Tudo havia acontecido tão rápido que Harry nem assimilara o fato de ter conhecido seus três filhos com Gina. Ele não queria admitir, mas estava curioso para saber como estariam os outros dali a vinte anos, ou melhor, agora.
A Floreios e Borrões estava extremamente movimentada; vários adolescentes compravam seu material para Hogwarts. Harry queria reconhecer alguém, mas pelo visto a pessoa cuja vida eles deveriam bisbilhotar não estava ali ainda.
- Harry... você ouviu o que a prof. Minerva disse sobre...
- Teddy. – completou ele. Não precisava de Hermione para lembrá-lo de seus deveres como padrinho. – Parece que ele entrou oficialmente para a família, não é?
- Victorie... deve ser a filha de Gui e Fleur. – ponderou Jorge. – Ou uma das filhas.
- Como você sabe? – perguntou Rony.
- Porque ali vem o resto do clã. – e indicou a porta da loja, onde Fleur surgira deslumbrante como sempre, acompanhada de um rapaz e de uma moça que, afora o fato de ser ruiva, era uma cópia perfeita da mãe.
- Se tivessem sido trrransferrridos para Beauxbautons , não terrríamos que enfrrrentar esse trrranstorrrne. – afirmou ela; Harry sabia que ela devia ter uns 45 anos, mas era tão bela como no dia em que a conhecera. – Louis, nã mexa aí!
O garoto afastou a mão do Como lidar com inimigos poderosos e segui a mãe até o balcão da livraria.
- Olha mãe, é a Roxanne!!!
A bela garota ruiva apontara na direção de quem Harry supôs que fosse uma parenta, porque a menina se adiantara para a filha de Fleur e a abraçara. Além disso, a desconhecida também era ruiva.
- Olá Angelina. – cumprimentou Fleur com jeito de comadre.
- Oi. – retribui Angelina. Harry ficou pasmo; então era Angelina Jonhson, que até jogara no time de quadribol com ele, e fora ao baile de inverno com Fred?
- Oi tia. – disse a filha de Angelina. Tinha uma beleza marota, no mesmo estilo de Tiago; os cabelos longos cascateavam até a cintura da garota, seus grandes olhos azul-céu focados em Fleur.
- Ahn. – ela não queria ser chamada de tia. – Entã, comprrrando o materrrial de Hogwarts?
- Ainda é o sexto ano dela. – explicou Angelina. E olhou para Fleur com compreensão. – Você realmente não consegue disfarçar o quanto um dia num lugar lotado te aborrece.
- Tem razã. – concordou Fleur. – Na Magique Librarè, nã havia essa aglomerrraçã... parece até que estamos naquela bagunça que os trrrouxas chamam de supermerrrcade...
- Olá família! – disse Jorge; Harry reparou que sua alegria não era a mesma que ele conhecera; certamente nunca se recuperara totalmente da perda de Fred.
- Como está, Jorrrge?
- Bem. – ele passou o braço pelo ombro de Angelina. – E você cada vez melhor no inglês, Fleurzinha. Sabia que eu e Rony estamos trabalhando em algo que faça a pessoa ser divertida em qualquer idioma? Sabe, tipo uns Feijõezinhos de Todos os Sabores que, quando engolidos, façam a pessoa ser capaz de contar piadas em 20 línguas diferentes. Claro que ainda não entramos em acordo, porque ele não quer o idioma romeno de jeito nenhum...
- Por que? – perguntou Louis.
- É o idioma oficial da Romênia, onde fica a Durmstrang, o que significa que é um idioma conhecido do Vitinho Krum. – e todos reprimiram uma risadinha. – Mas já conseguimos a fórmula pro português, francês, italiano, mandarim – o melhor efeito, na minha opinião – e pro árabe.
- Interrressante. – observou Fleur. – Bem, se nã se imporrrtam, tenho que irrr atrrrás des livrrres desses dois. – e abraçou o garoto de cabelos loiro-platinados e a bela ruiva. – Até mais.
- Até amanhã. – corrigiu Jorge. – Teddy e Victorie chegam amanhã e...
- Nã é possível. – disse Fleur, batendo na própria coxa com indignação. – Acha que minha própria filha chegarrria de voyage e avisarrria...
- Primeiro a avó dela. – confirmou Angelina. – Que avisou primeiro os Potter, e eles agora estão avisando toda a família pra irem passar o fim-de-semana n’A Toca, pra comemorar a volta de Teddy e Victorie Lupin.
- Que absurrrde!!! Isso é muite errrade!!! Avisar a avó antes da prrróprrria mã!!! Bem, entã temos que nos aprrressar. Tchau prrra vocês. – e saiu com os dois filhos rumo ao atendente da loja, que se equilibrava com vários livros nos braços.
- Ela não se conforma. – suspirou Jorge para a esposa. – Bem, já que somos só nós quatro, que tal um sorvete?
- Fechado. – disse um garoto mulato, de cabelos escuros e olhos azuis. – Já peguei todos os livros.
- Vambora, Fred. – disse a filha do casal.
Eles se viraram para sair, mas toparam com outra fatia da família numerosa.
- Percynho!!!
- Jorginho. – só que na voz de Percy não havia nenhuma graça. – Já conseguiu todo o material? Parece que o Mil ervas e fungos mágicos está em falta.
- Nenhum dos meus filhos está no primeiro ano, Percynho, você devia se atualizar. Acho que a mamãe vai te dar uma oportunidade de fazer isso, agora que o mais novo casal da família voltou da lua-de-mel.
- Ah, tá bem. – ele corou levemente. – Te vejo lá, então.
- Tchau, irmãozinho do mundo-da-lua. – ele pensou um pouco. – Tá lendo o Pasquim, é?
- Não. – Percy corou ainda mais. – Só preocupado com algumas coisas lá no Ministério; Kingsley me incumbiu pessoalmente de...
- Ok Percynho até mais!!! – Jorge saiu quase correndo, para impedir o irmão de começar a se gabar.
- Aff. – bufou Percy; sua fisionomia havia assumido aquele ar de quando ele era monitor-chefe. – Anda logo, Lucy!
Uma garotinha apareceu com um exemplar do Mil ervas e fungos mágicos, e outro de Hogwarts, uma história.
- Consegui, pai! Estava escondido lá em cima...
- Garota, você não...
- Não fiz nada fora de nenhum regulamento. – explicou ela. – Molly e a mamãe estão lá fora, e o meu irmão está na loja de artigos para quadribol. – ela revirou os olhos. – Que perda de tempo; ele devia estudar mais.
- Tente convence-lo. – ele pediu. – Ele passa muito tempo com Hugo, Fred e Tiago. Sem contar a Roxanne...
- É, metade da nossa família tem o dom da comédia, e a outra parte se divide em quadribol e nerdice.
- Credo! Estudar é...
- Fundamental. – completou Lucy. – Vamos pagar esses livros e ir embora, está bem? Depois quero que o senhor me fale mais sobre o Ministério...
Harry não pode deixar de sentir simpatia por Lucy Weasley, e era nisso que ele pensava quando os 13 saíram da livraria bruxa e apareceram na porta da Borgin & Burkes.