro a passos largos, enquanto o menino ia sendo puxado, sorrindo.

O tempo do lado de fora estava perfeito. Céu azul com algumas poucas nuvens brancas no céu, uma brisa suave que disfarçava o calor e trazia consigo o cheiro de terra e o perfume das flores que cresciam no pequeno jardim do centro Pokémon, tudo colaborava para manter o clima calmo. Mindy, entretanto, não parecia estar afetada por esses fatores.

Ela se postou na área de treinadores mais próxima enquanto Dave caminhava até a outra, do lado oposto. O olhar da menina estava decidido e por um momento o rapaz pensou se ela estava se sentindo tão nervosa quanto ele. Apesar da rivalidade eles nunca tinham batalhado e havia muito mais em jogo do que um simples treinamento. No fundo, ambos estiveram esperando por aquela oportunidade. Jake se postara no centro da arena enquanto Eevee observava curioso.

– Você oficializa a batalha, Jake – disse Mindy em um tom mais perto de uma ordem do que um pedido de fato.

– Mas isso é só um treino...

– Não importa! – retrucou ela, e Jake entendeu que talvez discutir com a amiga naquele momento não era a melhor opção. O menino mais novo simplesmente balançou a cabeça e assentiu.

– 2 contra 2? – sugeriu Dave.

– Sem substituições – concordou Mindy, já sacando uma Pokebola – Nidoran vai!

O pequeno Pokémon rosa saiu da Pokebola demonstrando seu chifre ameaçador, consideravelmente maior do que no dia em que eles o encontraram. Dave instantaneamente se lembrou do que sua Pokedex havia dito naquela ocasião: “Nidoran Macho. Um Pokémon venenoso. Os espinhos em volta de seu corpo liberam um poderoso veneno. Acredita-se que quanto maior o chifre em sua cabeça, mais venenoso ele é”. Ele não havia percebido, mas o treinamento que Mindy havia feito com que o pequeno roedor tinha surtido efeito. O menino tomou um pouco de tempo para pensar e, em seguido, também lançou uma Pokebola para o ar.

– Vai Poliwag!

Mindy pareceu relativamente surpresa com a escolha do amigo, que nunca tinha sequer treinado o Pokémon recém capturado. Enquanto, por esse motivo, ela se sentia confiante, por outro ela sentiu-se indecisa, já que nunca tinha visto aquele Poliwag em ação, nem sequer quando Dave o capturara. Ela não tinha idéia do que ele podia fazer.

– Primeiro as damas – disse Dave, provocativo. Mindy, do outro lado, sorriu e não titubeou.

– Nidoran, Invista usando os espinhos venenosos!

O pequeno roedor rosa rapidamente partiu em direção ao Pokémon de Dave se preparando para um ataque de investida, mas, enquanto corria, lançava seus espinhos venenosos com potência.

– Cuidado Poliwag! Use o jato d’água e depois pule!

Obedecendo a seu novo treinador, o Pokémon Girino lançou um forte jato de água na direção dos espinhos venenosos, se defendendo do ataque, e em seguida deu o pulo mais alto que suas pequenas pernas podiam lhe proporcionar. Nidoran passou poucos centímetros abaixo do alvo e Dave suspirou aliviado.

– Nidoran, não pare! Continue com a investida!

– Poliwag, evite o contato físico! Use as bolhas!

Mais uma vez Nidoran partiu em direção a Poliwag, mas esse lançou uma forte rajada de bolhas que estouraram no corpo do Pokémon. Agora a escolha de Dave fazia muito mais sentido para Mindy. De todos os Pokemons em seu time, Poliwag era o que possuía a maior variedade de ataques a distância, prevenindo a habilidade de envenenar com o contato que os Nidorans possuíam.

– Muito esperto você, mas precisará de mais do que isso para derrubar o Nidoran – disse Mindy, enquanto seu Pokémon sacudia a cabeça e se levantava como se nada estivesse acontecido. Poliwag se surpreendeu e arregalou os olhos.

– Não se deixe intimidar Poliwag, use a hipnose!

O Pokémon girino rapidamente se concentrou enquanto seus olhos começaram a brilhar com uma coloração levemente azul. Da parte de sua barriga em espiral, ondas hipnóticas começaram a ser lançadas em direção ao oponente, que, sem ter para onde fugir, foi atingido em cheio. Seus olhos foram pesando aos poucos e, em alguns momentos, ele estava mergulhado em um pesado sono induzido.

– Nidoran, não! Acorde! – berrava Mindy, de sua área de treinadora, mas de nada adiantava. Poucas coisas acordariam o pequeno Pokémon agora.

– Bom, acho que ele está fora de combate não é? – disse Jake, olhando para os amigos. Poliwag parecia bastante aliviado.

– É claro que ele esta fora de combate! – retrucou a menina, já chamando seu Pokémon de volta. A menina parecia lívida de raiva, enquanto sacava mais uma Pokebola de seu cinto. Toda a frustração que ela sentia estava sendo colocada naquela arena – Vai Charmeleon!

– O que?! – disseram Dave e Jake em uníssono.

– É o Charmeleon sim, por quê? –disparou a menina – algo contra?

– Não, mas você lembra que eu estou usando o Poliwag não é? – disse Dave, recebendo um olhar furioso de volta, que ele entendeu como um sinal para parar de falar – Tudo bem então...

– Charmeleon, use a garra de metal!

– Poliwag, jato d’água!

O Pokémon girino soltou seu potente jato de água, mas Charmeleon, correndo em sua direção com as garras maiores e recobertas por uma camada de metal, apenas deu um breve pulo lateral, sem diminuir a velocidade da corrida. O ataque atingiu Poliwag diretamente, lançando-o para perto de seu treinador. Ele se levantou com dificuldade, mas seus olhos estavam arregalados mais uma vez, o ataque havia sido poderoso.

–Continue – disse Mindy, animada com o sucesso do primeiro ataque – Acabe com ele dessa vez Charmeleon!

– Meleon! – berrou o Pokémon, sorridente, enquanto voltava a correr.

Dave, entretanto, tinha outras idéias – Hipnose novamente!

Poliwag tentou se concentrar mais uma vez, mas a força intimidadora e a grande velocidade com que Charmeleon se movia em sua direção continuavam a assustá-lo. Por um momento, ele hesitou e então o Pokémon de fogo já estava próximo de mais.

– Poliwag, cuidado!

O girino azul conseguiu, em um movimento instintivo de reflexo, saltar para o lado e escapar do ataque de seu adversário, mas ainda estava claramente assustado. Dave sem lembrou do desespero em que aquele pequeno Pokémon sentiu antes de ser capturado, lutando bravamente, mas sempre querendo fugir para o lago, em vez de vencer a batalha contra Pidgeotto. Ele se apavora fácil percebeu o treinador. Para seu azar, Mindy também havia percebido.

– Charmeleon, olhar assustador!

– O que?! – surpreendeu-se Dave. Ele nunca tinha visto aquele movimento antes e instintivamente sacou a Pokedex. A voz lhe explicou enquanto seu Poliwag sofria os inevitáveis efeitos do movimento.

“Olhar assustador – Um movimento que afeta o adversário através do medo e da insegurança. A expressão do Pokémon atacante muda de maneira a influenciar o medo e o desespero, buscando desestabilizar emocionalmente o oponente. É muito útil contra Pokemons de pouca idade e inseguros.”

Quando Dave voltou a sua atenção para a batalha, sentiu calafrios ao ver os olhos de Charmeleon brilhando. Ele se colocou frente à Poliwag com uma postura mais robusta que dava a impressão de que havia crescido vários centímetros. A chama em sua cauda queimava mais forte enquanto breves faíscas pareciam sair de sua boca, por entre seus dentes cerrados. Dave percebeu claramente o medo e o desespero de seu Pokémon crescer.

– Não se deixe intimidar Poliwag! Use a rajada de bolhas! – tentou Dave, mas já era tarde de mais. Mindy, ao mesmo tempo, ordenava o golpe final.

– Agora vamos por nosso treinamento em prática! Acabe com isso usando a presa de fogo!

Poliwag hesitou mais uma vez antes de conseguir desferir seu movimento, e quando se preparou já era tarde de mais. As flamas ardentes saindo da boca de Charmeleon eram apenas mais um fator que causava dano na forte mordida que ele desferiu contra seu pequeno oponente. A pele frágil de Poliwag não conseguiu aparar o dano e Dave viu que se não fizesse nada, seu Pokémon poderia sair mais gravemente ferido.

– Poliwag, volte! – disse ele, chamando o Pokémon de volta e deixando Charmeleon mordendo o ar que agora ocupava o espaço entre seus dentes.

– Você venceu essa, mas eu ainda tenho mais um Pokémon! – Dave sentia o nível de rivalidade crescendo na batalha e o clima estava esquentando mais do que ele previra.

Mindy parecia estar levando aquele “treino” a sério e ele não podia dizer que não estava gostando do desafio. O rapaz apenas temia que quem quer que perdesse saísse magoado. Mas, no calor da batalha, aquele pensamento não tomou muito tempo de sua atenção e ele apenas convocou o próximo oponente de Charmeleon.

– Eevee, essa é com você!

Quando ele olhou para o lado, porém, não viu nem Eevee nem Jake. Ambos os amigos haviam sumido e ele nem tinha percebido, tão concentrado estava na luta. Mindy também pareceu notar a ausência dos amigos pela primeira vez, e olhou para o lado estranhando.

– Ué, onde eles foram? – perguntou a menina.

– Não sei. Você os viu saindo?

– Não, estava muito ligada na luta. Você? – disse ela, deixando transparecer um sorriso mais aberto. Parecia que a tensão da batalha estava se dissipando aos poucos e ela ficava mais relaxada.

– Mesma coisa... EEVEE! – gritou Dave, colocando as duas mãos em concha, em volta da boca.

Poucos minutos depois eles viram a porta do Centro Pokémon se abrir e Eevee sair de lá, sorridente, com um pedaço de ração para Pokémon na boca.

– Você está comendo?! Saiu o almoço? – disse Dave, se assustando com a cena inusitada.

– Uee, uee! –respondeu o Pokémon, acenando positivamente com a cabeça.

De repente, o estomago de Mindy fez um grande barulho, deixando a menina corada. Dave olhou para o lado com os olhos arregalados e demorou alguns segundos para compreender que o som havia sido produzido pela amiga. Charmeleon não se segurou e caiu na gargalhada, apontando para a treinadora.

– Cala a boca seu lagarto espevitado! – disse a menina, tão vermelha quanto seu Pokémon.

Poucos segundos depois, foi à vez do estomago de Dave roncar alto e, dessa vez, foi impossível para qualquer um segurar o riso, e todo o grupo caiu na gargalhada.

– Bom, acho que os estômagos venceram a batalha não é – disse Dave, depois de se recuperar das risadas.

– Tudo bem, mas eu teria ganhado de você, de qualquer jeito! – disse Mindy, dando os primeiros passos em direção ao refeitório.

Dave apenas riu e acompanhou a amiga. Ele sabia que deveria ficar quieto para não provocar uma possível discussão, mas não se conteve em murmurar baixinho – Vou deixar você acreditar nisso...

– Ei! Eu ouvi isso! – exclamou a menina, mas, para a surpresa dele, ela sorria. Passou um dos braços em volta do pescoço do rapaz, e, lado a lado, eles voltaram para o centro Pokémon. Aparentemente, toda a rivalidade que existia entre eles havia sido superada de vez.

Quando chegaram a sua mesa mais uma vez, todos os Pokemons já haviam sido mandados para a área com a ração especifica para cada espécie e Dave e Mindy riam um do outro, se provocando, ainda abraçados. Serviram-se e sentaram para comer, tendo esquecido tudo aquilo que os atribulava. Aparentemente os problemas haviam ido embora com a mesma velocidade que haviam aparecido.

Em meio a todas as risadas e brincadeiras, atrapalhadas unicamente pelos momentos em que mastigavam ferozmente a comida, Dave e Mindy não perceberam que, naquele refeitório do centro Pokémon, o único que não sorria era Jake.

*****

Jack e Jody haviam passado algumas noites hospedados em um quarto de luxo, dentro da Central de Operações da Equipe Rocket e ainda aguardavam ordens de seu novo supervisor, que ainda não lhes fora apresentado. Apesar de todo o luxo do lugar, cama King size, televisão a cabo disponível de graça, uma enorme sala de musculação e um campo para treinamento de escaladas e Parkur, a dupla já estava ficando entediada.

– Quando será que seremos acionados? Será que esqueceram a gente aqui?! – Perguntava Jody, impaciente.

– Pelo menos a gente lembra um pouco do nosso treinamento. Não é todo dia que encontramos um lugar como esse. E ainda pudemos tomar aquele champanhe no jantar de ontem.

Jody sorriu ao se lembrar do jantar no luxuoso quarto em que dormiam. Com paredes bem decoradas, o aposento era maior que a maioria das casas humildes em que os agentes haviam vivido antes de entrar para a organização criminosa. Tudo ali os maravilhava. Apesar disso, eles foram treinados para a ação e não conseguiam se acostumar com a calmaria e a ansiedade da espera. O fato de não poderem sair ao ar livre era outro fator que os incomodava.

– Eu sei, mas eu queria poder respirar um ar puro. Por que não podemos saber onde estamos? - Questionou ela, se jogando na fofa cama do quarto onde estavam.

– O seguro morreu de velho... – disse homem de cabelos brancos – Você não esperava que uma organização grande como a nossa se desse ao luxo de revelar a localização de seu Quartel General não é?

Jody tomou ar para responder, mas antes que o fizesse, pulou de susto com um barulho inesperado. A televisão de 50 polegadas, presa na parede em frente à cama se ligou automaticamente, e uma voz alterada digitalmente falou com eles. A imagem demonstrava uma silhueta humana, mas estava embaçada de mais para que a pessoa pudesse ser reconhecida.

– Bom dia, agentes. Irei supervisionar vocês na missão em relação ao Eevee do Sr. Giovanni daqui para frente. Vocês podem usar o codinome G.

– Bom dia, supervisor G! – disseram Jack e Jody juntos, praticamente batendo continência. Os corações dos dois haviam disparado com a perspectiva de mudança daquele cotidiano de prisão de luxo.

– Acabamos de interceptar uma ligação do menino Hairo para o Professor Noah e temos novidades. Descobrimos a sua localização exata, assim como informação de algumas recentes alterações em seu grupo de Pokemons.

– Estamos ouvindo senhor – disse Jack.

– O alvo está em um centro Pokémon na borda exterior da Floresta da Névoa e em poucos dias chegará a Zaffre. Aparentemente o Pokémon lutador que integrava sua equipe foi deixado em Russet, e uma nova adição foi feita: um Poliwag.

– Um Poliwag?! – exclamou Jack, preocupado.

– Não se preocupe agente Jack. Não terás problemas com seu Cubone. Devido à importância da missão, eu lhes concederei meu próprio Pokémon para ajudá-los. Não se enganem, porém – apressou-se a adicionar G, ao ver o brilho de surpresa nos olhos da dupla – ele está sob estritas ordens e não obedecerá a seus comandos puramente. Dei-lhe uma missão assim como darei a vocês, e, francamente, confio mais na capacidade dele do que nas suas.

O tom duro de seu novo supervisor assustou os agentes, mas, se tratando de alguém tão superior na hierarquia a ponto de se reportar diretamente com Giovanni, eles acataram de cabeça baixa.

– Em 20 minutos um helicóptero estará esperando vocês no mesmo terraço em que chegaram. Tomem o elevador e, ao sair, alguns seguranças vendarão seus olhos. Eles os guiarão em segurança até a aeronave. Lhes darei mais instruções sobre a missão a bordo do vôo. O piloto lhes entregará uma de minhas Pokebolas, tomem conta dela. Até breve.

E, com isso, a televisão se desligou.

******

O grupo almoçou sem mais problemas e, em pouco tempo, Mindy estava de volta ao normal. Isso ficou claro quando, dez minutos após se levantarem da mesa e se sentarem no sofá mais confortável do centro Pokémon, tentando descansar depois da prazerosa e farta refeição, ela já estava de pé mais uma vez, forçando-os a seguir viagem.

– Vamos! A comida é mais bem digerida quando andamos! – dizia ela, levantando Dave pelo braço.

Jake se levantou sozinho, ainda cabisbaixo e anormalmente calado, mas Mindy estava tão feliz que não reparou no amigo mais novo. Dave, por sua vez, estava mais uma vez hipnotizado pela animação da amiga, tudo graças a uma batalha.

Enquanto seguiam viajem, quando o rapaz não se pegava admirando sem perceber o sorriso e os olhos da garota, ele se lembrava dela carregando a flor que ele colhera para ela nos cabelos e da sua reação quando Susan a mencionou. A flor ainda estava guardada na bolsa da garota e a viagem transcorria tranqüila e eles entraram na floresta a frente sem muitos problemas. As arvores da floresta em que entraram eram altas e intimidadoras, mas o bom humor deles era inabalável.

– Por que isso aqui é chamado de Floresta da névoa? Não vejo névoa nenhuma... – pensou Mindy em voz alta.

Sem animação, Jake finalmente falou – Espere até escurecer e você vai ver. Precisamos achar um lugar para dormir antes disso, pois se não, é capaz de nem nos acharmos mais.

Mindy estremeceu com o comentário do amigo, se assustando não somente com o conteúdo, mas com o jeito morto com que o menino o dissera.

– Ai Jake, assim você me assusta! – disse ela. O menino apenas deu os ombros.

A tarde já ia avançando e eles sentiram o calor diminuir. Era difícil ver o sol por cima da copa das arvores grossas e altas, mas o brilho avermelhado do céu era visível em alguns poucos pontos indicando o fim da tarde. O frio rapidamente os alcançava e, mesmo a mais de uma hora do anoitecer, Dave convencera os demais a montar acampamento em uma clareira relativamente larga que encontraram.

– É melhor pararmos agora e procurarmos lenha para uma fogueira. Quando será que encontraremos outra clareira assim?

Aterrorizada pelas histórias de pessoas que passavam semanas perdidas na floresta por tentar viajar a noite, Mindy se deu por vencida. Ela tirou seu saco de dormir da mochila e sacou Charmeleon da Pokebola, para se esquentar próximo a sua chama.

– Alguém pode ir buscar a lenha... – disse ela. Jake normalmente iria, mas hesitou ao pensar em deixar os outros dois sozinhos, e então Dave se prontificou. Saindo com Eevee em seu ombro, ele liberou Pidgeotto também.

Ainda era possível ver claramente uma boa distância à frente e o caminho da clareira não seria difícil de encontrar, mas o menino tinha pressa. Em menos de vinte minutos ele colheu o maior numero de galhos secos que conseguiu encontrar e se encaminhou de volta. Não seria o suficiente para uma grande fogueira, mas eles conseguiriam passar a noite e preparar alguma coisa para comer. Fora um barulho estranho de muitas aves levantando vôo ao mesmo tempo, que fez com que ele se apressasse a voltar.

Eu sou muito bobo mesmo pensou ele, quando finalmente chegou à clareira e viu seus amigos sentados em volta da cauda de Charmeleon, se aquecendo. Desde quando eu tenho medo dos barulhos da floresta?

O grupo acendeu a fogueira enquanto a noite caía e tudo transcorreu tranquilamente. Ali, no centro da clareira, eles ainda conseguiam ver bem a sua frente, mas quando o sol se pôs o nome da floresta foi finalmente explicado. Uma névoa repentina passou a cobrir o caminho entre as árvores e pouco se podia ver por entre ela. O frio aumentou e eles se aproximaram da lareira, sentados uma ao lado do outro para se aquecerem. Mindy estava no meio, tendo Jake e Dave, um a cada lado, enquanto Eevee ficava no colo de seu treinador.

Os barulhos da floresta às vezes assustavam os três amigos, mas eles continuaram a conversar enquanto preparavam o jantar no fraco fogo da fogueira. Charmeleon constantemente tinha que reforçar a chama, que perdia força com os ventos que uivavam e cruzavam a lareira, provocando em todos tremores de frio e de medo.

Enquanto cozinhavam, porém, um barulho estranho chegou aos ouvidos do grupo. Dave olhou para trás repentinamente e pensou ter visto a névoa se mover em um ponto não muito longe de onde estavam, enquanto um barulho inusitado se fez ouvir. Com certeza era um movimento rápido do ar, mas não uivava como a corrente de vento que os assustara anteriormente.

– Vocês ouviram isso? – disse ele

– Ah é só o vento Dave... – disse Jake, irritado.

O treinador de Grené sentiu-se mal por se deixar assustar por aqueles pequenos sons enquanto o pequeno Jake parecia nem sequer incomodado. Tendo Mindy ao seu lado, o menino preferiu esquecer o assunto e se concentrar na lareira a sua frente, tentando espantar o frio. Se apenas Dave soubesse que realmente tinha motivos para ficar assustado, talvez as coisas tivessem acontecido de um jeito diferente.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? O que será que vem por aí?

Quero ouvir a opinião de vocês! Espero todo mundo nos comentários!



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