Call Girl in Busapeste escrita por Isadora Nardes


Capítulo 7
Nicotina.


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora. Sei lá, minha criatividade não anda muito boa.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/597459/chapter/7

Enquanto estavam dentro da casa de Ian, o tempo havia fechado e fechado, transformando o céu, antes azul, num mesclado de cinza e branco. Quando Angel e George saíram da casa de Ian, os primeiros pingos de chuva começaram.

Ouvia-se gente gritando, via-se gente correndo, mas Angel já havia enfrentado chuvas piores. Sendo assim, limitou-se a se encolher dentro do moletom. O que fez bem, porque tinha o cheiro de George.

George olhou para Angel.

–- Você não quer correr? – ele perguntou.

–- Por quê? – ela perguntou de volta.

–- Correr da chuva.

–- George, me diz, você é feito de açúcar?

–- Não.

–- Eu sou feita de açúcar?

–- Não sei. Talvez.

–- Não.

–- Não, claro que não.

–- Então. É só chuva. Água caindo do céu. Ninguém vai morrer.

George grunhiu alguma coisa e Angel tirou um maço de cigarros do bolso de George. Ela pegou um. Ainda sentia o gosto de nozes na boca, roubou o isqueiro de George do bolso dele para poder acender o cigarro.

–- Você não vai conseguir acender na chuva – George alertou.

–- Não subestime o poder da nicotina – Angel retrucou. A chama do fogo tremeluziu, quietou-se, e por fim Angel acendeu o cigarro, colocando o isqueiro novamente no bolso de George. – Tã-dã.

George balançou a cabeça, em descrença.

–- Você deve ser a única pessoa no planeta inteiro que consegue fazer isso – ele disse.

–- E é por isso que você gosta de mim – Angel retrucou, jogando a caixa vazia de cigarros no lixo.

George sorriu.

–- Gosto demais – ele concordou.

* * *

Quando chegaram à casa de George, estavam completamente molhados.

Os sapatos de Angel faziam barulho a cada vez que ela pisava no chão e ela sentia seu jeans colado no corpo. Tirando o moletom e estendendo sobre o sofá, ela pensou no que faria se tivesse se perdido quando tentara escapulir da casa de George. Provavelmente se enfiado em algum albergue e cheirado cocaína até alguma viatura policial passar.

–- Argh – George grunhiu, enquanto arrancava fora os tênis molhados. Balançou os pés, fazendo as meias escorregarem, uma para cada lado, e finalmente olhou para Angel. – Argh!

Angel parou em frente à George, observando seu cabelo, espetado em diferentes direções. Passou os dedos entre os fios, emaranhando-os e fazendo gotas voarem para os lados.

–- É melhor você tirar esses sapatos – George alertou. – Vai ficar resfriada.

Angel deu alguns passos pra trás e se sentou no sofá cinza, estendendo os pés. Tirou o sapato esquerdo com o pé direito e o sapato direito com o pé esquerdo, depois se esticou no sofá, bocejando.

–- Dormir com o barulho da chuva – Angel comentou. – É bom.

–- Sim – George concordou, se sentando no sofá ao lado de Angel, que abriu espaço quando ele se espremeu ao seu lado. Angel ficou remexendo nos cabelos de George, até dizer:

–- Seus pais vão chegar logo.

–- E...?

–- E eu estou aqui.

–- A casa é minha. Eu sou maior de idade, você também é.

–- Mas...

–- Estamos fazendo alguma coisa ilegal?

–- Não tenho certeza. Nunca me importei muito com isso.

–- Então não se importe agora – George disse, envolvendo as mãos de Angel e olhando em seus olhos. Angel sentiu seus lábios se contraírem num sorriso involuntário, enquanto praticamente puxava George pela boca.

* * *

Angel acordou com empurrões. A primeira coisa que percebeu foi o cheiro de George em todos os lugares. Depois, a janela aberta, o tempo fechado. Em seguida, sua mente saiu do estado de sono e as coisas voltaram a fazer sentido.

Na sua frente, a mãe de George, de braços cruzados, uma expressão contrariada. Ao seu lado, o pai de George, com a mesma expressão de tédio de sempre. Angel olhou para o outro lado. George estava deitado de bruços, o cabelo louro completamente bagunçado. Angel se lembrava de ter bagunçado.

A cama também estava desarrumada. Os lençóis e cobertores estavam emaranhados. O quarto era bege, com alguns quadros, roupas jogadas. Mais especificamente, roupas de Angel e de George.

–- Porra... – murmurou Angel, se apoiando nos antebraços. Fitou os pais de George. – Hum... Olá.

–- Minha nossa – disse a mãe de George. – Que vergonha! Você drogou ele.

–- A única droga que seu filho usa é nicotina, senhora – Angel rebateu. – Ele é quase um puritano.

–- Não pelo que eu estou vendo – a mãe de George ralhou, passando os olhos pelo cômodo.

–- Pelo amor de Deus. O que foi? Acharam que ele era algum tipo de virgem vegetariano?

–- Não eduquei meu filho pra ser vegetariano – interviu o pai de George. – Muito menos virgem.

–- Mas também não queríamos que você o corrompesse – disse a mãe de George.

Angel quase enfartou de tanto rir. Ao seu lado, George grunhiu em seu sono e virou a cabeça. Angel se escondeu debaixo das cobertas.

–- Pelo amor de Deus, nos deixem em paz! – Angel murmurou.

–- Avise ao George que vamos voltar pra Inglaterra – o pai de George disse.

–- Avisarei.

Passos saindo do quarto, uma porta batendo.

–- Seus merdas – murmurou Angel, voltando a se sentar na cama. Olhou para os criados mudos, mas não achou nenhuma cartela de cigarros, então murmurou no ouvido de George: -- Oi? Você está aí?

–- Ahn... – murmurou George.

–- Ei. Terra chamando George. Responda, câmbio.

–- Estou muito bem no lado escuro da Lua – murmurou George, enterrando o rosto no travesseiro.

–- Pelo menos me fale onde estão os cigarros, astronauta.

–- Não. Você tem que parar de fumar.

–- Não é justo. Você fuma.

–- É diferente.

Angel se irritou.

–- Seus pais voltaram pra Inglaterra, sabe? Eles me acordaram – ela murmurou.

–- Melhor assim – George finalmente virou o rosto para Angel. – Ninguém com quem se preocupar.

–- Ligue pra eles, pelo menos.

–- Há quanto tempo eles saíram?

–- Dois minutos.

–- Eu ligo daqui a uns cinco anos.

–- George?

–- Hum?

–- Você é um merda.

George riu.

–- Um merda que quer dormir. Cara, tinha sonífero naqueles biscoitos, sério.

–- Devem ser as nozes.

–- Ah, eu nunca vou esquecer as nozes.

George se virou de barriga pra cima, fechou os olhos e relaxou. Angel cutucou-o.

–- Por favoooooooor...

–- Não – murmurou George, estendendo o braço e passando pelos ombros de Angel. – Sossega. Você parece uma criança birrenta.

Angel ficou quieta por um minuto. Em seguida, disse:

–- Eu contei pros seus pais que você não é virgem.

George riu.

–- Caramba, você arruinou a minha vida – ele debochou. Estendeu a mão para o criado mudo, abriu a segunda gaveta e tirou um cigarro e um isqueiro. Estendeu para Angel. – Só porque você é linda.

–- Eu sei – disse Angel. Acendeu o cigarro, mas George tomou da sua mão e disse:

–- Muito obrigada – colocou na boca e puxou a fumaça para seus pulmões. Sorriu para Angel. – O que foi?

–- Seu grande merda.

–- Você me ama.

–- Seu babaca filho da mãe.

–- Eu sei que você me ama.

–- Seu cretino.

–- Você está me xingando sorrindo. É claro que você me ama.

George pegou o controle da TV e ligou. Levantou os braços no ar comemoração.

–- O Grande Hotel Budapest –- ele disse. Olhou para Angel. – Parece verídico, não?

–- Muito – Angel disse, se deitando. Murmurou: -- Agatha morre no final.

–- Aquela garota que fez A Hospedeira?

–- É.

–- Ah.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu não coloquei hentai porque não sei fazer hentai direito. Fora que é uma songifc-comédia-romance, não das safadezas da vida.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Call Girl in Busapeste" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.