Morte: Apenas mais um obstáculo escrita por J W Carper


Capítulo 1
Vidas Passadas




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Era uma quinta-feira, depois das férias de inverno, primeira semana de aula. Passavam-se uns meses desde que a pessoas mais importantes da minha vida deixou de falar comigo.

E tudo por uma idiotice minha, que me arrependo muito, até hoje.

Acordo pela manhã com a pior das sensações, tinha certeza que algo iria acontecer naquele mesmo dia.

Criei coragem, e resolvi ir à escola. Chegando lá, percebi que minha melhor amiga Allyson, não me dirigia à palavra, mas dava para ver em seus olhos que era pura magoa, só não achara o motivo de tanta...

Só que como todas as melhores amigas, nós tínhamos uma ligação extraordinária, por que fazíamos coisas exatamente iguais, sem nem ter combinado.

Havíamos feito um bilhete pedindo desculpas, mas a esta altura você deve estar se perguntando “Mas, o que você fez? Porque um bilhete de desculpas?”, a resposta é simples, fiz a pior coisa que já podia ter feito na vida, primeiramente devo lhe informar que Bernardo simplesmente é a minha cara-metade, minha razão para acordar todos os dias, levantar a cabeça e seguir em frente, e o irmão dele, Eduardo é a cara-metade de Allyson. Sem mais enrolações, meu erro foi ter julgado Eduardo sem conhecê-lo, porque fiz isso? Bom, minha melhor amiga Ally (Allyson) sempre foi apaixonada por ele, mas ele não correspondia nem ao menos falava com ela e toda vez que ela via ele com outras meninas ela ficava mal, chorava, então resolvi escrever uma carta para ela sobre Eduardo, para ver se ela sorria um pouco, escrevi não para humilha-lo, mas para fazê-la sorrir, escrevi coisas como “Poxa ele é uma droga viciante, você quer largar, mas seu corpo não deixa”, na total ingenuidade, o único problema é que eu acabei, com o tempo, virando amiga dele e de seus amigos, foi assim que conheci Bernardo, depois de certo tempo um desses amigos em comum, Rafael, pediu para ficar comigo, é claro que eu não aceitei eu amo Bernardo! Mas Rafael não aceitou “o não”, foi então que ele pegou das minhas coisas essa carta antiga e levou para casa de Bernardo e Eduardo, no momento que leram, ficaram muito chateados e decepcionados, Bernardo me ligou imediatamente me xingando e perguntando se eu estava aquele tempo todo, mentindo pra ele, então depois de meses sem se falar ou sorrir, eu e Ally decidimos escrever um bilhete de desculpa, só que este mesmo bilhete, parecia ser uma “despedida da vida”, um “último adeus”. Eu havia escrito para Bernardo, e Allyson para o irmão de Bernardo, Eduardo. Essa carta foi escrita um dia antes de tudo acontecer...

Na hora da saída, Allyson voltou a falar comigo, de uma hora para outra. Então quando saímos para ir embora, percebemos que tanto Bernardo quanto Eduardo saíram mais cedo naquele dia.

Allyson disse que iria me acompanhar até um pedaço do caminho a minha casa.

Descemos a rua. Dobramos em direção a uma pequena papelaria que havia ali, só que neste instante Bernardo e Eduardo, apareceram de bicicleta na rua da escola. Cada vez se aproximando mais.

Já que eles não falavam mais conosco, por que estavam muito magoados com o que nós havíamos feito, achamos melhor continuar caminhando e conversando.

Quando eles chegaram à esquina, onde nós havíamos acabado de dobrar, resolvemos atravessar a rua, sem perceber que os dois já estavam tão perto.

No momento, a faixa estava completamente limpa, mas bem no instante em que atravessamos, um carro preto, em alta velocidade, dobra a rua e nos acerta em cheio. Atirando Allyson a uns 3 metros a sua frente, e jogando-me por cima dele, fazendo com que caísse, bem em frente a Bernardo e Eduardo, que haviam acabado de descer das bicicletas.

Bernardo ficou sem reação diante daquela horrível cena. Mas Eduardo, na hora, correu e pegou o celular do bolso do irmão, ligando para tudo que tinha direito.

Mas não valeu a pena o esforço, pois eu havia morrido na hora. Ally ficou um tempo viva, mas não aguentou, até que a ambulância pudesse aparecer.

O homem que havia nos atropelado fugiu sem nem ao menos pedir ajuda ou proporcionar esforços.

Alguns dias se passaram...

Casa do Bernardo e Eduardo

— Eduardo vem comer... O almoço está pronto! — diz a mãe deles, sem saber de nada do que havia acontecido, absolutamente nada. — Bernardo vem comer...

— Não estou com fome mãe... — de dentro do quarto Bernardo responde.

— É incrível não é mesmo Bernardo? Você nunca está com fome! Sempre ai, dentro deste quarto olhando para as paredes... — diz ela indignada. — Eduardo por que seu irmão está sempre dentro daquele quarto?

— ...

Eduardo larga o prato na pia dizendo que está sem fome, e se junta a Bernardo.

No dia seguinte, de manhã cedo, a mãe dos dois se levanta, toma café e acorda os meninos para irem à escola. Eles dizem que não vão, que não querem ir, mas ela os obrigam a comparecerem, os levando pelo braço até lá...

Na escola

Só que aquele não era um bom dia para aparecer na aula, eles não sabiam, mas naquele mesmo dia, haveria uma homenagem para mim e Allyson.

Eles entraram na sala arrastados, e só ouviam as professora perguntando, por que não frequentavam a escola, por que eles estavam diferentes ou por que não respondiam nada, mas os dois só ficavam quietos.

Até que a diretora passou um recado, “Todos os alunos no saguão, por favor!”. Os meninos desceram as escadas, e ficaram bem em frente ao projetor. Então a homenagem se inicia.

— Estamos reunidos aqui hoje, por um motivo muito especial. Como todos vocês já sabem faz uma semana que perdemos duas alunas, mas não tivemos a chance de homenageá-las... Então iremos fazer isto agora!

Começa diretamente com fotos nossas. Mal acaba de passar as primeiras fotos e Bernardo começa a chorar junto a Eduardo.

Bernardo ficou tão abalado que se direcionou a tomada que ligava o aparelho, arrancando todos os fios de lá, acabando com toda homenagem. A diretora na hora começa a xinga-lo.

— Você não tem o direito de fazer uma homenagem a elas, você não tem nem o direito de falar o nome delas! Entendeu?

—Era apenas uma homenagem Bernardo! — fala a diretora, brava.

— E ele tem toda a razão! Você não tem o direito de tocar no nome delas! – Retruca Eduardo.

— Quando elas estavam vivas, e aqui, vocês só sabiam falar mal, magoar. Vocês poderiam fazer tudo isto quando elas estavam vivas, mas agora, não pensem que só por que elas estão mortas, que podem fazer! Eu só tenho uma coisa a dizer. Enquanto eu estiver vivo, Não! Todos entenderam? Não. NÃO! — diz Bernardo aos prantos.

—Ninguém vai tocar no nome delas! Vocês entenderam? Ninguém, NINGUÉM vai tocar no nome delas! Não importa se é por bem ou por mal, ninguém tem o direito de falar alguma coisa! Entendido?

Bernardo e Eduardo saem da escola rapidamente, sem olhar para cara de ninguém, transtornados...

Alguns dias passam, sem que eles voltassem a comer ou comparecer a escola...

Casa do Bernardo e do Eduardo

— Mãe. Tenho uma coisa para te dizer... Não posso mais ficar calado. É sobre o Bernardo e o Eduardo, essa “depressão” deles. — disse o outro irmão deles, Erick.

— Então fale Erick! Porque eles estão assim? — pergunta a mãe deles.

— Lembra do dia que aconteceu aquelas coisas do bilhete, e você proibiu eles de falarem com as duas garotas? Pois é... Eles estão muito mal com aquilo, o Bernardo é apaixonado por uma delas, só não sei dizer qual... — Diz Erick sem saber o verdadeiro motivo.

Então a mãe deles vai até o quarto para tentar falar com os dois, talvez ela pudesse resolver. Bateu na porta, entrou e sentou na cama onde Bernardo estava deitado e perguntou para eles:

— Filhos... Eu sei como é se apaixonar por uma pessoa que errou com vocês... E eu também sei como é difícil ficar longe desta pessoa...

— Não... Não sabe não — Falou Eduardo contrariado com a situação, olhando para o lado.

— Literalmente, você não sabe de nada! — diz Bernardo se alterando.

— Sim, eu sei! O irmão de vocês me contou tudo, e por isso eu não vou proibir vocês de falarem com elas.

Eduardo suspira, acenando negativamente com a cabeça.

– Legal né? -fala ele em tom de deboche. — Agora que você diz isso!

Bernardo começa a chorar sua mãe não entendera nada do que estava se passando com eles e pergunta:

– O que houve?

— O que houve? — pergunta Bernardo também em tom de deboche — Então você quer saber o que houve? Pra você, foi a melhor coisa do mundo! Você não sabe nem da metade...

— Filho, eu acabei de deixar vocês voltarem a falar com elas.

— A questão não é essa mãe! — diz Eduardo, balançando a cabeça negativamente.

Bernardo levanta-se e sai do quarto com uma mochila, que havia acabado de arrumar.

— Como você quer que a gente fale com elas? Hein? Como? -Eduardo continua... –Mãe... Há alguns dias atrás, não sei se a senhora lembra, quando estávamos indo a Universidade, jogar futebol, como sempre fazíamos... Bom... Sabe por que não vamos mais?... Porque naquele mesmo dia, Manu e Ally elas... –Eduardo cala-se por um instante. -Elas morreram mãe, em um acidente, bem à nossa frente, e a culpa é toda nossa... Elas nos mandaram esses bilhetes antes de morrer, Allyson para mim, e Manuella para Bernardo. –Conclui ele ao baixar a cabeça em sinal de tristeza.

Logo Eduardo levanta-se, pega as cartas que estavam guardadas em sua mochila escolar, e as estende para sua mãe.

Bernardo volta, ainda chorando...

– Viu só! Não tem como falar com elas! A gente não pertence mais ao mesmo mundo.

Então Bernardo larga a mochila no chão, caminha até a pequena estante que havia em seu quarto... Puxando a primeira gaveta onde havia uma arma de fogo... E logo diz:

– Só existe uma forma, para poder falar com ela. –Bernardo cala-se por um momento. - Pertencendo a sua mesma dimensão!

Bernardo não pensa duas vezes antes de apontar a arma para a sua própria cabeça e atirar.

Um barulho horrível toma conta do quarto.

Sua mãe apavorada com o que havia acontecido, chamou seu marido, que já tinha saído para ver o que havera acontecido.

Bernardo estava morto.

Sua mãe mesmo assim o leva para o hospital com a esperança de que ainda havia alguma chance dele sobreviver.

Enquanto isso Eduardo apavorado com o que seu irmão havia feito, sai de casa sem nem pensar. Eduardo estava com os olhos arregalados e vermelhos, olhava para todos os lados com a sensação de que algo de ruim iria acontecer, ele respira fundo, caminhou por vários dias até entrar em uma floresta, agacha-se em baixo de uma enorme árvore, baixa a cabeça e tenta esquecer-se do que havia acontecido com o irmão.

Anoiteceu, Eduardo estava quase pegando no sono quando uma voz chama sua atenção, “A culpa é sua, somente sua!”, dizia a voz. Eduardo começa então a olhar para todos os lados procurando de onde poderia estar vindo aquela voz, mas a voz se triplica e aumenta, “Foi você!”, “Por culpa sua todos em sua volta irão morrer, um a um!”, “Tudo por sua causa!”, “Sua culpa, SOMENTE SUA CULPA!”, a voz não parava de repetir-lhe a mesma coisa. Eduardo tenta acabar com aquilo colocando suas mãos em seus ouvidos, mas foi em vão às vozes só ficavam cada vez mais altas.

Eduardo corre entre as árvores não chegando a lugar algum, talvez estivesse correndo em círculos, até que cai de joelhos sobre o solo.

Eduardo fitava fixamente o chão enquanto as vozes continuavam em sua cabeça, mas ele não aguenta tanta pressão, acaba pegando um pedaço de madeira pontiagudo que havia ali ao seu lado, crava em seu peito e causa sua morte lenta e dolorosa.

Duas semanas se passam. Erick enquanto dirige-se até a faculdade sente uma sensação estranha ao passar pela floresta onde Eduardo havia se suicidado e não aguenta a tanta tentação, acaba entrando ali, após caminhar uns 10 minutos floresta adentro Erick sente um forte cheiro e o segue, depois de mais alguns minutos ele encontra Eduardo estirado no chão com seu corpo já todo desfigurado pelos animais que se alimentavam dele.

Erick fica apavorado com a situação e sai às pressas para avisar seus pais, mas Erick estava tão apavorado com o acontecido que a caminho de sua casa acaba batendo de frente com um caminhão...

Algumas horas depois sua mãe liga a televisão, como era sua rotina diária, mas acaba se deparando com uma noticia que iria acabar com ela.

Plantão

Hoje pela manhã um carro em alta velocidade bate na dianteira de um caminhão, o motorista do carro morre no local. Documentos encontrados no mesmo indicam que o motorista do carro era Erick Bastos Ranchell.”


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