Verdadeiro Amor (Romione) escrita por Fê Weasley


Capítulo 6
Parte VI


Notas iniciais do capítulo

Oi pudins, pfvr não joguem tomates em mim. Eu sei que faz muito tempo desde a última atualização e eu nem tenho desculpas dessa vez. O capitulo estava pronto, meu pc não quebrou e nada que possa ter me impedido aconteceu. Eu só... fui deixando pra amanhã e esse amanhã nunca chegava. Perdoem-me.
Mas, cá estamos, depois de muito tempo, para a última parte de Verdadeiro Amor, fic que, agora, está de capa nova. A capa não é muito incrível pq eu sou novata nessa de capas (isso vocês já devem ter percebido pelas outras fics, né?)
Sem mais delongas, aproveitem o fim de VA.

2020: É incrivel como as pessoas mudam, né não? tive que alterar praticamente tudo desse último capítulo, uma vez que tinham MUITOS closes errados. Enfim, espero que gostem das alterações.



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24 de dezembro, Londres, Inglaterra.

Sete dias: Número que determina uma semana, o período menstrual de muitas mulheres ou, se você for um amante de filme de terror, o número de dias restantes até a Samara vir te buscar. Além dessas, muitas outras coisas podem nos vir a cabeça com essa marcação temporária, mas nenhuma dessas milhares de explicações se encaixavam nesse caso. Para mim, sete dias determinava o tempo em que o pior jantar da minha vida havia acontecido.

No primeiro dia, ele havia me ligado sem parar, de hora em hora. Tentei ir até a minha cafeteria favorita, mas o avistei de longe e dei meia volta, sem a coragem necessária para encará-lo e repetir o que eu tinha dito no restaurante. Talvez, o meu medo fosse o de voltar atrás e o agarrá-lo sem soltar nunca mais, mostrando toda a fragilidade que eu tinha escondido durante todos os anos da minha vida.

No segundo dia, as ligações diminuíram um pouco e, com o receio de encontrá-lo, como no dia anterior, desisti de toda a rotina confortável que eu havia firmado comigo mesma. Mesmo tendo dito não, aquilo já havia me mudado e me arrancado, sem nenhum aviso, da zona de conforto construída.

No terceiro e quarto dia, ele passou a me mandar mensagens, ao invés de tentar ligar. Tentei ignorá-las, mas precisei ler algumas delas. Todas as mensagens pediam desculpas. Algumas delas diziam sobre ele saber que tínhamos algo muito forte, devido a química que tivemos logo de cara e outras praticamente imploravam para que pudéssemos, ao menos, sermos amigos.

No quinto dia, as mensagens cessaram. No sexto dia, ousei ir até a cafeteria e o vi, de longe, com um copo de café em uma mesa no cantinho do local. Talvez ele tenha me visto de alguma forma, pois recebi uma mensagem logo em seguida.

Oi mione, como vai?

Tenho tentado te ver, como você já deve ter percebido. Tentei te ligar, tentei te mandar diversas mensagens, tentei vir a sua cafeteria para tentar, de alguma forma, conversar como dois adultos que somos. Infelizmente, nenhuma dessas opções foi possível, uma vez que a fuga é a defesa mais forte existente mundo e a mais utilizada.

Estou me achando inconveniente de todas as formas possíveis e começo a pensar que sou uma pessoa horrível já que, talvez, esteja tentando fazer acontecer algo que só está na minha cabeça.

Por isso, essa é a última mensagem que enviarei para você, em um último fio de esperança de que eu não esteja ficando esquizofrênico e precise me internar no hospital em que eu trabalho.

Mais uma vez, repito que ter esbarrado em você foi uma das coisas mais bizarras da minha vida. Não consigo acreditar que, em um dia estaria quase noivo de alguém que me traia, preso em um trabalho que não me fazia feliz e com uma família que me cobrava aos montes e que, no dia seguinte, teria começado a me apaixonar por alguém, teria acabado o meu namoro de anos e me mudado de apartamento, o que aconteceu ontem.

Eu gostaria que pudéssemos nos encontrar mais uma vez, mesmo que seja a última, só para esclarecermos as coisas. Estou torcendo para que você me responda.

Caso prefira não me responder ou se encontrar comigo, agradeço tudo o que me falou, todos os conselhos. Você mudou a minha vida, mesmo que brevemente. Não te encherei mais com minhas ligações e mensagens mas torcerei para que você se lembre, ao menos um pouco, sobre o que me disse no parque. Estarei sempre torcendo por você. Boa sorte e boa vida.

A respiração me fugiu por breves instantes e precisei me controlar para não o responder no mesmo instante. Entretanto, assim que guardei o meu celular e olhei para a cafeteria, Ronald não estava mais. Eis que um sentimento pouco conhecido por mim passara a se apossar desde então: Arrependimento.

31 de dezembro, Londres, Inglaterra.

Várias coisas se passavam pela minha cabeça desde a última mensagem que Ron me enviara. O que eu tinha feito, tinha sido o certo a se fazer? O que teria acontecido se, naquele dia, eu tivesse o encontrado na cafeteria? O que teria acontecido se eu tivesse respondido sua mensagem? Se eu ligasse para ele e pedisse uma segunda chance, ele aceitaria? O que teria acontecido se eu tivesse parado o taxi, no dia do jantar, como o meu corpo inteiro pedia para fazer, e voltado até o restaurante? E se eu tivesse aceitado a proposta que ele me fizera?


— Você me deixaria te mostrar o que é o amor?

O natal havia sido péssimo, de todas as formas possíveis. Sempre o passava da mesma forma: com uma taça de vinho, um jantar um pouco mais elaborado e uma série para maratonar. Dessa vez, entretanto, essa opção não fora o suficiente. O queria ali comigo.

14 dias desde o fatídico jantar, 7 desde a última mensagem. Todos os dias me arrependendo um pouco mais, todos os dias com a minha coragem sendo diminuída enquanto o meu ego e o meu medo se elevavam. Todos os dias tentando esquecê-lo, sem sucesso. 14 dias o amando. 14 dias acreditando no amor e me transformando em quem nunca pensei que seria.

Hoje, véspera de ano novo, havia resolvido voltar com a minha rotina de café e andanças. De todo modo, não aguentaria ficar muito tempo em casa. Há 14 dias não fazia a minha caminhada e talvez essa seja a razão de não conseguir me concentrar em mais nada. De todo modo, pensei, provavelmente ele estaria na casa de sua família ou com amigos em alguma festa de virada de ano por aí. Estava livre, pelo menos nessa noite.

            Ou era o que eu acreditava.

Inconscientemente, meu corpo me levou ao parque próximo ao metrô em que nos encontramos pela segunda vez e, ao apoiar o meu corpo na grade da mesma ponte em que conversamos, deixei com que a brisa batesse em meu rosto  e, como num clique, as lágrimas percorreram o já conhecido caminho pelo rosto. O amor cada vez mais latente, o arrependimento cada vez mais forte. Sabia o que deveria fazer e sabia o que meu coração pedia para fazer, mas o meu eu e a vergonha que eu sentia insistia em me bloquear toda vez que pegava o celular.

Havia perdido a noção do tempo quando uma voz e uma frase especifica me tiraram do mundo de solidão em que me encontrava.

— A vida é uma droga, não é mesmo? – Meu coração acelerou no mesmo instante. Era ele. Na mesma situação de semanas atrás, porém em posições invertidas. Por um momento, paralisei com a sua presença e com o perfume que havia se tornado inconfundível mesmo com tão poucos encontros.

— Pode ter certeza que é; – respondi, em um sussurro, imitando a sua fala.

— Pensei que nunca mais veria você.

— Igualmente.

Ele ouviu e sorriu, talvez se lembrando, assim como eu, de toda a nossa conversa no parque da outra vez.

— Dessa vez não existe nenhum café derrubado.

— Não... – Fiquei imaginando se, depois daquilo, eu conseguiria falar no tribunal, no meu trabalho, já que as palavras tinham me fugido nesse instante.

— Fiquei esperando você me responder, sabe...

— E-Eu sei...  eu não tive coragem, me perdoa. Eu não tive coragem de responder as mensagens, não tive coragem de aparecer na cafeteria e nem de fazer o que eu costumava fazer. Fiquei envergonhada pelas minhas atitudes.

— Ficou envergonhada e continuou as fazendo? – Perguntou, olhando fixamente para os meus olhos.

— Foi como uma bola de neve. Não sabia como fazer para desfazer o que eu tinha feito.

— Entendi... − Respondeu ele se apoiando na grade e olhando para as mãos.

Ficamos os dois em silencio por um bom tempo, um na companhia do outro, até que algum de nós resolvesse continuar aquela conversa difícil.

− O plano era você desistir de mim de uma vez e eu esquecer o que aconteceu e seguir com a minha vida do jeito que ela estava antes disso tudo. −  Resolvi expor e me livrar de toda a bagunça de sentimentos que estava dentro de mim.

− Bem, me parece que parte do plano deu errado, já que eu não desisti de você. −  Respondeu, rindo baixo, ainda olhando para as mãos.

− Todo o plano deu errado. – o corrigi, rindo, nervosa.

− Não posso fingir que isso não me alegra. −   Comentou, se virando pra mim. – Eu sei que te assustei aquele dia, dizendo coisas que você não está acostumada. Mas falei sério quando disse que você mudou minha vida completamente e que me sinto como um adolescente de 15 anos. Queria muito que você seguisse o seu conselho e tentasse comigo.

− Eu não posso ficar com você, Ronald. – Respondi, exasperada. – Simplesmente não posso.

− Por que não pode? – Perguntou e tudo que consegui fazer foi fechar os olhos e passar as mãos nos meus cabelos, em um gesto puro de nervosismo.

Queria muito fugir daquela situação e correr para o mais longe possível. Em alguns segundos, levei em consideração mudar de cidade para que esse tipo de encontro não acontecesse mais. Ao invés disso, engoli o choro, já preso na minha garganta, dispensei os pensamentos confusos e, com toda a racionalidade que ainda me restava, respondi.

− Porque eu não acredito no amor, Ronald. Não posso ir contra as coisas em que eu acredito ou não, no caso.

− Desculpe, mas não acreditei em um terço das suas palavras. Deveria seguir os seus conselhos e parar de ter medo.  

− Eu não tenho medo. A minha vida é quase perfeita. – Falei e, dessa vez, nem eu mesma acreditei nas minhas palavras. – Me desculpe. Eu sempre me dediquei ao meu futuro, a minha carreira... passei tanto tempo não acreditando no amor que não sei de nada nem em teoria. Desculpe te decepcionar. Mas, realmente não posso.

− O que te impede de aprender?

Não sabia responder essa pergunta. Pensei em provas, vestibulares, trabalhos escolares e trabalhos que realizei na faculdade. Pensei em todos os livros lidos na minha vida, nas habilidades que aprendi, no jeito de caminhar. Lembrei do grupo de apoio da universidade sobre “aprender a aprender”, pensei em tudo, mas não conseguia responder aquela questão.

− Não sei. Eu só... você me deixa desconfortável. Eu sempre sei de tudo, sempre fui a melhor da turma, sempre. Eu não sei o que fazer. – Respondi, suspirando e me livrando, a partir daquele momento, de toda a armadura construída.

− Você não precisa ser fortaleza todo o tempo, mione. Não precisa saber de tudo sempre.

− Eu não sei como fazer isso. Tentei tirar você da cabeça por todo esse tempo, tentei voltar para minha vida e não consegui. Mas nesse momento, mesmo tentando jogar tudo para o alto, não consigo igual.

− Você me deixaria te mostrar o que é amor, mione? Me deixaria te ensinar a deixar tudo de lado, a deixar a racionalidade pra lá, a permitir aproveitar o presente e a relaxar, só um pouco? Deixaria a sua vida quase perfeita ser um pouco menos?

Olhei pros olhos dele e me perguntei se eu estaria disposta. A resposta era clara: sim. Tudo que eu queria era estar com ele e criar uma, quem sabe, nova rotina.

− Promete me avisar quando eu tiver aprendido algo errado? – perguntei, já rindo.

− Eu aposto que você passará em todos os testes. – respondeu, entrando na brincadeira. – Se eu te beijar agora, você ficaria assustada?

− Eu prometo me esforçar para ignorar todos os instintos de sair correndo.

− E isso seria um não ou um sim? – perguntou confuso

Decidi por não responder, dessa vez. E, prometendo para mim mesma que eu evoluiria e daria uma chance para confusão dentro de mim, acabei com a distância entre nós e o beijei. Talvez ele tenha se assustado um pouco, já que permaneceu imóvel por algum tempo, até perceber o que estava acontecendo e permitir que o beijo casto se transformasse em algo profundo. Quando ele colocou uma das mãos em minha cintura, a apertando levemente e a outra no meu pescoço, acariciando-o, acreditei que tinha morrido e estava no paraíso, meu corpo inteiro reagira. Nesse momento, percebi que, a escolha feita anteriormente, a de fugir, tinha sido a escolha mais ridícula já feita por mim.

Seu beijo me arrepiava, me deixava drogada e fazia com que o meu corpo pedisse por mais. Eu queria que ele me beijasse por todos os cantos e clamava para que o oxigênio demorasse a acabar.

Entretanto, em dado momento, precisamos nos separar e, como se alguém tivesse contado a melhor piada do mundo, começamos a rir.

Caro leitor, não sei se essa situação já aconteceu com você, mas perdemos a noção do tempo. Tanto que, quando notamos, cornetas começaram a ser tocadas, fogos começaram a ser lançados e pessoas rindo começaram a aparecer. Era ano novo.

Talvez a nossa relação não vá ser como nos filmes e nem o nosso amor aconteça como em livros e poemas ou esses amores em que eu não confiava. Mas, uma coisa eu havia aprendido depois de tanto fugir: não tenha medo. Viva intensamente o que lhe for permitido e aprenda, sempre que possível. Naquele momento, eu tinha medo do que aconteceria, tinha medo de que não durasse, tinha medo de me magoar e tinha medo de cair em um precipício de amor. Mas, caro leitor, adivinhe? Ron era o melhor precipício já experimentado.

− Feliz ano novo, Ron – disse sorrindo.

− Feliz ano novo, mione. – respondeu, antes de me beijar mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? Quero que me digam tudo nos comentários (de verdade, tudo mesmo) Podem até me matar pela demora se quiserem.



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