Morte: Apenas mais um obstáculo escrita por J W Carper


Capítulo 2
Stefan Braskem


Notas iniciais do capítulo

Dia 28 de janeiro de 1999. 16 anos após a morte de Bernardo e Eduardo.
Querido Diário
"Olá de novo meu querido diário, hoje conheci um menino chamado Stefan Braskem. Ele tem 18 anos e é músico, tem olhos claros. Muito lindo, um sonho. Quase fui atropelada hoje e por causa dele ainda estou aqui sem nenhum arranhão. Acho que estou apaixonada. S2s2s2s2
Ashilley Wollmer - 28/01/99”.



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Hoje pela manha sai de casa em direção a uma loja de instrumentos musicas no centro de minha cidade. Estava totalmente distraída quando meu celular tocou, atendi, mas continuei a caminhar, ao atravessar a faixa de segurança, um carro que estava parado pelo sinal vermelho, acelera e um menino que nunca tinha visto antes corre e me tira da frente do veículo, salvando minha vida.

–Como você esta? –Diz o menino preocupado.

–Estou bem. Eu acho... –Respondo-o enquanto ele me estende sua mão.

–Certeza que está bem...? Como se chama?

–Sim absoluta. Ashilley, Ashilley Wollmer.

–Prazer em conhecê-la Ashilley. –Diz ele ao me cumprimentar com um sorriso.

No momento em que ele toca minha mão, meu coração dispara, minha respiração fica mais forte, sensações que nunca havia sentido antes.

–Eu me chamo Stefan, Stefan Braskem.

–Prazer. –Digo também ao sorrir.

Continuei caminhando enquanto Stefan acompanhava-me.

–Desculpa não lhe perguntar antes, mas eu estou te incomodando ou atrapalhando? –Diz Stefan preocupado.

–E porque estaria? –Pergunto ao olhar-lhe.

–Estou há algum tempo já lhe acompanhando, você não se incomoda?

–Não de modo algum.

–Desculpe a pergunta, mas está indo aonde? –Curioso.

–Você quis dizer onde NÓS estamos indo não é? –Digo sorrindo enquanto Stefan também sorri. –Iremos a uma lojinha de instrumentos musicas, preciso comprar um novo violão.

–Você toca Ashilley? –Diz Stefan impressionado.

–Sim, algum problema?

–Não, é que eu também toco, na verdade sou músico, ganho minha vida com música.

–Que legal. Também queria seguir nessa carreira, mas... –Digo ao baixar a cabeça.

–Mas o que? Sua família não deixa né?

–Na verdade eu nunca tive coragem de seguir a profissão.

–Mas por quê? –Diz Stefan confuso.

–Porque eu acho que as pessoas a minha volta iriam achar um desperdício... Sem falar no salário, que é muito baixo.

–Não importa o valor que você vai receber Ashilley. O importante é que você goste do que esta fazendo. Não acha? –Diz Stefan aconselhando-me.

Eu o fitava enquanto sorria. Seus olhos eram como o azul do céu em um dia claro, sua pele branca e macia como a neve, cabelos negros como a noite, sua feição parecia ser esculpidas por deuses. Parecia que naquele instante olhando-o, seu coração havia voltado a bater, como se Bernardo estivesse ali naquele exato momento, como se a morte dele nunca havera acontecido.

–O que houve? –Falo ao tentar compreender a situação.

–Não. Nada...-Stefan cala-se por um instante. –É que você Ashilley, me lembra de alguém... Alguém que infelizmente perdi cedo de mais. –Conclui ao encher os olhos de lágrimas.

–Stefan, desculpa-me, mas preciso ir... –Falo apressadamente. –Aqui esta meu número, se precisar de algo, me liga. –Continuo ao entregar um cartão a Stefan.

Meu apartamento

Já estava noite, e de uma hora para outra toca o celular. Era Stefan.

–Boa noite, o que deseja?

–OIEE... –Diz Stefan alegremente. –O que esta fazendo Ashilley?

–Estava tocando violão...

–Bom... Liguei para lhe fazer um convite muito especial.

–Qual? –Falo curiosamente.

–Quero te levar a um lugar amanhã. Posso?

–Claro!

–Está bem, amanhã passo ai em sua casa para lhe buscar.

No dia seguinte.

Stefan estava sentado no sofá enquanto esperava-me.

Depois de alguns minuto desço pelas escadas em direção a Stefan, meus olhos claros destacavam-se de meu rosto, minha pele pálida realçando mais meus olhos.

–Nossa! Você esta linda. –Diz Stefan fitando-me deslumbrado.

–Obrigada. –Digo com um enorme sorriso.

–Então vamos?

Stefan me conduz até seu carro, e ambos saem em direção ao local escolhido por ele.

Campo fora da cidade

–Pronto cheguemos!

–...

Fico sem palavras diante da beleza do lugar, flores para todos os lados, um lago com águas cristalinas e muito verdes por todos os lados.

–Eu sei que não é bem o que você esperava, mas quando me sinto triste é aqui que fico, olhando as estrelas, o lago... Este lugar se tornou muito importante para mim... O que achou? Pode falar a verdade. –Diz Stefan.

–É lindo! Extremamente lindo. –Falo ao deslumbrar-me com tanta beleza.

Corro pelo gramado verde, onde ventava muito, parando em um exato lugar no meio do campo, comecei a rodopiar, meus cabelos batiam em meu rosto. Naquele lugar incrível, a sensação era de estar nas nuvens. Então Stefan sai correndo atrás de mim. Parecíamos duas crianças brincando de pega-a-pega.

Ficamos horas correndo um atrás do outro até cansarmos. Sentemos perto do lago que ficava próximo a uma humilde, mas porem uma bela casa, Stefan deita-se sobre a grama verde e gelada respirando alto e profundamente de cansaço. Logo, uma forte vontade de deitar-me em seu peito o abraçando toma conta de mim, então me deito junto a ele. Seu coração acelera junto a sua respiração.

Stefan tentando esconder o que estava sentindo pede para caminharmos ao redor do lago.

–Como está frio! – Comento

Stefan oferece-me seu casaco.

–Não muito obrigada. Se você me der quem vai passar frio será você.

–Claro que não Ashilley, eu insisto. –Stefan insistiu até fazer-me aceitar seu gesto de bondade.

Ao botar o casaco percebi que Stefan tinha algo em seu pescoço que tentava esconder.

–O que é esta tentando esconder? –Falo enquanto Stefan tenta esconder seu pescoço com suas mãos.

–Não é nada Ashilley.

–Como não, é evidente que tem algo no seu pescoço Stefan. O que tem ai?

–Nada Ashilley! É sério. -Diz Stefan em um tom mais constrangido.

–Stefan eu só quero que saiba que você pode confiar em mim para tudo, eu sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas poxa você salvou minha vida e eu prometo que vou estar ao seu lado. -Um silêncio toma conta do lugar. –Prometo por tudo que é mais sagrado na minha vida.

Stefan tira suas mãos do pescoço mostrando o que havia ali. No instante pensei que fosse uma cicatriz qualquer.

–Uma cicatriz? Qual seria o problema disto?

Stefan baixa a cabeça em sinal de tristeza.

–Ganhei essa cicatriz no mesmo dia que perdi meus pais. -Calei-me sem saber o que falar. -Há quatro anos houve um deslizamento de terra que destruiu minha casa, só que infelizmente eu, minha mãe e meu pai estavam dentro dela, mas não me lembro do que realmente aconteceu pra falar a verdade não me lembro de ter uma vida antes dos meus 14 anos de idade, não me lembro de como é ser uma criança e não me lembro de como é ter pais junto a mim diariamente. Voltando a cicatriz, bom... Os médicos disseram que eu cheguei ao hospital com uma viga de aço gravada no pescoço e que quando eu passei pela porta daquele hospital juraram q eu já estava morto, que seria impossível de eu conseguir sobreviver naquelas condições, foi feito raio-X e pelo o que constava na minha fixa eu já estava morto, que era só questão de esperar para eu morrer, estava respirando por maquinas e comendo em tubas direto na minha garganta. Os médicos chegaram a dar a opção a minha tia que estava comigo, de desligar o aparelho que me mantinha respirando e me deixar descansar em paz de uma vez, mas minha tia não deixou, e a única coisa que eu lembro é de um lugar claro, muito claro, com bastante luz e do nada eu aqui dentro desse corpo, abri os olhos, desliguei as maquinas e tirei o resto dos aparelhos que estava em mim, levantei e sai pela porta da frente do hospital, só que eu tinha uma sensação muito forte de que eu tinha um objetivo para estar aqui, e lembra quando falei que você me lembra de alguém?

–Sim, sim, lembro.

–Pois é, depois que sai de lá do hospital, toda vez que vejo alguém com olhos claros eu acabo tendo uma sensação terrível, é como se eu tivesse perdendo alguém muito importante sabe? Mas com você foi diferente, ao em vez de ficar mal, acabei ficando bem, a sensação que tive quando olhei em seus olhos foi de paz, harmonia. Não sei explicar.

–Nossa... Não sei nem o que dizer sobre isso.

Ficamos horas conversando até que decidimos ir embora.

O tempo foi passando. Eu e Stefan cada vez mais amigo, cada vez mais próximo um do outro.

Até que chega sexta feira, estava na faculdade quando toca o sinal do termino da aula, sai pelo portão e sem esperar levo um enorme susto como um pequeno ataque cardíaco, era Stefan.

Stefan estava com uma rosa vermelha em mãos pronto a me estregar então ele diz:

– Uma bela flor a uma flor mais bela ainda!

–Copio da onde esta frase? Cópia é crime! – Falei ao gargalhar.

– Eu sei... Pior que peguei da televisão isso. – Disse ele com uma feição inocente.

Peguei a rosa e comecei a cheira-la.

– Toma cuidado! Vá que saia uma abelha desta flor e entre em sua boca te engasgando. – Diz Stefan em tom de brincadeira enquanto o olho.

– Mas, se eu não me engasgar? –Digo tentando contraria-lo.

– Se você não se engasgar você vai engolir depois eu quero ver sair! – Diz ele ao sorrir envergonhadamente.

– Idiota! Chato! – Falo ao dar leves tapas em seu braço.

– Boba. – Diz Stefan ao me abraçar.

Entremos em seu carro e saímos, até então, em direção a minha casa. Só que Stefan passa em frente ao meu apartamento e não para.

– Stefan! Você esta ficando louco?

– Por quê?

– A minha casa fica lá atrás, nós já passemos por ela...

– E quem disse que nós íamos para o seu apartamento? Eu vou te levar em outro lugar.

– Então eu vou sair com você em nem sabia?

– Não confia em mim? Diz que você não confia em mim. Diz...

– Não posso eu confio de mais em você Stefan.

– Então deixa comigo! – Sorri Stefan.

– Aonde nós vamos?

– Surpresa.

– Sabia! É sempre surpresa!

– Então porque perguntou? – Diz Stefan ao sorrir.

– Chato!

Começamos a sorrir sem parar.

Na sorveteria

Chegando a sorveteria Stefan se dirige a uma mesa, puxa uma cadeira e faz-me ficar ali sentada.

– Vai querer que sabor? - Pergunta Stefan.

– Qualquer um.

Stefan vai até ao balcão e pede dois sorvetes e dois bolos com bastante glacê, volta para a mesa puxando uma cadeira para meu lado.

Enquanto estávamos comendo olho para Stefan e ele me suja com glacê no nariz, não penso duas vezes antes de sujar o dele também. E assim as horas foram passando.

Meu apartamento

Já em casa, me arrumando para dormir, toca o telefone.

– Alô.

– Oieee... –diz Stefan muito alegre. – o que está fazendo?

– Você não cansa não?

– É que eu estava com saudade de você. – Diz ele carinhosamente.

– Mas a gente acabou de se ver. – Falo com um enorme sorriso no rosto.

– Eu sei, mas é que todo tempo longe de você parece uma eternidade. – Diz Stefan. – O que você acha de sair comigo amanhã?

– Depende, onde?

– Num lugar muito importante para mim... Você sabe onde é.

– Mas por quê?

– Tenho uma coisa para te falar amanhã.

– O que é? Já estou curiosa!

– Então vai continuar curiosa porque eu vou te falar só amanhã! – Diz Stefan a gargalhar.

– Idiota!

– Boba.

– Tá, tchau.

– Tchau beijo.

No dia seguinte Stefan Chega a meu apartamento para sairmos.

Campo fora da cidade

Chagando lá, Stefan me leva para beira do lago e começa a me dizer gaguejando coisas sem sentido algum.

– O que houve? – Pergunto desconfiadamente.

– Na-nada.

– Você está estranho! O que houve?

– J-J-J-J-J-J-J-J-J... – Diz Stefan gaguejando.

– Já... – Disse eu completando sua palavra.

– Já- já... Disse que nada-da.

– Fala Stefan. Eu não sou sua amiga?

–Na verdade eu não queria que você fosse somente minha amiga. – Diz Stefan ao diminuir o volume de sua voz.

– Como?

– ...

Stefan me olha por um instante.

– Eu não intendi nada. – Falei totalmente confusa.

– Eu não queria que você fosse apenas minha amiga... Pronto falei. – diz Stefan olhando-me com um pouco de medo da minha reação.

– Hãã?

– Eu não quero que você seja somente...

– Eu intendi! Mas por quê? Por que eu?

– Por que eu gosto de você! ... Não... Eu sou apaixonado por você! ... Na verdade, eu te amo!

– ...

Calei-me por um momento. Até que em fim ele admitiu aquilo para mim. Eu estava nas nuvens, aquilo realmente não poderia estar acontecendo comigo.

– Quer namorar comigo?

Fiquei sem reação diante daquilo. Stefan Repete:

– Quer namorar comigo?

Fiquei quieta sem responder absolutamente nada. Então ele continua:

– Fiz coisa errada, né? Eu sou um idiota mesmo! Esquece o que eu falei. Sabia que sua resposta seria não. Eu estou sempre estragando as coisas... – Diz Stefan com lágrimas nos olhos.

Rapidamente tapo sua boca com meus dedos e falo:

– Não. Não está. Pelo contrário, você sempre “arruma” as coisas... E quem falou pra você que minha resposta seria não?

– ... – Stefan fica quieto.

– Sabe qual é a minha resposta?

– Não. Não sei.

– Sim. Eu quero namorar você. Quero muito.

Stefan imediatamente enche os olhos de lágrimas e abraça-me apertado dizendo:

– Eu te amo de mais!

Na faculdade

Um dia depois, na saída da faculdade Stefan aparece no portão e me cumprimenta com um beijo.

– Oiee.

– Oi. – Disse a sorrir.

– Pronta para sair de novo?

– Olha Stefan desculpa cortar o seu barato, mas eu não estou a fim de sair hoje. Estou mais a fim de ficar em casa mesmo. Desculpa, desculpa mesmo.

– Não tem problema nenhum.

– Stefan... Não quer ficar lá em casa hoje?

– Não hoje vou deixar você descansar.

Meses se passam. Eu e Stefan começamos a morar juntos. Chega o dia dos namorados.

Meu apartamento

Stefan desse as escadas e vai em direção a sala, onde eu estava assistindo tv, escondendo-se atrás dos móveis até chegar atrás do sofá onde eu estava sentada.

– Feliz dia dos namorados!

Stefan mostra-me duas passagens e dois passaportes. Imediatamente pego-as de suas mãos.

–Quer dizer então que nós vamos para os Estados Unidos?

– Sim, mas primeiro iremos passar em porto alegre. Gostou?

– Sim, claro. Mas como? Você não vai trabalhar? E a faculdade?

– Neste feriadão nós vamos para Porto Alegre, depois em Porto Alegre nós embarcarei em um avião direto para o Estados Unidos e lá eu consegui uma transferência para você. – Diz Stefan contente. – Estou de folga.

– Mas quanto tempo vamos ficar lá?

– Alguns meses.

– Vem cá.

Pego Stefan pelo braço e arrasto-o para o segundo andar. Chegando à porta de uma sala.

– Lembra que eu não deixava você estrar nesta sala? Sempre inventava uma desculpa para que você não entrasse aqui? Pode abrir a porta.

– Nossa! – Grita Stefan. – Eu não acredito!

Era um estúdio completo de música, totalmente como o dos sonhos de Stefan.

Depois de Stefan deslumbrar-se com seu mais novo estúdio musical fomos direto para porto alegre.


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Notas finais do capítulo

Se você pensa que a história termina ai, esta muito enganado, alias um amor verdadeiro NUNCA ACABA, nem mesmo após a morte.



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