Evolution: Parte 2 escrita por Hairo


Capítulo 11
Potencial de Campeão


Notas iniciais do capítulo

Depois de um grande desafio no último ginásio, agora o nosso grupo vai entrar em uma nova fase na história, e esse é o capítulo onde isso começa a acontecer =)

Espero que curtam! Boa leitura!



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Capítulo 11 – Potencial de Campeão

Era um dia claro e o céu começava a ficar sem nuvens enquanto Dave, Mindy e Jake caminhavam por uma dura estrada de terra. Às costas, os altos prédios de Etton diminuíam de tamanho, se misturando no horizonte distante que ficava para trás e o trio seguia tranqüilo pelo caminho que os levaria a seu próximo desafio, dessa vez no ginásio de Russet.

O menino mais novo seguia com Eevee ao seu lado, falando sobre assuntos variados e se aproveitando do fato do Pokémon não poder interrompê-lo enquanto discursava. Era incrível a paciência daquela pequena criatura para ouvir as mais diversas histórias que o jovem rapaz tinha a contar e Dave se assustava com o fato de que ele sequer reclamava, parecendo genuinamente interessado no que era discutido, não importando o assunto.

Naquele momento, o tópico da vez era um óleo especial produzido em algum outro continente estranho que servia para dar mais brilho à casca de um Metapod. De acordo com o menino, os produtos de embelezamento para Pokemons estavam cada vez mais na moda em alguns lugares do mundo, e ele, quando estava no ginásio de Auburn, teria tido acesso a muitos deles, uma vez que Apis, a líder, era fascinada pela estética e beleza.

Mindy, por sua vez, vinha caminhando lentamente, alguns passos atrás do grupo, e estava anormalmente silenciosa nos últimos dias. Limitava-se a poucos comentários durante a viagem, apenas guiando os três nos melhores caminhos que seu mapa indicava e, sem emoção, fazendo algum comentário pertinente sobre qualquer coisa que estivessem falando, como se quisesse se forçar a participar de uma conversa que não a interessava.

Seus amigos já haviam percebido que alguma coisa estava incomodando a menina desde que saíram da cidade, alguns dias atrás. Mais especificamente depois de passarem a noite no Centro Pokémon, esperando a chuva passar para seguirem seu caminho. Aproveitando o momento de distração de Jake, Dave se deixou ficar para trás para acompanhar a amiga, que vinha cabisbaixa e calada.

– Viu? Apesar de tudo pelo menos a Apis gostava dos Pokemons dela. Pelo que o Jake fala, eles eram super bem cuidados. Até tratamento de beleza eles ganhavam por lá... – brincou ele, rindo. Sabia muito bem que Mindy odiava a simples menção do nome da líder de ginásio que se recusou a lhe entregar uma insígnia, mesmo depois de derrotada. Para a surpresa do rapaz, que estava esperando uma típica reação da menina, cheia de raiva, ofensas e comentários maldosos sobre a injusta ex-professora de Jake, ela simplesmente levantou a cabeça forçando um leve sorriso mentiroso e concordou.

– Pois é... Pelo menos isso.

Os olhos dele se arregalaram com a resposta e ele engoliu um suspiro antes de continuar, tentando parecer tranqüilo e displicente.

– Você denunciou a mulher para a Liga Pokémon e grita comigo toda vez que eu falo dela, mas agora você diz “pois é”... Será que você pode dizer o que está acontecendo com você?

A menina olhou nos olhos do amigo sem sorrir e respirou fundo. Um momento de silencio seguiu enquanto eles caminhavam lado a lado e ela parecia considerar o que rapaz lhe pedira. Jake continuava entretido na conversa com Eevee, que, por sua vez, em um momento pareceu olhar para trás significativamente, como se entendesse o que estava acontecendo e ouvisse o falante menino de propósito, para deixar os outros dois mais à vontade.

– Ah Dave... - suspirou ela. Mas não conseguiu continuar. Olhou para o menino apreensiva, enquanto ele esperava pacientemente para que ela falasse e sentiu seu rosto ficar vermelho e mais inchado. Mas não era vergonha que ela sentia enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. Ela queria chorar.

Compreensivo, o menino passou um dos braços pelos ombros da menina mais baixa do que ele e a puxou para perto em um abraço. Em retribuição, ela passou uma das mãos pelas costas dele, encostou o lado da cabeça em seu ombro e suspirou, prendendo as lágrimas nos olhos e se recusando a deixá-las cair.

– Tudo bem, Mindy. Deixa para lá... – disse ele, preocupado – Quando você quiser falar, sabe que eu vou estar aqui.

– Obrigada...

Nessa hora, Jake percebeu que ele e Eevee estavam andando diversos passos na frente dos outros dois, e, se virando para saber por que, viu seus amigos caminhando lado a lado, abraçados. Surpreso, ele perdeu a fala e parou de andar, apenas observando com os olhos arregalados o momento de intimidade de Dave com Mindy. De repente, aquele sentimento inexplicável com o qual ele já estava se acostumando se manifestou mais uma vez e ele se imaginou correndo, empurrando Dave para o lado e tomando a menina nos braços, enquanto caminhavam para longe, abandonado o outro.

Em vez disso, ele apenas se deixou alcançar pelos dois, que ao se aproximarem, separaram o abraço. A menina passou as mãos no rosto fazendo sumir os últimos vestígios do choro que ela segurou e sorriu para os amigos. Dessa vez, porém ambos os meninos perceberam que o sorriso era um pouco mais natural, e apesar de não transmitir a energia que normalmente transmitia, ele era menos forçado do que vinha sendo, como se ela estivesse agradecendo pelo apoio e companhia.

Dave sorriu de volta e ela voltou a deixar a cabeça cair, mas dessa vez olhando para frente, enquanto Jake via tudo sem demonstrar nenhuma reação. Ele não sabia por que aquilo estava acontecendo com ele, mas a única coisa que passava pela sua cabeça no momento era a imagem sonhadora dele abraçando Mindy e passando a mão pelo seu rosto, afastando seus cabelos negros e secando as lágrimas que escorriam pela macia pele branca de seu rosto. Naquele momento, aquilo era tudo que ele queria fazer e nada mais importava.

– Mindy, você está estranha. Está tudo bem? –perguntou ele.

– Está sim – respondeu simplesmente a menina, sem, de fato, olhar nos olhos do garoto que não desistia.

– Sabe o que é? Desde que você saiu de Etton você não fala muito sabe... Não que você fale muito, na verdade sou eu quem fala muito. Não foi isso que eu quis dizer. É que assim, você parece meio sem energia sabe, não esta falando nada, não está reclamando nem mandando a gente fazer nada – a menina olhou estranhamente para ele, esperando ver onde ele iria chegar com aquilo – não que eu esteja te chamando de mandona ou dizendo que você reclama de mais, não foi isso não. É que assim, você é sempre tão legal e... não que você esteja chata mas...

Nessa hora Dave já estava começando a ficar preocupado com seu amigo, que na tentativa atrapalhada de ajudar estava apenas se complicando. Seria tão bom se ele soubesse quando ficar quieto pensava Dave, para si. Como se ouvisse os pensamentos do treinador, a Squirtle de Jake saiu espontaneamente da Pokebola, assustando a todos e jogando um forte jato de água no rosto de seu treinador, que foi obrigado a parar de falar.

– Squirtle, o que você está fazendo? – disse Jake enraivecido, enquanto enxugava o rosto com as mãos – Volte agora!

Jake retornou sua Pokémon para a Pokebola imediatamente, enquanto ela continuava a rir de seu treinador ensopado. Mindy esboçava um raro sorriso com a cena enquanto Dave não pôde mais segurar e deu algumas risadas contidas, apenas se controlando de novo quando Jake o fitou com um olhar duro. Aparentemente ele não havia gostado da brincadeira. Essa Pokémon intrometida! Não acredito que ela fez isso! Pensava ele Eu estava falando sério com a Mindy!

Se voltando novamente para a amiga ele tentou mais uma vez – Então, como eu ia falando...

Mas dessa vez a menina foi mais rápida, e ainda sorrindo o cortou – Eu estou bem Jake, pode deixar.

Com isso, o desanimado menino abaixou a cabeça e aceitou a derrota. Não conseguira sequer conversar direito com a menina e um misto de decepção e raiva ficou clara em seu rosto, apesar de passar despercebida tanto por Dave, que ainda ria da cena ocorrida, como por Mindy, já absorta em seus pensamentos mais uma vez.

Apenas Eevee pareceu perceber a reação do garoto e olhou para ele preocupado. Para aquele pequeno Pokémon que observava atentamente tudo o que acontecia com seus amigos, tudo começava a se encaixar cada vez melhor, e ele percebia que talvez os dias de felicidade e harmonia do grupo podiam estar ameaçados por algo maior. Como em uma tempestade que se aproxima, ele conseguia sentir no ar o cheiro de mudança que precede as primeiras gotas de chuva, antes do furacão se formar. Sem saber o que vinha pela frente, ele guardou para si suas observações, esperando maiores evidencias para confirmar suas suspeitas. Afinal, por enquanto, tudo corria bem, e eles continuavam juntos. No final, era isso que importava.

***

O dia seguiu sem grandes eventos e os meninos almoçaram em uma planície seca com arbustos espalhados esporadicamente pela grama que, cada vez mais, ia perdendo a cor. Percebia-se que o chão ficava mais seco e duro à medida que iam avançando pela estrada, apesar das recentes chuvas na região, e a terra começava a se confundir com algo mais parecido com areia.

Comeram a beira da estrada, aproveitando que as poucas nuvens que ainda restavam no céu serviam de cobertura para o sol, e logo seguiram a caminhada sem mudar o ritmo. Eevee agora vinha nas costas de Dave, que alternava momentos de preocupação com a amiga e momentos de preocupação com sua própria carreira de treinador. Lembrando-se da conversa que teve com o Prof. Noah, ele percebeu que apesar da nova insígnia e da evolução de Pidgey em Pidgeotto, ele ainda não havia feito sequer uma adição ao seu time, e, caso chegasse ao próximo centro Pokémon sem boas noticias para o pesquisador, o velho com certeza lhe passaria outro sermão sobre como o povo de Cardo queria “quantidade”.

Mas não era a simples pressão da cidade de Cardo que fazia com que o menino se sentisse mal. O pior de tudo era saber que Rusty, o primo arrogante de Mindy e neto do Prof. Noah, já havia capturado pelo menos seis Pokemons e já enviava para o professor outros para que ele tomasse conta. Quantos Pokemons será que ele já enviou depois do Bulbassauro? Pensava o rapaz. E que tipo de treinador devolve ao pesquisador seu Pokémon iniciante na primeira oportunidade que tem?

Foi distraído por esse pensamento que Dave passou direto pelo ponto da estrada em que seus companheiros haviam parado repentinamente, e, se não fosse por Eevee mordiscando sua orelha, talvez ele não tivesse escutado a voz de Mindy o chamando. Jake ainda não falava direito com Dave, apesar de o menino não perceber o fato.

– Ei Dave, espera ai, olha isso aqui – chamou a menina.

Tomando consciência de que não tinha mais ninguém a sua volta, ele acordou de seus pensamentos e olhou para trás assustado, sem entender o porquê da parada inesperada.

– O que? O que houve?

– Essa placa aqui diz que a dois quilômetros desse ponto existe uma pequena vila onde podíamos passar a noite – disse ela, checando o mapa. – Não a vejo no mapa, então deve mesmo ser pequena, mas acho melhor do que dormirmos nesse chão duro.

O caminho era mais estreito e saia da estrada principal, o que significaria um atraso na viagem dos garotos, que ainda poderiam continuar por até mesmo mais de dois quilômetros ainda naquele dia, mas a possibilidade de um local confortável para dormir era tentadora.

– 2 quilômetros? – pensou Dave desanimado, mas assentiu e liderou o grupo entrando pela trilha. Era melhor mesmo dormir em uma cama do que no chão arenoso daquela planície seca. A única coisa que ele não entendia era o porquê da menina ter se prontificado a apontar o desvio.

Isso só vai atrasar a gente e mesmo assim ela quer tentar? Alguma coisa definitivamente está errada com ela...

Foram mais ou menos uma hora até que o grupo, cansado, alcançasse seu objetivo e avistasse as pequenas casas se projetando a sua frente. Logo, a primeira decepção com a cidade caiu sobre eles, sem pena, jogando o animo dos três amigos no chão.

– Não tem Centro Pokémon? – perguntou Jake ao senhor que cuidava do pequeno mercado de comidas da vila – Como assim não tem Centro Pokémon?!

– Não, infelizmente não temos. A vila é muito pequena sabe. Não são todos os dias que temos viajantes.

– Tudo bem – disse Dave, interrompendo o menino mais jovem que se preparava para continuar a discutir – O senhor por acaso sabe de algum lugar onde podemos passar a noite?

– Tem uns quartos para alugar no andar de cima do bar do velho Walter. Não é um luxo, mas pelo menos vocês não dormem no frio. Aqui faz muito frio durante a noite sabem...

–Ótimo – disse Dave, saindo do mercado – Obrigado senhor.

Ótimo? Pensou Jake. Não está ótimo não! Andamos uma hora para termos de pagar para dormir em qualquer lugar? Eu não acredito nisso... E saiu atrás dos amigos de cara amarrada, seguindo-os pela única rua da cidade enquanto o céu escurecia.

O bar ficava há cerca de cem metros do mercado e não tinha uma aparência diferente do resto dos prédios da cidade. Mal pintado e maltratado, o local não só assustava quem olhava de fora, mas, principalmente, assustava quem via de dentro. Era incrível como uma construção daquelas continuava de pé, e até tinha um segundo andar para os quartos. Aquele local, sem duvidas, apresentava um sério risco de desabamento e dormir ali era praticamente botar a própria vida em jogo.

Desatenta e desanimada, Mindy foi a primeira a entrar no estabelecimento, enquanto os dois amigos observavam os pedaços de madeira sobressalentes e os tijolos quebrados que podiam ser vistos do lado de fora, pensando em todas as possibilidades de acidentes que poderiam ocorrer ali. Engolindo seco, os dois seguiram a menina já que não tinham outra opção de alojamento.

Assim que entraram se depararam com um ambiente vazio, sujo e mal cuidado, lotado de pequenas mesas empoeiradas, apertadas em um salão pouco espaçoso que tinha ao fundo um balcão de madeira que aparentava estar podre, separando as cadeiras de um pequeno bar. Uma escada torta e irregular subia para o segundo andar, próxima a parede, também no fundo da sala. Não havia ninguém a vista.

De repente, de traz uma porta que saia atrás do balcão uma voz rouca, porém alta pôde ser ouvida.

– O que você pensa que está fazendo seu Pokémon idiota? Quebre mais um copo e terá que dormir na rua! Agora vá arrumar as mesas por que mais tarde podemos ter alguma alma desgraçada aqui.

Os meninos se assustaram com os gritos e pensaram em dar meia volta imediatamente, voltando para a rua, mas, antes que conseguissem fazê-lo, a porta se abriu e um Machop saiu do que deveria ser a cozinha do bar. Atrás dele, um homem alto e magro, de cabelos grisalhos e barba branca seguiu proferindo mais injurias enquanto o Pokémon, com um pano, limpava a espessa camada de poeira que repousava em cima das mesas. Apesar de tudo, ele aparentava ser forte e bem preparado, com músculos definidos e rígidos, o que tornava aquela humilhação ainda mais inexplicável.

– E não demore por que... – o velho se assustou com a presença das três crianças dentro de seu bar e, por um momento, pareceu não saber o que falar. Logo em seguida, achou suas palavras novamente.

– O que é que vocês estão fazendo aqui? Não podem beber ainda... Já para fora, todos vocês! – esbravejou ele apontando para a rua – Essas crianças de hoje...

Dave e Jake estavam prestes a obedecer ao raivoso dono do bar, mas Mindy pareceu não ouvir a ordem do homem e se encaminhou para o balcão.

– Na verdade senhor, nós queríamos alugar um quarto para passarmos a noite.

O homem se surpreendeu com a simplicidade na voz da menina, que, de fato, estava diferente do normal. Ela estava suave e melódica, quase depressiva, e foi a vez do dono do bar de se assustar por um momento. Não estava acostumado a lidar com a fragilidade de uma menina. Ele olhou dela para os dois meninos paralisados a poucos centímetros da saída e viu o pequeno Eevee pela primeira vez.

– Treinadores então? Terão que pagar pelo quarto... – sua voz não era mais tão forte quanto foi da ultima vez.

– Desculpe senhor, nós não temos...- começou Dave, com certa apreensão na voz, mas foi interrompido.

– Eu pago para todos – disse Mindy, e tirando algumas moedas do bolso, depositou-as em cima do balcão, deixando o velho mais uma vez surpreso.

– De onde você tirou esse dinheiro? – cochichou Dave, se aproximando da menina.

– Meu avô – respondeu ela – ele me manda um pouco de dinheiro às vezes. Como acha que compro nossos mantimentos?

O menino não respondeu, ainda um pouco surpreso com o fato de o professor conseguir sustentar a neta viajante e seus dois companheiros. Tomando uma nota mental de agradecê-lo depois, ele seguiu para o quarto a convite do dono do bar.

– O quarto é no segundo andar. Não quero barulhos altos e tenham cuidado para não quebrar nada, ou irei cobrar de vocês – disse ele, ainda com a cara fechada – Andem logo, subam. Eu não tenho o dia todo.

E com isso, Mindy pegou a chave do quarto e subiu as escadas, seguida por Dave e Jake, enquanto o dono do bar voltava a gritar desaprovando o trabalho de Machop, que aparentemente não estava passando o pano na mesa da maneira correta.

– Como se existissem muitas maneiras de passar um pano na mesa – disse Dave, um pouco sentido pelo pobre Pokémon.

Mindy não disse nada, mas Jake olhou feio para Dave e respondeu:

– Deixa isso para lá Dave, antes que ele nos expulse daqui.

Na verdade o menino também sentia pena de Machop e queria fazer algo para ajudá-lo, mas estava realmente esfriando do lado de fora e, além disso, a idéia de contrariar qualquer coisa que Dave falasse estava fixa em sua cabeça. Ele não sabia por que, mas nada que seu amigo fizesse aquele dia estaria certo.

Entrando no quarto, todos apenas confirmaram que tomar a trilha até a pequena vila havia sido um enorme desperdício de tempo. Sujo, mal cheiroso e apertado, o quarto possuía apenas uma beliche, o que obrigaria uma pessoa a dormir no chão de madeira empoeirada e, provavelmente, podre. Como se não bastasse, a luz piscava e emitia o zumbido comum de eletricidade e, assim que entraram, antes mesmo de tirar a mochila das costas, Mindy, em um rápido reflexo, pisou em uma barata que passeava pelo cômodo.

– Eu não vou dormir nesse chão – disse Jake, arregalando os olhos para o inseto esmagado e se jogando rapidamente para a cama de baixo do beliche.

– Está com medo de baratas Jake? – brincou Dave, que estava tão surpreso com a reação assustada do menino quanto com a reação sem medo ou nojo de Mindy.

– Eu não... – respondeu ele, se ajeitando na cama. Mas sequer voltou a se aproximar da barata morta até que Mindy a limpou, depois de se instalar o mais propriamente que o quarto permitia.

– Bom, então acho que eu vou dormir no chão não é? – disse Dave, já tirando seu saco de dormir da mochila e esticando no chão.

– Pode deixar – disse a menina – eu não me incomodo.

– Mindy, isso foi uma pergunta retórica... – respondeu ele sorrindo. Vendo que a amiga tomava fôlego para insistir, ele foi mais rápido – olha, nem adianta. Eu sei que você está com inveja do chãozinho macio e confortável, mas eu cheguei primeiro – brincou – Boa noite.

Ela riu, desistiu da discussão já perdida e, sem dizer nada, jogou a mochila na cama de cima, dando um sorriso de agradecimento para o amigo. Jake estava na cama de baixo e observava atentamente a discussão entre os dois, que durou menos de um minuto. Droga! Por que não fui eu que fiquei no chão para poder fazer isso? Pensou ele, automaticamente.

– Eevee, você vai se sujar todo se dormir no chão comigo. Por que não dorme lá em cima com a Mindy? – voltou a dizer Dave

O Pokémon olhou para seu treinador com desgosto, querendo ficar para acompanhar o menino no chão frio e duro, mas o rapaz insistiu – Nem tenta discutir, se não amanha eu ainda vou ter que perder tempo limpando o seu pelo e a gente vai se atrasar...

Não tendo mais argumentos, o Pokémon concordou e pulou para a cama da amiga, e sem dizer mais nada, os amigos foram dormir aquela noite. Dave fora o único que ficara acordado por mais tempo, se revirando dentro de seu saco de dormir e procurando uma posição confortável. O menino não gostava de dormir com a barriga virada para cima, mas era impossível virar para o lado e não espirrar com toda a poeira presente nas tábuas de madeira do chão. Como se não fosse o suficiente, essas tabuas rangiam a cada vez que o menino se movimentava, dificultando ainda mais o sono.

Ele ainda podia ouvir algumas vozes no andar de baixo, que indicavam que aparentemente o bar tinha algum movimento, apesar de pouco. O velho dono continuava a esbravejar com seu Pokémon, que além de limpar o lugar, parecia também acumular as funções de garçom, cozinheiro e caixa. Se esse Machop faz tudo? O que é que esse velho faz além de gritar? Pensava o menino, deitado no chão do quarto.

A noite correu desse modo pelo que pareceram ser algumas horas, rolando no chão e tentando evitar que as madeiras rangessem para que os amigos não acordassem. Jake dormia tranquilamente em sua cama, de costas para ele, mas Mindy parecia ter um sono agitado, se virando de um lado para o outro como se estivesse sonhando. Ainda sim, ele sentiu inveja por ela conseguir dormir. Os olhos do menino demonstravam cansaço, mas, ainda sem conseguir descansar, ele se levantou com cuidado e rumou para fora do quarto. Se não iria aproveitar o descanso, ao menos ele sairia daquele quarto desconfortável e deixaria os amigos dormirem em paz.

As vozes no andar de baixo haviam cessado já há algum tempo e a ultima coisa que Dave ouvira fora o velho aplicando um castigo ao Machop, mandando-o arrumar outro lugar para dormir aquela noite, graças ao trabalho repleto de erros daquela noite. Com cuidado, o menino desceu as escadas silenciosamente, tateando com os pés o degrau seguinte, em meio ao breu da escada sem iluminação. Apenas ao chegar ao andar de baixo pode de fato enxergar o contorno das mesas do bar, todas já arrumadas com as cadeiras recolhidas. A porta, curiosamente, estava aberta e a luz da noite clara iluminada pela lua cheia entrava e enchia o lugar.

Acho que nessa cidade pequena não é preciso se preocupar com roubo, pensou ele, saindo porta a fora para a fria e solitária rua da cidade. O vento uivava baixo e a baixa temperatura fazia o menino estremecer enquanto ele caminhava, vendo as poucas casas de madeira fechadas e imaginando como seria a vida dos habitantes daquele local. Nem Grené era tão pequena e, para o rapaz, achar uma cidade menor do que a sua parecia ser fora do normal. Depois de alguns minutos de caminhada, ele viu um vulto surgir a sua frente, vindo em sua direção em uma corrida enérgica e constante, emitindo leves sons de inspiração e expiração ofegantes.

Era Machop, o mesmo do bar, que vinha em uma corrida ritmada pela rua da cidade, como se estivesse se exercitando. Eu não acredito que ele está correndo a essa hora da noite.

O Pokémon passou pelo abismado menino apenas acenando com a cabeça, e continuou seu caminho. Sem reação, Dave precisou de alguns segundos a mais para tomar a decisão de segui-lo, para descobrir o que estava de fato acontecendo. Não era possível que ele estivesse apenas treinando. Em um pique que foi mais difícil do que o esperado, Dave alcançou com dificuldade o Pokémon lutador, que estava mais rápido do que aparentava estar.

– O que você está fazendo? – perguntou Dave, ainda correndo e tentando acompanhar o Pokémon. Uma fumaça saia da boca do menino, graças ao frio.

– Ma, Machop – Disse ele

– Você não está treinando, esta? – O Pokémon assentiu com a cabeça – Não acredito...

– Machop, chop, chop – respondeu ele, sorrindo.

– Não pode ser. O seu treinador deve estar te obrigando não é possível... – começou Dave, inconformado, ainda se esforçando para acompanhar o rápido Pokémon – Sabe, ele não te trata nada bem! Isso é tortura!

Ainda sorrindo, Machop segurou o braço de Dave assim que avistou o bar. Ele guiou o rapaz até a porta e, em vez de mandá-lo subir, sentou-o no chão, ainda do lado de fora, e fez um sinal com a mão pedindo que ele o esperasse ali. Com isso resumiu a sua corrida pela madrugada.

Toda vez que passava em frente ao bar Machop sorria para o menino, e contava nos dedos das mãos quantas idas e volta já havia corrido. Uma, duas, três... Apenas na décima o Pokémon parou, vindo, finalmente, dar atenção ao garoto que estava espantando com sua disposição.

– Machop, chop – disse ele, limpando o suor da testa.

– Machop, o que você esta fazendo treinando essa hora da noite?

Sem falar nada, o pequeno lutador Pokémon pegou o rapaz pelo braço mais uma vez, e o guiou ao redor do bar, até alcançarem os fundos. Lá, Dave não conseguiu esconder a surpresa com o que viu. Em um chão de terra dura, cercado por correntes, estava improvisado em tamanho real, um verdadeiro ringue de lutas.

– Você treina, aqui? Toda noite?

– Chop – ele concordou

– Fantástico...

O Pokémon, então, puxou Dave para um canto, e abriu uma porta que, se perguntassem a Dave, ele nunca conseguiria dizer que existia. Ali, em um espaço ainda menor que o do quarto do andar superior, estava uma pequena sala com apenas duas prateleiras, uma de cada lado do cômodo. Na estreita parede oposta à porta, um cinturão de prata se estendia de uma ponta a outra. Em cada prateleira, alguns troféus e medalhas podiam ser vistos, sujos e maltratados pela poeira e pelo tempo. Em um pequeno porta-retratos, estava uma foto do velho dono do bar, na imagem bem mais novo, ao lado de um Hitmonchan, que erguia nos braços o cinturão que agora podia ser visto na parede.

– Então ele é um treinador de Pokémon lutadores... – disse Dave, quase como se falando consigo mesmo. Machop concordou, e, pegando o porta-retratos, o virou de costas e tirou de trás um papel dobrado, que mostrou a Dave.

“Eu, Machop, Pokémon Lutador, me comprometo a trabalhar durante todo o dia para o Sr. Walter Gregor Kang, lutador aposentado, dono de bar, em qualquer tarefa que este me designe, por tempo indeterminado, nos termos deste contrato, em troca do direito de utilizar suas modernas instalações de treinamento para minhas próprias atividades.”

No local de assinatura podia-se ver apenas uma mancha oval, que Dave reconheceu ser o dedo polegar do Pokémon. Ao terminar de ler, o rapaz se revoltou.

– Ele está te explorando? – explodiu o menino enraivecido – Machop ele está te explorando! Ele não pode te fazer assinar um contrato para te dar isso aqui! – disse ele, apontando com desgosto para as “modernas instalações de treinamento”.

O Pokémon se assustou com a reação do menino, dando dois passos atrás.

– Você está trabalhando para ele e nem ao menos está sendo pago! Aposto que ele não lhe deixa ter tempo durante o dia para treinar, deixa? – disse Dave, saindo da sala atrás dele.

– Chop, Chop – disse o Pokémon, fazendo que não com a cabeça.

Dave ficava cada vez mais vermelho de raiva. Aos poucos começou a tremer e andar de um lado para outro, com fortes e pesados passos, deixando todo o cansaço do dia extravasar na forma de raiva com a situação do Pokémon.

– Isso é trabalho escravo! E ele ainda te engana te fazendo assinar esse contrato! – dizia ele, furioso – aposto que você nem ao menos sabe ler o que está escrito aqui. Assinou isso aqui apenas confiando no que ele lhe disse que estava escrito...

Machop mais uma vez concordou com a cabeça, fazendo o menino ficar ainda mais irado.

– Mas esse velho vai ver só, eu vou acordar ele agora! – e se encaminhou para dar a volta ao bar, para procurar o tal de Sr. Walter Kang. – Ele mal perde por esperar!

Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, para sua surpresa, Machop o segurou com força pelo braço, fazendo-o para. Assustado, Dave olhou para ele sem entender.

– O que foi?! Você não quer que eu fique aqui parado não é? Eu não posso deixar você continuar sendo explorado assim...

– Machop, chop – disse o Pokémon, puxando Dave para dentro da salinha mais uma vez. Ele apontou para o cinturão preso na parede, onde se podia ler “X Torneio anual da cidade de Brass”. Em seguida, Machop pegou o porta-retrato novamente, dessa vez apontando para uma pequena data no canto da imagem: “21/03/1991”. Então tudo se encaixou da cabeça de Dave.

– Você precisa treinar por que quer entrar para o torneio. Por isso que se submete a tudo isso?

Machop concordou com a cabeça, deixando-a cair em desanimo em seguida. Dave também deixou a cabeça cair, misturando o cansaço com desapontamento. O torneio é em março, em Brass. Onde é Brass? Pensou o menino.

– Machop, eu acho que tive uma idéia. Ouve só...

***

No dia seguinte, quando Mindy acordou viu Dave sentado no chão, olhando nervosamente para ela, como se estivesse esperando a menina acordar. Ele tinha olheiras e seus cabelos estavam bagunçados, como se tivesse passado a noite inteira em claro, mas apesar da aparência, parecia estar enérgico. Assim que a menina posou os olhos sobre ele, em um pulo, o rapaz já estava de pé e começando a falar.

– Mindy, onde é que ta o mapa?

Bocejando, ela estranhou a pergunta do rapaz, principalmente tão cedo de manhã.

– Bom dia também Dave – disse ironicamente – Você por acaso dormiu essa noite? Eu disse para você dormir na cama...

– Obrigado, mas não precisa se preocupar. Só pega o mapa, por favor. É importante – respondeu o menino, nervoso. Jake acordou bem na hora em quem Mindy descia as escadas.

– O que está acontecendo? Será que da para vocês dois falarem mais baixo.

Mindy desceu as escadas e pegou o mapa em sua mochila enquanto Dave se desculpava com o amigo. Ela abriu o mapa e perguntou o que o menino queria achar.

– Essa vila não está no mapa, mas acho que estamos mais ou menos por aqui – disse ela, botando o dedo um pouco a direita da estrada que ligava Etton a Russet. – O que você está procurando?

Mas, já com um sorriso no rosto, Dave saiu correndo do quarto. Já localizara onde o que procurava no mapa, bem no seu caminho, a pouco tempo de viajem para Russet e estava ansioso para dar a noticia a seu novo amigo, que já trabalhava na cozinha.

– Ei, Dave, o que foi? Onde você vai? – disse a menina, sem entender

– Peguem as suas coisas, e me encontrem lá em baixo o mais rápido que puderem – disse ele, sumindo escada abaixo decidido – vamos sair daqui o mais rápido possível.

Sem entender, Mindy, Jake e Eevee se entreolharam confusos. Foi apenas quando ouviram a alta voz do dono do bar vindo do andar de baixo, que eles resolveram seguir o conselho do amigo.

– Seu moleque?! Quem permitiu que você entrasse na minha cozinha?!

Descendo as escadas o mais rápido que podiam, com as mochilas arrumadas de qualquer jeito nas costas, eles viram a porta da cozinha aberta, enquanto Dave, lá dentro, discutia com o barbudo Walter.

– Você esta maltratando e explorando injustamente esse Pokémon! O que te faz pensar que você pode fazer isso com ele?!

– Eu faço o que eu quiser com ele, ele assinou um contrato dizendo isso. – o velho bradava o contrato na mão – e quem é você para se meter na minha vida? Saia daqui imediatamente!

– Eu só saio daqui com o Machop!

Nessa hora Walter sorriu debochadamente para o menino que enfrentava.

– Você? E imagino que você vá levar ele para o torneio em Brass que ele tanto quer participar? Você não é nem nunca foi um lutador moleque.

–É exatamente isso que eu vou fazer! Eu não preciso ser um lutador para saber lutar. E posso te provar isso. Eu e você, no ringue lá fora.

Mindy, Jake e Eevee se entreolharam assustados enquanto o velho se segurava para não chorar de rir na cozinha.

– Tudo bem seu moleque. Se você acha que um bebê que mal saiu das fraldas pode vencer um campeão, terei o prazer de te provar o contrario.

Em poucos minutos, Dave e Walter estavam cada um de um lado do ringue improvisado se preparando para luta que Dave esperava que definisse o futuro de Machop.

– Eu usarei o Machop, se me permitir, e se eu vencer, ele pode vir comigo.

– Tudo bem, mas se vocês perderem, não somente ele fica, mas como também tem que trabalhar para mim por mais um ano, até o torneio do ano que vem.

Dave se assustou com a contra proposta feita pelo velho e olhou para seu amigo procurando algum sinal que lhe dissesse que o Pokémon concordava. Não foi preciso sinal nenhum. Assim que o velho terminou de falar, Machop passou por baixo da corrente que limitava o ringue e se postou em frente a Dave.

–Que Pokémon burro. Saiba que eu e Hitmonchan fomos campeões invictos! – disse Walter – Vai Chan!

O Hitmonchan saiu da Pokebola e se postou do lado oposto do ringue, agitando os braços em uma demonstração de velocidade que pretendia intimidar o adversário. De fato, ele não parecia ser qualquer Pokémon. Apesar de já aparentar alguma idade, seu corpo parecia firme e sua velocidade não condizia com a data da foto em que fora campeão.

– Nós fomos campeões há vinte anos rapaz, mas não teve um dia que se seguisse em que nós não treinássemos duro. Esse Machop apenas serve de teste nos nossos treinamentos, não tem a menor chance de vencer.

Ao ouvir isso, Machop arregalou os olhos e se mostrou visivelmente magoado. Sentiu a raiva queimar em seus olhos e cerrou os punhos com força. Dave também se surpreendeu com o que Walter dizia, e aquilo apenas serviu para aumentar a raiva que sentia do velho.

– Está na hora de paramos de falar e lutarmos – disse, com os dentes cerrados – Machop, comece com um chute baixo!

Enraivecido e concentrado como nunca, Machop partiu para cima de Hitmonchan e se abaixou em uma rasteira, que foi facilmente desviada com um pulo para trás.

– Siga com o golpe de caratê e o quebra telhas!

O Pokémon avançou mais uma vez obrigando seu adversário a se desviar mais uma vez do primeiro golpe, apenas para atingir Hitmonchan com o segundo. Assistindo, Mindy se surpreendeu.

– Como ele sabe lutar assim com o Machop? – disse ela, se virando para Jake, que também parecia surpreso com o entrosamento do menino com o Pokémon que eles mal conheciam. Ouvindo a conversa, Dave respondeu com um sorriso, sem se virar para eles.

– Agora vocês sabem o que eu estava fazendo, quando deveria estar dormindo ontem a noite...

Walter não pareceu se abater com o golpe sofrido, assim como seu Pokémon. A única coisa que fez foi ralhar com ele por abaixar a guarda se desviando do primeiro golpe de Machop.

– O que foi isso Hitmonchan, seu inútil?! Precisa que eu te ensine de novo o que é guarda? Revide com uma seqüência de socos cometas.

Inacreditavelmente, o Pokémon boxeador iniciou o ataque com velocidade imensurável, movimentando seus pés e mãos mais rápido do que Dave conseguia acompanhar. Machop conseguia bloquear uns e se desviar de outros, mas foi atingido por pelo menos três ataques antes de cair apoiado em seu joelho.

– Está vendo como isso é inútil rapaz? É só eu começar a lutar que esse ai não agüenta.

Dave ignorou as provocações e não respondeu, falando apenas com Machop.

– Vamos Machop, eu sei que você pode vencer. Confia em mim e levanta.

O machucado Pokémon se levantou mais uma vez, olhando desafiadoramente para Hitmonchan do outro lado do ringue. Ele secou o suor de seu rosto, e se preparou para mais um assalto. Não podia desistir, não agora que sabia como fora usado. Isso ia ter que mudar. Sentindo uma energia surgindo de dentro dele, nada poderia vencê-lo. Nada o faria ficar ali, sendo torturado.

Do lado do ringue, foi Jake que entendeu primeiro o que estava acontecendo. – Ele está focalizando energia!

– Isso Machop – comemorou Dave - agora use... – mas não conseguiu terminar o comando. Antes disso, Machop partiu em direção ao seu oponente com uma mistura de golpes incríveis.

Primeiro ele o fez recuar com uma rasteira e depois seguiu com um chute baixo com a perna trocada atingindo o joelho de seu adversário, que procurava proteger o rosto com suas luvas.

– Use o mega soco – disse Walter, assustado com o inesperado acesso de força do oponente, mas a estatura de Machop o ajudou a se desviar do golpe. Mancando, Hitmonchan já não tinha a mesma velocidade, e foi atingido no rosto por um golpe de caratê.

– Incrível Machop! – dizia Dave, bobo no canto oposto do ringue.

– Vamos Hitmonchan, reaja. Feche o Combate!

O experiente Pokémon lutador se prepara para seu mais poderoso golpe, recebendo mais um golpe de caratê, dessa vez ao lado do corpo, apenas para aproveitar a guarda baixa de Machop. O que ele não esperava era que seu adversário fosse ainda mais rápido, girando seu corpo e segurando o braço com que ele se preparava para desferir o golpe que terminaria a luta.

Fazendo força, Machop projetou Hitmonchan por cima de suas costas, puxando-o pelo braço e o arremessando com força no chão. O Pokémon boxeador bateu com a cabeça na terra dura e não conseguiu mais levantar, deixando seu treinador sem palavras.

– Isso foi um lançamento sísmico? – perguntou Dave para si mesmo, incrédulo

– Acho que foi – disse Jake, também com os olhos arregalados

Após perceber o que de fato havia feito, até Machop ficou um tempo parado, olhando para o atordoado Hitmonchan aos seus pés. Ele não podia explicar seu acesso de raiva. Apenas transformou tudo aquilo em motivação e fez o que nem ele sabia que era capaz de fazer. Apenas depois de alguns segundos ele levantou a cabeça, olhando para o espantado Dave, enquanto um grande sorriso aparecia em seu rosto.

– Chop! – Ele correu para abraçar seu mais novo amigo e comemorar a maior vitória de sua vida até aquele momento.

– Inacreditável Machop! Simplesmente Inacreditável!

Walter recolheu seu Pokémon repleto de raiva e olhou para seus desafiantes com desgosto. Mindy e Jake, que apenas de observar a luta e as brigas entre o lutador aposentado e Machop no dia anterior já nutriam um sentimento de raiva para com o velho, riram da cara dele.

– Acho que alguém tem que pedir aposentadoria pro governo – dizia Mindy, enquanto Jake fazia caretas para o homem enraivecido.

Ignorando as provocações, ele olhou fundo nos olhos de Dave e Machop, que o encaravam sem medo.

– Vocês vão me ver mais uma vez. Eu garanto isso. Me aguardem em Brass, pois eu serei campeão mais uma vez. – e com isso, passou pelo treinador e se encaminhou para dentro de seu velho bar.

Estaremos esperando ansiosamente pensou Dave, abraçando seu mais novo amigo.

– Então, acho que seguiremos juntos não é?

– Chop, chop! – concordou o Pokémon.

–Bem vindo ao time, Machop...

O menino sacou então uma Pokebola, atirou-a no ar e o Pokémon lutador se deixou capturar sem resistir. Assim, com um novo amigo e um novo rival Dave saiu daquele pequeno desvio de caminho com novo grande desafio a sua frente. Que o torneio de Brass nos aguarde, por que eu não entro para perder.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Espero que sim!

Espero vocês nos comentários!



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