O quarto de Rony e Hermione era maior do que Harry reparara de manhã. O casal provavelmente dormiria cedo para estar disposto no dia seguinte, em que ia para a Toca.

            Rony se estirou na cama; mas quando Hermione surgiu, recém-saída do banho, ele lançou-lhe um olhar que fez Harry corar até a raiz dos cabelos rebeldes. O ruivo adiantou-se para a esposa, abraçando por trás e cheirando-lhe o pescoço.

            - É melhor aproveitar. – avisou Hermione, rindo. – Privacidade é uma coisa inesistente n’A Toca. – e virou-se de frente para ele, pendurando-se em seu pescoço.

            - Essa viagem vai ser uma nova lua-de-mel. – prometeu ele com brilho nos olhos. Hermione, porém, se desvencilhou do abraço de Rony e cruzou os braços.

            - Eu não sei se vou poder ir, querido.

            - Como é? – perguntou ele, incrédulo e rabugento.

            - Há um projeto de lei – começou ela, esperançosa, - para que os elfos tenham direito à aposentadoria...

            - E que tal um projeto que me dê direito à minha mulher?

            - Rony!

            - Você prefere esse trabalho a mim! – acusou Rony, furioso. – E não me olhe assim, porque é verdade!

            - Eu me casei com você...

            - Vive repetindo isso, como se estivesse arrependida...

            - RONY! Pelo amor de Deus! Por que não pode respeitar minhas escolhas sem fazer essa chantagem?

            - Por que você é quem tem que estar sempre certa? Aposto que se tivesse que escolher entre mim e um elfo doméstico...

            - Escolheria você, apesar de não merecer!

            - Até parece! Incompreensiva!

            - Egoísta!

            - Orgulhosa!

            - Grosso!

            - Chata!

            - Insensível!

            Harry estava a ponto de azarar os dois, porque aquilo era pior do que ele se lembrava. Mas algo inesperado aconteceu: Rony agarrou Hermione e beijou-a apaixonadamente.

            - Isso não é justo. – reclamou ele, com voz de amante. – Você sempre faz de mim o que quer.

- Eu te amo. – sussurrou ela.

- Isso é bom de ouvir.

Hermione deu um tapa nele.

- EU TE AMO! – berrou ele, abraçando Hermione com vontade; ela se rendeu, enlaçou o pescoço de Rony e beijou-o de novo.

- Eu te amo. – soprou ela. – Deve ser porque você é o meu completo oposto.

- Talvez seja por isso. – concordou ele, tirando um cacho do rosto de Mione. – Eu gosto da sua voz irritante – e beijou-lhe a testa, - e dos seus cabelos cheios – e beijou-lhe o colo, - e dos seus tornozelos finos...

Hermione riu, enquanto Rony a cobria de beijos; Harry sentia o rosto quente, e começou a desejar que o chão se abrisse quando viu que os cabelos da mulher agora eram ruivos, e os do homem eram negros e mal-comportados.

- Amanhã começa a guerra de novo. – riu Gina.

- Você reclama muito do Tiago. – Harry riu também.

- O que quer que eu faça? Ele está sempre destruindo algo...

- Foi assim que surgiu as Gemialidades.

Os dois caíram na risada; Harry não agüentou e riu também.

- Acho mais difícil controlar a Lily. – comentou o Harry do futuro.

- Hum. – Gina mordeu o lábio. – Por que será, hein?

- Vocês tem algum segredo. – afirmou o marido, categoricamente.

- Não! – ela riu. – Que absurdo! É você que tem um segredo com Alvo. Parece que vocês lêem os pensamentos um do outro.

- Não posso mentir. – Harry olhou para os próprios pés. – Tenho uma ligação muito forte com ele. Não é que eu o ame mais, só ...

- Se identifica com ele. – completou Gina, afagando os cabelos de Harry. – Eu entendo.

- Que sorte a minha. – disse Harry, abraçando-a. – Você é tudo.

- Que poder. – riu Gina, jogando a cabeça pra trás como Lílian. – Posso ficar mal acostumada...

Harry nem teve tempo de olhar para os companheiros; viu tudo ficar escuro, sentiu uma dor lacinante, apertou os olhos para dissimular a dor e para assimilar tudo que acabara de ver...