Verdadeiro Amor (Romione) escrita por Fê Weasley


Capítulo 5
Parte V


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo...
Cês provavelmente querem me matar pela demora do capitulo, mas o fato é que meu antigo pc quebrou e o novo não tinha word...
enfim, problema resolvido, capitulo postado.

2020: Mais um capítulo revisado e mudado, inclusive. Mais que o dobro de palavras, dessa vez



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− Oi. Desculpe o atraso. O trânsito está um inferno. − disse chegando perto da mesa que ele tinha reservado e colocando a minha bolsa na cadeira ao meu lado. Ele estava lindo. O que não ajudava em nada.

Ron se levantou antes que me sentasse. Ele beijou minha bochecha, me cumprimentando, e eu senti minhas bochechas arderem mais uma vez. Ele pegou meu casaco pelos ombros que eu acabara de começar a tirar e colocou nas costas da cadeira, a puxando em seguida para que eu me sentasse. Ótimo, agora ele também era cavalheiro.

− Não tem problema. – Respondeu sorrindo.

− Me desculpe por aquele dia no parque... Eu fui uma verdadeira idiota, totalmente infantil. Não sei o que me deu, acho que fiquei irritada. − Comecei me lamentando e ouvi ele rir. − Do que está rindo? − perguntei incrédula.

− Eu acho incrível que toda vez que nos encontramos, nós iniciamos a conversa pedindo desculpas por algo. – Percebeu ele, o que me fez corar instantaneamente.

− Isso é um fato. – Respondi, começando a rir junto com ele − Talvez seja um sinal... – completei, sem pensar.

− Um sinal de que? – perguntou, confuso.

− Nada... deixa para lá. – Um sinal de que eu deveria correr para bem longe daqui e te deixar com os seus problemas. – Enfim... Você ainda não me contou sobre o que é essa comemoração.

− É verdade... Bem, eu te convidei para comemorar porque você foi importante na minha decisão. – Falou, fazendo uma pausa em seguida e me olhando de um jeito que me deixou arrepiada.

− Que decisão? Conta logo e para de ficar dando voltas. – comentei, dando uma risada em seguida.

− Bem, eu terminei com a Lilá.

Ele viu minha expressão de confusa, sorriu e como se estivesse lendo a minha mente e soubesse o que eu ia perguntar, explicou:

− Depois daquela conversa que tivemos no parque, eu fui pra casa um pouco transtornado. Eu não sei direito como te explicar essa sensação, mas foi como se eu tivesse recebido vários socos no estomago.

Ele falou e o meu primeiro impulso foi o de pedir desculpas. Mas, já sabendo o que eu faria, ele me interrompeu antes mesmo do primeiro som sair da minha boca. Era incrível como, em tão pouco tempo, ele já me lia dessa forma, sabendo o que eu faria a seguir.

— Não precisa pedir desculpas, eu precisava daquilo. Sério mesmo. Muito obrigado, inclusive. Enfim... cheguei em casa e tudo a minha volta começou a me incomodar profundamente. Praticamente a minha casa inteira foi decorada pela Lilá e pela minha mãe e, bem... até então eu não tinha me importado, principalmente porque eu mal fico na minha casa em razão dos plantões e tudo mais. O ponto é que, depois daquela conversa, tudo passou a me sufocar ali dentro e o meu primeiro impulso, depois de querer quebrar tudo na minha casa, foi o de ir até a casa da Lilá e terminar tudo. E foi o que eu fiz. Então... depois de anos, eu terminei tudo com ela. – Terminou sorrindo abertamente. Parecia extremamente feliz, o que me deixou com uma pontada de dúvida.

— Uau... Então quer dizer que eu fiz você terminar um namoro? Desculpa, mas estou me sentindo um pouco mal agora – resolvi brincar um pouco com a situação para evitar pensar no meu coração batendo super acelerado.

— Bem, talvez a culpa seja toda sua mesmo – respondeu, entrando na brincadeira e rindo em seguida.

— Sério, agora. – disse parando de rir. – Como você está se sentindo agora? Lembro de você ter me dito que a amava e que pensava em se casar com ela.

— Sinceramente, acho que eu não a amava tanto assim. Talvez estivesse em uma zona de conforto muito grande. Como se fosse uma bolha, sabe? – Perguntou e eu assenti – E aí essa bolha foi estourada. Eu me senti livre ou algo do tipo. – Terminou rindo mais uma vez.

Diferente das outras duas vezes em que nos encontramos, Ronald me parecia mais leve. Seus olhos brilhavam de modo mais intenso e mais vibrante. Claro que, poderia ser a luz do restaurante ou algo do tipo, mas eu tinha quase certeza de que a energia leve vinha dele mesmo. Mesmo percebendo essa energia mais fluída que vinha dele, uma coisa não me fechava. E essa coisa, caros leitores, era justamente o tema que fazia com que minha cabeça trabalhasse 24h por dia desde o esbarrão com ele. O famoso amor.

Por mais que eu estivesse quase cedendo pro fato de que eu tinha me apaixonado por um estranho à primeira vista ao invés de ter pegado uma doença viral qualquer, o meu cérebro, acostumado com dados e fatos e com a minha convicção de que o amor não existia, debatia bravamente com o meu coração e todo o meu corpo, que insistia em não obedecer aos comandos todas as vezes em que eu estava perto dele ou simplesmente pensava nele. Por isso, em todos os momentos dos últimos dias eu vivia na contradição entre palavras e sentidos, pensamentos e comportamentos etc.

— Então você acha que só achava que a amava? – Perguntei.

— Sim, olhando por esse ponto, eu acho que sim.

— É por essas e outras que não acredito no amor. – comentei rindo e me arrependendo logo em seguida. – Quer dizer, você ficou esse tempo todo com aquela mulher, que talvez até estivesse atrapalhando a sua vida, para que agora você chegue à conclusão de que só estava em uma zona de conforto. É como se a indústria tivesse te vendido um produto ruim, que só te deu prejuízo, mas você estivesse encantado por conta do comercial. É um ciclo vicioso... desculpa, eu não quis ser grossa, ou algo do tipo.

— Já falei para você parar com esse jeito londrino de pedir desculpas para tudo – comentou sorrindo – Não foi grossa, não se preocupe. Você tem razão, até certo ponto. Talvez eu tenha sido realmente enganado por uma indústria malvada, como nos contos da Disney – disse fazendo uma careta, como em um dos vilões dos filmes que comentava, o que me arrancou uma gargalhada. – Mas... há também a possibilidade de que eu tenha amado mesmo a Lilá e esse amor acabou em algum momento e só restou o conforto. 

— Você fala como se fosse muito simples... – comentei, olhando para os lados, em um movimento para fugir dos olhares profundos que ele direcionava a mim.

— É bem simples, na verdade... basta querer. – Percebendo que eu não responderia nada, apenas continuou, depois de um longo suspiro. – Você ainda vai se apaixonar, Hermione. E, se você deixar, eu estarei lá para ver. – terminou, com uma voz incrivelmente baixa e rouca, que eu nunca havia escutado antes.

— Não, não vou. – Rebati, depois de ter me recomposto desse momento. Talvez, se eu estivesse de pé, teria caído ali mesmo. – Eu não quero e não vou deixar. Eu tenho um objetivo de vida do qual pretendo seguir fielmente.

— Isso é uma pena.

Para o meu alívio, os céus pareceram ouvir o meu pedido silencioso e o garçom apareceu logo em seguida, o que encerrou o assunto, mesmo que brevemente. O jantar se seguiu normalmente, com assuntos aleatórios sobre trabalho, amigos, hobbies e outras coisas banais que duas pessoas falam quando estão se conhecendo. Ronald era exatamente o meu total oposto, mas, de alguma forma, o clima e a conversa entre nós eram de uma harmonia quase como nas orquestras no centro da cidade. Parecia que nos conhecíamos há anos.

— Foi um prazer comemorar essa mudança com você, Hermione. Espero que tenha apreciado tanto quanto eu. – Disse, mais uma vez me olhando profundamente. Não sei se algum dia me acostumaria com aquilo. Isso se eu continuasse com aquela proximidade, que me fazia tão mal.

— Foi um prazer comemorar essa conquista com você também, Dr Weasley. – O respondi com a melhor cara de séria que consegui fazer.

— Não se esqueça... você vai encontrar o verdadeiro amor onde e quando você menos esperar.

Não entendia direito porque ele tinha que voltar nesse assunto, mas algo dentro de mim me dizia que ele queria falar algo dessa temática.

— E lá vamos nós de novo... – zombei, rindo. – A minha avó costumava me dizer a mesma coisa, sabe? – contei, em um meio sorriso, me lembrando dos momentos que passei com ela.

— Sábias palavras.

— E como se sabe que é o verdadeiro amor? Você mesmo disse que o amor com a Lilá talvez tenha acabado. O verdadeiro amor não deveria ser pra sempre?

— Talvez... Não sei. Talvez o verdadeiro amor seja verdadeiro enquanto durar.

— Essa foi uma frase extremamente clichê. Você sabe, né? – perguntei, tentando descontrair e desconversar, ao mesmo tempo.

— Não fuja do assunto, Mione. – pediu, falando o meu apelido pela primeira vez, o que me causou um leve arrepio. – Eu acredito que quando você encontrar, você saberá que é. Eu sei que você vai me dizer que eu não posso te dizer nada disso já que o que eu tinha com a minha ex acabou. Mas amor é amor. Sendo ele passageiro, como foi o meu caso anterior, ou duradouro e potente. Acredito que a diferença seja justamente essa: a potência. – Concluiu depois de pensar um pouco – O nervosismo, o coração batendo rápido, a perdição dentro dos olhos da pessoa, o suor, o sentimento de proteção, o fato da pessoa não sair da sua cabeça... Todos esses parecem sintomas de um diagnostico psiquiátrico, mas é amor.

— Ou talvez seja mesmo um diagnostico psiquiátrico – comentei, fazendo piada, enquanto minha cabeça insistia em me dizer, como em um daqueles letreiros luminosos de estrada, você está apaixonada!


— E você acredita que sentirá isso de novo com outra pessoa? Rápido como nos filmes? – Perguntei, desacreditada. 

— Não só acredito, como talvez já esteja. – respondeu rindo e abaixando a cabeça.


— Isso é sério? – perguntei rindo em conjunto. – Oh Não, o mocinho se apaixonou mais uma vez. Será que essa história terá um final feliz? – comecei encenando dramaticamente.

— Para uma advogada, você é bem engraçadinha, mocinha. – Só consegui rir ainda mais.

— Talvez você tire de mim o meu lado mais engraçado. – Soltei, sem querer.

— Isso é muito bom.

— É sim... Mas, e aí, estava me contando da mulher por quem você está caidinho. – Continuei, mesmo com um aperto no peito.

— Bem, acho que acho que posso dizer que ela mudou minha vida da noite para o dia. Literalmente. Eu só penso nela e eu só quero estar com ela… E é incrível como tudo aconteceu tão rápido. Foi uma questão de dias até minha vida mudar por completo. Eu sou realmente feliz desde que a conheci, mesmo que nossa relação não seja como eu gostaria que fosse.


− Essa pessoa é importante para você então? – Não estava acreditando que mais uma vez eu estava dando conselhos amorosos para o ruivo que invadia o meu ser.

— Acho que sim. Isso é meio estranho pra mim porque por mais que eu acredite e tenha esperanças com relação ao amor, essa é uma situação que eu não esperava viver. – Compartilhou, olhando fundo nos meus olhos. – Essa é uma situação completamente nova. Eu nem sei como agir perto dela, me sinto com um adolescente de 15 anos.

— E... você acha que ela sente o mesmo?

— Em alguns breves momentos, eu acho que sim. Mas eu não sei se ela admitiria isso tão facilmente.

— Talvez... – comecei, me concentrando na minha respiração e tentando ficar o mais calma possível – Talvez, se ela confiar em você, ela ceda, em algum momento.

— Você cederia, mione?

Sua voz me pareceu um sussurro distante. Eu havia ficado em completo estado de choque. Queria desaparecer naquele instante. Como em um daqueles filmes bruxos em que, em um estalo, a pessoa desaparecia e reaparecia em um outro lugar, completamente diferente do que estava. Engoli em seco. Ron continuava a me encarar, esperando uma resposta, mas tudo o que eu conseguia entregar era um abrir e fechar de boca constante, sem conseguir expressar uma única palavra. Patético.

— Você me deixaria te mostrar o que é o amor? – perguntou, mais uma vez. Dessa vez, com uma expressão um tanto quanto assustada.

Minhas mãos suavam como nunca, eu havia esquecido como se respirava e havia esquecido como se falava. Não sabia como responder. Uma coisa era ter percebido, ainda naquele jantar, que estava apaixonada por aquele ruivo e outra coisa, totalmente diferente era ceder a uma mudança drástica na minha vida, na minha rotina e nas minhas crenças.

Eu sabia que não poderia responder o que ele queria que eu dissesse. Retomei, brevemente, todos os fatos que nos levaram até aquele instante: Eu estava em mais um dia de rotina do trabalho, esbarrei com um homem ruivo, de olhos azuis e sardas por todo o rosto, que estava com uma loira estranha; Esse mesmo ruivo me derrubou um copo de café na minha blusa e me fez arrepiar no mesmo instante; Não consegui o tirar da cabeça desde então; pouco tempo depois, o reencontrei em uma praça perto da estação do metrô e o ajudei em um momento complicado, para ele, emocionalmente falando; dei o meu número de celular; ele terminou com a namorada e me telefonou para uma comemoração; eu aceitei; ele me dizia que estava se apaixonando por mim.

Aquilo era rápido demais para mim.


— Eu não posso... me perdoa. Isso... – não consegui terminar a frase e comecei a rir desesperadamente. – Me perdoa. Eu preciso ir.

— Não... eu que peço perdão por tudo isso. Eu fui péssimo. – falou colocando as mãos no rosto e ficando com as orelhas vermelhas. – Só... por favor. Não fuja de mim de novo. Eu não vou te fazer algum tipo de mal. Eu agi errado. Sei que não deveria ter dito isso assim. Sei que pode estar sendo muito confuso para você, mas é para mim também. Eu me apaixonei por você desde aquele esbarrão na cafeteria e estou pensando e fazendo coisas que eu não faria em meu estado normal. – Conseguia perceber que sua voz estava urgente e que ele falava tudo rápido demais.

— Como pode ter se apaixonado por mim se até a outra noite estava clamando aos sete ventos que amava a sua ex? – perguntei, deixando escapar uma maldita lágrima, que logo limpei. Me sentia nervosa como nunca. Talvez algo parecido tenha acontecido no meu primeiro caso como advogada, mas não na mesma intensidade. – Você só me deu mais um motivo para não acreditar nesse tipo de baboseiras.

— É incrível como, mesmo depois de pouquíssimo tempo, você seja tão clara para mim. – Mais uma vez, era incrível como éramos tão diferentes, mas tão harmoniosos, até mesmo com pensamentos. – Mas, mesmo assim, talvez eu tenha subestimado muita coisa. Eu queria que você parasse de mentir pra si mesma.

A fala dele havia me pegado desprevenida, como sempre. Não tinha mais por que mentir e dizer que eu não sentia nada, como mandava o meu roteiro estruturado segundos antes. Meu coração pedia para que eu o beijasse ali mesmo, desarmando todas as minhas defesas e aceitando, de uma vez por todas, que tudo que eu havia acreditado a vida toda estava errado. Ao invés disso, juntei todos os cacos que já estavam no chão e, como em uma audiência, refiz a minha defesa e, suspirando profundamente, recomecei, já me levantando da mesa e começando a pegar as minhas coisas.

— Eu te contei, no parque, que a minha vida era quase perfeita. Isso aconteceu porque soube, muito calculadamente, escolher os próximos passos. E eu pretendo manter a minha vida do jeito que está. Estou fazendo mais uma das minhas escolhas agora. Esqueça que me conheceu um dia, delete o meu número, eu não quero mais ver você. – Ele me olhava de modo triste e levemente assustado. Seus olhos haviam ficado em um tom azul escuro, como um mar revolto, mas, sem me dar tempo para desistir, continuei. – Você acabou com tudo, mudou tudo. Você me deixou confusa. Você despertou coisas que não fazem sentido, me invadiu sem pedir licença e sem me deixar em paz em nenhum instante e eu não quero isso pra mim.

Ele pareceu querer dizer alguma coisa. Seus olhos se fechando e abrindo lentamente, como em uma súplica. Não o deixei que falasse nada. Não poderia.

— Nós dois somos apenas dois estranhos que se esbarraram ao acaso. Nada mais. Me esquece. Boa sorte e boa vida, Ronald.

Por fim, me virei e, em um Por fim, me virei e sai pela porta do restaurante num flash. Peguei o primeiro táxi que apareceu em minha frente e, logo após, uma avalanche se apossou do meu corpo, me fazendo tremer por inteira e me fazendo chorar todas as lágrimas não derrubadas até então.

Acabou. 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Até o próximo...



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