Call Girl in Busapeste escrita por Isadora Nardes
Notas iniciais do capítulo
Me desculpem a demora. Sei lá, minha criatividade não anda muito boa.
Enquanto estavam dentro da casa de Ian, o tempo havia fechado e fechado, transformando o céu, antes azul, num mesclado de cinza e branco. Quando Angel e George saíram da casa de Ian, os primeiros pingos de chuva começaram.
Ouvia-se gente gritando, via-se gente correndo, mas Angel já havia enfrentado chuvas piores. Sendo assim, limitou-se a se encolher dentro do moletom. O que fez bem, porque tinha o cheiro de George.
George olhou para Angel.
–- Você não quer correr? – ele perguntou.
–- Por quê? – ela perguntou de volta.
–- Correr da chuva.
–- George, me diz, você é feito de açúcar?
–- Não.
–- Eu sou feita de açúcar?
–- Não sei. Talvez.
–- Não.
–- Não, claro que não.
–- Então. É só chuva. Água caindo do céu. Ninguém vai morrer.
George grunhiu alguma coisa e Angel tirou um maço de cigarros do bolso de George. Ela pegou um. Ainda sentia o gosto de nozes na boca, roubou o isqueiro de George do bolso dele para poder acender o cigarro.
–- Você não vai conseguir acender na chuva – George alertou.
–- Não subestime o poder da nicotina – Angel retrucou. A chama do fogo tremeluziu, quietou-se, e por fim Angel acendeu o cigarro, colocando o isqueiro novamente no bolso de George. – Tã-dã.
George balançou a cabeça, em descrença.
–- Você deve ser a única pessoa no planeta inteiro que consegue fazer isso – ele disse.
–- E é por isso que você gosta de mim – Angel retrucou, jogando a caixa vazia de cigarros no lixo.
George sorriu.
–- Gosto demais – ele concordou.
* * *
Quando chegaram à casa de George, estavam completamente molhados.
Os sapatos de Angel faziam barulho a cada vez que ela pisava no chão e ela sentia seu jeans colado no corpo. Tirando o moletom e estendendo sobre o sofá, ela pensou no que faria se tivesse se perdido quando tentara escapulir da casa de George. Provavelmente se enfiado em algum albergue e cheirado cocaína até alguma viatura policial passar.
–- Argh – George grunhiu, enquanto arrancava fora os tênis molhados. Balançou os pés, fazendo as meias escorregarem, uma para cada lado, e finalmente olhou para Angel. – Argh!
Angel parou em frente à George, observando seu cabelo, espetado em diferentes direções. Passou os dedos entre os fios, emaranhando-os e fazendo gotas voarem para os lados.
–- É melhor você tirar esses sapatos – George alertou. – Vai ficar resfriada.
Angel deu alguns passos pra trás e se sentou no sofá cinza, estendendo os pés. Tirou o sapato esquerdo com o pé direito e o sapato direito com o pé esquerdo, depois se esticou no sofá, bocejando.
–- Dormir com o barulho da chuva – Angel comentou. – É bom.
–- Sim – George concordou, se sentando no sofá ao lado de Angel, que abriu espaço quando ele se espremeu ao seu lado. Angel ficou remexendo nos cabelos de George, até dizer:
–- Seus pais vão chegar logo.
–- E...?
–- E eu estou aqui.
–- A casa é minha. Eu sou maior de idade, você também é.
–- Mas...
–- Estamos fazendo alguma coisa ilegal?
–- Não tenho certeza. Nunca me importei muito com isso.
–- Então não se importe agora – George disse, envolvendo as mãos de Angel e olhando em seus olhos. Angel sentiu seus lábios se contraírem num sorriso involuntário, enquanto praticamente puxava George pela boca.
* * *
Angel acordou com empurrões. A primeira coisa que percebeu foi o cheiro de George em todos os lugares. Depois, a janela aberta, o tempo fechado. Em seguida, sua mente saiu do estado de sono e as coisas voltaram a fazer sentido.
Na sua frente, a mãe de George, de braços cruzados, uma expressão contrariada. Ao seu lado, o pai de George, com a mesma expressão de tédio de sempre. Angel olhou para o outro lado. George estava deitado de bruços, o cabelo louro completamente bagunçado. Angel se lembrava de ter bagunçado.
A cama também estava desarrumada. Os lençóis e cobertores estavam emaranhados. O quarto era bege, com alguns quadros, roupas jogadas. Mais especificamente, roupas de Angel e de George.
–- Porra... – murmurou Angel, se apoiando nos antebraços. Fitou os pais de George. – Hum... Olá.
–- Minha nossa – disse a mãe de George. – Que vergonha! Você drogou ele.
–- A única droga que seu filho usa é nicotina, senhora – Angel rebateu. – Ele é quase um puritano.
–- Não pelo que eu estou vendo – a mãe de George ralhou, passando os olhos pelo cômodo.
–- Pelo amor de Deus. O que foi? Acharam que ele era algum tipo de virgem vegetariano?
–- Não eduquei meu filho pra ser vegetariano – interviu o pai de George. – Muito menos virgem.
–- Mas também não queríamos que você o corrompesse – disse a mãe de George.
Angel quase enfartou de tanto rir. Ao seu lado, George grunhiu em seu sono e virou a cabeça. Angel se escondeu debaixo das cobertas.
–- Pelo amor de Deus, nos deixem em paz! – Angel murmurou.
–- Avise ao George que vamos voltar pra Inglaterra – o pai de George disse.
–- Avisarei.
Passos saindo do quarto, uma porta batendo.
–- Seus merdas – murmurou Angel, voltando a se sentar na cama. Olhou para os criados mudos, mas não achou nenhuma cartela de cigarros, então murmurou no ouvido de George: -- Oi? Você está aí?
–- Ahn... – murmurou George.
–- Ei. Terra chamando George. Responda, câmbio.
–- Estou muito bem no lado escuro da Lua – murmurou George, enterrando o rosto no travesseiro.
–- Pelo menos me fale onde estão os cigarros, astronauta.
–- Não. Você tem que parar de fumar.
–- Não é justo. Você fuma.
–- É diferente.
Angel se irritou.
–- Seus pais voltaram pra Inglaterra, sabe? Eles me acordaram – ela murmurou.
–- Melhor assim – George finalmente virou o rosto para Angel. – Ninguém com quem se preocupar.
–- Ligue pra eles, pelo menos.
–- Há quanto tempo eles saíram?
–- Dois minutos.
–- Eu ligo daqui a uns cinco anos.
–- George?
–- Hum?
–- Você é um merda.
George riu.
–- Um merda que quer dormir. Cara, tinha sonífero naqueles biscoitos, sério.
–- Devem ser as nozes.
–- Ah, eu nunca vou esquecer as nozes.
George se virou de barriga pra cima, fechou os olhos e relaxou. Angel cutucou-o.
–- Por favoooooooor...
–- Não – murmurou George, estendendo o braço e passando pelos ombros de Angel. – Sossega. Você parece uma criança birrenta.
Angel ficou quieta por um minuto. Em seguida, disse:
–- Eu contei pros seus pais que você não é virgem.
George riu.
–- Caramba, você arruinou a minha vida – ele debochou. Estendeu a mão para o criado mudo, abriu a segunda gaveta e tirou um cigarro e um isqueiro. Estendeu para Angel. – Só porque você é linda.
–- Eu sei – disse Angel. Acendeu o cigarro, mas George tomou da sua mão e disse:
–- Muito obrigada – colocou na boca e puxou a fumaça para seus pulmões. Sorriu para Angel. – O que foi?
–- Seu grande merda.
–- Você me ama.
–- Seu babaca filho da mãe.
–- Eu sei que você me ama.
–- Seu cretino.
–- Você está me xingando sorrindo. É claro que você me ama.
George pegou o controle da TV e ligou. Levantou os braços no ar comemoração.
–- O Grande Hotel Budapest –- ele disse. Olhou para Angel. – Parece verídico, não?
–- Muito – Angel disse, se deitando. Murmurou: -- Agatha morre no final.
–- Aquela garota que fez A Hospedeira?
–- É.
–- Ah.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Eu não coloquei hentai porque não sei fazer hentai direito. Fora que é uma songifc-comédia-romance, não das safadezas da vida.